O último ano tem sido especial para o Supercombo. Passaram pela edição 2015 do programa Superstar, da TV Globo, se apresentaram na edição 2016 do Lollapalooza Brasil, tocaram no festival João Rock e, ainda que a agenda de shows estivesse cheia, encontraram tempo para gravar e lançar o seu quarto álbum de estúdio, Rogério, do qual eu falei aqui no Audiograma.
Com tudo acontecendo e com uma recepção incrível dos fãs e novos ouvintes, nada melhor do que bater um papo com a banda, que já é velha conhecida do nosso Interrogatório. Dessa vez, a conversa é com a baixista Carol Navarro, que falou sobre o novo álbum, o cenário do rock nacional, a sua caminhada na música e o que anda ouvindo de bom.
# Vocês tiveram uma turnê bem legal promovendo o Amianto, daí veio o Superstar e a exposição da banda foi ainda maior. Podemos dizer que esse é o melhor momento do Supercombo?
Carol: Acredito que todo dia é o melhor momento pra Supercombo. Todo dia estamos trabalhando, evoluindo e aprendendo com o que da ou não dá certo.
# Acho que agora você pode nos contar: Por que “Rogério” como nome do novo álbum?
C: O nome “Rogério” veio numa brincadeira de dar um nome próprio para o disco. Posteriormente, essa brincadeira ficou e casou muito bem com a ideia geral. Rogerio poderia ser qualquer outro nome. Queremos mostrar que ele é nosso álter ego, nosso lado ruim. Ninguém é perfeito, ninguém segue e faz o bem o tempo todo, ou seja, é para ser uma reflexão.
# Em “Rogério” fica evidente essa facilidade do Supercombo em transitar por vários gêneros sem perder a sua identidade. Você acredita que essa é a principal virtude de da banda?
C: Sem dúvidas. A sensação de se reinventar em nós mesmos é uma busca muito interna. E é muito comum se repetir. Tentamos achar um meio em que não perdêssemos nossa identidade, nosso humor irônico, ainda ser Supercombo, mas com outro olhar.
# As letras da banda retratam uma realidade bem natural e muita gente se identifica com elas. Eu, por exemplo, peguei as letras de “Bonsai” e “Jovem” pra mim após a primeira audição de Rogério. Alguma das letras do novo álbum foi baseada em algo real?
C: Acho que tudo o que a Supercombo faz se baseia em nós mesmos. Também temos muita influência de filmes, séries e games. Retratar nosso cotidiano, nossos medos e anseios, enxergar a vida como um roteiro ficcional e introspectivo.
# Das doze músicas de Rogério, sete contam com convidados. Como foi todo esse processo? Dá pra destacar aqueles que foram mais especiais para você?
C: Todos são especiais de alguma forma. E o mais legal é que são todos amigos que estão com a gente não só nas gigs como na vida, em casa, saímos juntos… Vivemos juntos. O único convidado que não conhecíamos foi o Sergio Britto, do Titãs; e ficamos muito honrados que ele aceitou participar.
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# Como você enxerga o cenário atual do rock nacional?
C: Vejo como um grande grupo de amigos, de pessoas que estão vivendo no meio do caos político e cultural que estamos hoje. A cena não se baseia mais só em tocar rock ou não. A vivência de cada um artisticamente está mais aflorada. Estamos nos conectando mais. A cena está mais pelo comportamento, jeito de se vestir, jeito de se portar e em como todos unidos mandam uma mensagem muito mais sincera. Estamos mais trabalhando por nós mesmo e correndo atrás do que acreditamos. Estou muito feliz por estar vivendo todo esse momento.
# Hoje, podemos dizer que vocês, a Scalene e o Far From Alaska são os mais lembrados quando o assunto é o “novo rock nacional”. Isso gera algum tipo de pressão?
C: Pressão alguma. A gente nem enxerga isso. Tem tanta banda boa na cena e a gente nunca cresce, evolui ou se melhora sozinhos. Toda troca de vivência, informação, conversas e gigs, isso é o todo. Somos o todo.
# Falando um pouco sobre você, ao ouvir Rogério atentamente, é possível perceber um baixo mais marcante e o mesmo vale para os seus vocais. Podemos dizer que passou o período de “encaixe” e você está bem mais a vontade na banda?
C: Leonardo é meu professor atualmente, mesmo ele não sendo baixista de fato, o garoto toca tudo maravilhosamente bem. Ele sempre foi muito severo comigo, me estimulando pra progredir e me profissionalizar. Nas linhas do Rogério, a gente brigou algumas vezes, pois Leo criou linhas especificas que eu tive que me adaptar e exercitar muito pra chegar aonde seria o teto ideal para ambos. Sempre utilizei do pizzicato, e nesse disco toquei algumas linhas com palheta e também com um set de pedais pra tirarmos o som “enfuzzeado” que você ouve nas músicas. Estou muito feliz com o resultado. Ainda mais por ter gravado com meu novo endorser “Italia’s guitar”. Uma marca internacional de que agora faço parte.
# O número de mulheres sendo destaque na música nacional vem crescendo de forma interessante e não só no Rock, como em outros gêneros nos últimos anos. Como é para você ser um nome forte nesse assunto e, principalmente, inspiração para outras meninas que estão começando?
C: Eu me sinto honrada por servir de inspiração pra tanta gente. Eu vivo aprendendo constantemente. Não sou dona da verdade sobre a vida e dificuldades sobre a vida de ninguém. Só tenho a dizer por mim, que desde que comecei a me inserir na música, sempre foi uma luta diária me mostrar profissional e levar crédito por isso. Muitas vezes me cego de inúmeras barreiras e foco nos meus objetivos principais. Pela minha experiência, é isso que tenho a dizer, quando mais a gente se esforça e segue a vida sem se prender no que é dificultoso, negativo ou pessimista, mais você vai encontrar mais pessoas que compartilham do seu momento e as conquistas vem.
# Além do Rogério, o que você anda ouvindo de bom e indicaria para a gente?
C: Ultimamente estou ouvindo muito Hiatus Kayote, The Hics, Royal Blood e The Kills.
# Dá pra dizer agora aqais são os próximos passos do Supercombo?
C: Continuar a trabalhar o “Rogério”. Antes de se lançar um novo álbum, nos unimos muito pra trabalhar em todo o processo criativo, e quando ele é lançado, esse trabalho só aumenta e partimos pros ensaios, novas estruturas de palco, além de planejarmos novos clipes para os singles lançados.
# Para fechar: Quando vocês virão em Belo Horizonte para sentar num bar com o pessoal do Audiograma?
Carol: Estamos prospectando shows em BH. Sempre é muito bom tocar por ai. Comer pão de queijo, cachaça e um palheirinho [risos].
Ouça os discos, veja a agenda de shows e os canais nas redes oficiais do Supercombo lá no seu site oficial. E não se esqueça de ler a nossa resenha do Rogério.