Sabe aquele mês em que tudo acontece e você se apoia na música? Esse foi o meu mês de setembro… na verdade, assim tem sido desde a última vez em que resolvi escrever na coluna (Re)Descobrindo Sons. No entanto, como eu devo falar apenas de setembro, vamos manter o foco, né?
Como já foi dito por aqui em outras ocasiões, eu sou um consumidor louco de serviços de streaming. Com as plataformas premium de Deezer e Spotify, tenho a nítida sensação – ou ilusão, entenda como quiser – de que estou consumindo o melhor dos dois mundos e, por isso, perdi a prática de baixar músicas. Normalmente, fico esperando as coisas aparecerem nas plataformas de streaming para ouvir. Assim foi, por exemplo, com os novos álbuns do Disclosure, CHVRCHES, New Order, Keith Richards, Chris Cornell e do Stereophonics, para citar alguns. Dentre eles, o do CHVRCHES, Every Open Eye, foi aquele que causou o maior impacto positivo, seguido do Music Complete, novidade do New Order. Inclusive, vale o registro: Como é estranho dizer que saiu um novo álbum do New Order, não?
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Nesse mês saiu também, de forma oficial, os novos álbuns do Beirut e do The Libertines, além de discos do Iron Maiden, The Dead Weather (foto), Silversun Pickups e da Lana Del Rey. De todos, só o da jovem moça não foi ouvido por mim e o motivo é simples: Digamos que a minha atual situação mental não permitiu dar play em músicas da Lana, sabe? No futuro, quem sabe. Dos demais citados, o disco do Beirut me surpreendeu. Com No No No, fiquei com a sensação de que a banda reencontrou o caminho e tudo isso deu origem a boas músicas, como é o caso da bela “Gibraltar”. Quando o assunto é o The Libertines, pisamos em um campo de amor eterno e acabo sendo suspeito para falar. No entanto, é preciso dizer que Anthems For Doomed Youth é bom, mas parece que ficou faltando algo, se é que você me entende.
O Iron Maiden soltou o novo The Book Of Souls e também entregou um bom disco de se ouvir. A faixa que dá nome ao CD é bem boa e compensa os seus 10 minutos de duração. Na mesma situação estão as outras longas faixas do disco, “The Red And The Black” e “Empire Of The Clouds”, que possuem 13 e 18 minutos, respectivamente. O disco é bom, mas não justifica esse “oba oba” todo que foi criado. É bom, mas não é para tanto, convenhamos.
O centésimo projeto capitaneado por Jack White, The Dead Weather, também tá de disco novo. De todos os trabalhos da mente megalomaníaca de Jack, o TDW era aquele com o qual eu tinha a menor afinidade. Nunca morri de amores pelos discos anteriores, apesar de achá-los bons. Isso mudou com Dodge and Burn e já digo de cara: Esse é o melhor disco da banda e é impossível não amar os vocais da Alison Mosshart, por exemplo. Da mesma forma que é impossível não se apaixonar por “Impossible Winner” ou curtir de forma bem empolgada a faixa “I Feel Love”. Agora, quando o assunto é o Better Nature, do Silversun Pickups, prefiro dizer apenas que é um disco irregular e que está bem abaixo do maravilhoso Swoon. No entanto, “Circadian Rhythm (Last Dance)” é uma música muito boa e todo mundo deveria ouvir.
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Setembro pode ser descrito como o mês em que tudo aquilo o que sinto em relação a minha vida pessoal acabou servindo de inspiração para as escolhas musicais que foram feitas. Além de coisas consideradas clichês como Damien Rice ou City And Colour, que se tornaram muito presentes na minha vida em 2015, essa fase acaba sendo pincelada por outras coisas características, a começar pelo Parachutes, esse lindo disco do Coldplay. Sim, talvez eu esteja sofrendo por amor. Sim, talvez eu esteja apaixonado por alguém que não me quer. Sim, talvez o debut da banda do Chris Martin seja capaz de preencher esse vazio existente, principalmente quando é dado play em músicas como “Sparks” ou “Spies”. O que dizer também de “High Speed” ou “We Never Change”, né? Esse CD é tão bom quanto pintar com Luksc… tá, nada de jabá.
Outra banda que andou batendo forte já no fim do mês foi o Keane. Como andei dizendo lá pelo Facebook, eu realmente tinha me esquecido de como poderia ser doloroso ouvir os dois primeiros álbuns da banda, Hopes And Fears e Under The Iron Sea. Dependendo de como está a sua vida, você se vê descrito quase que perfeitamente pelos versos cantados com uma certa melancolia por Tom Chaplin. “Is It Any Wonder?” e “Bedshaped” são só algumas delas. “We Might As Well Be Strangers”, “She Has No Time” ou “A Bad Dream” também.
No entanto, é normal você tentar fugir dessa vibe e buscar por algum “ponto fora da curva”, certo? Um exemplo que se encaixa nisso é “Mandume”, do Emicida, que continua grudada na cabeça e que não enjoa. Isso só ressalta o quanto o novo álbum do rapper, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, entra na briga como um dos melhores álbuns nacionais do ano. Além dela, “The Heat Is On”, do Gleen Frey, tem feito a minha alegria nos caminhos entre casa e trabalho. Para quem não conhece, a música é uma daquelas velhas que amamos. Aliás, para quem não teve a oportunidade, a trilha sonora do clássico Um Tira da Pesada é obrigatória para quem gosta de músicas dos anos 80. Outras músicas que ficaram (ou apareceram) na cabeça neste mês foram “Conquest” (The White Stripes), “Tuyo” (Rodrigo Amarante) – por causa da melhor série de todos os tempos da última semana, Narcos – e “Ali” (Skank), que acabou servindo como uma das várias inspirações para dizer o que eu sinto por aí, fazendo o ciclo voltar ao seu ponto de partida.
[youtube]https://youtu.be/1-mU-YSk32I[/youtube]
Setembro também foi o mês do “recordar é viver” com alguns discos que, vira e mexe, fazem parte da minha playlist. Quem me conhece, sabe que eu tenho um amor quase que incurável pelo A Funk Odyssey, disco do Jamiroquai. É um daqueles discos que servem para qualquer ocasião e, em setembro, músicas como “Love Foolosophy”, “Black Crow” e “Picture Of My Life” ajudaram a embalar vários momentos de reflexão e perguntas sobre tudo o que acontece ao meu redor.
Outro disco que é quase obrigatório na minha vida é o In Between Dreams, aquele onde o Jack Johnson fala sobre panquecas de banana e pergunta se você ainda se lembra de situações da vida. Nada muda a minha opinião de que esse disco é, foi e sempre será o melhor trabalho de Jack, continue ele lançando discos por mais cinquenta anos ou simplesmente pare de trabalhar. Isso me lembra de um tempo antigo na minha vida lá pelos anos de 2005/2006 em que eu ouvia esse disco diariamente e o meu objetivo na vida era gravar o meu próprio In Between Dreams. Claro que isso nunca saiu da minha cabeça. Graças a Deus, diria alguém.
Em 2005/2006 eu também estava viciado no El Kilo, disco do Orishas. Assim como o disco do Jack Johnson, nada feito depois pelo Orishas se igualou ao disco que entregou “Distinto”, “Que Se Bote” ou “Elegante” aos meus ouvidos. Ver a banda ao vivo alguns anos depois foi uma das realizações da minha vida e, até hoje, lembro com saudade daquele tempo e daquele show. Da mesma forma que lembro o quanto fui um idiota de não ter me esforçado para ver o The Police em sua última passagem pelo Brasil. A cada vez que escutei o Certifiable, registro do trio gravado ali em Buenos Aires, bateu um remorso gigante por não ter gastado o meu dinheiro para ir ao Rio ver a banda no Maracanã. Sempre que o Sting entoa os versos de “Message In A Bottle”, “Don’t Stand So Close To Me”, “Every Little Thing She Does Is Magic”, “Roxanne” ou “So Lonely”, bate aquela vontade de rezar por (mais uma) reunião do trio e uma nova turnê. Sonhar não custa nada, diria alguém.
Os embalos de setembro também reservaram espaço para o Placebo e o seu Battle for the Sun. Não sei dizer o motivo, mas a relação que eu tenho com esse disco é a mesma que tenho com o St. Anger, do Metallica. Nem de longe é o melhor deles, mas é o que eu mais pego para ouvir em situações aleatórias. Na certa, tenho algum fetiche oculto por “Kitty Litter”, “Ashtray Heart” ou a faixa que dá nome ao disco. Que o Brian Molko não me leia, diria alguém.
O engraçado é que, parando para pensar: Eu não tenho nenhum desses álbuns recorrentes em formato físico. Eis uma oportunidade, diria alguém.
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Setembro foi mês de Rock In Rio. Logo, (quase) tudo o que ia ver nos dias 19 e 24 acabou passando pelo meu radar. Royal Blood, Metallica, Korn, System Of A Down, Deftones, Hollywood Vampires e Queens Of The Stone Age ocuparam algum espaço no meu dia a dia. Pouco, é verdade, mas fizeram parte. De todos, o debut do Royal Blood foi o mais ouvido, seguido pelo Diamond Eyes, disco responsável pelo meu amor por Deftones. O debut do Hollywood Vampires (lançado em setembro) e os cinco discos do Queens Of The Stone Age também fizeram parte da trilha sonora com mais intensidade. No caso da banda de Josh Homme, o Like Clockwork foi quase que obrigatório nos dias que antecederam o show. Ver tudo isso ao vivo foi uma experiência acima da média. Se alguns shows me decepcionaram, outros foram além do que imaginava. Como foi bom ver o Royal Blood ser tão competente ao vivo como é em estúdio. Como foi maravilhoso ficar surdo com a potência entregue pelo Queens Of The Stone Age. Como foi bom lavar a alma (ainda que não tenha sido com chuva) ao ver o Deftones pela primeira vez.
Falando em Josh Homme, um dos projetos do cara soltou álbum novo. Com o nome de Zipper Down, o novo álbum do Eagles Of A Death Metal é tão bom que você não consegue parar de ouvir. É tão bom que você fica feliz já na primeira música, “Complexity”. E ainda tem uma versão de “Save A Prayer”, do Duran Duran. O disco tá disponível aqui e você já pode ser feliz com o Jesse Hughes e o Josh Homme como eu tenho sido. Outro disco que andei ouvindo neste mês e que me apaixonei foi com o 1989 e não, eu não falo do disco da Taylor Swift. Quer dizer, falo, mas de uma releitura maravilhosa feita pelo incrível Ryan Adams. Que disco. Que obra. Nem parece Taylor (e me desculpa se você é fã). Parece picuinha, mas não é. Eu respeito a Taylor profissionalmente, afinal ela não está aonde está por acaso. Existe todo um projeto, todo um trabalho em torno do que ela faz que a torna grande. É apenas uma questão de gosto pessoal e, baseado apenas nisso, o 1989 versão Ryan Adams acabou batendo muito mais forte do que o original. Coisas que acontecem.
Talvez esse post esteja grande demais, mas preciso falar também de um disco que dei play por acaso na Deezer e foi amor ao primeiro acorde. O nome dele é Street Dogs. O nome da banda é Widespread Panic. O grupo existe desde 1986 e esse é o décimo segundo disco dos americanos. Por qual motivo eu só descobri agora eu não sei dizer, mas fica aqui o agradecimento ao mouse louco que fez a página de lançamentos da Deezer descer e eu acabar clicando em um disco diferente do que queria. Ouvir “Sell Sell”, “Angels Don’t Sing The Blues” e “Welcome To My World” foi uma boa forma de fechar o mês
Para fechar esse (longo) testemunho religioso sobre um mês musical, ainda preciso deixar aqui uma música que ouvi por acaso e, talvez, também se encaixe lá nos trechos onde falei de Coldplay ou Keane. Direto de Portugal, ouça Tiago Bettencourt cantando “Maria” antes de fechar a janela e ir fazer o que precisa. Quando novembro acabar, eu volto.
Discos ouvidos:
# Disclosure – Caracal
# CHVRCHES – Every Open Eye
# New Order – Music Complete
# Keith Richards – Crosseyed Heart
# Chris Cornell – Higher Truth
# Stereophonics – Keep The Village Alive
# Beirut – No No No
# The Libertines – Anthems For Doomed Youth
# Iron Maiden – The Book Of Souls
# The Dead Weather – Dodge and Burn
# Silversun Pickups – Better Nature
# Damien Rice – O
# Coldplay – Parachutes
# Keane – Hopes And Fears
# Keane – Under The Iron Sea
# Beverly Hills Cop (Official Soundtrack)
# Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
# Jamiroquai – A Funk Odyssey
# Jack Johnson – In Between Dreams
# Orishas – El Kilo
# The Police – Certifiable (Live in Buenos Aires)
# Placebo – Battle for the Sun
# Royal Blood – Royal Blood
# Metallica – Kill ‘Em All
# Metallica – Master Of Puppets
# Metallica – And Justice For All
# Metallica – Metallica (Black Album)
# Metallica – St.Anger
# Metallica – Death Magnetic
# Korn – The Essential Korn
# System Of A Down – Toxicity
# Deftones – Diamond Eyes
# Deftones – White Pony
# Deftones – Deftones
# Hollywood Vampires – Hollywood Vampires
# Queens Of The Stone Age – Like Clockwork
# Queens Of The Stone Age – Rated R
# Queens Of The Stone Age – Era Vulgaris
# Queens Of The Stone Age – Songs For The Deaf
# Queens Of The Stone Age – Lullabies To Paralyze
# Eagles Of A Death Metal – Zipper Down
# Ryan Adams – 1989
# Widespread Panic – Street Dogs
# Tiago Bettencourt – Do Princípio