Sábado, 24/02, enquanto o músico inglês Phil Collins aquecia o coração de grande público no Allianz Parque, pertinho dali, no Espaço das Américas, Nando Reis revisitava a carreira e colocava a galera pra cantar, pular e chorar.
A abertura com a banda 2 Reis, formada por Theo e Sebastião Reis, surpreendeu o público positivamente e mostrou que o talento é presente na família. Os rapazes tocaram músicas animadas em um clima que mistura passado e presente, com o intuito de unir a todos.
Nando abriu o show com “Infinito Oito”, faixa do álbum Jardim-Pomar, de 2016. O público fez questão de acompanhar e se mostrou bastante atualizado ao cantar as músicas mais recentes do músico, mas sem deixar de vibrar ao som de “Marvin“, “Os Cegos do Castelo” (ambas da época de Titãs), “Luz dos Olhos” e “Dois Rios“, entre outras. É uma sensação difícil de descrever a que temos quando presenciamos um evento desse tipo. Vejam bem, Nando Reis entrou para os Titãs (na época, Titãs do Iê-Iê) em 1982, participando ativamente das composições, tocando baixo e assumindo parte dos vocais. Isso foi há 36 anos, o que torna surreal a experiência de ver um artista com tanto gás e ainda produzindo muito depois desse tempo.
Como se não bastasse, a versatilidade de Nando Reis permite que a faixa etária da plateia de seu show seja variada. Eu vi pessoas mais velhas, muitos jovens e até adolescentes cantando músicas compostas nos anos 1980. A saída de Nando dos Titãs, em 2002, permitiu que o músico focasse em sua experiência como artista solo e, principalmente, que ousasse, acrescentando elementos que causariam uma certa estranheza para o público dos Titãs. O melhor exemplo disso é a música “Mantra”, do álbum MTV ao Vivo Nando Reis e Os Infernais, lançado em 2004.
A participação do duo Anavitória era aguardada por boa parte da plateia. As garotas acompanharam Nando nas canções “Luz Antiga”, “As Coisas Tão Mais Lindas” e “Relicário” (um marco da parceria entre Nando Reis e Cássia Eller), além de “Cor de Marte”, que faz parte do repertório da dupla. A união de músicos de diferentes gerações é benéfica para os envolvidos e para o público, que consegue apreciar a vocação musical expressa em indivíduos tão diferentes, mas todos com capacidade de arrancar lágrimas da plateia.
A sequência a seguir conseguiu ser ainda melhor, e incluiu “Pra Você Guardei o Amor”, “All Star” (poucas pessoas conseguiram segurar o choro), “N”, “Sou Dela”, “Sutilmente” e “Por Onde Andei”. Todas essas músicas marcaram algum de nós de alguma maneira. Certamente nos faz lembrar de alguém ou de algum momento especial da vida e repensar o que estamos fazendo. A sensibilidade de Nando Reis como compositor é tocante e capaz de amolecer os corações mais brutos. Ao vivo, então, é como se todo o mal existente no mundo fosse aniquilado e somente o mais importante, o amor (em todas as suas formas), sobrevivesse.
O encore trouxe 2 Reis e Anavitória de volta ao palco para cantar “Trevo”, sucesso da dupla feminina. Para encerrar o show, Nando Reis tocou duas famosas composições suas, “O Segundo Sol” e “Do Seu Lado”, com todo mundo em pé cantando junto e pulando.
Em poucos shows eu senti uma energia positiva tão poderosa. A impressão era a de que todos presentes participaram ativamente da apresentação e fizeram dela um momento memorável. Nando Reis apresentou, com certeza, um dos melhores shows de 2018 em São Paulo.