O primeiro álbum solo da Nico que eu conheci foi o The Marble Index, de 1968, produzido pelo talentoso John Cale.
Antes de escutá-lo pela primeira vez, eu apenas conhecia o grandioso trabalho da cantora alemã no The Velvet Underground. Aliás, foi justamente pela imensa admiração que eu nutria por essa expressiva participação de Nico no Velvet, que decidi vasculhar sua discografia solo. Já antecipo que eu me apaixonei perdidamente pelo The Marble Index logo na primeira faixa e, bastou ouvir esse álbum uma única vez na íntegra para que ele se tornasse um daqueles discos de cabeceira.
O precioso The Marble Index é o segundo trabalho solo da loira mais controversa e original do Rock And Roll. Nico realmente era genial e esse álbum expõe bem essa característica da cantora. A voz dela é penetrante, hipnótica e divina e o The Marble Index é impecável desde a primeira faixa até a última.
Ele se mantém durante todo o tempo numa atmosfera delicada e poderosa, que nos conduz para um passeio celestial através do qual nos esquecemos de nós próprios. Ele é capaz de atuar sobre nós com uma força estética rara, sendo uma daquelas produções incomparáveis que felizmente nos surgem de tempos em tempos. É um álbum impressionante e acho bem difícil escutá-lo sem se deixar levar por seu brilhantismo e unicidade.
Além da voz de Nico, é preciso mencionar que os outros componentes instrumentais também são muito elogiáveis, pois eles mesclam e oscilam seus caminhos sonoros de formas bem divergentes, mas que, de maneira geral, conservam uma aura Folk e medieval, que se alinham de modo ideal com as melodias cantadas por ela. A voz da Nico pode ser um sussurro angelical ou um temível grito diabólico e justamente por causa dessa dualidade é que ela foi espetacular. Por onde passou, teve uma carreira deslumbrante e que, de alguma maneira, foi marcante.
Ela foi polêmica e as críticas negativas que recebe não são poucas. Entretanto, penso que, de uma maneira ou de outra, independente do comportamento ou da questão ideológica, ela nos deixou um valioso e relevante legado artístico, que é simplesmente incomparável, afinal, não há voz como a dela, que irá muito singular.
O The Marble Index conquistou a crítica especializada e ainda cativa e hipnotiza muitas pessoas. Pra mim, embora os outros trabalhos solos de Nico sejam muito qualificados, o The Marble Index foi seu auge de originalidade. Ninguém fará algo tão especial.
Nico – The Marble Index
Lançamento: novembro de 1968
Gravadora/Selo: Elektra
Gênero: Avant-garde/Art Rock/Psychedelia
Produção: John Cale
01. Prelude
02. Lawns Of Dawns
03. No One Is There
04. Ari’s Song
05. Facing The Wind
06. Julius Caesar (Memento Hodié)
07. Frozen Warnings
08. Evening Of Light