Sim, senhoras e senhores, ele está entre nós! O americano Anthony Green já chegou ao Brasil e, ainda antes de viajar, deu uma entrevista exclusiva para o Audiograma, fazendo com que essa humilde repórter quase infartasse ao atender o telefone (valeu cada centavo de DDI, minha gente!).
Ele tocou com o Circa Survive em Porto Alegre no último domingo e agora a turnê segue para o Rio de Janeiro (13/09), Belo Horizonte (14/09), São Paulo (15/09) e Curitiba (16/09). No ano que vem, Anthony volta para tocar com a Saosin, sua outra banda (que na verdade foi formada um ano antes do Circa Survive). As datas e locais ainda serão definidos, mas a Saosin vem em fevereiro e deve passar por São Paulo, Rio e Curitiba. Me pergunto se os gringos vão aproveitar para conhecer o carnaval brasileiro.
Anthony fala rápido, não pensa antes de responder as perguntas, é curioso e muito animado. Ele também é workaholic e, além da Saosin e do Circa, tem um projeto solo que segue firme e forte e também canta nas bandas The Sound of Animals Fighting e Found Wild. Sem contar sua voz marcante, diferente e aguda, que o destaca da maioria dos vocalistas de rock alternativo, e da beleza que arrebata corações e não parece envelhecer. Depois de ler a entrevista, duvido você não ficar ainda mais fã do cara.
BM – A atual turnê sulamericana do Circa Survive tem 7 datas, sendo 5 delas no Brasil (os outros shows foram no Chile em 07/09 e na Argentina e 08/09). Por que vocês marcaram tantos shows aqui?
AG – Já tocamos no Brasil antes e foi uma experiência tão boa que quisemos voltar. Foi a plateia mais barulhenta da minha vida, nunca vi as pessoas gritarem tão alto quanto aquilo.
BM – O Circa Survive tocou no Brasil em 2015 com ingressos esgotados, né?
AG – Sim, e os fãs sabiam as letras de todas as músicas e eram totalmente loucos, com uma energia imensa. Para essa turnê de agora esperamos que seja igual, com a mesma intensidade.
BM – Você conhece as bandas que vão tocar abrindo os shows dessa turnê?
AG – Eu amo o Bullet Bane, eles são incríveis, muito bons! Eles tocaram com a gente em 2015 também e vão abrir o show em São Paulo. Gosto muito da música deles, de verdade.
BM – Essa turnê atual do Circa está divulgando o álbum The Amulet, que é considerado a obra-prima da banda. Você concorda com essa repercussão da crítica?
AG – Esse álbum representa bem nossa identidade e é especial porque, nele, soamos confiantes. E, quando você está confiante, as pessoas percebem. A gente nunca sabe como os fãs e a crítica vão reagir aos nossos discos, a reação e a aceitação são sempre uma surpresa, mas acho que esse disco em particular é o momento em que mais nos sentimos seguros e confiantes, sabendo o que estávamos fazendo.
BM – A Saosin também está vindo para o Brasil! Essa turnê com o Circa Survive influenciou nas datas da sua outra banda?
AG – De verdade, eu não sei. Não acho que as turnês são tão próximas assim, tem um intervalo de 5 meses entre uma e outra. Sem contar que a Saosin nunca tocou no Brasil antes, mas é aí que temos nossos fãs mais apaixonados. Com o Circa Survive foi isso que experimentei, fãs doidos que sabiam cantar todas as palavras de todas as letras. Eu nunca tinha passado por nada parecido com isso antes. Por tudo isso estou muito empolgado pra tocar com a Saosin no Brasil também.
BM – O Circa Survive está na ativa já há 14 anos. Como vocês conseguem manter uma banda de rock alternativo bem sucedida por tanto tempo?
AG – Nós amamos um ao outro e amamos fazer música. Simples assim. Acho que, quando você tem pessoas boas com um objetivo em comum, a coisa flui. E eu fico tão feliz de saber que temos fãs que nos acompanham há anos. Quando a banda começou eu tinha 22 anos e agora tenho 36 e já sou pai (ele tem 4 meninos: James, Luke, Will e Jack).
BM – De onde veio o nome da banda?
AG – (Depois de rir um pouco) Eu e o Colin (Colin Frangicetto, guitarrista da banda, que fundou o projeto com Anthony em 2005) já éramos amigos há muito tempo, começamos a tocar e a gente tava numa viagem de cogumelos. A gente entrou numa brisa muito psicodélica e a principal questão era sobreviver. Nessa hora a gente só pensava em sobreviver à essa viagem, chegar ao final dela bem. Então era “sobre sobreviver” – em inglês, “about surviving”, “circa survive”. O nome veio daí.
BM – E Saosin? Verdade que é chinês?
AG – Sim, vem do chinês e significa ao mesmo tempo “coração pequeno” e “tenha cuidado”, “seja cuidadoso”. Às vezes nós nos entregamos sem pensar, amamos descuidadamente e no final ainda nos perguntamos por que nos machucamos. Essa é a ideia: ser cuidadoso com o seu coração. Isso vem de uma lenda chinesa em que os pais aconselhavam os filhos recém-casados a não se apegarem muito às esposas, pois havia muita guerra e eles poderiam ter de lutar e morrer. Eu sempre achei que é melhor manter seu coração “pequeno” no sentido de se doar e amar apenas o que se conecta de verdade com você, não abrir demais seu coração e focar apenas no que for realmente especial.
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