Em 2009, Gustavo Bertoni (guitarra e vocal), Tomas Bertoni (guitarra), Lucas Furtado (baixo) e Philipe ‘Makako’ (bateria e vocal) resolveram unir forças em prol de um sonho e, de lá pra cá, o destino tem sido bem generoso com o quarteto de Brasília.
Mas, ao contrário do que alguns podem pensar, tem muito suor e planejamento por trás de cada conquista obtida pela Scalene desde então.
Pensando nisso, bati um papo bem legal com 50% da banda, que se apresentou recentemente em BH. Aproveitando a passagem do Tomas e do Philipe pela BHFM, interroguei a dupla para entender um pouco do que está acontecendo com a Scalene, a repercussão do SuperStar, os planos para o futuro e o que tem feito a cabeça da banda pela estrada.
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# Vocês são de Brasília, cidade onde o Rock Nacional tem um de seus berços. Como foi o surgimento da banda?
T: A banda começou em 2009. Nós somos amigos de infância. O Gustavo (Bertoni, vocalista) é o mais novo da banda, três anos mais novo que todo mundo e, eu (Tomaz, guitarrista), Philipe e Lucas éramos da mesma sala na escola e fomos crescendo juntos. As famílias foram ficando amigas e até que começou a surgir o interesse por música. Em 2009 que a gente pensou em se reunir para tocar, com aquele começo clássico de banda, informal, só ensaiando. Até que a gente viu que podia dar em alguma coisa.
# Quais as principais influências de vocês?
T: As principais influências são Radiohead e Queens Of The Stone Age, que são as duas mais conhecidas. A gente curte bandas menos conhecidas como Thrice, da California, e OBrother. O gosto é bem variado. O Gustavo gosta muito de trilhas sonoras de filmes, o Philipe curte coisas mais clássicas, como Deep Purple e Led Zeppelin. Então, é bem variado e agrega bem no grupo.
# 2015 vem sendo um ano especial para vocês. Primeiro, passaram por dois grandes festivais como o South by Southwest (SXSW), nos Estados Unidos, e o Lollapalooza Brasil. Lançaram recentemente um novo álbum e vão atraindo ainda mais a atenção do público com a participação no SuperStar. Fazendo uma analogia com o primeiro álbum, caiu a ficha do quanto isso é real ou vocês ainda estão encarando tudo como algo surreal?
T: É engraçado porque, realmente, a gente vem fazendo um trabalho bem forte e dedicado a mais de três anos já e tá culminando tudo nesse ano. Era um pouco o plano do Scalene desde o começo, porque o Real/Surreal não é um disco simples, é um disco duplo, com nove faixas em cada parte. Foi o plano desde o início, onde a gente pensou numa construção de carreira. A gente nunca teve pressa ou quis pegar o caminho mais fácil de estourar de qualquer jeito. É legal ver que o plano tem dado certo e que a gente tá tendo uma exposição grande já com uma carreira consolidada e com bastante material para o público consumir ao conhecer a banda.
# Como surgiram os convites e como foi a experiência de tocarem nos dois festivais?
P: O South by Southwest a gente se inscreveu pelo site e eles acabaram escolhendo a gente e marcando datas para shows. A gente viu que valia a pena ir, por ser um dos maiores festivais do mundo.
T: Já o Lollapalooza, a gente recebeu o convite através de um dos nossos produtores, o Lampadinha, que entrou em contato com o festival, no começo do ano passado, mostrando o trabalho da banda. Não tinha dado nada até que, em setembro, eles convidaram. A gente não podia revelar pra ninguém e ficamos um tempo sabendo que ia tocar. Quando saiu o lineup, todo mundo ficou feliz e foi bem massa.
# Ouvi uma história de que vocês estavam no Lolla de 2014 e que vocês comentaram entre si que poderiam estar tocando no festival em 2015 ou 2016…
T: O Scalene faz tudo de forma planejada e pensada, sempre com metas realizáveis. A gente estava no Lolla em 2014 e falamos “o objetivo da banda é, até 2016, tocar no Lolla” e a gente conseguiu em 2015.
P: Vamos colocar o Rock In Rio na lista agora.
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# Como se deu o processo de produção do Éter? Qual a maior diferença sentida por vocês entre o processo de criação do novo álbum e o do primeiro, Real/Surreal?
T: Naturalmente, de um disco pro outro, você vai tentando melhorar as coisas que não deram tão certo. O Real/Surreal foi um processo bem tenso, porque tivemos vários problemas pessoais de integrantes e do produtor durante a gravação.
P: Foi realmente uma gravação caseira mesmo, de instalar e desinstalar programas, descobrir o que é errado, tudo sozinho.
T: E no Éter a gente já tinha mais estrutura, foi um processo até mais rápido, neste sentido. O processo de gravação, falando tecnicamente, foi o mesmo. Foi um processo de tentar tornar o Éter um disco mais conciso do que o Real/Surreal foi. Não porque a gente não goste da forma como o Real/Surreal seja, mas a gente sentiu a necessidade de mostrar mais claramente para todo mundo o que é o Scalene.
# Falando do SuperStar, como tem sido a experiência de participar de um programa de grande alcance nacional?
T: A gente tem ficado bem surpreso, porque o programa tem um certo preconceito para algumas pessoas e é relativo o quão benéfico ele pode ser para cada artista. Se você chega lá, é verdadeiro e mostra o seu trabalho com dedicação, acho que dá resultado. Tem sido ótimo para a gente, a galera é gente boa, trata a gente super bem. A gente foi realmente surpreendido porque grandes corporações ficam no imaginário das pessoas como uma coisa maléfica e você acaba sendo influenciado, apesar da gente saber que não é bem assim.
P: E o programa, a base dele é uma competição entre bandas que é o que a gente menos sente, que é o clima de competição de “ah, eu preciso ser melhor que aquela”. Claro que todo mundo quer o melhor resultado pelo trabalho que tá expondo, mas tá muito bom o clima no camarim, entre todas as bandas.
T: A gente brinca no camarim que é engraçado porque todo mundo sabe que, independente da fase em que a banda é eliminada, não quer dizer que uma é melhor que a outra. É totalmente relativo por causa de uma apresentação do dia, uma escolha de música. Mas a gente tá muito feliz com a experiência e tá sendo super gratificante.
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# No geral, a recepção do público que não conhecia a banda tem sido positiva. Vocês já pensam nos desdobramentos que a carreira de vocês terá após o programa?
P: Tudo depende também de qual o resultado do programa, né?
T: Acho que a gente já conseguiu se projetar muito bem. Tem muita gente conhecendo o nosso trabalho. A gente lançou um disco durante o programa, que já tava planejado de ser lançado em maio desde o ano passado. O programa apareceu, mas a gente continuou com o planejamento como estava. Dá pra pensar sim. A gente tá fazendo os planejamentos, mas a cada semana pode mudar, pode ser que a gente possa pensar mais alto ainda ou não. Como o Scalene já tem discos e clipes lançados, acho que é encarar também como se a gente tivesse ido em programas da Globo divulgar o nosso trabalho, como se a gente tivesse ido no “Altas Horas”, na Fátima (Bernardes), pensar dessa forma. E sempre pensando estrategicamente para chegar mais longe possível na competição, mas encarando de forma tranquila isso tudo.
# Pensando na trajetória da banda no programa, vocês já tinham uma programação das músicas que tocariam a cada semana? Ou isso foi sendo definido por vocês com o passar das semanas?
T: No começo do programa, não.
P: A gente foi no que a gente pensava na hora, improvisava a música.
T: A gente não sabia como ia ser a reação da galera com as nossas músicas mais pesadas e a gente não queria apresentar de cara as nossas músicas mais baladas, para a galera não achar que a Scalene era mais isso, sendo que a Scalene é uma banda mais pesada do que uma banda de balada, como a Malta. Foi na intuição mesmo, mas a gente até brinca que, se bobear, a gente deveria ter deixado “Surreal”, a primeira música, para uma final.
P: “Amanheceu” acabou ficando melhor do que a gente esperava.
# Para fechar, quais as músicas que tem feito a cabeça de vocês atualmente?
P: Rush – Subdivisions
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T: Woodkid – Run Boy Run
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T: R Sigma – Furacão
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P: Alt-J – Breezeblocks
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T: Them Crooked Vultures – Gunman
[youtube]https://youtu.be/8F9MaFyeQGo[/youtube]