O palco do Clube Atlético Aramaçan ficou pequeno diante de um grande carbonato de emoções, graças à Lenine, que veio até a cidade andreense e apresentou, brilhantemente, seu oitavo álbum de estúdio.
Lançado em abril desse ano e gravado em apenas dois meses, Carbono nasceu da necessidade de Lenine ter um novo repertório para sua turnê e mescla velhas e novas parcerias de composição. O nome do álbum, foi escolhido devido ao alótropos do carbono, isto é, substâncias simples e totalmente diferentes originárias de um mesmo elemento.
O novo álbum de estúdio de Lenine, que além de ser cantor também é engenheiro químico, tem toda uma história e uma demagogia mística, e eu te explico: Carbono é um elemento químico não metal, descoberto desde a antiguidade, e de extrema importância para a vida animal e vegetal na Terra. As proteínas e outros compostos importantes para a manutenção da vida são formados por cadeias carbônicas. O carbono amorfo, o diamante e o grafite são alótropos do carbono, ou seja, são substancias simples e totalmente diferentes originarias de um mesmo elemento – o carbono em sua totalidade. Foi justamente por conta dessas características, que Lenine escolheu o nome Carbono para o álbum.
O show não começou no horário previsto, mas depois de umas a mais, o tempo não importava mais. Há princípio, eu, sinceramente, criei um pré-conceito sobre os fãs de Lenine, imaginava que ao chegar na casa, iria encontrar um público experiente, cansado, vivido, mas me surpreendi em encontrar pessoas da minha idade e até mais novas que eu, não que eu seja muito novo, nem muito velho, mas eu também já estava bêbado… me perdoem!
Vocês sabem que ficar em pé durante horas apoiado em uma grade totalmente desconfortável não é tarefa fácil, mas isso passou despercebido graças ao pessoal do Projeto Nagô que tocou desde Os Mutantes a Baby Consuelo, sem restrições. Sem restrições mesmo, rolou até Sidney Magal. Pasmem! E a rainha do rebolado, ela mesmo, Gretchen também não ficou de fora, claro!
Voltando ao Lenine, o cantor afirma que seu álbum soa como “A capacidade de se associar a infinitas coisas e gerar novas moléculas e, portanto, novas substâncias”. Isso, de alguma maneira, define o que o cantor pernambucano vem fazendo ao longo de sua carreira. Na turnê de Carbono, tudo soa bem, tudo se encaixa, tudo casa. Lenine nos apresenta um trabalho totalmente novo, mas ao mesmo tempo maduro, que foi gravado em diversas cidades como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, e até mesmo em Amsterdam.
Ganhador de cinco Grammy Latino, dois prêmios da APCA, e nove Prêmio da Música Brasileira, Lenine é o nosso David Bowie, nosso camaleão, nosso leão pernambucano. Ele sempre inventou e se reinventou em tudo que fez ou produziu.
Por seu legado, pela sua história na música brasileira, Lenine é sinônimo de patrimônio nacional.
Fotos de Coletivo Marte, por Gisele Gonçalves.