Por: 2T Dias
Estamos todos sujeitos a sofrermos nas mãos de Murphy e sua cruel lei. É engraçado perceber (e aceitar) que para cada bom momento que consigo ter a sorte de passar, existe o dobro de percalços na sequência. Não se pode fugir da sina de Murphy, a verdade é essa. Claro que, obviamente, você não está entendendo nada do que estou dizendo. Tenha calma, já irei explicar direitinho…
Como esta é só a primeira participação especial no cast do site (pensei que eu teria um espaço todinho meu aqui no Audiograma, mas o chefe John Pereira cortou as minhas asinhas), nada mais justo que (enrolar) fazer uma breve apresentação. Meu nome é Tullio e eu fui criado por lobos selvagens na beira do rio arrudas em Belo Horizonte. Durante muito tempo pensei que fosse loucura me comunicar através de uivos e mordidas, mas desde que um simpático casal de velhinhos atirou e matou os lobos selvagens que cuidavam de mim, percebi que aquela era a melhor forma de me comunicar. Desde então permaneci exilado em um pequeno comodo debaixo da escada da casa dos meus novos pais. Acabei descobrindo uma outra forma de comunicação: a música. Quando completei 11 anos, recebi uma carta de um sujeito franzino chamado John Pereira e nela havia o convite para ingressar no extinto Portal Music Life. Foi o recomeço de minha vida e daí em diante tudo mudou. Passei a me chamar Eduardo por alguns dias, deixei o cabelo crescer e decidi estudar. Mas infelizmente fui expulso de casa antes de me formar. Ou seja, fui obrigado a procurar um emprego. E sabem onde este animal anti-social foi trabalhar? Não, não foi em um canil. Apesar de lidar com vários tipos de cachorros e cadelas, o meu emprego é de vendedor de discos. Quando o Portal Music Life encerrou as atividades pensei que minha vida virtual estaria resumida ao Cinema de Buteco (onde eu sou o editor chefe) e o Rock in Press (onde ultimamente eu não estou fazendo nada). Por acaso, descobri que o John, a Dri e o Gil estavam criando um novo website. Vira-lata malandro do jeito que sou, dei logo meu jeitinho de me infiltrar e criar uma coluna onde plagiasse o livro Frenesi Polissilabico de Nick Hornby. Basicamente, a intenção original era ter um espaço onde eu falaria de todos os discos ouvidos durante o mês. Não importa se fossem novos, velhos ou de audição exclusivamente animal. Estariam todos relatados aqui. E como agora trabalho numa loja que vende cd’s, não poderia ser um serviço muito dificil, certo? Pois é. Eu me enganei. Nunca foi tão dificil poder ter tempo para ouvir discos.
Mas a lei de Murphy não atacou nesse sentido. O que aconteceu é que levei o meu macbook para a assistência técnica e esqueci de salvar o texto original que estava lá dentro do HD. O resultado é que tive que reescrever tudo e falar um monte de besteira para vender o espaço e fingir que tenho conteudo. Mas não se preocupe, caro leitor. Você não está perdendo o tempo precioso (acreditem: depois que você passa a trabalhar, cada segundo é valioso e faz falta depois). A minha intenção para o próximo mês é me preparar melhor para esta participação (que eu devo dizer, se é que não está claro, que gostaria que fosse uma coluna) no Audiograma (um dia eu ainda irei chamar de Audioslave… já estou até vendo…) e arrumar um celular ou um player de mp3. Disseram coisas realmente boas sobre um aparelho da Phillips chamado GoGear e é uma opção bem mais interessante que gastar uma nota no status que o iPod Shuffle ou Nano causam. O bolso e os ouvidos agradecem. Porém, um fato curioso deve ser mencionado: mesmo não usando um player portátil e não possuindo um bom aparelho de som, janeiro foi o mês que mais comprei discos. Foram DUAS aquisições: Echoes Silence Patience and Grace do Foo Fighters e Music for Men do Gossip. Um recorde digno do guiness? Longe disso. Estou surpreso em perceber o quanto os discos estão baratos e são várias as possibilidades. Imagino que até o fim do ano complete diversas coleções, incluindo todos os discos do Led Zeppelin. Será um momento lindo para uma pessoa compulsiva e que ultimamente anda de quatro pelo som da banda de John Paul Jones.
Aliás, foi justamente o cd da banda nova do ex-baixista do Led que eu mais ouvi nesse mês. O Them Crooked Vultures dominou o meu iTunes, Winamp, Windows Media Player e assim que o disco chegar na loja (o gerente não botou fé que o album vai vender), vou colocar para rolar no meu tocadiscos escrotinho. Tudo bem que o disco está longe de ser um clássico, mas foi com certeza um dos melhores exemplos de música de 2009. A faixa “New Fang” é agressiva. Selvagem. Sedutora. A introdução na bateria é algo impossível de descrever e é daqueles coisas que nós simplesmente precisamos ouvir (e repetir) várias vezes com o volume no máximo. É quase como se o velho Bonzo estivesse vivo e o Led continuasse na ativa. Quase. Dave Grohl bem tenta emular o som de seu ídolo, mas só consegue chegar perto. Pelo menos o serviço não soa como uma cópia descarada daquela que foi uma das melhores bandas que se tem notícias no planeta Terra. Se você ainda não ouviu, cara, não perca mais tempo e baixe logo. Ou compre. Está surpreendentemente barato e vale a pena mesmo guardar em casa esse registro.
Ouvi também o último disco do Muse, o tal do The Resistance. Sou suspeito para falar do trio britânico, mas que disco simplesmente animal. Excluindo a faixa “Guiding Light“, é um album excelente e que chega perto de roubar a coroa de Absolution no topo dos melhores discos da banda. Fiz um breve comentário do album na época do seu lançamento e hoje, cerca de seis meses depois, cada audição mostra novos detalhes e torna a experiência ainda mais intoxicante. De uma forma positiva, obviamente. O The Resistance é um disco de detalhes e como todo bom disco, merece ser ouvido sempre que existir uma brecha. Com certeza será uma experiência gratificante, já que novos “barulhos” são percebidos. Recentemente saiu o terceiro vídeoclipe do disco. A faixa escolhida foi “Resistance”, não por acaso, a melhor música do Muse desde “Knights of Cydonia”. Um deleite para os baixistas de plantão, como a Gabriela Teodoro.
Infelizmente o único disco realmente novo que ouvi esse ano foi o do Spoon. Digo isso com tristeza não pelo fato do album ser ruim, muito pelo contrário, mas por conta de ter ouvido falar de diversas bandas novas e não ter conseguido parar e ouvir ainda. O album Contra do Vampire Weekend é um dos exemplos. Mas de qualquer forma, começar o ano de 2010 com o Spoon não foi nada mal. Depois do excelente Gagaga de 2007, os caras retornaram com um puta disco chamado Transference. Mal posso esperar para, sonhar, o lançamento nacional do disco. Em breve irei publicar uma resenha do disco no Rock in Press, se eu não for demitido de lá, obviamente.
Trabalhar de vendedor de discos tem as suas vantagens. Não, nenhuma vantagem em conquistar as gatinhas: elas simplesmente ignoram a sua presença até que precisem de ajuda. Estou dizendo que você tem a responsabilidade de ser o DJ da loja e colocar o que bem entender para tocar (não é assim que funciona, mas você não precisa saber disso). Quando vi o disco Up to Now, coletanea dos escoceses (ou irlandeses, sei lá) do Snow Patrol mofando no estoque, não tive dúvidas e resolvi testar o público. O resultado foi que das 34 peças na loja, sobraram apenas mais duas. Vendeu horrores e foi uma prova de que a banda é rentável e digna de boas apresentações no Brasil. Afinal estou em Belo Horizonte, a capital nacional das pessoas semi-analfabetas musicalmente falando.
A surpresa nas audições do mês foi o disco Pursuit do cantor Jamie Cullum. Cheguei bem próximo de perder a preguiça inicial do trabalho do sujeito e devo dizer que é um disco bem interessante. Também passaram pelos meus ouvidos os últimos lançamentos do Weezer (com as faixas “I’m Your Daddy” e “If You Wondering”, das melhores coisas de 2009), Skank (sensacional), Foo Fighters (pô, se eu comprei o disco… claro que ia ouvir, né?), Gossip, Victor e Leo (sério), Maria Gadu e o clássico Thriller do falecido Michael Jackson. Mas para encerrar esta primeira participação no Audiograma, tenho que falar de uma banda antiga. Durante o meu trabalho, acabo conhecendo várias pessoas de tipos diferentes. Apesar do preconceito que a maioria tem com vendedores (teve um sujeito que queria soletrar o nome do Ozzy Osbourne e eu perguntei se ele estava de sacanagem comigo), existem aqueles clientes que gostam de conversar. Três deles disseram que eu lembrava o David Gilmour na juventude. Fiquei meio confuso. Como diabos eu, magrelo do jeito que sou, poderia parecer com o guitarrista do Pink Floyd? Resolvi tirar a prova e a única coisa semelhante que notei foi o sorriso, mas de qualquer forma, o cd/dvd do cara foi o que mais rolou nos últimos dias de janeiro. Desbancou o cd de hits do rei Elvis Presley e as canções gostosinhas do Snow Patrol e Skank. O Live in Gdansk vem com dois discos mais um dvd e além de estar recheado de hits, ainda tem a presença do tecladista Richard Wright, morto em 2008 em decorrência de um cancer. O show é praticamente obrigatório para os fãs do Pink Floyd e prova que não existe uma música tão boa com um solo que consegue ser ainda melhor: David Gilmour DESTROI durante o solo de “Comfortably Numb”, que de longe, é uma das melhores músicas já feitas na história do rock. Se não acredita, clica no vídeo abaixo e tire suas provas. Pode até comparar com a versão pífia do Roger Waters ou até mesmo no encontro lendário no Live 8 em 2005. Nada supera a versão desse dvd novo.
(fico feliz por só parecer com o Gilmour na época em que ele era bonito, pois hoje em dia ele tá foda. Durante o solo foi impossível não lembrar do Jigsaw da série Jogos Mortais)
Esse foi o resumo do mês. Bem fraquinho, eu sei, mas não deu para fazer melhor. Além da falta de tempo, tive que lidar com uma maratona brutal das cinco temporadas de Lost. Fã xiita é foda. Vou ficando por aqui e preparando já o próximo post para o dia 10 de março. Quem sabe até lá Murphy pare de pegar no meu pé e me criar problemas…
.
Discos Ouvidos:
– The Resistance @ Muse
– Transference @ Spoon
– Them Crooked Vultures @ Them Crooked Vultures
– Pulp Fiction Soundtrack
– Echoes, Silence, Patience and Grace @ Foo Fighters
– Estandarte @ Skank
– Victor e Leo Ao Vivo @ Victor e Leo
– The Pursuit @ Jamie Cullum
– Maria Gadu @ Maria Gadu
– Up to Now @ Snow Patrol
– Raditude @ Weezer
– Colour me Free @ Joss Stone
– Thriller @ Michael Jackson
– Elvis 30# Hits @ Elvis Presley
– Across the Universe Soundtrack
– Music for Men @ Gossip
– Live in Gdansk @ David Gilmour
Discos comprados:
– Echoes, Silence, Patience and Grace @ Foo Fighters
– Music for Men @ Gossip