Aqui no Audiograma, um dos lemas da equipe foi levado a sério durante o ano de 2018: não existe nada melhor na música do que poder ver um bom show.
Assim como nos anos anteriores, 2018 nos reservou uma série de apresentações nacionais e internacionais bem interessantes pelo país, independente do estilo de sua preferência. Seja em turnês solo ou nas já marcantes presenças em festivais, muita gente boa desembarcou no Brasil ao longo do ano. Da mesma forma, muitos brasileiros bons de serviço rodaram o país em turnê mostrando novos materiais ou relembrando os grandes sucessos de suas carreira.
Pensando em tudo isso, a nossa equipe se reuniu, votou e selecionou aqueles que foram os melhores shows de 2018 no Brasil para o Audiograma. O único critério para a lista era, obviamente, ter visto o artista ao vivo.
A lista, apresentada em ordem alfabética, você pode curtir abaixo.
# Anderson .Paak
O artista está no seu auge e era muito aguardado por aqui, mas nem ele poderia esperar uma recepção tão calorosa. Anderson .Paak dança muito, canta muito, rima muito, arrasa na bateria, empolga demais a galera e se diverte mais do que todo mundo junto. Ele é o rei da festa e a simpatia em pessoa, merece todo o sucesso e ainda deixou a Bárbara Monteiro bem feliz no show realizado no Cine Joia.
# B Negão cantando Dorival Caymmi
O BNegão sempre teve shows muito intensos e enérgicos, tocando pesado, misturando rock com hip hop e funk, tanto solo com Os Seletores de Frequência quanto no Planet Hemp. Por isso, ver ele de branco usando sandália, sentado num banquinho, cantando calmamente e acompanhado apenas por um violão foi uma experiência muito diferente e muito boa. Tem um vozeirão, se emociona no palco, conta histórias, se expõe. Era impossível não se sensibilizar assistindo. Foi um dos shows mais bonitos e alto astral que vi na vida.
# Blondie @ Popload Festival
Os integrantes originais da banda, que ainda são a maioria do grupo em turnê, estão na faixa dos 70 anos e, ainda assim, vieram até o Brasil e arrasaram no palco. Foi uma aula de rock, simpatia e presença. Debbie Harry é uma entidade. Aos 73, ainda canta lindamente e faz bonito mesmo já tendo perdido um pouco do alcance da voz, muda figurino, dança, pula, anda pra lá e pra cá, é cheia de energia e vitalidade e um amor com os fãs. Ela atrai a atenção, brilha, encanta e continua lindíssima. O Blondie não envelhece. Lançaram um disco excelente no ano passado e as músicas novas funcionam super bem ao vivo. O baterista, Clem Burke, é um dos melhores que já vi e senta a mão nos instrumentos com muito vigor, além de fazer backing vocals e uns solos doidos. E eles ainda têm energia para fazer ativismo, com mensagens a favor da proteção do meio ambiente e contra o nazismo e regimes autoritários. Quero ser assim quando eu crescer.
# Cinnamon Tapes
A Susan Souza faz um trabalho muito lindo de unir, fortalecer e valorizar mulheres na música com seu projeto solo, o Cinnamon Tapes. Ela costuma montar bandas 100% femininas para se apresentar ao vivo e sempre faz questão de falar no palco sobre feminismo e questões que atinjam as mulheres. O show dela é muito emocionante e bastante melancólico, faz a galera chorar algumas vezes, mas ao mesmo tempo você sai de alma lavada, muito feliz, com a esperança na humanidade restaurada. Foi lindo vê-la no CCSP rodeada de outras instrumentistas, todas de batom azul, evocando símbolos do oceano e do mundo místico. A Susan é uma pessoa de sensibilidade e energia muito fortes e consegue passar isso para a plateia. No final deste show, ela convidou todas as mulheres presentes a subirem ao palco e cantarem juntas. Foi um ritual fortíssimo, muito significativo. Tenho certeza de que esse show marcou todo mundo que estava ali pra sempre. O show da Cinnamon Tapes é um abraço forte de amiga.
# David Byrne
Que honra é poder ver o David Byrne ao vivo. Pronto para romper com as regras e entregar uma performance músico-teatral, com coreografias, muitos instrumentos e muita precisão. Um show realmente incrível e maravilhoso de se assistir. Um dos grandes nomes da música, Byrne prova sempre que pode que é muito mais do que aquela música legal do Talking Heads e nós pudemos ver isso de perto no Lollapalooza Brasil e também em sua passagem por Belo Horizonte.
# Franz Ferdinand
Em sua resenha sobre a apresentação do Franz Ferdinand em São Paulo, o John Pereira lembrou de como aquele “é um show empolgante, dançante e tão divertido que você simplesmente não sente o tempo passar”. Uma coisa é certa: ainda que o tempo tenha passado e a formação não seja a clássica, o Franz Ferdinand sabe bem o que faz em cima do palco.
# Katy Perry
Katy Perry rodou o mundo com a Witness Tour e não deixou o Brasil de fora da lista. Com uma apresentação criativa, talentosa e com vocais no ponto, Katy mostrou também o seu lado politizada, seja pelas críticas promovidas em faixas do mais recente álbum como também por lembrar o assassinato de Marielle Franco no show realizado no Rio de Janeiro. Visualmente impecável, a apresentação ganhou o coração do Yuri Carvalho, que viu a passagem da cantora pela Praça da Apoteose.
# L7
O L7 é uma banda seminal, que quebrou um monte de estereótipos e barreiras. É formada por 4 mulheres que tocam pra caralho e, na primeira vez que elas vieram para o Brasil, em 1993, dividiram o lineup do festival Hollywood Rock com bandas que marcaram a época, como Nirvana, Alice in Chains e Red Hot Chilli Peppers. E, sem exagero, o show delas era melhor do que todos os outros. Tem um vídeo do festival no Maracanã lotado que não me deixa mentir. Elas impressionaram o público e mostraram que mulher pode e sabe tocar sim. Graças ao L7, muitas meninas no mundo inteiro se libertaram de preconceitos e resolveram tocar. Agora, 25 anos depois, elas voltaram e mostraram que não perderam o jeito. O show delas foi de lavar a alma, pular até cansar, sair pingando suor, e entrar no bate cabeça como se voltasse a ser adolescente. A banda têm músicas novas tão boas quanto as dos anos 90, continuam sendo afrontosas e fazendo críticas à política e à sociedade machista, pedindo respeito e igualdade de forma agressiva e debochada. O show delas é a maior tiração de onda, elas zoam o tempo todo e ainda assim impressionam com a virtuose nos instrumentos e a energia. Eu queria ser amiga delas.
# Lorde @ Popload Festival
Alguns chamaram de Poplorde Festival – o que talvez seja um exagero – mas não dá pra deixar de fora dessa lista a apresentação que a neozelandesa fez em São Paulo no mês de novembro. Um show curto – cerca de uma hora e 15 minutos – mas bem interessante de se ver. Com o público na mão, Lorde sabe o que faz desde a montagem do setlist até na interação com o público. Cada vez melhor no palco, a cantora mostrou os seus hits, dançou e encantou. Só faltou mesmo aquele contêiner legal de vidro usado nas outras etapas da turnê.
# Nick Cave & The Bad Seeds
“Dizer que esse foi um dos melhores shows da minha vida ainda não me parece o suficiente para traduzir aquela noite de domingo”. Foi com essas palavras que o John Pereira encerrou a sua resenha sobre a única apresentação do Nick Cave no Brasil. “Ter a chance de ver Nick Cave ao lado do The Bad Seeds é uma experiência única” e, se você ainda não passou por isso, não faz ideia do que está perdendo.
# Phil Collins
É sempre bom poder reverenciar grandes nomes da música. Um dos que pisaram no Brasil esse ano foi o grande Phil Collins. Cuidadoso com a escolha das músicas, um palco bem legal, uma banda de apoio incrível e uma infinidade de hits – seja dos tempos de Genesis ou de sua carreira solo -, Collins promove uma divertida sessão nostalgia sem que isso pareça datado ou fora de moda. Músicas boas são atemporais e as apresentações de Phil Collins pelo Brasil provam isso. Aproveite e veja a resenha do show realizado no Rio de Janeiro, escrita pelo Tullio Dias.
# Radiohead
Intensidade. Talvez essa seja a palavra que mais define as apresentações do Radiohead e no Brasil não foi diferente. A palavra ganha ainda mais importância quando se pega toda a questão emocional envolvida nas músicas, na forma como o público lida com elas e nas apresentações tecnicamente perfeitas feitas por Thom Yorke e companhia. Aqui, você encontra resenhas da apresentação no Rio de Janeiro, pela ótica do Tullio Dias, e na capital paulista, feita pela Bárbara Monteiro.
# Roger Waters
Talvez o principal nome internacional a pisar no Brasil em 2018, Roger Waters foi notícia durante todo o mês de outubro. Reverenciado pelos veículos musicais, o músico acabou tendo que lidar também com o lado político do país, sendo alvo de acusações estapafúrdias envolvendo financiamento político. Tudo isso somado a uma estrutura gigantesca e a sua banda de apoio excepcional fazem da série de shows da US + Them Tour pelo Brasil um dos momentos mais marcantes das apresentações musicais no país. Muitas vezes a verdade dói e, desde os tempos de Pink Floyd, esse é o papel de Roger Waters com as suas músicas. Simplesmente incrível!
# Royal Blood
Que banda, senhoras e senhores. Cada vez melhor ao vivo, o Royal Blood entrega exatamente aquilo que se espera do duo britânico. Para quem pega de primeira, pode parecer um som “mais do mesmo” ou “sem grandes variações”, mas pensar em toda a sonoridade que emana do palco e que tudo aquilo é feito por apenas duas pessoas é bem interessante. Após Rock In Rio em 2015 e Lollapalooza Brasil neste ano, já merecem uma turnê solo pelo Brasil, hein? Sorte da Bárbara Monteiro que conseguiu ver a banda bem de pertinho no Cine Joia.
# Sean Kuti @ Nublu Jazz Festival
Era impossível não dançar! O filho da lenda Fela Kuti, o rei do afrobeat, lembra muito mesmo o pai e faz uma festa em que ninguém consegue ficar parado. Foi muito lindo de ver, com gente de todas as idades tanto na plateia quanto no palco e uma valorização muito importante da cultura africana e do legado de Fela. Outro show de lavar a alma e sair feliz da vida. Para qualquer lado que você olhasse ia ver todo mundo sorrindo e a banda, que era gigante, passa um astral e uma energia bons demais, mesmo quando falam de coisas sérias como a fome, a pobreza e a violência na África.
# Thundercat
Thundercat passou pelo Brasil neste ano com a turnê que promove o seu mais recente álbum, Drunk. Integrando o festival Jazz All Nights, o músico se apresentou no Rio e em São Paulo acompanhado dos músicos Dennis Hamm (tecladista) e Justin Brown (baterista). “O power trio é de cair o queixo. Tive o privilégio de vê-los em São Paulo e é impossível não se impressionar com a habilidade e o entrosamento dos três músicos”, lembrou a Bárbara Monteiro em sua resenha sobre a apresentação no Cine Joia.
# YMA
“A melhor forma de conhecer novas bandas, na minha opinião, é vê-las ao vivo. Adoro pegar um show de um artista que não conheço e evito de propósito ouvir suas músicas antes da apresentação para não estragar a surpresa (…) estive no Centro Cultural São Paulo (CCSP) para ver minha amada Cinnamon Tapes – e depois tive uma baita experiência ao ver, pela primeira vez, o show da YMA. Saí impactadíssima e virei fã de carteirinha”. Foi assim que a Bárbara Monteiro começou a sua resenha sobre um show da YMA, projeto da paulistana Yasmin Mamédio, e nada mais justo do que ele figurar aqui em nossa lista.
Veja as demais listas do nosso #LISTÃO2018 em nossa página especial.