Dia de sábado é dia de rock. Pelo menos foi isso que o Pellegrino Festival prometeu e cumpriu na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte, nesse último dia 2 de julho. Os mineiros do El Toro Fuerte e Riviera convidaram os paulistas do Alaska e O Grande Babaca para fazer parte do lineup da primeira edição do festival.
A Casa do Jornalista está na Av. Alvares Cabral, bem na frente do Conexão Aeroporto e é uma casa bem interessante. Ainda que o visual lembre um pouco aqueles salões de festas de quinze anos, a combinação de localização e acústica oferece uma opção a mais para eventos musicais alternativos na cidade. Sem falar na grata surpresa de saber que ela é administrada pelo mesmo pessoal que cuida do Matriz, uma das casas mais lendárias de Belo Horizonte.
Com mais de uma hora e meia de atraso, a El Toro Fuerte iniciou os trabalhos com o seu “rock triste” capaz de deixar o público feliz. A maioria das pessoas presentes estava lá para acompanhar o shows dos garotos (a cara de novinhos em nada atrapalha a profundidade das composições, todas com belos arranjos e letras reflexivas) e a empolgação foi tanta que o palco foi invadido em duas oportunidades. A El Toro Fuerte tem uma coisa legal que é a troca dos instrumentistas: João Carvalho é o vocalista e guitarrista principal, mas troca de função com Diego Soares, baixista, quando este faz as vezes de frontman.
Logo na sequência, O Grande Babaca entrou em cena. Infelizmente boa parte dos fãs da El Toro Fuerte estavam lá apenas para ver a banda dos amigos e caiu fora depois. Azar o deles, que perderam essa curiosa atração com um vocalista com uma dicção ímpar que nos faz sentir que suas músicas são poesias de desabafo. Um negócio curioso é que O Grande Babaca usa a base da formação do Alaska: Nicolas Csiky e Wallace Schmidt invertem o baixo e bateria, respectivamente.
O Alaska recompensou todos aqueles que tiveram um pouco de respeito e união com o esforço das bandas em tocarem juntas com uma apresentação incrível. Divulgando o disco Onda, de 2015, os paulistas botaram pra foder. Destaque para o trabalho do vocalista André Ribeiro e os arranjos vocais mais agudos, como na bela “Alto Mar”. Aliás, o cuidado com os arranjos é um ponto especial dessa apresentação do Alaska. O baixo de Schmidt é cheio de linhas criativas e aparece mais do que na gravação do disco. Ouvir um Fender Precision ao vivo é sempre um prazer para os ouvidos.
Por fim, a Riviera ficou com a missão ingrata de encerrar o evento quando já era bem mais que 2h da matina. Depois dos arranjos mais delicados da El Toro Fuerte, a poesia do Grande Babaca e a intensidade do Alaska, o Pellegrino Festival mostrou sua versatilidade para agradar aos mais variados gostos com o peso dos mineiros, que estão divulgando o EP Somos Estações.
Desde que Breno Machado entrou na banda para assumir a terceira guitarra, a Riviera cresceu ainda mais. As músicas mais recentes, que ficaram de fora do EP, mostram essa evolução. A faixa “Do Céu ao Mar” é um claro exemplo do quanto a banda ficou mais pesada. Os minutos iniciais parecem um verdadeiro terremoto em que você sente o chão tremer (e os vizinhos da Casa do Jornalista devem ter acordado assustados temendo uma explosão nas redondezas). No entanto, o peso não afeta as melodias bem trabalhadas e o bom gosto dos arranjos, que nunca prejudicam a voz do vocalista Vinícius Coimbra. A combinação Riviera e Alaska agradou bastante com duas apresentações inspiradas de quem sabe fazer boas músicas e mostrá-las para o público, e de bônus ainda tivemos outros dois shows de qualidade no mesmo evento.
A Riviera, aliás, é uma das atrações da primeira edição da nossa festa AUDIOsessions, em 14 de julho, na Obra, em BH. Antes disso, a banda se apresenta no Teatro Bradesco para o show de lançamento do EP Somos Estações. O valor arrecadado será inteiramente doado para o programa Voluntariado do Minas Tênis Clube. Maiores informações aqui.