TOP 50: os melhores álbuns de 2021!

Aqui está a nossa seleção com os trabalhos que chamaram a nossa atenção ao longo de um ano recheado de bons lançamentos.

   10) Sometimes I Might Be Introvert, da Little Simz

A evolução de Little Simz fica clara a cada álbum e Sometimes I Might Be Introvert pode ser visto como a sua obra prima, até então.

Em seu quarto álbum, a rapper britânica consegue ir além em uma discografia que já é bastante elogiada. Ao criar uma narrativa onde aborda a sua vida pública e privada, a artista entrega um combo incrível de letras, melodias e produção que tornam difícil não querer ouví-lo mais uma vez. Logo nos minutos iniciais de "Introvert", você já é sugado por um universo quase apoteótico e que se mostra cada vez mais rico e cativante ao longo de suas 19 faixas e mais de uma hora de duração.

"Woman", "I Love You, I Hate You", "Gemz", "I See You", "Rolling Stone" - que já começa citando sua passagem por São Paulo em 2019 - e "How Did You Get Here" são algumas das melhores faixas da carreira da artista e saber que o álbum inteiro segue a mesma linha transformam o Sometimes I Might Be Introvert em algo simplesmente brilhante. [JP]

9) GLOW ON, do Turnstile

Combine o hardcore da costa leste com uma pitada de R&B, rap, house, indie rock e até mesmo samba. O resultado é o incrível GLOW ON, disco do Turnstile.

Há algo de especial no terceiro álbum de estúdio da banda estadunidense. A mistura de ritmos? A participação de Dev Hynes (Blood Orange)? A melhor produção da carreira do lendário produtor Mike Elizondo? Provavelmente. O fato é que GLOW ON é um álbum marcante não apenas para o ano de 2021, como para o próprio hardcore, se provando um próximo passo para o estilo. [RS]

8) Baile, de FBC & VHOOR

Num primeiro momento, dar play em Baile é como acionar uma máquina do tempo direto para os anos 90. Na estética visual e sonora, logo nota-se forte influência de Furacão 2000 e o característico funk melódico da época. Porém, está longe de ser apenas um ode ao saudosismo.

Transitando pela violência policial, o álbum vale-se do cenário de um baile funk para contar uma alegoria dolorosamente atual. Ritmos ora mais leves, ora mais densos indicam a momentos ou personagens diferentes: um pai de família preso injustamente, um trambiqueiro e uma mãe que teve a filha assassinada por policiais. Apesar dos momentos, a obra possui uma leveza inigualável e grande versatilidade. Com primor, a alegoria do álbum se finda com os mesmos versos — De Kenner é o fim do Baile.

Obra fechada, Baile reverbera nos ouvidos por muito tempo depois das últimas notas do álbum. [BS]

7) SOUR, da Olivia Rodrigo

Sofrimento para adolescentes e pessoas de 20 e tantos anos que ainda sofrem como eles — ou só se sentem ansiosos e não conseguem se encaixar nos lugares: é disso que é feito o disco de estreia de Olivia Rodrigo. E ter um disco tão bem feito — créditos à produção de Daniel Nigro aqui — e bem sucedido logo de primeira é uma vitória para quem acabou de conseguir sua carteira de motorista.

Com suas composições sobre corações partidos, relacionamentos fracassados, ciúmes e ansiedade somadas à sonoridade inspirada por artistas pop punk do início dos anos 2000 e por Taylor Swift, SOUR conseguiu conquistar todos os públicos de uma maneira que pouquíssimos artistas - ainda mais os iniciantes - conseguiram.

Com apenas 11 faixas, ele é um disco curto, ideal para uma geração de ouvintes que prefere músicas curtas, mas divertido de se ouvir e impossível de não se identificar — seja pelos dramas atuais que vivemos ou por dramas amorosos que já foram vividos em algum ponto de nossa vida. [GC]

6) Happier Than Ever, da Billie Eilish

Há quem espere notas agudas de guitarra e vocais gritados para entender o local que um artista habita. Com Billie Eilish, isso não cola.

Conquistando o mundo - e a crítica especializada - com sussurros, tons graves e versos afiados, o álbum de estreia When We All Fall Asleep, Where Do We Go? (2019) já apresentava uma maturidade ímpar, apesar da juventude apresentada nas composições. Em Happier Than Ever, Billie segue firmando seu espaço com seu falar arrastado, mas testando seus limites em experimentação pop.

A rápida ascensão ao estrelato é um dos temas abordados no novo álbum, mas a sensibilidade de Billie torna o assunto de caráter pessoal algo palpável para o ouvinte. Entre os sintetizadores graves e lentos, o ouvinte transita também entre as angústias da depressão e sexualidade, tudo apresentado de forma coesa, sem se atropelar. Frente ao amadurecimento pessoal e artístico, resta esperar que Billie entregue trabalhos ainda mais complexos ao longo de sua carreira. [BS]

5) Indigo Borboleta Anil, de Liniker

Depois de se separar da banda Os Caramelows, que a acompanhava desde o seu primeiro EP, Liniker lançou seu primeiro disco solo com 11 músicas inéditas em 2021.

Indigo Borboleta Anil tem participações especiais de Milton Nascimento, Tássia Reis, Tulipa Ruiz, DJ Nyack, Mahmundi e Vitor Hugo e traz um som bem rico, com orquestração em todas as faixas, feito por duas orquestras diferentes (Letieres Leite e Rumpilezz). Completam esse time pesadíssimo os produtores Júlio Fejuca e Gustavo Ruiz (sim, o irmão da Tulipa).

O disco traz em sua sonoridade gêneros da música negra, de samba a soul, funk e jazz, e poderia facilmente ser um clássico dos anos 70, mas não soa datado. É coisa fina, impecável. Daqueles álbuns que vale a pena comprar o CD ou vinil e ter em casa pra escutar inteiro prestando atenção. Diferente dos trabalhos anteriores, que têm muitas músicas sobre relacionamentos e um bom tanto de sofrência de amor, em Indigo Borboleta Anil Liniker foca em si mesma, resgata sua infância e sua alma de artista se reconectando com suas raízes, de forma muito pessoal e autobiográfica. As letras falam dela mesma, de sua cachorra Claudete, de sua mãe, da cantora e amiga Luedji Luna e também de Mirtes Renata Souza e seu filho Miguel Otávio Santana, que morreu com apenas cinco anos depois de cair de um prédio no Recife.

Sem deixar o mundo de lado, Liniker mergulha em uma viagem interna de autoconhecimento muito intimista, refletindo o tempo passado em casa sozinha durante a quarentena depois de ter estourado, tocado na gringa e em todos os grandes festivais, se consagrando internacionalmente como artista, ter estrelado seriado na Amazon Prime Video e ter sido indicada ao Grammy. É, de certa forma, um colocar de pés no chão e um lembrar de quem você é. Uma das faixas do disco, aliás, é a primeira composição que ela fez na vida, quando tinha apenas 15 anos. A música resgatada, que se chamava "Maré", foi retrabalhada e virou "Antes de Tudo". [BM]

4) If I Can't Have Love, I Want Power, da Halsey

As 13 faixas que compõem If I Can't Have Love, I Want Power foram produzidas carregadas de ousadia, quebrando as barreiras mercadológicas e trazendo uma temática que anda por reflexões e indagações sociais, ao mesmo tempo alinhada com a própria experiência da artista.

Uma obra política e questionadora, trata-se de caminhar no limite entre a autopreservação e a autodestruição, o controle e a compulsão, a emoção e o pavor de conseguir exatamente o que deseja. Aqui, Halsey permite que as emoções irradiem para fora, gerando um álbum magistral. [JM]

3) Montero, de Lil Nas X

Desde quando surgiu no cenário da música com "Old Town Road", Lil Nas X tem surpreendido a todos ao assumir o papel de um novo, provocador e engraçado de artista pop em um cenário dominado pelas tradicionais cantoras e por um grupo de homens que fazem música pop, mas não se importam tanto assim com suas performances (vide Ed Sheeran vestindo jeans e camiseta para qualquer show).

Em Montero, seu primeiro disco, ele se firmou como esse artista, sem deixar de lado as questões emocionais. Lá estão as letras sobre autoconhecimento e auto aceitação, assim como as divertidas e sexualemente carregadas músicas sobre sucesso e dinheiro, todas transformadas no ótimo hip hop feito por ele.

O único defeito desse disco? A parceria com Megan Thee Stallion é curta demais. [GC]

2) 30, da Adele

Independente do motivo, era natural que um novo trabalho da Adele chamasse a atenção do mundo. Todos sabem de sua capacidade para abordar temas pessoais e como ela consegue transformar as dores da vida em belas canções.

Ainda que tudo isso siga intacto - e até melhor, o 30 tem algo ainda mais marcante: toda a sua construção sonora. Ao abordar o seu divórcio, Adele se cerca de elementos que casam perfeitamente com a sua voz: ao longo de quase uma hora, temos soul, pop ou elementos da chamada "era de ouro" de Hollywood. Tudo isso aliado a voz extremamente rica da britânica, fazem do 30 o seu melhor e mais ambicioso registro até então.

Momentos como "My Little Love", "I Drink Wine", "Hold On" e "To Be Loved" - ambas com mais de seis minutos - mostram não só a evolução de Adele enquanto artistas, mas provam que ela é uma das maiores cantoras dessa geração. [JP]

1) lately I feel EVERYTHING, da WILLOW

Poder atender ao seu desejo pessoal e colocar para fora todas as suas referências: é isso que Willow nos entrega em lately I feel EVERYTHING, provavelmente o trabalho mais inesperado de 2021 e, até por isso, não tão comentado por aí.

Rápido e direto, o álbum funciona quase como um desabafo da artista. Um daqueles "momentos de fúria", sabe? Contudo, o resultado vai muito além disso e esse resumo seria até injusto com Willow. Ao longo de suas onze faixas, o trabalho mostra uma artista extremamente confortável nesse novo lugar, mesclando nu-metal, pop-rock, emo e pop-punk sem virar totalmente as costas para os trabalhos anteriores.

lately I feel EVERYTHING é um registro bem feito, coeso, bem amarrado e que mostra todo o potencial de Willow. Em um movimento arriscado, ela deu uma guinada interessante e divertida ao trazer o rock para a sua música. Resta saber se isso irá se perdurar... [JP]