Belo Horizonte recebeu o The Pretty Reckless na mesma noite em que Jake Bugg tocava no Music Hall. É raro acontecer isso na capital mineira. Não sei se ele animou tanto o seu público, mas Taylor Momsen e cia incendiaram a Serraria Souza Pinto numa apresentação completa e cheia de sucessos.
Confesso que só fui conhecer The Pretty Reckless depois que o meu chefe Jonesy mandou uma intimação no meu e-mail. Fiquei feliz que não era nenhum trato obscuro, tipo ir cobrir mais um show do Capital Inicial. Ou do Teatro Mágico. Geralmente, deixaria pra ouvir apenas no dia da apresentação, mas recebi tantas indicações que fiquei curioso – e gostei pra caralho do som.
Enquanto caminhava pela Serraria, entendi porque nunca havia ouvido o som antes. A maioria do público é formada por gente entre 15 a 22 anos de idade. Conversei com muitos, que contavam alegremente que aquela era a primeira experiência num show de rock. É sempre bom ver a molecada se interessando por shows de quem faz música de verdade, mas pena que a Serraria estava tão vazia.
Pouco antes das 22h, começou uma pequena correria. Membros da produção disseram que algum representante da banda apareceu e rompeu as barras de segurança que separavam a pista comum do setor premium. Muita gente conseguiu correr pra ficar mais perto do palco e ninguém se machucou, mas foi uma atitude irresponsável.
Talvez pela frustração da casa vazia ou por precipitação bonita, jovem e rebelde, o The Pretty Reckless iniciou sua apresentação cerca de 15 minutos antes do previsto. “Follow Me Down” abriu o setlist e pela reação do público cantando e sorrindo, deu pra sentir bem o quanto a noite seria especial para esses fãs.
A acústica da Serraria não privilegiou muito o som dos instrumentos, especialmente do baixo (Mark Damon tem a proposta de ser mais sentido que ouvido, mesmo usando duas caixas; mas não me pareceu um instrumentista muito inspirado) e bateria (Jamie Perkins segurou bem o show chamando a responsa, mas fez um solo extremamente cansativo na etapa final da apresentação). Já o guitarrista Ben Phillips foi o que mais se destacou, com seus solos inspirados e pouca firula.
Porém, não tem como ser diferente, a grande estrela da banda e motivo da maioria das pessoas ter dado uma pausa na Netflix é Taylor Momsen. A moça deve ter aprendido muito com Shirley Manson, Alanis Morissette, Skin, Kim Gordon e outras mulheres que fizeram história na música. Super carismática e elogiando o público em vários momentos, Momsen fazia questão de apresentar as faixas do setlist para deixar os fãs alucinados.
Os melhores momentos ficaram com a pegada provocante de “Prisoner” e a porrada “Oh My God”, que teria rendido uma excelente oportunidade de mosh se a casa estivesse cheia. As partes de calmaria também funcionaram bem, como “Who You Selling For” e “Zombie”, mas o lance que o The Pretty Reckless faz bem é tremer o chão com as canções mais agitadas.
Foi uma excelente apresentação que atendeu bem os desejos dos fãs e ainda garantiu uma bela noite de sábado para os roqueiros tiozões, como esse que vos fala. O The Pretty Reckless possui bastante potencial para ser explorado e ainda pode evoluir muito para chegar aos seus dez anos de atividade como uma verdadeira referência para garotas e garotos que querem começar a realizar seus sonhos de terem uma banda.
E essa foi a minha primeira matéria in loco para o Audiograma em 2017. Estava com saudades. Prometo reaparecer para no mínimo outros 11 reviews de shows com esses comentários esquisitos de quem ama muito essa história de sair de casa e ser headbanger.
Fotos: Polly Rodrigues.
Veja mais fotos do show em nossa galeria.