Harry Howard, durante sua jornada como músico, passou por algumas bandas primorosas, tal como Crime & the City Solution e These Immortal Souls, além de ter tocado ao lado de ninguém mais, ninguém menos, do que Nick Cave.
Como consequência de tais colaborações e participações musicais, Howard escreveu uma história simplesmente brilhante, deixando sua assinatura pelo universo do Punk Rock e do Pós-Punk. E para alegria dos nossos leitores, agora ele também está deixando sua marca aqui no Audiograma através desta entrevista inédita.
Aumente o som, e confira!
# Harry, você poderia contar um pouco sobre sua carreira musical?
Comecei a tocar com amigos em 1978/1979. Eu herdei o violão do meu irmão Rowland com o qual eu tentava aprender o tema de Agente 86. Eu estava muito desesperado (então, o que mudou?), não conhecia nenhum acorde, então eu tocava baixo e cantava. Mudei para Londres e me envolvi com a música, com meus amigos e relações mais famosas como Rowland e Mick Harvey. Nunca ganhei dinheiro, mas viajamos pelo mundo e nos tornamos notórios no nosso caminho. Isso não é ruim…
# Como foi sua experiência com a cena Punk australiana?
A “cena Punk” australiana foi uma oportunidade que se apresentou. A: você poderia odiar a autoridade e a normalidade e B: você poderia conseguir isso por um preço menor, com menos habilidade (atitude e estilo de fazer o que precisava ser feito).
Havia muita inspiração proveniente de bandas estrangeiras e australianas que eram os próprios criadores da cena. The Saints eram um Punk de garagem ríspido e fabuloso, e também havia o Radio Birman que tocava muito Protopunk/Rock n Roll.
# O que acha do atual cenário musical e qual sua perspectiva para o futuro?
Sempre tenho esperança na música. Eu não acompanho o que está acontecendo tanto porque permito que as coisas que gosto me encontrem. E elas o fazem! Eu acho que as pessoas encontram novas maneiras de dizer coisas musicalmente e quebrar as regras por causa da mudança de tecnologia e porque elas são pessoas e está em nós fazer isso.
# O Punk ainda está vivo? O que significa ser Punk?
O Punk Rock de 1977 ainda é uma coisa viávelmente ativa? Não. O Punk está vivo de maneiras diferentes. Ele quebrou a demanda por músicos altamente qualificadas e permitiu que as pessoas encontrassem o próprio caminho e se sintossem bem com isso. Eu não acho que isso vai desaparecer ~ Punk nos deu tudo isso ~ bom Punk.
# Você não vivenciou apenas o cenário do movimento Punk, mas também do Pós-Punk. Como percebeu as mudanças de um estilo musical para o outro?
Não demorou muito para que o Punk se transformasse em Pós-Punk, mas realmente isso apenas queria dizer que você poderia ser mais “artístico” e extrair influências mais amplas de músicos pré-punks como David Bowie, Roxy Music, Iggy Pop, Eno, Can Blues e até mesmo Reggae. E posteriormente, bandas como The Boys Next Door, The Young Charlatans, Whirly World, The Laughing Clowns e Crime and the City Solution, todas se tornaram importantes na minha vida.
# Eu já vi comentários que o associam com a cultura gótica. Você se considera como parte dessa cultura?
Nunca me senti envolvido com a cena gótica. Eu gosto de alguns aspectos dessa cultura, mas pensei que poderia ser um pouco constrangedor que eu pudesse ser identificado como sendo parte disso. “Gótico” é uma palavra útil e a cena gótica certamente não é dona dela.
# Até onde sei, você admira o poeta John Keats. O que você gosta nas poesias dele?
“Teoria da Capacidade Negativa” de Keat. Procure saber se você não tem conhecimento disso! Sendo um aluno muito preguiçoso, nunca segui meu interesse pela poesia… Uma perda!
# Você tem outras influências literárias? Quais? E qual é seu livro favorito e por quê?
Eu fui influenciado por muitos livros, tal como Odisséia, Dom Quixote, O Corcunda de Notre Dame, Moby Dick, novelas trashy de crimes dos anos 30, contos de gangstêrs, ficção científica, distopias, sátira social, victoriana. Nunca se limite a um livro! Bem,
Silas Marner, de George Eliot é um livro muito bonito que faz meu coração doer, mas no geral, eu não tenho um livro favorito.
# O que você sente quando pensa no seu passado e na história que escreveu em sua vida?
Sinto-me levemente satisfeito por ter nascido eu mesmo e ter minhas aventuras particulares.
# Você chegou a tocar com o The Birthday Party. Como foi tocar com uma banda tão caótica?
Sim, certamente são extremamente caóticos, mas também é um grupo bem civilizado de pessoas inteligentes. Inicialmente era terrível estar no palco com eles, porém, é algo de que sempre me orgulhei.
# Como foi fazer parte de bandas com o seu irmão? Você tocou com ele no Crime, These Immortal Souls e brevemente com Lydia Lunch nos anos 90.
Tenho um enorme respeito pelo talento do Rowland. Foi fabuloso tocar com ele nessas bandas. Eu me considero afortunado por ter tido um padrão tão elevado de material para com o qual pude contribuir. E eu experenciei e compartilhei esse tempo com uma pessoa que é muito querida para mim!
# Qual é a sua banda favorita?
Todas as que são boas! (eu não gosto das ruins).
# Com qual banda você gostaria de colaborar?
Com todas as que são boas! (e talvez com algumas das que são ruins porque elas são ricas).
# Há alguma banda na qual você tocou que se tornou mais espacial pra você? Por quê?
Todas as bandas em que toquei se tornaram especiais para mim. Contudo, pelo fato de que o Rowland já não está mais aqui, as bandas nas quais eu estava com ele, agora são as mais especiais.
Entrevista realizada em conjunto com Gabriel Marinho.