TOP 10: Bárbara Monteiro
A Bárbara selecionou os seus dez lançamentos preferidos de 2021 entre álbuns e EPs.
10) 30, da Adele
Eu nunca fui super fã da Adele. Achava ela uma cantora fantástica, uma das maiores vozes da história da música, com certeza. Respeitava muito, achava que era uma das maiores artistas da nossa geração, ainda mais por ser também uma excelente compositora, mas não me empolgava tanto com suas músicas, talvez pelo estilo delas, que apesar de me agradarem no tom retrô eram pop, lentas e sofridas demais (por favor não me matem). Mas de repente, com 30, virei tiete.
Já admirava Adele por conta de algumas entrevistas que li dela, sempre muito lúcida e pé no chão, quebrando todos os estereótipos de celebridade e sumindo durante anos entre um álbum e outro. Adorava o jeito debochado dela, o Instagram cheio de fotos malucas e ela aparecendo de cara lavada, descabelada, de calça de moletom e camiseta sem dar a mínima pra isso em lives com os fãs. Como ela mesma disse recentemente, ela é muito punk, ainda que seu som não seja.
Nesse novo disco, assim como Kacey Musgraves, Adele fala sobre seu processo de divórcio e tudo que ela passou com ele, como crises graves de ansiedade, culpa pelo filho pequeno e até mesmo a dificuldade em admitir para si mesma que não estava feliz e que tinha que fazer alguma coisa sobre isso. Coisas muito reais, com as quais todos nós podemos nos identificar, que mais uma vez aproximam a artista do público mostrando sua humanidade e vulnerabilidade. Adele é gente como a gente, e é por isso que gostamos tanto dela. Ela também é uma artista de álbuns, que sempre lança com muito cuidado e capricho seus discos, tanto que conseguiu convencer o Spotify a respeitar a ordem das faixas quando toca o LP. Esse disco foi muito aguardado e todos tínhamos grandes expectativas sobre ele, portanto, ainda mais depois de uma espera de 6 anos sem que ela lançasse música nova. Não à toa, 30 já virou o álbum mais vendido de 2021 nos EUA (e olha que ele foi lançado no fim de novembro!) e atrapalhou a produção de discos de vinil em todo o mundo, com uma grande tiragem que ocupou as fábricas e chegou até a atrapalhar outros artistas. Haja demanda!
Existem em 30 algumas semelhanças com os outros três álbuns de estúdio lançados anteriormente por Adele: estão ali os vocais poderosos e sem efeitos — mais uma vez as gravações das vozes são, aliás, as demos originais do disco —, uma certa pegada retrô de clássicos, o poder das divas pop e letras inteligentes e, como era de se esperar, bastante confessionais. Mas esse álbum novo tem mais diversidade no som, que também parece mais rico e fluido em diferentes gêneros musicais. Pode-se dizer que é a produção mais complexa de sua carreira. Por conta disso, acho o primeiro single, "Easy on Me", bom, mas nem de longe a melhor faixa do disco. Essa é "mais do mesmo", sendo que o mesmo aqui já é um acima da média, mas não foge muito do estilo de seus trabalhos anteriores, enquanto outras canções como "Woman Like Me", "Cry Your Heart Out", "All Night Parking" e "Hold On" soam muito mais interessantes e diferentes, sem perder a cara da Adele que todo mundo já ama. A Rolling Stone dos EUA afirmou que 30 é o melhor disco da carreira dela, e eu concordo.
9) MAN MADE, de Greentea Peng
Uma das artistas mais interessantes que eu descobri durante a quarentena foi a inglesa Aria Wells, que usa o nome artístico Greentea Peng.
Um vídeo dela se apresentando ao vivo apareceu nas minhas recomendações do YouTube e eu fui ouvir porque gostei muito do nome (afinal, sou viciada em chá e por coincidência naquele mesmo momento tomava uma caneca de chá verde. Achei que era coisa do destino!). Aria é de Bermondsey, bairro em Londres onde eu também morei, e filha de imigrantes (pai árabe e mãe africana). Seu nome de palco foi escolhido justamente por conta da sua paixão por chá verde e da expressão local "peng", que significa "gostosa". Ela mistura rap e canto com uma voz muito tranquila e aveludada e classifica seu próprio som como R&B psicodélico e neo soul, citando como influências cantoras como Lauryn Hill, Erykah Badu e a conterrânea Lily Allen. Eu acho que também tem muito da Amy Winehouse nela. Seu visual chama muito a atenção, com inúmeras tatuagens no corpo e no rosto, roupas coloridas diferentes e vários acessórios. Ela tem cara de artista, mesmo, e daquela mistura cultural que só grandes cidades cheias de imigrantes como Londres (e São Paulo) podem oferecer.
Depois de lançar um EP e vários singles de 2018 a 2020, em 2021 ela finalmente pôde lançar um álbum cheio — e bota cheio nisso, porque são 18 faixas inéditas. O som é uma mistura de jazz, bossa nova, R&B, hip hop, dub, reggae, sempre com um clima bem tranquilo e viajandão, meio mântrico até, mas também cheio de letras bastante lúcidas de crítica social. Uma curiosidade sobre seu disco de estreia é que o álbum foi gravado propositalmente a uma frequência de 432 Hertz, um pouco mais baixa do que o padrão adotado pela indústria da música, que é de 440Hz, porque assim teria propriedades calmantes. E olha, pelo menos na minha experiência ouvindo, isso realmente funcionou!
8) Comfort To Me, de Amyl and The Sniffers
A Austrália tem sido um celeiro de bons artistas nos últimos anos, além de ser a casa de um grande revival de punk rock de primeira qualidade. É de lá que vem uma das bandas que mais me empolgou em 2020, os debochados The Chats. Em 2021, o efeito down under se repetiu e uma das bandas que mais me chamou a atenção e que ganhou espaço como um dos melhores discos do ano pra mim é o grupo Amyl and The Sniffers, de Melbourne, que já soa afrontoso e engraçadinho até no nome ("The Sniffers" pode ser traduzido como "os cheiradores" ou "os xeretas", em um trocadilho tosco e bem punk junkie).
O álbum Comfort To Me é bom demais do começo ao fim e poderia ter sido lançado em 1978 que a gente nunca ia desconfiar, mas felizmente é de 2021 e entrega tudo o que os amantes de punk rock gostam: agressividade, energia, intensidade, rapidez, bicordes, letras raivosas e contestadoras, zero firula e enrolação. Maravilhoso pra sair correndo na rua ou socar as almofadas do sofá da sala enquanto pensa no seu chefe sem noção ou naquele seu vizinho chato. Além dos clássicos do punk, o disco também tem uma boa pegada de rock mais pesado na sonoridade, como AC/DC e Motörhead, com alguns riffs bem interessantes e solos mais elaborados. O vocal de Amy Taylor também lembra bastante as Runaways.
Formada em 2016, a banda é conhecida por seus shows insanos, como já era de se esperar, e agora sonho com uma vinda deles ao Brasil. O primeiro álbum cheio deles saiu em 2019 pela Rough Trade Records, famosérrima por suas bandas alternativas e descoladas, e ganhou o prêmio de melhor disco de rock da ARIA (Australian Recording Industry Association). Eles foram elogiados pela lenda Iggy Pop, que amou a canção "Security" e fez questão de tocar a faixa em seu programa de rádio na BBC, mas o grande destaque desse último disco é "Hertz", música que fala do ímpeto em sair da cidade e ver algum tipo de natureza, seja na praia ou no campo, quando você já não aguenta mais ver prédio, concreto e grafite e se sente preso e sufocado — e, no fim, surpresa! Ironicamente, é também uma música romântica, apesar da sonoridade entregar zero disso. Mas punks também amam, não é mesmo?
7) Novidade Média, do Sugar Kane
A banda de hardcore Sugar Kane é uma das poucas sobreviventes da última época em que o rock foi popular no Brasil e no mundo — começo dos anos 2000. Fundada em 1997 no Paraná, a banda fez parte da época de ouro do Hangar 110 e viu o emo surgir, crescer e morrer.
Realocado em São Paulo, o grupo continua hoje com um único membro original, o vocalista, guitarrista e compositor Alexandre Capilé, que também é um dos donos do Estúdio Costella e do selo/gravadora Forever Vacation Records. Capilé segue acompanhado pelo baterista André Dea (Violet Soda e Supercombo), um dos melhores do Brasil, além do baixista Igor Tsurumaki (Cueio Limão e Dead Fish) e do guitarrista Vini Zampieri, seu irmão.
O último disco do Sugar Kane tinha sido lançado em 2014 e a banda estava em hiato desde 2017, quando se reuniu para comemorar os 20 anos de carreira com uma extensa turnê por todo o Brasil. Agora, eles voltaram com tudo com Novidade Média, álbum intenso, enérgico, agressivo, com produção e sonoridade caprichadas que não perdem em nada para grupos de hardcore gringos. Com baixo e bateria bem marcados, destaque para guitarras e uns bons gritos, o Sugar Kane ainda soa relevante e com certeza vai fazer apresentações ao vivo memoráveis com o novo repertório, que implora por um show com bate cabeça, mosh pit e stage dive. O som é jovem e maduro ao mesmo tempo, misturando o melhor dos dois mundos: tem o rocão rápido que a gente gosta feito com alta qualidade somado às letras em português muito ricas e com rimas não óbvias, que falam muito de experiências pessoais, mas também de tudo o que estamos passando vivendo no Brasil desde a eleição de Bolsonaro, com muitas críticas sociais e desabafos.
É um disco que te faz querer sair pulando pela sala e morrer de saudade de um bom show de rock de lavar a alma, sair suado e feliz. Novidade Média destaca o Sugar Kane como uma das grandes bandas de rock brasileiras, não apenas sobrevivente, como também necessária e consagrada, merecendo ainda mais reconhecimento além da cena alternativa que já a venera.
6) SOUR, da Olivia Rodrigo
Que se danem as críticas e os haters! SOUR é sim um dos melhores lançamentos de 2021 e a gente tem que parar de ser tão chato e implicante e reconhecer o talento de Olivia Rodrigo, que é uma excelente cantora, multi instrumentista e compositora.
A menina só tem 18 anos e fez um álbum incrível, além de arrasar nas apresentações ao vivo. Merece, sim, aparecer na nossa lista e receber todos os louros. E, ainda que algumas das suas músicas tenham sim partes bastante parecidas com outros hits do passado (principalmente "good 4 you", acusada de plagiar "Misery Business", do Paramore, no refrão), não vejo como cópias nem como algo que tiraria seu mérito, apenas um efeito colateral da indústria da música atual e de quem nasceu depois da virada do milênio referenciando coisas que, pra nós, ainda não parecem tão antigas. Além do mais, nem ela se leva tão a sério assim, já sendo mais madura que a maioria dos críticos que insistem em pegar no pé dela. Um bom exemplo disso é sua participação recente no aclamado quadro Tiny Desk, gravado no DMV (o Detran dos EUA), em referência ao seu maior sucesso, "drivers licence" (carteira de motorista). Observe a garota cantando seu maior hit sozinha nessa apresentação, enquanto também toca teclado, e tenha a coragem de dizer que ela não é boa. Impossível!
Deixem os jovens tik tokers serem felizes, minha gente. Nem precisamos entrar na discussão se uma adolescente pode mesmo já ter sofrido tanto a ponto de escrever letras tão dramáticas sobre fim de namoro, mas não se esqueça de que um dia você também foi adolescente e achou que ia morrer quando tomou um pé na bunda. Faz parte. Outra coisa que eu adoro na Olivia Rodrigo é que ela fez as meninas quererem voltar a aprender a tocar instrumentos, principalmente guitarra e violão, e trouxe um revival de pop punk que a gente não via desde o começo dos anos 2000. Sim, estamos velhos, mas não precisamos ser amargurados. Deixem a Olivia brilhar.
5) An Evening with Silk Sonic, do Silk Sonic
A parceria entre Bruno Mars e Anderson .Paak era tudo o que a gente mais precisava, mas não sabia.
Em um período tão nefasto e deprimente como foram os anos de 2020 e 2021, a dupla chegou como um sopro de ar fresco e esperança de dias melhores com canções que se tornaram clássicos instantâneos — seja pela estética bem retrô de R&B, funk e soul, pelas letras bem-humoradas sobre relacionamentos ou pelas apresentações super estilosas e cheias de charme. Acompanhados por uma banda da pesada, terninhos combinando e participações especiais de lendas como Thundercat e Bootsy Collins (esse último, baixista e cantor que tocou com James Brown, Parliament e Funkadelic), o projeto é uma grande celebração da música negra estadunidense e seus anos dourados nas décadas de 1960 e 1970, época da Motown e do Soul Train.
É um álbum de festa, de good vibes, de diversão, muito solar e, apesar da equipe premiadíssima e talentosíssima, nada pretensioso. Sim, é pop, radiofônico, mainstream, fácil, mas tem muita qualidade, cuidado e alma ali, muito groove, respeito e reverência por quem criou os pilares da música negra abrindo caminho para que hoje eles pudessem tirar onda. melhor disco do ano, provavelmente.
4) star-crossed, de Kacey Musgraves
Depois de passar por um divórcio em 2020, Kacey Musgraves fez um disco contando como foi vivenciar esse processo doloroso e a busca pela superação.
"Healing doesn't happen in a straight line" (A cura não acontece em linha reta), canta ela em "justified". Em "camera roll", a americana relata o dilema de apagar ou não as fotos com o ex-marido de seu celular e todas as memórias que elas trazem. Apesar de autobiográfico, o disco não expõe a relação de forma que possa ser vista como lavação de roupa suja. Kacey traz uma forma madura e honesta de lidar com o término, focando em si e nas coisas que ela sentiu, pensou e aprendeu.. Muitas pessoas podem se relacionar e identificar com as letras, que oferecem um tipo de acolhimento, uma sensação de que você não está sozinha e de que, cedo ou tarde, vai passar.
Kacey é muito boa compositora e letrista e tem um dom de contar histórias que prendem você e podem virar trilha sonora de muitos momentos. O disco veio acompanhado de um filme, disponível na plataforma de streaming Paramount+. star-crossed é o quinto álbum de Kacey e chegou depois do aclamadíssimo vencedor do Grammy Golden Hour, de 2018. Apesar de ser do country, Kacey tem uma riqueza musical que extrapola gêneros e que continua nesse último disco, que contou com a produção mais cara e elaborada de toda a sua carreira e conta com 15 faixas inéditas, divididas em três partes de uma dramaturgia, como se fosse uma peça de Shakespeare. Mas, com tanta autenticidade e honestidade, ela soa como uma amiga sua, humana e acessível, ao invés de um drama digno de palco. E é justamente isso que faz de Kacey uma artista tão especial.
Em um mundo tão cheio de recursos artificiais e excessos, ela brilha se apresentando ao vivo na simplicidade do combo voz e violão. Nas fotos felizes do Instagram, ela se mostra triste e vulnerável sem se importar em parecer fraca, para depois voltar e contar que o pior já passou e que ela conseguiu seguir em frente. É um trabalho muito real e inspirador.
3) Indigo Borboleta Anil, de Liniker
Depois de se separar da banda Os Caramelows, que a acompanhava desde o seu primeiro EP, Liniker lançou seu primeiro disco solo com 11 músicas inéditas em 2021.
Indigo Borboleta Anil tem participações especiais de Milton Nascimento, Tássia Reis, Tulipa Ruiz, DJ Nyack, Mahmundi e Vitor Hugo e traz um som bem rico, com orquestração em todas as faixas, feito por duas orquestras diferentes (Letieres Leite e Rumpilezz). Completam esse time pesadíssimo os produtores Júlio Fejuca e Gustavo Ruiz (sim, o irmão da Tulipa).
O disco traz em sua sonoridade gêneros da música negra, de samba a soul, funk e jazz, e poderia facilmente ser um clássico dos anos 70, mas não soa datado. É coisa fina, impecável. Daqueles álbuns que vale a pena comprar o CD ou vinil e ter em casa pra escutar inteiro prestando atenção. Diferente dos trabalhos anteriores, que têm muitas músicas sobre relacionamentos e um bom tanto de sofrência de amor, em Indigo Borboleta Anil Liniker foca em si mesma, resgata sua infância e sua alma de artista se reconectando com suas raízes, de forma muito pessoal e autobiográfica. As letras falam dela mesma, de sua cachorra Claudete, de sua mãe, da cantora e amiga Luedji Luna e também de Mirtes Renata Souza e seu filho Miguel Otávio Santana, que morreu com apenas cinco anos depois de cair de um prédio no Recife.
Sem deixar o mundo de lado, Liniker mergulha em uma viagem interna de autoconhecimento muito intimista, refletindo o tempo passado em casa sozinha durante a quarentena depois de ter estourado, tocado na gringa e em todos os grandes festivais, se consagrando internacionalmente como artista, ter estrelado seriado na Amazon Prime Video e ter sido indicada ao Grammy. É, de certa forma, um colocar de pés no chão e um lembrar de quem você é. Uma das faixas do disco, aliás, é a primeira composição que ela fez na vida, quando tinha apenas 15 anos. A música resgatada, que se chamava "Maré", foi retrabalhada e virou "Antes de Tudo".
2) Chegamos Sozinhos em Casa, do Tuyo
O segundo álbum cheio do trio paranaense Tuyo, dividido em dois volumes, é a consagração do grupo e chegou logo após eles terem participado do importante festival americano SXSW e recebido elogios rasgados do jornal The New York Times justamente por conta dessa apresentação.
A banda chegou ao seu auge mantendo sua personalidade e junção de estilos musicais com vocais belíssimos, mas apresentando um trabalho mais rico, com mais elementos sonoros, detalhes, camadas, texturas e participações especiais e produção impecável. O resultado é um som grandioso de altíssima qualidade, que tem tudo para ganhar o mundo ainda que todas as letras sejam em português brasileiro. Taí o reconhecimento dos gringos, merecidíssimo, que não me deixa mentir. As letras e a forma de cantar da Tuyo são muito, muito lindas e realmente tocantes. É como se a gente se apaixonasse escutando, mesmo quando falam de coisas mais sofridas e tristes, porque é uma beleza que atrai muito. É como se fosse uma música encantada, um canto de sereia, uma coisa magnética que puxa a gente. Imperdível.
Recomendo muito vê-los ao vivo também. Os fãs são muito apaixonados, cantam cada palavra a plenos pulmões e parecem estar em transe coletivo. A banda devolve sendo uma das mais simpáticas que eu já vi em cima de um palco, chorando junto, entregando tudo. É quase um culto e você sai de alma lavada!
1) Valentine, do Snail Mail
Snail Mail é o projeto solo de indie rock da americana Lindsey Jordan. Ela só tem 22 anos e em 2021 lançou seu segundo álbum de estúdio, Valentine, que é um dos melhores discos do ano na minha opinião.
A faixa que abre e dá nome ao disco, "Valentine", é minha música preferida entre os lançamentos de 2021 e é um rock alternativo raivoso, angustiado e carregado de guitarra, bem como deve ser, sem deixar de lado bons vocais, melodias bonitas e um tanto de doçura, num contraste perfeito que reverencia clássicos do indie como Pixies — aquela coisa de verso bonitinho e refrão explosivo bem anos 90 que a gente adora.
Lindsey é, além de ótima vocalista, excelente compositora e guitarrista, tendo escrito todo o álbum sozinha e fazendo bonito também ao vivo. Depois da estreia com o disco Lush, de 2018, que também vale escutar, ela lançou Valentine em novembro pela gravadora Matador, de Nova Iorque, que tem entre os artistas do seu catálogo outros ícones do rock alternativo, como Belle and Sebastian, Pavement, Gang of Four, Interpol e Kim Gordon (ex-Sonic Youth).