O primeiro semestre chegou ao fim e, mantendo uma tradição dos últimos dois anos aqui neste site laranja, é hora de pensar no que aconteceu nos primeiros seis meses do ano e analisar os melhores álbuns lançados até então.
Passando por vários gêneros, escolhemos 25 álbuns que foram lançados até o último dia 30 de junho. Tem rock, tem pop, tem rap, tem material nacional… tem até o 4:44, novo álbum do Jay-Z.
Acima de tudo, a lista abaixo é um aperitivo do que deve surgir em nosso #Listão2017 em dezembro. Por isso, vamos evitar spoilers e apresentar essa lista em ordem alfabética, ok?
Prepare o seu player preferido e vem com a gente!
A Banda Mais Bonita da Cidade – De Cima do Mundo Eu Vi o Tempo
A banda não deixou de seguir a sua proposta de trabalho, o novo disco traz letras fortes e provocativas, que apresentam uma reflexão sobre a efemeridade do tempo sobre a vida. Com melodias doces, o álbum veio marcar o amadurecimento da banda. [KD]
Alt-J – Relaxer
O novo álbum mantém a proposta da banda, um som único e diferente do que estamos acostumados a ouvir. Melodias com uma sonoridade mais digital até um som orquestrado, como nas canções “Deadcrush” e “Pleader”. Relaxer manteve o alto nível de composição da banda, com muita sensibilidade e intensidade. [KD]
Bratislava – Fogo
Não conversamos com o quarteto formado por Victor Meira (vocais/teclas), Alexandre Meira (guitarra/vocais), Sandro Cobeleanschi (baixo) e Lucas Franco (bateria) sobre o assunto, mas é bem possível que 2017 esteja sendo o melhor ano da Bratislava até então. Após subir ao palco do Lollapalooza Brasil em março, a banda coloca a nossa disposição o seu terceiro álbum de estúdio. Fogo é um registro envolvente, com letras fortes e intensas, mostrando uma Bratislava cada vez mais madura e consciente do que faz. [JP]
Calvin Harris – Funk Wav Bounce Vol.1
No apagar das luzes de junho, Calvin Harris liberou oficialmente o seu quinto álbum de estúdio, Funk Wav Bounce Vol.1. O registro é composto por dez faixas e pode ser considerado como o melhor trabalho do DJ e produtor escocês desde o saudoso I Created Disco, de 2007. Além dos diversos convidados, o disco conta com duas novidades: é o primeiro que não conta com uma faixa instrumental e também é o primeiro disco em que Calvin Harris não canta. [JP]
Charli XCX – Number 1 Angel
A mixtape de Charli XCX foi sem dúvidas um dos acontecimentos que marcaram a indústria em 2017. O álbum que contém a mágica “Dreamer”, traz parcerias com nomes em ascensão no meio alternativo, como ABRA, Cupcakke, RAYE e Starrah, além da já conhecida MØ. Number 1 Angel é sem dúvidas um ótimo aperitivo enquanto XCX não lança seu novo álbum, que deverá sair apenas em 2018. [MG]
Chuck Berry – Chuck
Talvez eu esteja sendo saudosista pela sua morte em março, mas aquele que se tornou o derradeiro registro de Chuck Berry merece sim uma menção honrosa nas listas de fim de ano. Chuck foi lançado em junho e é o resultado de dois anos de trabalho do eterno pai do rock. Composto por dez faixas, sendo oito delas compostas por Berry, o disco é divertido e, principalmente, fiel a longa carreira do guitarrista. Basta ouvir “Wonderful Woman” e “Big Boys” para entender do que estou falando. [JP]
Criolo – Espiral de Ilusão
É impossível limitar um artista como Criolo. Desde Ainda é Cedo (2006), o rapper vem impressionando pela sensibilidade única ao tocar em feridas abertas na sociedade. Lirismo, revolta e resistência sempre foram elementos de destaque na sonoridade do compositor paulistano, que nunca teve receio de se embrenhar por caminhos além do hip hop. Em Espiral de Ilusão, Criolo faz uma ode ao Samba e reverencia o ritmo brasileiro com grande propriedade. [EJ]
Dan Auerbach – Waiting on a Song
Em pouco mais de trinta minutos, a metade do The Black Keys se aventura em um trabalho solo que mescla história, classe e uma bela produção. Ao longo das dez faixas, você pode facilmente se teletransportar para o que se produzia na década de 70, mas sem deixar de lado o frescor e a atualidade que fazem de Dan Auerbach um dos bons nomes da música nos últimos dez ou quinze anos. Com todo o respeito que o Black Keys merece, Waiting on a Song bate de frente com todos os trabalhos feitos por Dan ao lado de Patrick Carney. [JP]
Depeche Mode – Spirit
O trio inglês Depeche Mode mostra que mantém a boa forma e apresenta o álbum Spirit em momento oportuno. Logo na música que abre o álbum, “Going Backwards”, há afirmação de que nós, como seres humanos, não evoluímos. O primeiro single, “Where’s The Revolution”, também mostra que nasceu para se tornar mais um clássico da banda. Combinando sentimentos, política e pegada mais anos 1980, a banda concebeu um álbum que me lembra outro grande trabalho, Ultra, de 1997. Porém, Spirit mostra um Depeche Mode mais maduro e sensato. Talvez isso seja um reflexo do conhecimento adquirido musicalmente ao longo dos anos, mas o que importa é que o resultado é um álbum consistente e inesquecível. [GP]
Father John Misty – Pure Comedy
Ainda mais irônico e ácido que eu I Love You, Honeybear (2015), Josh Tillman mostra que o seu alter-ego conhecido como Father John Misty está melhor do que nunca. Lançado em abril, Pure Comedy é o terceiro registro de estúdio do ex-baterista do Fleet Foxes e deixa ainda mais claro o que o levou a deixar a banda em 2012 para priorizar a sua carreira solo. Destaque para as faixas “Total Entertainment Forever”, “Ballad of the Dying Man” e “Smoochie”. [JP]
Gorillaz – Humanz
O Gorillaz não é e nunca foi uma banda de poucas cabeças. Ainda que Damon Albarn e Jamie Hewlett sejam os líderes do projeto, o Gorillaz sempre foi sinônimo de um encontro de várias mentes. Cinco anos após The Fall, uma coleção de faixas inéditas, dezenas de colaboradores e mescla de gêneros se uniram para dar vida a Humanz. A pegada R&B/Soul do álbum é a grande cartada de Albarn, evidenciado pelas participações de nomes como Grace Jones e Marvis Staples. O disco pode ser dividido em partes e estilos e, se para alguns isso foi um problema, para mim faz com o que o registro funcione muito bem. [JP]
Halsey – Hopeless Fountain Kingdom
O aguardado segundo álbum de Halsey tem letras fortes, parcerias incríveis e o melhor; batidas contagiantes! O irmão de Badlands, seu álbum debut, tem nomes de peso envolvidos em sua produção; Greg Kurstin, The Weeknd, Lauren Jauregui, Cashmere Cat e Quavo, do trio MIGOS. Merece ser escutado! [MG]
Harry Styles – Harry Styles
Em 7 anos, Harry Styles pacientemente juntou experiência, se inspirou em grandes nomes, e conseguiu mostrar sua identidade na hora certa. Entregou um trabalho coeso e diferente do que temos no cenário musical. [ER]
Jay-Z – 4:44
Desde 2016 todo mundo estava esperando a resposta do Jay-Z às alegações de infidelidade explícitas no celebrado Lemonade de sua mulher, Beyoncé. Mas no lugar de nos entregar apenas a sua versão dos fatos, Jay-Z usou a maturidade a seu favor e criou mais uma obra-prima do rap – a uma altura da carreira em que muitos diziam que o rapper do Brooklyn já estava fora de forma. Com a produção cuidadosa de um dos seus maiores parceiros, No I.D., Jay-Z deu a mão para que a mãe, Gloria Carter, saísse do armário como lésbica, pediu desculpas à Beyoncé, terminou sua amizade com Kanye West… e muito mais do que isso, nos levou por uma jornada de auto-aceitação, família e principalmente, amor. [RB]
Kasabian – For Crying Out Loud
Para muitos, o melhor disco da carreira. Para mim, um exemplo claro de amadurecimento e evolução musical. É dessa forma que podemos encarar o For Crying Out Loud, quinto álbum de estúdio do Kasabian. O quarteto de Leicester aprimorou todas as suas influências e trabalhos anteriores e entrega um disco capaz de grudar nos ouvidos já na primeira audição, graças a sua sonoridade e também aos trabalhos de composição. [JP]
Kehlani – SweetSexySavage
Após um ano de 2016 extremamente conturbado – que incluiu até a uma tentativa de suicídio, Kehlani começa 2017 do jeito que os fãs esperavam: com a carreira em foco e com músicas novas. Lançado no fim de janeiro, SweetSexySavage faz jus ao seu nome e mescla momentos fofos, sexys e selvagens nas composições e também em sua sonoridade. Sabe aquela receita para se fazer um bom disco? Kehlani a seguiu direitinho e, se você ainda não ouviu, o deveria fazer agora mesmo. [JP]
Kendrick Lamar – DAMN
Kendrick Lamar já era o maior rapper do mundo no lançamento de seu álbum anterior, o aclamado To Pimp a Butterfly. Mas em DAMN, seu quarto disco lançado pela Top Dawg Entertainment, vemos mais do que o ativismo ou o retrato das ruas que Lamar nos mostrou em seus outros trabalhos. Vemos o homem Kendrick lutando contra seus demônios internos, encontrando seu caminho por meio da história de sua família e do amor. Além de atual maior rapper do mundo, com DAMN Kendrick se consolida como um dos maiores artistas em atividade no século 21. [RB]
Lorde – Melodrama
Desde o primeiro single deste trabalho, “Green Light”, Lorde surpreendeu com uma música animada e menos dramática como as que costumava trabalhar em seu álbum anterior. E, agora, com o lançamento de Melodrama, não se deixe enganar pelo nome do novo de inéditas da cantora. O álbum traz a excêntrica Lorde com algumas faixas mais alto astral e com certeza é um dos melhores do ano. Não se surpreenda se o Metacritic colocar as notas lá nas alturas. [YC]
Rincon Sapiência – Galanga Livre
Um disco forte e consciente. Um disco que fala com naturalidade sobre a realidade do negro na sociedade brasileira. É dessa forma que Rincon Sapiência entrega o seu disco de estreia, Galanga Livre. O nome do disco vem da lenda em torno de Chico-Rei, um rei do Congo que veio para o Brasil como escravo para trabalhar na extração de Ouro em Vila Rica, atual Ouro Preto. Sapiência traça um paralelo entre a história de Galanga e a atualidade dos negros brasileiros, sem perder o suingue que faz dele um dos grandes nomes do hip-hop nacional em 2017. [JP]
Royal Blood – How Did We Get So Dark?
A eterna maldição do segundo álbum até tentou atacar novamente, mas aquela que é tida como uma das grandes bandas de rock da atualidade não se deixou abater. How Did We Get So Dark? é o resultado de um desafio interno para o Royal Blood. Ainda pesado, mas com uma maior variação de influências, o segundo álbum do duo é ainda mais completo que o anterior. É mais agudo, mais enérgico e mais sexy mas, ainda assim, é o Royal Blood que gostamos lá em 2015. E essa é a melhor resposta que a banda poderia nos dar. [JP]
Ryan Adams – Prisoner
Lá em fevereiro, logo quando o disco saiu, comentei no Twitter que as pessoas já poderiam guardar um espaço na lista dos melhores de 2017 para o Prisoner, o décimo sexto álbum de estúdio de Ryan Adams. O primeiro álbum de inéditas em três anos e sucessor da versão de 1989, disco de Taylor Swift, Prisoner é um registro melancólico e fruto da separação de Adams e sua ex-esposa, a cantora e atriz Mandy Moore. O tema é representado por excelentes composições e envolvido por um rock setentista que fazem de Prisoner mais um dos grandes trabalhos de Ryan. [JP]
Spoon – Hot Thoughts
Um disco gostoso de ouvir do início ao fim. Assim é Hot Thoughts, nono álbum de estúdio do Spoon. Com um frescor atual e sem perder a qualidade que fez da banda uma das mais respeitadas do Indie Rock, o disco é certeiro e competente, valendo o play imediato. Destaque para as faixas “Hot Thoughts” e “Can I Sit Next To You”. [JP]
SZA – Ctrl
Ctrl é o disco de estreia da norte-americana Solána Imani Rowe ou, simplesmente, SZA. O disco é calcado nas experiências pessoais da cantora, que se tornou rapidamente em um dos grandes nomes da TDE, selo de Kendrick Lamar. O rapper inclusive participa de uma das catorze faixas do disco, “Doves In The Wind”. No entanto, os grandes destaques do disco ficam para a voz de SZA, para as composições fortes e para as faixas “Prom”, “Normal Girl” e “Drew Barrymore”. [JP]
The New Pornographers – Whiteout Conditions
O sétimo álbum de estúdio dos canadenses do The New Pornographers foi lançado em abril e é o primeiro trabalho sem o baterista Kurt Dahle, que deixou a banda em 2014, e o vocalista e guitarrista Dan Bejar, que resolveu se ausentar, ainda que não de forma definitiva. Apesar disso, Whiteout Conditions não foge muito do que a banda apresentou anteriormente e músicas como “High Ticket Attractions” e “Juke” são o ponto alto do disco. [JP]
The XX – I See You
O trio londrino tem como marca um som mais tranquilo, mas o disco veio para quebrar esse paradigma. Logo na primeira faixa “Dangerous”, nota-se essa mudança. Com melodias mais abertas e ousadas, o álbum apresenta uma estrutura musical mais animada. As letras mantiveram sua essência emocional e reflexiva. Vale a pena conferir esse novo momento do The XX. [KD]
Textos por: Ed Junior, Emille Rocha, Graciela Paciência, John Pereira, Karine Dias, Matheus Gouthier, Rachel Brandão e Yuri Carvalho.