A terceira edição do Planeta Brasil trouxe a tona, mais uma vez, a discussão sobre a sustentabilidade e os cuidados que devemos ter com o Planeta. São temas que podem ser aplicados, obviamente, ao meio em que vivemos, mas, também, ao festival que aconteceu no último sábado, dia 26 de novembro, em Belo Horizonte.
Debaixo de uma chuva intensa e que, no início dos trabalhos, parecia ser mais do que suficiente para afugentar o público, o Planeta Brasil pode se considerar vitorioso e mais do que capaz de se auto sustentar. Se a chuva marcou presença, os esforços para que o publico tivesse uma boa estrutura foram, talvez, o maior trunfo do festival. Por mais que se tente, fatores climáticos são complicados de se lidar e, independente do festival, todo mundo tá sujeito a contratempos.
A diversidade das atrações se refletia no público presente no local. Com atrações que foram do hip-hop de Renegado ao soft rock do Donavon Frankenreiter, tinha música para todos os gostos e estilos presentes no Espaço Folia. Apesar de brindar a diversidade (o que é elogiado em muitos festivais), a grande sacada do Planeta Brasil foi mesmo com o palco Planeta Independente. Se alguns acabaram saindo do local sem ter a menor noção de onde ele estava localizado (eu mesmo só descobri o palco durante o seu segundo show), quem teve a oportunidade de conferir de perto as seis atrações que passaram por lá pode perceber que a cena mineira tem novos (e ótimos) motivos para se orgulhar. Ver nomes como Fusile, Dead Lovers Twisted Heart e Transmissor (foto1) fazendo parte do lineup de um festival tido como mainstream (o único de BH no momento) mostra que algumas coisas ainda podem (e devem) mudar nos festivais.
Se no palco independente a maioria das atrações vinha de uma mesma escola, no palco principal a variação de estilos era clara. O palco navegou (sem analogia a chuva, que fique claro) por hip-hop, pop/rock, ska, soft rock, samba/rock e tudo isso rendeu ao festival seus grandes momentos (e outros certamente “dispensáveis”).
Enquanto o Teatro Mágico e o Nando Reis fizeram shows onde a grande maioria cantava do início ao fim, o Slightly Stoopid custou para conseguir a atenção dessa grande maioria, apesar de terem um show competente – e que rendeu um cover do Nirvana ao seu final. Outra atração que chamou a atenção dos presentes foi o Playing For Change, projeto formado a partir da reunião de músicos de rua de diversos países e acabou aplaudido por todos os presentes.
Por outro lado, Donavon Frankenreiter e Renegado viram um Espaço Folia sem a presença desse grande público. Enquanto Renegado teve a missão de abrir o festival para aqueles que resolveram encarar a chuva desde o início, coube a Frankenreiter encerrar os trabalhos do Planeta Brasil tendo como plateia aqueles que, a aquela altura da noite, ainda não tinham se cansado da grande quantidade de água que caia.
Entre essas atrações, Seu Jorge e Gabriel O Pensador (foto 2), que acabaram fazendo o principal show do festival. Os dois, que se confessaram amigos de longa data, dividiram os vocais em “Cachimbo da Paz” – um dos clássicos de Gabriel. Seu Jorge mostrou ao público mineiro músicas de seu recente disco, como “A Doida”, relembrou seus sucessos antigos e arriscou cover de “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”. Já Gabriel ficou no palco pouco tempo e tocou “2345meia78” e “Astronauta”. De todos que se apresentaram, talvez tenha sido o nome que mais animou o público presente, mesmo se arriscando a contar uma piada (velha e um pouco sem graça) de mineiro.
No geral, o Planeta Brasil merecia um dia seco para que pudesse ser mais bem aproveitado. Apesar disso e de alguns pontos que podem ser repensados para futuras edições, o festival é novo e ainda tem muito que oferecer ao seu público. Agora, antes de começar os trabalhos da próxima edição, é bom fazer um pacto com São Pedro para não chover como neste ano.
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Fotos: Polly Rodrigues