O rock nacional está muito vivo e bem representado na Scalene.
A “revelação” do programa global Superstar está aí para provar isso. E quando digo “revelação” é porque a turma de Brasília iniciou seu caminho em 2009. Desde então, já ganharam a atenção dos blogs especializados em música por causa do ótimo Real/Surreal, de 2013.
Ano passado, por exemplo, ainda sem ter no currículo uma participação no Lollapalooza ou em um programa do maior canal de TV do país, o Scalene dividiu palco com a Riviera (MG) no palco do Matriz, uma tradicional casa de rock alternativo da capital mineira. Tocaram para um público seleto e apaixonado por suas canções. Hoje, menos de um ano depois, a banda já se garante como um dos nomes mais quentes do rock produzido no Brasil.
No seu retorno a Belo Horizonte, a Scalene desafiou o frio de uma das noites mais frias do ano e convidou os mineiros para curtirem o material do disco mais recente, Éter. O local escolhido foi a Circus, uma casa conhecida por dedicar a maior parte da sua programação para as várias bandas covers existentes na cidade. Inclusive, uma delas, a Cash, foi a grande convidada para encerrar a noite com performances medonhas de Arctic Monkeys, Muse, Foo Fighters e Queens of the Stone Age.
O ponto forte da Scalene, além da capacidade de fazer rock cantado em bom português, é dosar momentos de calmaria com riffs explosivas, daquelas que os headbangers de plantão correm o risco de fraturarem o pescoço. Cada detalhe faz a diferença, mas se destaca a pegada do baterista Philipe “Makako”, que também faz backing vocals em algumas faixas. A criatividade do trabalho das cordas perderia muito da sua força sem um baterista capaz de acrescentar agressividade nas músicas. Infelizmente, o som do baixo não apareceu para marcar presença e formar uma união perfeita com a bateria. O que foi uma pena.
Com direito ao público gritando por diversas músicas (“Toca ‘Gravidade’, porra!!!”), a Scalene mostrou presença e maturidade para conduzir o show num ritmo crescente. A base do setlist era do disco Éter, como nas faixas “Sublimação”, “Náufrago” e “Histeria”. Para os momentos finais da apresentação, “Danse Macabre” fez a alegria dos fãs mais antigos.
A Scalene se despediu prometendo não demorar a voltar, e BH agradeceria se o retorno fosse na semana que vem.
Fotos: Marcos Bellusci