Esses dias tirei o dia para escutar músicas antigas e que foram hits por algum tempo. Em meio a essa nostalgia musical, eis que me surge Creed. Era uma banda que gostava e ouvia bastante, a primeira lembrança que veio a minha cabeça, foi o clipe da música “One Last Breath” com o Scott Stapp no meio daquele penhasco. Me lembrei da minha adolescência sem muitas obrigações, assistindo aos clipes na MTV e vendo filmes na Sessão da Tarde.
O motivo que Creed ficou tão marcante na minha vida, foi por uma paixão de adolescente. Não me lembro ao certo, mas na época devia ter uns 13 anos – isso já faz um bom tempo – fiquei apaixonada por um garoto que havia acabado de entrar na escola. Ele tinha um jeito todo descolado, era bem alto e tinha um belo sorriso – parecia aquelas propagandas de creme dental – além disso, era um ano mais velho que eu. Não sei bem como funciona nos dias de hoje, mas isso para minha época era o máximo, ficar ou namorar com alguém de uma série há mais que a sua.
Nessa época, não tínhamos nem celular ou rede social direito para comunicar com alguém. Muito menos tantos apelidos para rotular a pessoa que estávamos a fim. Diga-se de passagem, coisas como “crush”, “me chama no direct”, “se flopar” ou “up do amor” estavam longe de acontecer. Ainda tínhamos aquela coisa de mandar um amigo falar que alguém estava afim de você. Sim, nós éramos meio bobões para os dias atuais.
Lembro-me que ficava aflita para encontrar o garoto pela escola, esperava ansiosamente para o intervalo e o final da aula. Ficamos por muito tempo trocando olhares e alguns sorrisos tímidos, até que um dia ele resolveu me chamar para conversar. Desde esse dia, começamos a passar quase todos os intervalos juntos e para nos falarmos naqueles míseros 20 minutos. Obviamente, comecei a me apaixonar por aquele garoto descolado, tínhamos muitas coisas em comum e o papo fluía muito bem. Ainda tinha aquela amiga para dar uma força dizendo “Nossa! Ele é lindo e vocês formariam um casal bem legal”, bem adolescente!
Ficamos por semanas assim, no fundo rolava aquele interesse, mas ninguém falava nada. Quando estava quase aceitando a situação que nada acontecia, o garoto resolveu me surpreender. Ele chegou em mim de cara? Não, mesmo.
O que seria mais uma tarde comum, recebo uma ligação na minha casa – ainda utilizávamos muito o telefone fixo para comunicar, até porque eu nem tinha celular – era uma tele-mensagem. Se você não sabe do que se trata, era a sensação nos anos 2000. Uma pessoa ligava na sua casa e lia uma mensagem com uma música de fundo (ela sempre tinha uma voz sexy). Não é que o garoto me mandou uma tele-mensagem, com uma mensagem romântica se declarando para mim. Adivinha qual era música de fundo? Era do Creed com “With Arms Wide Open”, eu amava essa música e estava viciada nela.
Quando a mensagem acabou fiquei toda feliz, muito ansiosa para ir a aula no outro dia. Assim que cheguei não encontrei com ele, mas logo dei um jeito de saber se ele tinha ido a aula. Até o horário do intervalo parecia uma eternidade, quando eu o vi, fiquei sem reação. Ele me deu um abraço e um chocolate Laka, trocamos meia dúzias de palavras e, finalmente, aconteceu nosso primeiro beijo.
Para complementar minhas lembranças dessa canção, era ela tema romântico do casal de Malhação, o Pedro e a Júlia. Apenas me recordo que era interpretado pelo Henri Castelli. Se hoje recebesse uma tele-mensagem nem saberia minha reação, acho que acharia um pouco “barango”. No fim, sempre quando ouço “With Arms Wide Open” vivo essa dose de nostalgia e saudades da minha adolescência e, claro, me lembro desse garoto.
O espaço está aberto para todos os leitores compartilharem suas histórias. Curtiu? Mande sua história para contato@audiograma.com.br
Para ver os posts anteriores, clique aqui.