Cada mês parece durar um ano neste 2020 totalmente insano e, no meio de tudo isso, os lançamentos musicais continuaram chegando às plataformas digitais. Até por isso, a nossa lista com os álbuns lançados em maio que mais nos agradaram está no ar!
Em suma, publicamos listas mensais desde o ano passado com aqueles lançamentos que valem uma audição. Ao mesmo tempo em que lidamos com todas as questões de saúde pública, sociais e de políticas, tivemos alguns refrescos musicais com pelo mais de trinta trabalhos nacionais e internacionais que nos mostram como maio foi um mês interessante.
Entre os escolhidos, selecionamos os novos registros de Lady Gaga, RAPadura, Charli XCX, Perfume Genius e Hayley Williams, bem como outras coisas bem legais lançadas ao longo dos seus trinta e um dias. Como de costume, cada álbum escolhido pelo nosso time recebe uma mini-resenha visando explicar os motivos que os credenciam para essa lista.
Abaixo você encontra a nossa seleção com os 33 álbuns lançados em maio que você deveria ouvir. É só dar play no Spotify e (tentar) ser (um pouco mais) feliz, fechado?
Só, da Adriana Calcanhotto
Ouvindo com calma, Adriana Calcanhotto lançou uma visão pessoal e interessante tendo como pano de fundo o isolamento social. Unindo MPB, samba e até funk – não que isso seja uma novidade para ela, o álbum tem os seus bons momentos mas também tem suas escorregadas. “Lembrando Da Estrada” e “Ninguém na rua” servem como bons destaques do trabalho. [JP]
These Two Windows, do Alec Benjamin
Alec Benjamin lançou um álbum que vai agradar o seu público: dez faixas, menos de 30 minutos, com músicas bem produzidas e que seguem um formato já conhecido dentro do indie-pop. Sem muitas experimentações, o norte-americano é capaz de convencer os fãs com a nova remessa de músicas, mas não vai muito além do que já tinha feito anteriormente. “Demons” e “Match In The Wind” são dois bons destaques. [JP]
Have U Seen Her?, da ALMA
Após liberar duas partes do álbum em forma de EP, ALMA colocou no mundo o seu trabalho de estreia. Com doze faixas, Have U Seen Her? tem alguns momentos interessantes ainda que, no geral, deixe clara a sensação de que você já ouviu isso antes mais de uma vez. Se a sonoridade peca, as letras acabam sendo o ponto alto e que sustentam o registro. No geral, é um álbum que agrada aos fãs e deixa boas impressões, ainda que não corresponda a toda expectativa criada antes de sua chegada. “Final Fantasy”, “LA Money” e “Worst Behaviour” merecem destaque.
Enquanto Estamos Distantes [EP], d’As Bahias e A Cozinha Mineira
O trio As Bahias e A Cozinha Mineira aproveitou o isolamento social para trabalhar em um EP. Com cinco faixas, Enquanto Estamos Distantes. Com apenas cinco faixas, o trabalho tem um clima leve em suas letras enquanto sintetizadores e batidas eletrônicas ditam o ritmo das canções. Simples e direto, o EP funciona como uma boa trilha sonora para o período em que vivemos. [JP]
LAS QUE NO IBAN A SALIR, do Bad Bunny
Um dos nomes latinos aclamados atualmente, Bad Bunny aproveitou o isolamento para soltar uma mixtape com sobras do YHLQMDLG. O resultado é bem interessante de se ouvir e mostra um pouco do que fez o porto-riquenho se tornar um dos nomes do momento. “MÁS DE UNA CITA” e “CANCIÓN CON YANDEL” são provas disso. [JP]
GLUE, do Boston Manor
É possível afirmar que o pop punk alternativo feito pelo Boston Manor atingiu o seu ápice em GLUE. O terceiro álbum de estúdio da banda britânica é um trabalho que pode ser encarado como um divisor de águas: a banda consegue mesclar uma sonoridade apresentada em seu primeiro álbum com novos elementos, te levando de uma balada pop-punk clássica como “Plasticine Dreams” ao puro punk-rock de “Everything is Ordinary”. Músicas como “1’s & 0’s” e “Ratking” são bons destaques de um registro intenso e revelador do quinteto. [JP]
Brant Bjork, do Brant Bjork
O rei do stoner rock é um artista workaholic, que já lançou 13 álbuns de estúdio como guitarrista e vocalista, além de todas as outras bandas em que já tocou (era baterista da icônica Kyuss e da Fu Manchu). Só na carreira solo, incluindo discos ao vivo e outros registros, é o equivalente a um lançamento a cada um ano e meio. Ele não para! Em seu novo álbum homônimo, Brant Bjork mantém a sonoridade que lhe é tão característica, unindo o peso do stoner rock a um som experimental e psicodélico que te leva de volta pros anos de 1960 e 1970, pra estrada e pro deserto. Uma identidade latina também sempre se faz presente, com percussão dando um toque especial às músicas, além da voz aveludada, nunca gritada, baixo pesado e muito fuzz. Em outubro de 2019, Brant tocou em São Paulo, fui no show e minha admiração por ele só cresceu. Ele tocou sem pretensão e pompa nenhuma, com uma guitarra de segunda linha, usando um só pedal. É um cara zero estrela, falou com todos os fãs depois do show e foi extremamente humilde e acessível. Quando fui conversar com ele, fez questão de me mostrar fotos dos filhos e falar que estava com saudades da família mas também muito feliz por finalmente fazer seu primeiro show no Brasil, país que gosta tanto. Um de seus filhos, aliás, se chama “Brazil” e ama futebol! Voltando ao novo disco, é uma viagem de guitarra dançante, sensual, com muito groove, e sempre badass. Uma aula de rock! [BM]
Making A Door Less Open, do Car Seat Headrest
Em seu novo registro de estúdio, Will Toledo e companhia resolveram pegar um novo caminho sonoro. Making A Door Less Open coloca a banda em uma nova perspectiva, onde apostam mais no experimentalismo e agregando novas paletas sonoras ao seu indie-rock já conhecido. Não se sabe aonde isso vai dar, mas a indicação é de que a zona de conforto não será acessada num futuro próximo pelo Car Seat Headrest. [JP]
Dedicated Side B, da Carly Rae Jepsen
Carly Rae Jepsen segue dando amostras de sua qualidade como artista pop em seu novo registro de sobras. Dedicated Side B é a reunião de faixas não aproveitadas no álbum que saiu no ano passado e, creio eu, exemplifica como deve ser difícil fechar um álbum quando se tem muitas canções interessantes criadas. Sem perder a qualidade, a cantora entrega como b-sides faixas bem produzidas e que outros artistas dariam a vida para terem gravado. Destaques para “Felt This Way”, “Summer Love”, “Fake Mona Lisa” e “Now I Don’t Hate California After All”. [JP]
how i’m feeling now, da Charli XCX
Charli XCX entregou aquele álbum que, provavelmente, melhor traduz o período em que estamos vivendo. Como o seu nome já entrega, how i feeling now é o momento mais próximo da Charlotte Aitchison que poderíamos ter. Tudo isso embalado por um DIY bem feito e com uma sonoridade que tem a assinatura XCX. Transitando por temas como depressão, amor, ansiedades e incerteza, o álbum mostra toda a sua criatividade em faixas como “Pink Diamond”, “Forever”, “Claws”, “I Finally Understand”, “Anthems” e “Visions”. [JP]
Beginners, do Christian Lee Hutson
Beginners é o tipo de álbum que todo mundo deveria ouvir pelo menos uma vez na vida. Com o seu folk-rock bem afiado, o norte-americano Christian Lee Hutson escancara as nossas fragilidades de uma forma sutil e, ao mesmo tempo, bem direta. Medos, ansiedades, erros, lembranças, desejos… tudo bem amarrado ao longo de dez faixas marcantes. Um belo achado que já chega com um selo de aprovação concedido por nomes como Phoebe Bridgers e Conor Oberst. [JP]
The Curb Commentator Channel 1 [EP], do E-40
E-40 lançou um EP curto que preza pelo bom humor. Um dos nomes na história do hip-hop, o rapper entrega linhas interessantes ao longo das cinco faixas do registro, mas nada que seja memorável ou que tenha a mesma representação atingida por ele outrora. Vale o play, dá pra tocar em uma festa – quando a gente puder fazer isso novamente – mas não é nada que vá mudar a sua vida. [JP]
Alfredo, de Freddie Gibbs e The Alchemist
Freddie Gibbs libera mais um álbum colaborativo ao lado do The Alchemist. Em pouco mais de 30 minutos, Alfredo dá mais amostras de toda a qualidade presente no trabalho do rapper da Indiana, alinhado com uma produção marcante por seu ar sombrio e refinado. “Something to Rap About”, “God is Perfect” e “All Glass” são alguns exemplos de faixas que flertam com o hip-hop clássico, deixando clara a química entre os envolvidos. [JP]
High Off Line, do Future
Leia a resenha completa do álbum aqui no Audiograma.
Ainda que não funcione muito bem como uma unidade, High Off Life contém momentos que reafirmam a versatilidade e a capacidade de Future em conquistar multidões, sendo aquele artista que consegue colaborar até mesmo com artistas muito diferentes do seu nicho, como Ed Sheeran e Taylor Swift. Muitas das faixas se juntarão a coleção de monstros de Future, que sabe transformar o hip-hop em uma grande festa, especialmente sua. Um Deus preso em seu próprio mundo e, mesmo que por vezes se perca, sabe explorá-lo como ninguém. [RS]
Petals For Armor, da Hayley Williams
Leia a resenha completa do álbum aqui no Audiograma.
Hayley Williams lançou um registro coeso, raivoso, com poderes femininos, um conceito bem trabalhado, muito bem produzido e que é preciso ser analisado duas ou três vezes para o seu completo entendimento. Petals For Armor é muito mais que um álbum: é a reconstrução de um ser humano, a sua descoberta como pessoa, como artista, como líder de um movimento que leva milhares a todo e qualquer canto do mundo. A “garota” tímida do Tennessee ganhou o mundo e não perdeu a si mesma. [HF]
Cover Two, da Joan As A Police Woman
Mais de dez anos após o seu primeiro registro de covers, Joan Wasser – ou Joan As A Police Woman, se preferir – está de volta com uma nova seleção de versões nada convencionais para verdadeiros hits da música. Joan desconstrói hits como “Kiss” (Prince), “Under Control” (The Strokes), “Spread” (OutKast) ou “Out Of Time” (Blur), entregando versões que se aproximam do jazz e da música clássica. Essa desconstrução é tão boa virou um dos meus álbuns favoritos do ano. [JP]
Abricó-de-Macaco, do João Bosco
João Bosco resolveu revisitar a sua obra em um novo álbum. Com dezesseis faixas no total, Abricó-de-Macaco conta com apenas duas canções inéditas: “Horda” e a sua faixa-título, compostas pelo músico ao lado de seu filho, Francisco Bosco. Gravado no ano passado, o álbum passeia pela obra do mineiro de Ponte Nova sem ser só uma pura e simples regravação. O objetivo é reconstruir canções mancantes, entregando uma nova roupagem intencional. Ver o samba original de “Profissionalismo é isso aí” se transformar em um blues marcante é só uma das pérolas que você encontra ao longo de quase 90 minutos de um belo trabalho. [JP]
It Was Good Until It Wasn’t, da Kehlani
No mainstream, Kehlani talvez seja o nome do momento para o R&B, já que ela já colaborou com artistas mundialmente reconhecidos, como Justin Bieber e Post Malone. Entretanto, seu reconhecimento passa longe de ser apenas por suas colaborações mais famosas; It Was Good Until It Wasn’t, lançado recentemente, já alcançou as primeiras posições das paradas e diversos elogios da crítica graças ao poder da voz de Kehlani demonstrado em todo o trabalho, além da ótima produção, cheia de beats envolventes. O disco consegue misturar diversos estilos, e até por isso, consegue agradar inúmeros e diferentes ouvintes. [RS]
Chromatica, da Lady Gaga
Leia a resenha completa do álbum aqui no Audiograma.
Lady Gaga e sua equipe entregaram um ótimo álbum noventista, que estará no hall dos grandes revivals ao lado de Confessions on a Dance Floor, da Madonna; e Random Access Memories, do duo Daft Punk. E mesmo no timing errado, diante o caótico cenário de uma pandemia e longe das pistas de dança para qual foi feito, Chromatica já é histórico por nascer nostálgico, entoando sons que remetem a uma realidade que não nos pertence mais. [MG]
Mundo Novo, da Mahmundi
Em seu terceiro álbum de estúdio, a carioca Mahmundi abre o disco com um depoimento falado de Paulo Nazareth sobre convivência, autoconhecimento e relações humanas. Segundo a própria Mahmundi, “Mundo Novo” é seu primeiro trabalho falando do outro, celebrando encontros; e não uma imersão dentro de sua própria cabeça. O tema permanece na faixa “Convívio”, enquanto “Nova TV” tem um instrumental lindíssimo e fala da importância da gente se desligar para se preservar no meio do caos. Eu tive vontade de escutar essa faixa 3 vezes seguidas, de tão boa que é. E a música já ganhou um clipe bem legal, com drone e animação. O disco tem uma sonoridade bem MPB, muitos arranjos belos de violão e pegada anos 80, mas também muitas guitarras, baixo bem marcado e uma aura indie e moderna. Com apenas 7 músicas e 21 minutos de duração, o disco acaba rápido demais, porque é uma delícia de escutar, bonito do começo ao fim. Destaque para o reggae “Sem Medo”, que vai te deixar feliz e animado em segundos. [BM]
MALA, da Mala Rodríguez
MALA, de Mala Rodríguez, é um daqueles álbuns que causam sensações conflitantes em quem escuta. Ao mesmo tempo em que as letras com temas fortes trazem questionamentos sérios sobre violência, assédio e empoderamento feminino, o ritmo contagiante faz com que surja uma vontade imensa de dançar e se esquecer dos problemas. Parte disso vem da mistura que dá certo do Hip Hop com o Reggaeton, uma conversa interessante entre os ritmos americano e latino. É para rebolar com uma mão no joelho e a outra na consciência. E não são só as contradições musicais bem pensadas que Mala Rodríguez apresenta nesse novo trabalho. Até a arte do álbum traz um conceito que nos faz refletir: a cantora surge completamente pelada sentada em uma cadeira, de costas para a foto e de frente para uma sala de aula vazia. E daí pensamos: Mala quer ser a nossa professora de história, filosofia e questões sociais, sem nunca deixar para trás o empoderamento feminino e o domínio do próprio corpo. Os grandes destaques são: “Like” e “Problema”, com Lola Indigo. Duas músicas que trazem bem marcante os conceitos falados acima. [ND]
Straight Songs of Sorrow, do Mark Lanegan
Em seu décimo segundo álbum solo, Mark Lanegan te mantem entretido por uma hora durante uma viagem que vai do folk ao post-punk sem perder a sua identidade. Na verdade, o álbum representa um pouco de tudo o que o fundador do Screaming Trees fez ao longo da vida, seja em banda ou de forma solitária. Straight Songs of Sorrow funciona como um coletânea de estilos que embalam faixas inéditas, como as belas “Apples From A Tree”, “Internal Hourglass Discussion” e, principalmente, a marcante “Skeleton Key”. [JP]
Existe Amor [EP], de Milton Nascimento e Criolo
Depois de seis anos do último lançamento inédito de Milton Nascimento e de três do Criolo, o Brasil recebe um EP recheado de paixão em uma colaboração incrível entre os dois. Existe Amor é composto por quatro faixas, incluindo uma regravação do sucesso de Criolo “Não existe amor em SP”, de 2011; e “Cais”, composta por Milton para o Clube da Esquina e lançada em 1972, que também ganha uma nova versão na obra. As duas já haviam sido disponibilizadas anteriormente nas plataformas digitais, aumentando ainda mais a ansiedade pelo que estava por vir. Para finalizar, os artistas lançam “O Tambor” e “Dez Anjos” para completar o EP, que traz uma sonoridade muito diferente do que estamos acostumados a encontrar nos trabalhos de Criolo, mas que trazem uma percepção única e bastante humanizada em relação ao período difícil que o mundo vem enfrentando. Além disso, a parceria também traz consigo uma campanha solidária para ajudar as pessoas que se encontram em estado de vulnerabilidade durante a pandemia, tendo seus lucros doados para instituições que prestam assistência aos necessitados. [IV]
All Visible Objects, do Moby
Ao longo de onze faixas, Moby entrega um pouco de tudo aquilo que se acostumou a fazer quando o assunto é música. All Visible Objects é quase como uma trilha sonora que exemplifica bem os dias atuais e, da mesma forma, tenta nos passar a energia capaz de nos fazer “lutar contra os opressores”, algo bem lembrado por D. H. Peligro nos vocais de “Power Is Taken”. Em seu décimo sétimo álbum, o norte-americano segue sendo um cara relevante para a música. Ainda que a polêmica envolvendo a sua biografia, Natalie Portman e toda a reação desnecessária do músico tenham desgastado a sua imagem, quando o assunto é música eletrônica, Moby segue sendo um dos grandes. [JP]
græ, do Moses Sumney
O cantor-compositor Moses Sumney é um daqueles artistas impossíveis de encaixar em uma prateleira – isso é, uma definição – sonora, e a prova disso está em seu segundo disco de estúdio, grae. Nele, Moses ultrapassa os caminhos do R&B, Soul e Pop, exibindo muito mais do que versatilidade, mas a insistência em não querer ser rotulado. O disco é potencialmente um dos mais criativos e encantadores lançados até agora em 2020, uma obra em que Sumney discute masculinidade tóxica, sexualidade e outros tópicos importantes sempre fazendo questão de manter sua identidade artística. [RS]
Set My Heart on Fire Immediately, do Perfume Genius
Não é de hoje que Mike Hadreas, que carrega o nome artístico de Perfume Genius, tem um merecido reconhecimento: graças aos seus trabalhos anteriores, Hadreas sempre se mostrou capaz de transportar sensibilidade e emoção por meio de sua arte, algo que também ocorre em seu novo álbum, Set My Heart On Fire Immediately. Com um instrumental poderoso, Mike discute questões sobre como é ser uma pessoa LGBT nos tempos de hoje, além da busca pela autoaceitação e equilíbrio nas nossas relações. [RS]
Sintomas [EP], do Radical Karma
Sintomas é o segundo EP do Radical Karma, banda que une sons como hardcore, grunge, emo e indie e é considerada um supergrupo por ser formada por grandes nomes da cena de rock independente do Brasil: Gabriel Zander (do saudoso Noção de Nada e do Zander), Mateus Brandão (Chuva Negra), Fausto Oi e Fernando Martins (que eram do Dance of Days e Horace Green). Com letras em português e guitarras em destaque, as músicas são mais radiofônicas e melódicas do que as das outras bandas em que eles tocam. As letras têm muito da personalidade de Gabriel, falando sobre relacionamentos e dramas da vida de forma muito poética, com rimas não óbvias, traduzindo de forma tão bonita sentimentos que nem sempre são bons e ainda trazendo crítica social inteligente no meio, assim como ele faz com maestria também em seus outros projetos. “E Se Fosse Com Você?”, por exemplo, fala de abuso sexual contra mulheres no mercado de trabalho. Depois de ouvir o EP, dá muita vontade de ver a banda ao vivo e poder sentir a energia de um show deles, aqueles shows de rock de lavar a alma, se jogar no mosh e ir pra casa mais leve e feliz. Tomara que a gente possa voltar a frequentar shows em um futuro não tão distante. [BM]
Universo do Canto Falado, do RAPadura
Universo do Canto Falado é o álbum de estreia de RAPadura e carrega toda a sua essência ao longo de suas doze faixas. Com influências claras da musica nordestina e de nomes como Elomar, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Quinteto Violado, o rapper entrega um conjunto marcante de rimas, samples e poesia que são simplesmente geniais. “Saga Cega”, “Meu Ceará”, “Peleja de Xique Chico” e “Olho de Boi” – que tem participação do BaianaSystem – são excelentes destaques. Apenas ouça! [JP]
PAUSA [EP], do Ricky Martin
Ricky Martin é, sem dúvidas, um dos melhores e maiores cantores latinos. E na primeira parte do seu mais novo trabalho, Pausa/Play – que chegará às plataformas digitais em duas remessas – ele traz parcerias com Sting, que canta em espanhol, além de Carla Morrison, Pedro Capó, Diego El Cigala, Residente e o destaque nas paradas musicais Bad Bunny. Desta vez, a primeira parte do trabalho é embalada pelo romantismo e deixa de lado os ritmos “calientes” que são sua marca, mas “Cántalo” é a que mais se aproxima de sua raiz. As faixas também não trazem nenhum pop-chiclete, o que faz o trabalho ser ainda mais interessante. Seus vocais continuam incríveis como nunca e isso é perceptível em canções como “Quiéreme”. [YC]
A Steady Drip, Drip, Drip, do Sparks
O Sparks só entrou no meu radar em 2015, quando a banda lançou um álbum colaborativo com o Franz Ferdinand. De lá para cá, passei a dar mais atenção ao duo formado pelos irmãos Ron Mael e Russell Mael, passeando pelas suas mais de duas dezenas de álbuns lançados até então. A Steady Drip, Drip, Drip é o 24º trabalho dessa saga que mescla art rock, glam rock, new wave, pop rock e synth-pop com uma qualidade impressionante e sempre contínua. É um daqueles álbuns tão bons que você passaria o dia ouvindo no repeat sem problemas. Até porque, momentos como “Stravinsky’s Only Hit”, “Lawnmower” e “Nothing Travels Faster Than The Speed of Light” são realmente incríveis. [JP]
Notes on a Conditional Form, do The 1975
Após dois anos do anúncio de seu lançamento, o quinto disco dos britânicos do The 1975, finalmente veio à público. Notes on a Conditional Form é um álbum frenético: partindo da tradicional introdução dos discos da banda – desta vez um discurso da ativista Greta Thunberg – ele vai de uma música quase punk gritada por Matty Healy sobre como as pessoas lidam com os problemas surgidos no mundo para uma declaração de amor do vocalista para seus companheiros de banda, tudo isso passando por inúmeras músicas instrumentais e participações de alguns artistas, como FKA Twigs. O trabalho pode causar estranheza para os fãs mais conservadores da banda, que ainda esperam a sonoridade e letras que sigam o estilo das composições do primeiro álbum, mas é consistente, justamente por, durante seus 70 minutos de duração, se afastar do primeiro trabalho ao mesmo tempo em que dá continuidade às reflexões apresentadas no disco anterior, A Brief Inquiry Into Online Relationships, demonstrando a evolução da banda, que – com destaque para a bateria de George Daniel – apresenta seus melhores arranjos no álbum; e de Matty Healy, que deixou de se preocupar única e exclusivamente com seus relacionamentos amorosos e passou a observar e se inspirar nas pessoas e os cenários que se formam ao seu redor. Destaques para “People”, primeiro single do disco, e “Me & You Together Song”, que conta a história de uma típica comédia romântica clichê. [GC]
Shall We Go On Sinning So That Grace May Increase?, do The Soft Pink Truth
Está precisando daquele som ambiente bem feito que mescla jazz, deep house, techno, piano e outros elementos? O The Soft Pink Truth está pronto para te entregar isso. Em seu quinto álbum de estúdio, o projeto de Drew Daniel – conhecido pelo seu trabalho no duo Matmos – cria uma paleta experimental capaz de te transportar para outros lugares e sem o uso de qualquer substância. Harmonioso e bem gostoso de se ouvir! [JP]
I Love the New Sky, do Tim Burgess
Tim Burgess resolveu promover uma tour por clichês do pop-rock em seu quinto álbum solo, I Love The New Sky. Ao longo das doze faixas, o registro tem momentos dançantes, baladas, sintetizadores e um bom uso de guitarras, tudo isso envolvido por uma pegada cult já conhecida do músico britânico por conta do The Charlatans. “Empathy for the Devil”, “The Mall” e “The Warhol Me” são pontos altos de um disco inspirado, coeso e muito bem amarrado. [JP]
Quer mais dicas além dos álbuns lançados em maio?
Aproveite para dar uma olhada em nossas listas com os registros que saíram em janeiro, fevereiro, março e abril. Além disso, fique ligado aqui no Audiograma para acompanhar as seleções dos próximos meses de 2020, cuja programação você encontra em nossa lista com os principais lançamentos previstos no mundo da música.
Por fim, não deixe também de dar uma olhadinha em nossa lista especial com os 100 melhores álbuns do ano passado.
Textos: Bárbara Monteiro, Gabrielle Caroline, Henrique Ferreira, Ivan Vilela, John Pereira, Matheus Gouthier, Nathalia Duarte, Rahif Souza e Yuri Carvalho.