A noite fria e chuvosa de 1° de março de 2020 marcou a volta do Maroon 5 ao Brasil: três anos depois dos dois shows feitos no Rock in Rio 2017, a banda trouxe a 2020 Tour para uma série de apresentações por capitais brasileiras, começando por um performance com ingressos esgotados no Allianz Parque, em São Paulo.
Além de fazer o trabalho costumeiro de uma banda, Adam Levine e companhia tinham, depois de um show criticado e chamado de preguiçoso no Festival de Viña, no Chile, a missão de demonstrar que a banda ainda tem a energia pela qual é conhecida. E eles cumpriram essa missão com louvor.
A noite começou com a performance do Melim. Os irmãos cariocas cantaram músicas de seu único álbum, auto intitulado, lançado em 2018, mesclando seu reggae pop good vibes com discursos sobre positividade e felicidade. Com uma abertura morna, o momento que chamou atenção foi um medley que incluiu “Vamos Fugir”, do Skank, “Onde Você Mora?”, do Cidade Negra, e a clássica “Is This Love”, de Bob Marley. Rodrigo, Diego e Gabi Melim fecharam o show com sua música mais famosa, “Ouvi Dizer”, que também ganhou um coro do público que os assistia.
Logo depois, o estádio recebeu uma apresentação surpresa do Mr. MailBox, que em meia hora tocou hits do Carnaval de 2020, músicas pop que ocuparam o topo das paradas nos últimos anos e Crazy in Love, da Beyoncé, que arrancou gritos do pessoal que assistia, cantava e dançava animadamente junto com as músicas, uma pequena prévia da reação que eles teriam com o show que viria a seguir.
Finalmente, às 21h02, em meio à uma cortina de fumaça, jogo de luzes e sob exclamações histéricas e aplausos ensurdecedores do estádio lotado, as estrelas da noite subiram ao palco,
O Maroon 5, que em 2020 completa vinte e seis anos de banda, faz um show certinho: os momentos de falar com o público são rápidos e as falas são clichês na medida certa para animar quem os assiste mas não perder o ritmo das músicas que são tocadas sem descanso uma atrás da outra. Adam Levine não desafina em momento algum enquanto desfila pela passarela montada no meio da pista premium, há o equilíbrio entre a banda de pop que eles são em estúdio e a banda de rock que incorporam no palco. Por isso, não há como errar em uma apresentação como essa.
Mas, deve ser difícil para o Maroon 5 montar uma setlist, afinal, são cerca de trinta singles distribuídos em seis álbuns de estúdio. Eles fazem um bom trabalho ao escolher suas músicas mais famosas e dar atenção à lista de faixa de todos os discos, dando prioridade, é claro, para o mais recente, Red Pills Blues (2017) ao mesmo tempo que agrada seu público, composto por pessoas de diversas idades.
Logo no início, a banda emendou os hits “This Love”, “What Lovers Do” e “Makes Me Wonder”, levando o público à histeria. Era possível ouvir o eco do estádio cantando o refrão da primeira delas e quase se sobressaindo aos vocais da banda, situação que se repetiria por quase todas as músicas pelo resto da apresentação. “Moves Like Jagger” foi o momento que conquistou de vez o estádio lotado: até as pessoas que pareciam ter ido só como acompanhantes e ainda não tinham sido envolvidas pela sequência de hits apresentada até ali se viram dançando junto à música gravada com Christina Aguilera em homenagem ao lendário Mick Jagger, vocalista do Rolling Stones.
Apesar dos fãs mais apaixonados conhecerem todas as músicas, o público pareceu perder um pouco de sua empolgação em músicas como “Lucky Strike” e “Harder to Breathe”. Adam, por outro lado, nunca perde seu carisma, andando pela passarela que o deixava perto das pessoas que o assistiam carregando o pedestal de seu microfone para fazer poses para as fotos dos milhares de smartphones que o filmavam.
“Animals” foi outra música recebida com euforia pelo público. Adam Levine, com todo seu sex appeal calculado e seu inegável magnetismo no palco, tirou o sobretudo que usava, arrancando gritos da plateia, para depois fazer o uivo característico da música, e ainda pegou sua guitarra rosa da Hello Kitty e fez uma jam com James Valentine, guitarrista da banda e membro que mais se destaca depois do vocalista. Os demais integrantes ficam ao fundo do palco, não saindo dos seus lugares estabelecidos no começo do show, o que, às vezes, faz com que pareça que aquela é uma apresentação solo do vocalista, e não da banda Maroon 5 como um todo.
“Daylight” foi provavelmente o momento mais emocionante da noite: celulares acesos pelo estádio inteiro enquanto um Adam sorridente abria os braços ouvindo a plateia cantar o refrão em baixo de chuva. E que chuva: durante o bis, ela caía com intensidade no estádio, mas isso não incomodou em nada o povo, que mesmo usando capas de chuva não conseguiu evitar de ficar encharcado.
James Valentine e Adam Levine durante passagem do Maroon 5 por São Paulo. [Foto: Thiago Almeida/Divulgação]
O bis contou com surpresas!
Depois que o público ergueu cartazes com fotos da banda durante “Memories“, Adam faz questão de falar (ele sempre fala em inglês. Nem o típico “eu te amo” falado por tantos artistas internacionais foi dito por ele) que a próxima música era especial e que os brasileiros sempre a pediam para então cantar “Won’t Go Home Without You”, acompanhado de James Valentine (que tem uma química inegável com o vocalista) no violão.
Na sequência, “She Will Be Loved”, também cantada por todo o estádio, e o encerramento feito com “Girls Like You”, entoada enquanto imagens do clipe passavam nos telões e, para o divertimento não só dos que assistiam, mas também da banda, bolas gigantes eram dadas para que o povo pudesse jogá-las de um lado para o outro.
E ainda teve tempo para que Adam cumprisse sua tradição no palco: no finalzinho de Girls Like You, ele tirou a camiseta que usava (uma regata preta estampada com o rosto de Marilyn Manson) e a jogou para o público.
Uma ótima visão para finalizar um ótimo show.