O Nosso Rock é um projeto universitário que visa apoiar, valorizar e dar voz à cena underground nacional.
Felizmente, sabemos que há inúmeros músicos e bandas independentes espalhados pelo território brasileiro e, justamente por se encontrarem à margem da grande indústria, esses artistas precisam de espaços como esse, que reconhece seus potenciais e que dá a eles a oportunidade de se expressar e comentar sobre suas produções, além de ajudá-los a escrever sua própria história.
São programas e atitudes como essa que ajudam a engrandecer, unir e fortalecer a cena underground nacional. Com isso em mente, batemos um papo com a jornalista Barbara Carvalho e ela nos contou sobre esse projeto de extensão.
Confira!
Poderia contar um pouco sobre como foi o surgimento da rádio “Nosso Rock”? Quem são os responsáveis por dar vida e esse projeto?
O programa Nosso Rock é um projeto de extensão realizado pelos alunos dos cursos de comunicação social (publicidade e jornalismo) do Centro Universitário Internacional Uninter. Ele surgiu por meio de um grupo de estudos sobre o rock independente de Curitiba e região. O projeto nasceu em 2013 pela ideia do jornalista e hoje coordenador do curso de jornalismo da Uninter, Guilherme Carvalho, junto com alguns alunos. Hoje, o projeto é coordenado pelo professor Otacílio Vaz e é realizado junto com a jornalista Barbara Carvalho, e com os alunos de publicidade Bruna Carolina e Jeferson Stapait e a aluna de jornalismo, Juce Lopes.
Como você define a proposta da rádio?
Muito além de abrir espaço para as bandas do cenário underground, o programa propõe um bate-papo sobre temas importantes desse local. Cada episódio conta com um tema para debate, assim, os artistas que participam podem expor suas ideias e dessa forma, ajudar na construção de uma cena melhor e igualitária.
Qual é a importância de valorizar os artistas undergrounds de nosso país?
O Brasil é um país gigantesco com muita banda boa a ser descoberta. Hoje, com o advento da internet, temos a liberdade de escolher o que queremos ouvir indo muito além daquilo que a grande mídia nos apresenta, o que por muitas vezes acaba sendo o mais do mesmo. Valorizar os artistas independentes é valorizar a pluralidade do nosso país e também dar mais possibilidade de escolha para as pessoas que gostam de coisas e diferentes.
Como você define os termos “underground” e “mainstream”?
Mainstream é o grande mercado da arte, onde podemos encaixar TV, rádio, sites e tudo aquilo que abrange de forma maior e coletiva a população. O underground conta com os artistas que não recorrem ou não conseguem entrar nesse meio para divulgar o seu trabalho.
Até que ponto um artista que faz parte da cena independente pode conquistar espaço na indústria musical? Em que medida seria possível um encontro entre o underground e o mainstream?
Como dito anteriormente, com o a avanço da internet, atualmente não é mais necessário que o artista esteja no mainstream para ser visto. Nós recebemos muitas bandas que divulgam seu material somente na internet, nunca apareceram nas grandes mídias e já tocaram em diversos países para milhares de pessoas, basta ter um trabalho de qualidade e uma boa tática de divulgação. Hoje, não é mais necessário que o artista pague para aparecer na TV ou no rádio, como era antigamente, ele pode lançar seu material nas plataformas digitais e conseguir o sucesso por ali mesmo, indo além e talvez até ser visto pelas grandes mídias por esse meio. Talvez possamos definir o encontro do underground e do mainstream dessa forma.
Quem é o público-alvo da rádio? Como é a interação com esse público?
Nós não temos um público-alvo definido, mas buscamos interagir desde com os alunos para que se interessem a participar do projeto, até as bandas e seu público. A interação acontece por meio das redes sócias, como as nossas páginas Facebook e Instagram. Buscamos sempre ajudar a divulgar o material das bandas e levar novidades para as pessoas que conhecem e acompanham o Nosso Rock.
Como foi elaborada a programação da rádio? Qual é o programa com maior audiência e a que você atribui tão receptividade?
A cada semana nós buscamos levar um artista para entrevistá-lo, isso não inclui somente bandas, mas também qualquer tipo de arte que seja independente, como a Fanzine. Nós buscamos sempre ser um artista novo e recebemos diversas opções do público. Quanto a audiência, isso depende muito da divulgação não somente do programa, mas também da ajuda do artista. Quanto maior o trabalho em equipe, maior a audiência do programa.
Qual é o maior empecilho para um artista autoral que vive no Brasil? E como o trabalho de vocês podem ajudar a vencer esse problema?
Os empecilhos são vários, de acordo com os artistas que já passaram pelo programa. Vão desde casas de shows que não chamam para tocar ou quando chamam não pagam, panelinhas entre as bandas que não abrem espaços para outras, e festivais que não abrem espaço para as bandas underground.
A proposta do Nosso Rock é abrir esse espaço para que todas as bandas sejam vistas e ouvidas, principalmente quanto a essa parte das dificuldades no meio. Muitas bandas já nos falaram que depois que apareceram no programa surgiu convite de shows e passaram a ser reconhecidos. Isso nos dá uma sensação de que o nosso trabalho realmente surte efeito e alcança o objetivo, que é ajudar na divulgação destes artistas e não deixar o cenário underground acabar.