TOP 50: os melhores álbuns de 2021!
Aqui está a nossa seleção com os trabalhos que chamaram a nossa atenção ao longo de um ano recheado de bons lançamentos.
20) Valentine, do Snail Mail
Snail Mail é o projeto solo de indie rock da americana Lindsey Jordan. Ela só tem 22 anos e em 2021 lançou seu segundo álbum de estúdio, Valentine, que é um dos melhores discos do ano na minha opinião.
A faixa que abre e dá nome ao disco, "Valentine", é minha música preferida entre os lançamentos de 2021 e é um rock alternativo raivoso, angustiado e carregado de guitarra, bem como deve ser, sem deixar de lado bons vocais, melodias bonitas e um tanto de doçura, num contraste perfeito que reverencia clássicos do indie como Pixies — aquela coisa de verso bonitinho e refrão explosivo bem anos 90 que a gente adora.
Lindsey é, além de ótima vocalista, excelente compositora e guitarrista, tendo escrito todo o álbum sozinha e fazendo bonito também ao vivo. Depois da estreia com o disco Lush, de 2018, que também vale escutar, ela lançou Valentine em novembro pela gravadora Matador, de Nova Iorque, que tem entre os artistas do seu catálogo outros ícones do rock alternativo, como Belle and Sebastian, Pavement, Gang of Four, Interpol e Kim Gordon (ex-Sonic Youth). [BM]
19) Vou ter que me Virar, da Fresno
A Fresno nos mostra novamente que pode sempre superar o último trabalho e isso se repete em Vou ter que me virar.
O trabalho foi anunciado após o lançamento quase que diário de uma coletânea intitulada INVentário, que foi revirada em meio a loucura que é a vida de Lucas Silveira, vocalista da banda. Inclusive, músicas do Vou ter que me virar são requentadas e remixadas (novamente e novamente) de outros projetos da Fresno. É um ato genial que nos entrega 11 faixas melancólicas e com críticas políticas.
Todas as músicas, que são autorais e independentes, foram gravadas antes da saída do tecladista Mario Camelo em agosto deste ano. Agora como um trio, formado ainda por Gustavo Mantovani e Thiago Guerra, a Fresno carrega o peso que é ser uma banda com mais de 20 anos de estrada. E fazem isso muito bem. [HF]
18) Patroas 35%, de Marília Mendonça e Maiara e Maraisa
Em grande parte, o sertanejo sempre foi um mundo dominado por homens cantando suas próprias visões sobre a vida no campo, que, com o passar do tempo, deu lugar à histórias sobre festas, bebedeiras, sofrência e visões preocupantes sobre relacionamentos. É claro que existiram artistas solo e duplas sertanejas formadas por mulheres que cantavam suas próprias vivências nas músicas, mas nenhuma delas se compara à Marília Mendonça.
Com suas histórias envolventes, incrível capacidade de criar refrões que poderiam ser repetidos à exaustão sem se tornarem chatos e voz incomparável, Marília é única. Ela contou histórias sobre a vida de mulheres reais, que se apaixonavam, se decepcionavam, traiam e eram traídas, adoravam uma bebedeira e uma festa. Marília se tornou a amiga que nós adorávamos ter por perto, mesmo que virtualmente. Era impossível não se identificar com ela ou admirá-la.
Por isso, unir uma das maiores compositoras brasileiras da história, que também é uma das mais populares cantoras do país, à Maiara e Maraisa, uma das duplas mais celebradas no Brasil, era algo que não podia dar errado. O Patroas 35% é fruto de mais do que a união profissional entre essas três artistas: ele é um laço da amizade e camaradagem entre elas, algo que pode ser ouvido nas nove faixas do trabalho. E é até interessante ouvir como Marília Mendonça domina a maioria das músicas, deixando as vozes de Maiara e Maraisa como secundárias, e isso não parece incomodar nenhuma das três — algo que raramente aconteceria com outros supergrupos de artistas.
Apesar de ser um álbum curto, que nos deixa com o sentimento de "quero mais" assim que acaba, o Patroas 35% é interessante por apresentar um material inédito, todo escrito do ponto de vista feminino, com músicas fáceis de gostar, de decorar (é impossível ouvir "Esqueça-me Se For Capaz" sem ficar com o refrão na cabeça ou não se identificar com a situação apresentada em "Não Sei O Que Lá") e sonoridade que, apesar de conter todos os elementos do sertanejo universitário que dominou o Brasil nos últimos anos, não deixa de ser pop.
Patroas 35% é um disco feito para apresentações ao vivo, para ser cantado pelo público e que tem faixas que ganharão inúmeras versões dos novos artistas sertanejos — e, por que não, de outros gêneros musicais? — daqui para frente. Ele é um clássico instantâneo de um gênero que pertencia a um nicho antes de Marília Mendonça aparecer, com suas letras, personalidade e suas fiéis amigas Maiara e Maraisa, e torná-lo acessível e amado até para aqueles que não tinham o menor interesse nele. E, justamente por isso, é extremamente cruel ter que escrever que esse foi o último trabalho lançado por Marília Mendonça em vida.
Por tudo que Patroas 35% representa para a música brasileira e ainda representará, ele é meu disco #1 desse ano. [GC]
17) Delta Estácio Blues, da Juçara Marçal
Delta Estácio Blues é, possivelmente, um dos álbuns mais ricos que eu ouvi nos últimos anos. Produzido por seu parceiro de longa data, Kiko Dinucci, o novo álbum de Juçara Marçal é uma colcha de retalhos de qualidade impecável.
Ouvir o álbum é quase uma experiência, por tudo o que envolve as suas onze faixas. Ali tem jazz, pop, mpb, hip hop, R&B, música eletrônica, elementos de samba e um "Q" que experimentalismo muito marcante e interessante. Além de toda a construção musical, o álbum se destaca em letras que dialogam com o momento atual.
Delta Estácio Blues evidencia toda a genialidade de Juçara. É um daqueles álbuns que serão lembrados ao longo do tempo por sua ousadia, criatividade, originalidade e qualidade. Músicas como "Baleia", "Crash" e "Vi de Relance a Coroa" provam isso. [JP]
16) The Roadside [EP], do Billy Idol
Definitivamente, um dos meus preferidos desse ano e que não saiu do repeat por aqui. Sou uma grande apreciadora do trabalho do cantor que inspirou tantas gerações e é, sem dúvida, um grande ícone do Rock.
Esse EP traz aquela velha essência e sonoridade das antigas canções do auge da carreira de Billy no anos 80, e resgata aquela nostalgia boa para quem adora a música dessa década. Uma das minhas músicas preferidas desse EP é, com certeza, "Bitter Taste", mas "Rita Hayworth" tem um lugarzinho reservado na minha playlist também. [JS]
15) Chemtrails Over The Country Club, da Lana Del Rey
Abrindo o ano com chave de ouro, Lana entrega um dos melhores trabalhos de sua carreira. O álbum começa com "White Dress", um dos diamantes da carreira da artista, onde faz uma reflexão sobre tudo o que aconteceu na sua vida desde quando decidiu se tornar uma cantora. Não há muito o que falar, só sentir. [YC]
14) Batidão Tropical, de Pabllo Vittar
Em seu quarto disco, Pabllo Vittar se firma como um dos maiores nomes do pop no Brasil e aproveita sua visibilidade para apresentar suas próprias inspirações para os fãs.
O resultado disso é um disco cheio de ótimas versões de músicas que se tornaram populares na voz de artistas de forró e tecnobrega, como Companhia do Calypso e Ravelly, além de três originais da artista e de seu time de compositores e produtores que são influenciadas por essa sonoridade.
Batidão Tropical é pura síntese do pop feita por uma parte do Brasil que Pabllo Vittar está se esforçando para nos mostrar que deveríamos prestar mais atenção. [GC]
13) Scaled And Icy, do Twenty One Pilots
O duo norte-americano formado por Tyler Joseph e Josh Dun simplesmente entregou o que, para alguns, é o melhor álbum de sua carreira.
Eles nos mostram em Scaled And Icy um álbum maduro, diferente, com qualidade e com melodias pop dançantes que disfarçam o peso das letras.
Completamente diferente por ser um álbum mais alegre e nostálgico - graças aos seus tons oitentistas, o álbum funciona como um escape para essa época pandêmica e, por isso, é intencionalmente mais leve. Com tudo isso, o Twenty One Pilots mostra claramente que dá para transitar entre ritmos e nao perder a essência. [HF]
12) Te Amo Lá Fora, da Duda Beat
Há um limite para sofrer por amor? Duda Beat mostra que não. Longe de lamber suas feridas, o impactante Te Amo Lá Fora segue os passos do álbum Sinto Muito (2018), sangrando as dores de uma — ou várias — relações malfadadas.
Se a artista já entregava um trabalho maduro em seu álbum de estreia, o segundo comprova que Duda já tem uma linguagem definida e sabe como expandir os horizontes, ainda que repita a fórmula do título antecessor. Ao longo das faixas, que vão do reggae ao electropop, Duda Beat entrega com sensibilidade as dores de coração partido. Apesar de previsível, o conforto e as grandes parcerias deram grande potência ao segundo álbum, deixando o público satisfeito e ansioso pelos próximos passos da artista. [BS]
11) CALL ME IF YOU GET LOST, do Tyler, The Creator
O homem simplesmente não para! E em 2021, Tyler, The Creator nos trouxe um dos melhores álbuns do ano com o excelente CALL ME IF YOU GET LOST.
Um disco que brinca menos com a questão das personas, algo recorrente na carreira de Tyler – e parte para a nostalgia ao resgatar o espírito das mixtapes dos anos 2000. Entretanto, apesar de ser um trabalho que faz referência ao passado, carrega toda a criatividade de um dos melhores artistas que o hip-hop concebeu na última década. [RS]