Quais foram os melhores álbuns lançados em julho?
A nossa lista com alguns dos destaques do sétimo mês de 2019 demorou uns dias, mas está no ar com trinta e um trabalhos nacionais e internacionais que resumem como foi bem produtivo o mês das férias escolares no mundo da música. Como de costume, cada registro recebe uma mini-resenha visando explicar os motivos que os credenciam para essa seleção.
Dos novos álbuns de Chance The Rapper, Fresno, Kaiser Chiefs e BANKS até a surpreendente volta do Lighthouse Family, você confere abaixo a nossa lista com os 31 álbuns lançados em julho que você deveria ouvir.
É só dar play e ser feliz!
# Voyager, do 311
Em seu décimo terceiro álbum, o 311 mostra que encontrou a sua zona de conforto. Apesar de alguns acréscimos em sua sonoridade, Voyager é tudo aquilo que a banda vem fazendo desde os anos 90, alternando momentos bons e ruins. No caso desse álbum, o resultado acaba sendo positivo graças a músicas como “Don’t You Worry”, a radiofônica “Good Feeling”, “What The?!”, “Crossfire” e a funkeada “Born To Live”. Certamente, os fãs do 311 sabem que a banda já lançou álbuns melhores, mas Voyager vale a audição por mostrar uma banda que sabe bem o que fazer para não perder o seu público. [JP]
# what we say in private, da Ada Lea
Um indie rock introspectivo talvez seja a melhor definição para o álbum de estreia da Ada Lea. Em what we say in private, a cantora canadense aproveita o fim de uma relação e o coração partido para colocar para fora toda a sua dor e vontade de transformação. Mesclando boas doses de guitarra com momentos apropriados para se recolher num quarto todo escuro, Ada entrega um álbum bem interessante, com dez faixas cativantes e emocionais. [JP]
# Salt, da Angie McMahon
Em seu álbum de estreia, Angie McMahon mergulhou de cabeça em um folk-rock digno de aplausos. Salt é extremamente sensível e confessional, elementos que casam perfeitamente com a voz grave e envolvente da australiana. Com onze faixas, alguns momentos se destacam: os singles “Slow Mover”, “Missing Me” e “And I am a Woman” são interessantes, mas ainda não consegui me desapegar da beleza de “Soon”, uma das músicas mais belas que ouvir neste ano. [JP]
# III, da BANKS
Em seu terceiro álbum, BANKS evidencia as suas principais características, aquelas que fizeram da norte-americana um nome a ser observado. III é intrigante, experimental e, ao mesmo tempo, muito bem produzido. “Alaska” é uma daquelas músicas que ficam na cabeça e algo que vale a pena ser ouvido. No entanto, se você esperava algo capaz de te pegar de primeira como o The Altar (2016), talvez fique um pouco decepcionado. [JP]
# Blastfemme, do Blastfemme
Tranquilamente um dos melhores lançamentos do ano e, orgulhosamente, do Brasil. Mais especificamente, do Rio de Janeiro. É um discão de rock impecável do começo ao fim, com a clássica formação guitarra/baixo/bateria, três mulheres, um homem e muita personalidade. O vocal é feminino e poderosíssimo, com muita força e sensualidade, mas também com alguns momentos debochados nas letras, que são geniais (destaque para “Obrigada Pela Parte Que Me Tocas”). A voz de Daniele Vallejo, intensa, rasgada e rouca, casa perfeitamente com o instrumental enérgico e pulsante da bateria precisa e pesada de Vladya Mendes, que é um arraso, o baixo de Jhou Rocha, que traz uma pulsação dançante às músicas e ainda mais peso, e à guitarra nervosa de Igor de Assis. Todos fazem backing vocals. O Blastfemme casa rock, punk, grunge, disco e blues a letras em português inspiradas e honestas sobre relacionamentos de uma perspectiva muito atual e aberta, falando sem tabu sobre sexo, brigas, liberdade e como é bom ser você mesma, fazer o que quer e deixar de se importar com o julgamento alheio. O som é agressivo e raivoso, quente e sensual, e o disco é divertidíssimo. Dá vontade de sair pulando, dançar, gritar, fazer sexo, lutar kung fu e entrar num bate cabeça, tudo ao mesmo tempo. Resumindo: imperdível. [BM]
# Angel’s Pulse, do Blood Orange
Em sua nova mixtape, Blood Orange parece querer celebrar a sua jornada fazendo um recorte interessante de sua carreira. Com 14 faixas, Angel’s Pulse tem em “Dark & Handsome” – colaboração com Toro Y Moi – e “Benzo”, duas das faixas mais interessantes lançadas por Dev Hynes até hoje. Apesar disso, elas acabam se perdendo em meio ao “catadão” de músicas feitas pelo produtor. Nada que atrapalhe a audição, claro. [JP]
# The Big Day, do Chance The Rapper
Após ganhar o mundo com as suas mixtapes, chegou a hora de Chance The Rapper lançar o seu primeiro álbum. The Big Day tem como referência um dia importante na vida do rapper: o seu casamento. Com diversos elementos da cultura gospel mesclados ao pop e ao rap, Chance entrega um álbum divertido, longo (22 faixas) e recheado de convidados como John Legend, Ben Gibbard (Death Cab For Cutie), Shawn Mendes e Nicki Minaj. Vale o play, ainda que o resultado esteja abaixo das mixtapes Acid Rap e Coloring Book. [JP]
# Para Mí, do Cuco
Em seu debut, o jovem produtor Omar Banos explora muito daquilo que ouvimos nos singles lançados em sua curta carreira. Para Mí é uma boa trilha para momentos divertidos ou que combinem com o uso quase excessivo de sintetizadores, ainda que algumas das letras acabem não refletindo isso. Utilizando o seu espanglês em boa parte das faixas, o primeiro álbum de Cuco acaba por cumprir aquilo que se propõe ao fim de suas treze canções. [JP]
# No.6 Collaborations Project, do Ed Sheeran
Como o nome do disco já entrega, o álbum é um compilado de participações especiais. Todas as músicas têm convidados e colaborações, e eles são bem diversos, indo do já parceiro Justin Bieber (para quem ele deu o hit “Love Yourself”) a Camila Cabello, Cardi B, Skrillex, Eminem e 50 Cent. O disco é extenso, com 15 faixas, e o inglês segue a fórmula de “Shape Of You” com a mistura pop/rap/folk bem radiofônica. Em sua maioria, as faixas soam bastante homogêneas, mas em alguns momentos ele surpreende. Destaco “Take Me Back To London”, com o Stormzy, que tem elementos mais fortes de hip hop, e a linda acústica “Best Part Of Me”, com a voz angelical da YEBBA, que é a cara do Ed Sheeran clássico. A maior surpresa do disco, no entanto, é “BLOW”. Essa música chocou os fãs do ruivo por ser um rocão ao estilo Lenny Kravitz, coisa que não se esperava nem dele nem dos convidados Bruno Mars e Chris Stapleton (que vem do country, para quem não conhece). As melhores faixas do disco são, justamente, aquelas em que Ed chuta o balde e faz uma coisa diferente e inesperada. Ed Sheeran é muito inteligente. Sabe se vender, usar as tendências do momento e criar hit, mas também sabe inovar e manter sua personalidade em tudo o que faz. Ele tira onda! [BM]
# The Flower and the Vessel, da Félicia Atkinson
Sabe aquela trilha-sonora bem construída de uma série de suspense repleta de belas imagens e que foi gravada em uma cidadezinha pequena no interior de um país pequeno (territorialmente falando) como, sei lá, a Estônia? É essa a sensação criada pela francesa Félicia Atkinson em seu novo álbum, The Flower and the Vessel. Com onze faixas, o trabalho é minimalista, interessante e capaz de criar uma experiência bem interessante quando ouvido de forma mais isolada ou com fones de ouvido. [JP]
# sua alegria foi cancelada, da Fresno
A banda gaúcha completou 20 anos de atividade em 2019 e lançou um disco surpreendente, que vem sendo muito elogiado pelos fãs e também bem aceito por quem nunca curtiu emo e não é tão ligado na banda. Talvez isso se explique pelo fato de o disco ser tão diverso e plural, tornando a obra mais rica. Por exemplo: a primeira canção, “O Arrocha Mais Triste Do Mundo” (que nome genial, aliás) é bem moderna, calma e melancólica, criando um climão que parece trilha sonora de filme e um som que remete à “nova MPB”, mas logo em seguida vem uma porrada com o rock “We’ll Fight Together”, que, não se engane, é cantado quase todo em português. Bem enérgico, com uma parte instrumental que chega a lembrar Deftones e Bullet Bane, surpreende pelo peso e agressividade que não se costuma esperar da Fresno. Já “Natureza Caos” traz elementos eletrônicos e um vocal diferente. O disco ainda conta com participações especiais de Jade Baraldo e Tuyo, uma artista solo e um trio, respectivamente, que estão finalmente recebendo o reconhecimento que merecem, com excelentes vocais, identidade forte e um som inovador e original. Ponto pra Fresno, que escolheu muito bem as parcerias e ainda dá uma força para os colegas mais novatos. [BM]
# ERYS, do Jaden
Não dá para dizer que Jaden não tem talento e ERYS serve como um bom exemplo disso, ainda que soe um pouco confuso e repetitivo, quando comparado com os seus trabalhos mais recentes, o debut SYRE (2017) e a mixtape The Sunset Tapes (2018). Apesar disso, o novo trabalho tem alguns bons exemplos interessantes, como a parceria com Tyler, The Creator em “NOIZE” ou com a irmã WILLOW em “Summertime In Paris”. No entanto, a maior surpresa fica por conta da roqueira e bem curtinha “Fire Dept”. [JP]
# STONECHILD, da Jesca Hoop
Jesca Hoop acrescenta mais uma obra interessante em sua discografia. Em seu quinto álbum de estúdio, STONECHILD, a cantora norte-americana mescla o seu indie-folk com algumas pitadas eletrônicas, resultando em um trabalho bem construído melodicamente, ainda que cheio de camadas. A construção em torno de “Old Fear Of Father” e “Footfall To The Path” são grandiosas e proporcionam uma bela experiência ao ouvinte. [JP]
# Solutions, da K.Flay
Um electropop bom e sem parecer pretensioso. Talvez essa seja a melhor forma de definir o terceiro trabalho de estúdio da norte-americana K.Flay. Em Solutions, a cantora não quer reinventar a roda ou criar um novo conceito. Tudo o que ela entrega já foi ouvido anteriormente, mas ela consegue aliar isso ao seu estilo e, dessa forma, oferece um respiro para fórmulas um pouco desgastadas. Não tem nada de novo, mas tudo é bem feito e, no fim, bem agradável de se ouvir. “Bad Vibes” e “Not In California” são bons exemplos disso. [JP]
# Duck, do Kaiser Chiefs
Esse disco é ótimo para ouvir enquanto se faz uma viagem de carro, exercícios como corrida, andar de bike, caminhar e até durante uma faxina em casa, porque é super pra cima, animado, bem alto astral mesmo. Se você está cabisbaixo, aperta o play, levanta do sofá, bate palma junto, começa a pular e a dançar. Em seu sétimo álbum de estúdio, que é ótimo, o Kaiser Chiefs aparece mais solar, colorido e feliz, mas sem deixar o rock indie e britânico e a energia de lado. Sai a agressividade, no entanto, e alguns momentos são bem relax, como em “Target Market”, música que é romântica de um jeito criativo e engraçadinho. Lançado no verão europeu, até a capa do disco tem cara de foto de férias à beira da piscina. As good vibes podem ser explicadas pelo atual bom momento que vive Ricky Wilson, vocalista e frontman do grupo, responsável pelas composições. Depois de alguns anos em que sofreu muito com crises de ansiedade tão fortes que precisou tomar ansiolíticos, o fim de um relacionamento de 5 anos e a saída do The Voice UK, ele está bem mais calmo, apaixonado e noivo da estilista Grace Zito, que também trabalhava no reality show. Eles devem se casar agora em agosto e, em algumas entrevistas para veículos ingleses, Ricky disse que se sente bem melhor após ter superado esse período de crise. Quem disse que artista tem que sofrer pra criar coisas boas, afinal? E uma curiosidade: antes do lançamento do disco, a banda também promoveu as músicas novas em um show especial de comemoração aos 100 anos do time de futebol Leeds United. Eles são dessa cidade no norte da Inglaterra e sempre falam disso com muito orgulho. [BM]
# Desmanche, da Karina Buhr
A Karina Buhr é uma artista genial porque sabe como ninguém reunir elementos muito típicos da cultura popular brasileira com música pop e rock. Ela é muito punk, mesmo sem fazer punk rock. Compositora, independente, combativa, assertiva, politizada, feminista, nunca clichê. Preste atenção nas letras e, se tiver oportunidade, não perca um show dela, porque ao vivo é quando ela mais brilha, com muita força e energia. Karina nasceu na Bahia mas se criou no Recife e é de lá que vem seu sotaque marcante e boa parte das referências musicais, com muito maracatu e percussão. Guitarras também são fortemente presentes no disco. Desmanche abre com uma crítica à violência e a denúncia de um “exército matador” na faixa “Sangue Frio”, uma das inspiradas do disco. “Temperos Destruidores” e “A casa Caiu” têm o mesmo efeito, com tambores pesados e vocais hipnotizantes. Mas em muitos momentos o álbum segue mais tranquilo, como a linda “Amora”, que é quase um poema, “Nem Nada” e “Filme De Terror”, parceria com o rapper Max B.O., enquanto “Chão De Estrelas” é dançante e moderna. [BM]
# Letrux em noite de pistinha, da Letrux
Dois anos depois do lançamento de Letrux Em Noite De Climão, primeiro disco solo de Letícia Novaes após o final do duo indie Letuce, chega Letrux Em Noite De Pistinha, com remixes para 11 das 12 faixas do disco original – só não tem “5 Years Old”. O álbum começa com uma versão de “Vai Render” que é um belo funkão carioca feito por O Pala (e que tem até sample de notificação de celular!). Muito criativo, zero preconceituoso – até porque Letrux é do Rio de Janeiro, afinal de contas, e essa música fala da Tijuca. A partir daí, os remixes seguem a clássica pegada de música eletrônica. A versão de “Coisa Banho De Mar” feita pelo Tin God’s Club Mix ficou bem anos 90, poperô, e “Que Estrago”, que já tinha bastantes elementos eletrônicos e dançantes em sua versão original, ficou bem mais rock nas mãos do Lucio K. Destaque para a participação de João Brasil, que é um gênio, mas infelizmente continua um dos artistas mais injustamente subestimados do país – só ficou mais famoso com o hit debochado “Michael Douglas” (aquele do “nunca mais eu vou dormir”). Ele remixou “Noite Estranha, Geral Sentiu”, incluindo vários trechos de conversas com falas da própria Letrux e percussão bem brasileira. O disco também tem uma surpresa: contrariando tudo o que a gente espera quando pensa em remix, a versão de Lucas Vasconcellos para “Além De Cavalos” começa bem orgânica e acústica, com um folk bonito de violões de aço na introdução e depois batidas fortes de bateria. No entanto, depois vêm as batidas eletrônicas e umas piras tipo Skrillex. As cordas permanecem, com boas guitarras em destaque. Achei a versão mais original de todas. [BM]
# Blue Sky In Your Head, do Lighthouse Family
Você já deve ter ouvido o Lighthouse Family alguma vez na vida e arriscaria dizer que essa audição aconteceu por causa de “High”. Quase dezoito anos após o seu último álbum, o duo britânico resolveu voltar ao trabalho com o seu quarto registro de estúdio e o resultado de Blue Sky In Your Head é surpreendente. O duo amadureceu e aprendeu a lidar com a melancolia sem parecer brega ou datado, com faixas bem construídas em torno do piano de Paul Tucker e com letras que fazem a voz de Tunde Baiyewu ainda ser relevante. [JP]
# still sad still sexy [EP], da Lykke Li
Um ano após o interessante So Sad So Sexy, a sueca Lykke Li está de volta com um EP de seis músicas, sendo quatro delas remixes de faixas presentes no álbum de 2018. Entre as novas, still sad still sexy conta com a aceitável “baby doves” e a interessante “neon”. Nos remixes, “two nights part ii” é um bom esforço com colaboração de Skrillex e Ty Dolla $ign, podendo ter um bom desempenho nas ~baladinhas~ mundo afora. Ainda que não seja ruim, talvez o prazo de validade do EP seja curto demais e, por ser a Lykke Li, a gente sempre espera um pouco mais. [JP]
# Guaia, do Marcelo Jeneci
Seis anos após De Graça (2013), Marcelo Jeneci coloca no mundo o seu terceiro álbum, Guaia. Com dez faixas, o trabalho produzido por Pedro Bernardes segue explorando estilos e instrumentos. Tem música para quem gosta de piano, tem uma pegada mais baião, tem uma mistura de reggae com pop e tem Jeneci dando vida para composições interessantes e que falam sobre questões indígenas, a vida no nordeste, questões religiosas e, claro, relações humanas. [JP]
# The Lost Tapes 2, do NAS
The Lost Tapes 2 é um convite de NAS para você entrar em uma montanha russa de sentimentos. Quase duas décadas após a primeira fita perdida, o rapper volta com uma seleção de músicas que começa bem interessante, com boas letras e apostas interessantes. “Jarreau Of Rap (Skatt Attack)” é algo inesperado e bom de se ouvir. Ainda que o segundo terço do registro seja questionável, The Lost Tapes 2 é um bom esforço de um cara que parece estar se redescobrindo no rap. [JP]
# FEVER DREAM, do Of Monsters and Men
O Of Monsters and Men finalmente saiu de sua zona de conforto em seu terceiro registro de estúdio. FEVER DREAM deixa evidente todo o amadurecimento da banda islandesa capitaneada pela vocalista e guitarrista Nanna Hilmarsdóttir. Apostando em algo mais colorido, o OMAM vai na contramão do esperado e o resultado é bem interessante. Faixas como “Wild Roses” e “Soothsayer” mostram claramente como a banda segue por outros caminhos, usando sintetizadores, mas sem parecer genérico. No entanto, a julgar pelas reviews, o FEVER DREAM vai ser um daqueles álbuns que lidarão com a saga “ame ou odeie”. [JP]
# Purple Mountains, do Purple Mountains
Mais de uma década após o último álbum do influente Silver Jews, o grande David Berman voltava a ativa com um álbum belo e melancólico, daqueles que dialogam internamente com a gente já na primeira audição. Com letras ainda mais afiadas, Berman deixou claro através de faixas como “All My Happiness Is Gone” e “Darkness and Cold” que tinha muito a nos oferecer. Infelizmente, o álbum ganhou uma outra perspectiva pouco mais de um mês após o seu lançamento, já que o músico faleceu na última quarta-feira (07). Contudo, Purple Mountains fica como um belo capítulo final na obra de um cara simplesmente genial. [JP]
# Singular: Act II, da Sabrina Carpenter
Assim como na primeira parte, Sabrina Carpenter não fez feito em Singular: Act II. A norte-americana entrega um pop radiofônico muito bem produzido e cheio de hits em potencial. Ainda que não apresente nada em termos de inovação, o álbum serve para consolidar Sabrina como um dos nomes do pop a serem observados. Os destaques ficam por conta das faixas “Pushing 20”, “Exhale”, “In My Bed” e “Looking at Me”. [JP]
# Respiro, da Scalene
O nome do novo álbum da Scalene traduz quase que perfeitamente o que o seu quarto trabalho de estúdio representa. Apostando em novas ambientações, Respiro apresenta uma sonoridade cada vez mais distante das músicas lançadas lá em 2009. Lá no começo, a gente jamais esperaria que, uma década depois, o grupo estaria lançando um álbum com participações de Hamilton de Holanda, Ney Matogrosso e Xênia França. Apesar disso, a Scalene não deixou o rock de lado. Ele ainda está lá, um pouco tímido, aprendendo a dividir espaço com outros estilos. [JP]
# The Space Between The Shadows, do Scott Stapp
Essa é para os fãs de Creed: Scott Stapp está bem, sóbrio e pronto para, finalmente, seguir em frente. Em seu terceiro álbum, o vocalista promove um verdadeiro exorcismo mental, colocando para fora todos os tormentos que transformaram a sua vida em um inferno nos últimos seis anos. The Space Between The Shadows não tem inovações sonoras e é bem semelhante ao que Scott está acostumado a fazer, mas é um testemunho bem direto sobre traumas, dor e redenção que o tornam um registro bem especial. Stapp ainda presta uma homenagem aos contemporâneos Chris Cornell e Chester Bennington na balada “Gone Too Soon”, faixa que serve também como uma reflexão pessoal, já que ele poderia ter tido o mesmo destino que os vocalistas que nos deixaram recentemente. Ainda que tenha altos e baixos, The Space Between The Shadows é um esforço interessante de um cara que viu o inferno de perto e voltou para nos contar como foi. [JP]
# Little Yachty, do Sugar Ray
Eu não sei vocês, mas para mim ouvir Sugar Ray sempre trouxe uma sensação boa, como se eu imediatamente me teletransportasse para uma festa na praia cheia de amigos num dia lindo. Total good vibes e divertido, sem soar sem graça – apesar de ser um pop rock bem radiofônico e comportado (com exceção da letra de “Every Morning”, convenhamos). Agora, depois de dez anos sem lançar material inédito, a banda já veterana chega com um novo álbum, mas mantém a mesma vibe. O disco já abre com um ukelele e um reggaezinho – preciso falar mais alguma coisa? Em entrevista para a Billboard, o vocalista Mark McGrath disse que essa foi a primeira vez em que a banda entrou em estúdio sem nenhuma expectativa e pressão, fazendo tudo com calma e criando, por fim, um disco muito divertido. Ele tem razão, é um som descontraído, com muitos elementos de música caribenha, bem solar e alegre, e não deixa de lado o violão de aço e os riffzinhos que são a cara do Sugar Ray. O nome também traz essa referência de verão, tropical e férias, já que a banda acha que faz “rock de iate”. Tem até um cover de “Escape”, de Rupert Holmes (if you like Piiiña Colaaada). O mais curioso desse álbum, porém, é que ele só nasceu por causa do Big Brother. Sim, ele mesmo, o reality show da TV. Nos EUA, rolou uma edição do BB especial celebridades em 2018 (que nem a Casa dos Artistas), e o Mark participou – e acabou em 3º lugar! Durante as filmagens, a produção queria mostrá-lo trabalhando no estúdio, então ele chamou o guitarrista Rodney Sheppard, o baterista Dean Butterworth, o produtor Michael Lloyd e começaram a improvisar. Fizeram a “Highest Tree”, canção que hoje abre o disco. Todos gostaram. Dois dias depois de Mark sair da casa, ele ficou sabendo que o produtor mandou o single novo para a gravadora BMG, rendendo uma proposta de contrato com a major, e assim surgiu o disco. “Nunca imaginei que, 25 anos depois de assinarmos nosso primeiro contrato com uma grande gravadora, estaríamos passando por esse tipo de acordo de novo. É muito emocionante!”, comemorou Mark. [BM]
# Order in Decline, do Sum 41
A banda canadense Sum 41 ficou famosa (e até estigmatizada, de certa forma) pelos seus grandes hits de pop punk dos anos 2000: “Fat Lip”, “In Too Deep” e “Still Waiting”. Agora, eles voltaram com o som mais grandioso e complexo, com muitas referências de metal. Em alguns momentos parece até outra banda e surpreende muito! Chegaram a me lembrar do Muse (em “The New Sensation”) e do Avenged Sevenfold (em “45 (A Matter Of Time)”). As guitarras e baterias são muito mais trabalhadas, deixando de lado a simplicidade do punk, e os vocais são mais dramáticos e sérios. Eu amo a fase pop adolescente, mas tenho que tirar o chapéu para esse disco novo, que é muito bom, embora tão diferente das obras mais conhecidas do grupo. Só achei dispensável a balada romântica (e brega) “Never There”, que destoa do rocão pesado impecável que domina a maioria das faixas e lembra a fase farofa do Guns’n’Roses nos anos 80, tipo “November Rain”, mas bem mais apagada. O punk, para os saudosos, segue presente na “The People Vs…” e como elemento secundário das faixas mais new metal. A “Out For Blood” para mim exemplifica perfeitamente essa proposta principal do disco, representando a mistura furiosa e enérgica de punk e metal com ótimo resultado. [BM]
# Faz Party, do Supervão
O indie pop tropicalista com altas doses de psicodelia e estética vaporwave segue firme e forte nos genes da Supervão. Após alguns singles e EPs, a banda gaúcha lançou em julho o seu primeiro álbum. Intitulado Faz Party, o trabalho honra o seu nome ao ser uma boa trilha sonora festiva e tornando bem difícil a missão de não se empolgar ao ouvir músicas como “Sol do Samba”, “Carro dos Sonhos” ou a sua faixa de abertura, “Toneladas”. [JP]
# Hotel Last Resort, do Violent Femmes
Essa banda americana é antiga, tem 37 anos de carreira, mas é praticamente um “one hit wonder”, famosa apenas pela canção “Blister In The Sun”, de 1983 – que só bombou de verdade anos depois de ter sido lançada, virou um hino indie e até trilha sonora de comercial. O disco novo, 10º álbum do grupo, já começa com um refrão que, ironicamente, diz “por favor, não cante mais um refrão, é isso que faz a gente começar a ficar entediado”. A letra toda critica uma banda e sua música/apresentação e parece uma zoeira autorreferencial (continua com “mas o que o vocalista está dizendo é realmente difícil de entender” e “um verso é como um refrão se você cantá-lo mais de uma vez”). O som continua indie/folk, e a ironia segue solta. Na ácida “I’m Nothing”, a letra diz: Você é Republicano ou Democrata? Eu não sou nada! Você é gay ou hétero? Eu não sou nada! Já a faixa “Hotel Last Resort”, que dá nome ao disco e é a mais longa, conta com a participação do guitarrista Tom Verlaine, da lendária banda Television, enquanto “Adam Was A Man” lembra Velvet Underground e Lou Reed. O álbum também tem dois covers não óbvios: “I’m Not Gonna Cry”, da banda de rock grega Pyx Lax, e “God Bless America”, de Irving Berlin. Destaque para “Sleeping At The Meeting”, a mais diferente de todas, à capella, que tem um jogo de palavras que é quase um rap e depois parece aqueles corais americanos antigos só com vocal masculino. Mas é um disco coeso, coerente, com canções que conversam entre si e letras críticas, compreensíveis para artistas vivendo sob a liderança do governo Trump. [BM]
# WILLOW, da Willow
Faz quase dez anos que a Willow ganhou o mundo com aquela música irritante, a “Whip My Hair”. De lá pra cá, a jovem vem entregando trabalhos consistentes e capazes de nos fazer esquecer daquela música de 2010. Em julho, saiu o seu terceiro álbum que é, provavelmente, a melhor coisa que ela já fez até hoje. Em constante evolução, Willow entrega um trabalho enxuto, bem estruturado, com uma sonoridade bem gostosa de ouvir e vocais bem marcantes. Discão! [JP]
Quer saber como foram os outros meses do ano? Não deixe de ver a nossa lista com os nossos álbuns preferidos de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho, além de dar uma olhadinha em nossa lista especial com os 60 melhores álbuns do primeiro semestre. Agora, se você quer se programar para os próximos meses, veja a nossa lista com os principais lançamentos previstos para o segundo semestre de 2019 no mundo da música.
Textos: Bárbara Monteiro e John Pereira