Ops, I did it again.
Acabei me enrolando esse mês e tive um sério problema para conseguir terminar a coluna de agosto há tempo. Tive que adiantar meus planos e enviar duas colunas de uma vez. Mas se servir de consolo, serão duas colunas tão reduzidas quanto o meu talento físico em ousar cativar/conquistar uma mulher. Será rápido e rasteiro. Quase indolor. Você vai começar a leitura e sem que perceba, ela já terá terminado. Existem pessoas que podem comprovar o que estou dizendo e isso não é motivo para me orgulhar. Infelizmente.
Já havia mencionado que estou ocupado com algumas coisas. É o meu projeto pessoal de transformar os meus últimos nove meses em uma história engraçada e que faça alguém querer perder o tempo lendo; é um presente surpresa para a responsável por causar tristeza, alegria, prazer e frustração e um monte de outras sensações (não necessariamente ruins ou boas); a faculdade sendo levada nas coxas; foi a cobertura especial do SWU para o RockinPress; continuando na troca de layout do Cinema de Buteco; e sem mencionar o esgotamento mental e físico em consequência do trabalho escravo. Aristóteles dizia que “o trabalho remunerado consome e degrada a mente”. Alguém pode discordar dessa infeliz verdade?
Fiz apenas três compras esse mês todo. Ainda estou sofrendo com o rombo mencionado na coluna anterior. Levei para casa o Freewheelin Bob Dylan pelo absurdo preço de R$40. Porém já havia pesquisado em vários locais e o preço da Saraiva era mesmo o melhor. Só perdia para a Amazon, mas não tenho cartão internacional. A segunda aquisição do mês de setembro foi uma coletânea do Jimi Hendrix. Eu sei que já critiquei coletâneas várias vezes, mas como resistir? Entre gastar R$40 pela edição especial CD + DVD do Electric Lady Land ou experimentar levar para casa um disco por menos que a metade do preço, adivinhem a minha opção? E por último, levei uma… ahnm… coletânea do Elvis Presley. Mas essa a gente releva. Elvis era o rei e bem, basicamente todos os discos são compilações.
Como explicar ou entender os motivos que me fizeram ignorar o trabalho de artistas como Led Zeppelin, Bob Dylan, Jimi Hendrix e tantos outros? Foram 25 anos de uma quase completa miopia auditiva que só foi “curada” no primeiro semestre desse ano. Quando escutamos os críticos detonando as bandas novas e bradando que o rock morreu, eles não estão completamente enganados. Tudo que ouvimos hoje é reflexo do passado. Mesmo as bandas mais criativas sugam a essência dos grupos clássicos do rock n’roll. Josh Homme que o diga, já que suas linhas melódicas lembram por demais o trabalho de Jimmy Page e Jimi Hendrix.
Sou do tipo que cresceu ouvindo as bandas dos anos 90. Descobri o rock com uma banda grande como o Aerosmith. Me apaixonei com a pose de Steven Tyler e os solos do “pai” do Slash, Joe Perry. Músicas como “Love in a Elevator” e “Dude Looks Like a Lady” tocavam exaustivamente no meu rádio no final dos anos 90. Meu disco Big Ones (…uma coletânea…) esta até arranhado de tanto que ouvia. Logo depois do Aerosmith passei para o Titãs, a Legião Urbana e finalmente conheci o Nirvana, que praticamente direcionou o meu gosto musical.
Não é que eu não gostava ou desconhecia a importância das bandas antigas, mas eu simplesmente não tinha ouvidos, não conseguia ouvir e apreciar os acordes e distorções de Jimi Hendrix. Soava como algo datado e superado. Hoje eu discordo desse pensamento. Com o tempo e a frustração com as bandas de indie rock que praticamente se repetiam umas as outras em todos os discos (exceção do Franz Ferdinand e Muse), passei a me interessar um pouco mais pelo passado e entrei numa verdadeira missão de “resgate” do meu tempo perdido. Os meus ouvidos estão mais pacientes com o som vintage dos anos 70, 80, enquanto a minha impaciência aumenta com as bandas novas. Tudo é igual demais. Cadê a criatividade de pelo menos tentar usar uma fórmula modificada? Esse assunto pode render demais e o melhor é parar por aqui. Depois volto com esse tema em uma nova discussão. O rock clássico não vive apenas de Led Zeppelin, Aerosmith, Bob Dylan e Jimi Hendrix. Mas esses nomes são excelentes maneiras de introduzir a melhor época da música na vida de uma pessoa. Pode até ser que você seja do tipo de pessoa que não consegue perceber a beleza das coisas velhas (ou que não consiga gostar de nada novo), mas é melhor repensar seus conceitos e mergulhar sem medo no baú de seus pais.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=1-wEBmLht5g[/youtube]Até o Bowie se rendeu ao Arcade Fire. O que você tá esperando para amar essa música? Essa banda? Essa vida?
Depois de esperar quase um mês, finalmente os meus discos do Arcade Fire chegaram. E logo de cara sou obrigado a abaixar a cabeça e dizer que NÃO, o The Suburbs NÃO é melhor que Funeral. Que disco impressionante! Ele é um exemplo moderno do que falei sobre como somos influenciados a partir de nossa maturidade musical e bagagem pessoal. Antigamente só gostava de ouvir “Rebellion” e “Wake Up” e hoje todas as faixas são obrigatórias. O terceiro trabalho da banda é realmente especial e conta com faixas sensacionais como “Ready to Start” e “Modern Man”, mas o conjunto todo deixa a desejar para a grandiosidade épica do primeiro album. Essa opininão pode mudar em breve, mas pelo menos por todos os dias que ouvi o disco durante esse mês de setembro, o Funeral é o melhor de todos.
O RinP me obrigou a ouvir muitos discos esse mês. Tirei a poeira dos quatro discos do Los Hermanos e acabei ouvindo o primeiro, que é o meu favorito. Todo mundo costuma falar do Bloco, do Ventura ou até mesmo do 4, mas é no primeiro que se encontra a essência poética do grupo de Marcelo Camelo. E escrevi sobre o quanto esse disco me empolga e me deixa saudades da época em que a banda ainda não havia “conhecido” o Mars Volta ou o Radiohead. Los Hermanos é uma banda excepcional com dois caras que sabem fazer arranjos geniais e letras inteligentes. Foram espertos ao escolher encerrar as atividades depois do belo 4. Espero que retornem um dia e que resgatem a alegria do primeiro disco com a festa dos dois albuns seguintes. Eles precisam ESQUECER o 4 para conseguir fazer algo diferente.
Resolvi homenagear o Morning View em uma dessas postagens especiais do RinP para o SWU. Eu devo ter mencionado/ouvido esse disco em todas as oito colunas que enviei (eu sei que não enviei a de abril, mas ele está lá também). Tive boa vontade de retomar os tempos de criança e ouvi o debut do Linkin Park em Hybrid Theory. Terminei a brincadeira com o som letárgico de Rated R do Queens of the Stone Age. Vale reforçar que todas essas bandas participam do SWU em outubro. O festival mais importante da década?
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=4a3gjWP9E4M[/youtube]Nenhuma banda é de todo ruim, eu tenho dito!
Agora que estamos na reta final de 2010 e consegui cumprir a minha meta de ter todos os discos do Led (a meta também era ter todos os livros lançados do Dostoievski pela editora 34, mas essa eu passei longe.), posso começar a pensar nos meus planos para 2011. O problema é que a indústria musical esta falida e com prazo de validade vencendo. Prova disso é o aumento dos preços de diversos produtos, não apenas na Saraiva, como em diversas outras lojas especializadas. O CD morreu e agora vai ser artigo de luxo para os colecionadores e apaixonados.
Se você for do tipo que valoriza o disco em mãos, sugiro que se apresse em comprar o que falta na sua coleção. Tenha muito cuidado com a época do natal e o aumento absurdo nos preços. O segundo disco do Coldplay (Rush of Blood to the Head) custava apenas R$19,90 e agora não sai por menos de R$34,90. Sem falar nos discos que simplesmente sumiram do catálogo. Comprem rápido, mas com muita atenção. Escutem o que digo: os discos serão extintos em breve.
Mas como isso não aconteceu ainda, ano que vem vou levar o Joshua Tree do U2 na edição especial e mais outros albuns; os discos do The Doors; o Electric Lady Land do Hendrix; finalizar os discos do Nirvana (absurdo só ter o In Utero e o Acústico); e todos os discos do Radiohead. Posso incluir o Grace do Jeff Buckley (obrigatório) e o meu amado Morning View do Incubus, mas esses eu sei que, além de raros, se forem encontrados em alguma prateleira não deixarei de levar para casa no mesmo instante. Agora vocês já sabem o que me dar de dia das crianças, natal e aniversário, né?
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=YUCNsZXCd58[/youtube]Crosstown Traffic seria uma das riffs mais gostosas do rock?
Descobri que melhor que ouvir o Morning View inteiro é ouvir uma pequena seleção (para fugir daquele outro termo que eu abomino) de canções para começar bem o dia. O meu GoGear (ainda não batizei o bichinho. Alguém tem alguma sugestão?) ainda não possui uma pasta exclusiva para essa finalidade, mas terá em breve. Confira a minha tracklist atual:
1 – Wake Up @Arcade Fire
2 – Rebellion (Lies) @Arcade Fire
3 – Where is My Mind? @Pixies
4 – Nice to Know You @Incubus
5 – Hold me, Thrill me, Kiss Me, Kill me @U2
6 – Roadhouse Blues @The Doors
7 – Ready to Start @Arcade Fire
8 – No One Knows @Queens of the Stone Age
9 – All Along the Nightwatcher @Jimi Hendrix
10 – Crostown Traffic @Jimi Hendrix
11 – California Waiting @Kings of Leon
Sei que não é uma lista sensacional, mas pelo menos funciona comigo. E funciona muito bem. Agora é praticamente obrigatório sair de casa ouvindo e cantarolando “Wake Up” do Arcade Fire. Parece que o Morning View conseguiu um forte concorrente na minha preferência matutina. Recomendo para todos os meus três leitores identificados e também para os leitores desconhecidos. Espero que um dia se pronunciem e que eu possa manter o meu emprego nas páginas laranjas.
Para encerrar, termino a coluna com uma notícia que todo mundo já deve estar cansado de saber. Além do Paul McCartney, o U2 está praticamente confirmado para dois shows no Morumbi em São Paulo nos dias 7 e 8 de abril. O anúncio, que por si só já é gigante, fica maior com a suposta presença do Muse como banda de abertura. O Arcade Fire, Interpol e Snow Patrol também tem chances de serem anunciadas a qualquer momento, mas tudo aponta para o trio britânico que entoou o hino “Where Streets Have no Name” no mega festival Glastonbury em junho.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Mc9wlYsSC-E[/youtube]O U2 vem para o Brasil e “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me” é parte do repertório da turnê 360
Obrigado pelo seu tempo e em breve retorno com mais uma viagem sonora sobre o conhecido e o que não é mais que uma breve novidade. E de preferência, que eu consiga publicar em tempo e evitar problemas com a chefia. Né, John?
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Ps.: Se a sua sugestão de nome para o meu player de mp3 for algo parecido com gogoboy, peço encarecidamente que vá ouvir Beatles ao lado de seu pretendente.
Ps².: Gostei dessa coisa de criar uma mixtape. É a moda dos últimos tempos nos blogs e eu não tinha aderido até então. Vai ser uma boa ferramenta para essa coluna no futuro.
Ps³.: Sem mensagens subliminares dessa vez. Juro.
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Discos Comprados:
– Freewheelin Bob Dylan @Bob Dylan
– Experience Hendrix @Jimi Hendrix
– Elvis The King @Elvis Presley
Discos Ouvidos:
– Funeral @ Arcade Fire
– Neon Bible @ Arcade Fire
– The Suburbs @ Arcade Fire
– Dylan @ Bob Dylan
– Highway 67 Revisited @ Bob Dylan
– Black Holes and Revelations @ Muse
– Morning View @ Incubus
– Crow Left the Murder @ Incubus
– Rated R @ Queens of the Stone Age
– Hybrid Theory @ Linkin Park
– Musica de Brinquedo @ Pato Fu
– MTV ao Vivo @ Jota Quest
– Los Hermanos @ Los Hermanos
– Grace @ Jeff Buckley
– Coda @ Led Zeppelin
– Unplugged New York @ Nirvana (DVD)
– Live at Woodstock @ Jimi Hendrix (DVD)