Minha história sobre ser fã começa em 2006 com a Rihanna, mas isso já foi assunto pra outro texto. A questão é que naquela época, eu não tinha obrigação nenhuma de exercer meu papel de fã, tudo acontecia sem o meu esforço em particular. Seis anos depois, eu comecei a encarar uma missão diferente. Me apaixonei por um grupo que eu não tinha ideia se continuaria a existir depois do The X Factor, Fifth Harmony. E aí amigos, aí eu vi o poder que um grupo de fãs pode ter.
Passamos uma fase de EP com músicas quase descartadas da Demi Lovato, cantando sobre One Direction e Bieber, abrindo turnês alheias e mesmo assim, ganhando um prêmio aqui outro ali, olhando para o futuro com a certeza (ou nem tanta) de que dias melhores chegariam, até que hoje chegou.
As músicas do Reflection foram divulgadas no dia 27 de janeiro e desde então posso dizer que tive muito tempo para analisar o material (muito mesmo, já que o álbum não saiu do repeat). Primeiramente quero deixar claro que o fato de ser fã, não é uma garantia de “Ai meu Deus! Que álbum perfeito!!!”, principalmente por causa do meu gosto musical como um todo. Cresci ao som de Destiny’s Child e lembro muito bem da minha irmã mais velha cantando as músicas das TLC enquanto os videos apareciam na MTV e pegando fitas cassete com TODAS as músicas das Spice Girls. Lembro dela sentada no sofá enquanto ria e cantava os 5 solos e as harmonias no refrão. Quando fiquei mais velha, sabia cada letra do finado (e ainda não superado) grupo da Nicole Scherzinger, The Pussycat Dolls, e de tabelinha dançava ao som das Cherish quando não tinha ninguém em casa (inclusive estou escutando “Do It To It” nesse exato momento e meus pés ainda lembram a coreografia). Isso me faz cobrar ainda mais de Fifth Harmony.
Os rumores que acompanhavam o álbum desde sua pré-produção me deixavam infinitamente animada (principalmente quando falavam que a sonoridade do álbum iria para o lado R&B e citavam Destiny’s Child como inspiração) ou completamente desanimada (quando lançaram “Sledgehammer”. POP. POP. Muito POP mesmo). Mas é impossível agradar o gosto musical de todo mundo, e por isso elas acertaram em Reflection. Tem de tudo um pouco.
As já conhecidas “Bo$$”, “Sledgehammer”, “Them Girls Be Like”, e “Worth It” (com participação de Kid Ink), podem ser consideradas uma pequena apresentação do que o álbum é. Tem POP? Sim. Tem urban? Tem. Tem harmonia? Tem sim. Tem nomes de famosos jogados nas músicas desnecessariamente? Tem também. Mas não vou começar a implicar, porque uma das faixas de maior destaque usa justamente isso. “Like Mariah” começou a criar uma expectativa bem antes do lançamento com comentários de produtores e pessoas próximas as garotas e não houve decepção quando finalmente consegui escutar a música que cumpriu tudo que prometeu, com o sample de “Always Be My Baby” da Mariah Carey e o rapper Tyga que não quebra a suavidade da canção.“Everlasting Love” me fez viajar no tempo e lembrar dos DVDs “Black Hits”/”VideoTraxx” que a gente comprava na banquinha de DVD pirata mais próxima e era melhor do que qualquer DVD oficial de gravadora (sorry not sorry). Só consigo pensar que essa música cairia como uma luva em tais DVDs. “This Is How We Roll” é a filha mais nova de “I Gotta Feeling” (The Black Eyed Peas) com “Scream & Shout” (Will.i.am and Britney, bitch!). Pode até não ser lançada como single, mas tem tudo para ser uma das mais tocadas nas baladas brasileiras. “Body Rock” também vai pro lado “POP festinha”, mas se não fosse pelos solos de Dinah Jane, seria engolida por “This Is How We Roll”.
Falando em solo, “Top Down”, que é a primeira música do álbum, me deixou apreensiva, com um frio na barriga de “Será que eu vou ter que engolir essa história de Camila sendo a ‘vocalista principal’?”, mas até que não. A garota mandou muito bem e é sem dúvidas a dona da faixa, mas a trinca “Reflection”, “Going Nowhere” e “We Know” deixou MUITO CLARO que Fifth Harmony não tem vocalista principal, é feito pelo conjunto das 5 (Ally, Normani e Lauren se destacando nessas 3 em específico). As 3 músicas já eram apresentadas ao vivo, mas não foram divulgadas em versão estúdio. “Reflection” era de longe a mais querida e mais esperada e de início causou um impacto por ser um pouco diferente da versão dos palcos. “Going Nowhere” e “We Know” continuam com o mesmo brilho na versão estúdio mas todas as 3 tem um poder muito maior ao vivo e esse trio continua sendo as músicas mais maduras (em letra/harmonia/melodia) até agora. “Suga Mama” e “Brave Honest Beautiful” são – junto com “Sledgehammer” – as contribuições de Meghan Trainor para o álbum. “Suga Mama” flerta com aquele mesmo R&B de 2000-2006 que “Like Mariah” e “Everlasting Love”. “Brave Honest Beautiful” é um hino para autoestima na qual Meghan também aparece nos vocais e diz que nós ‘podemos dançar como a Beyoncé e requebrar como a Shakira‘ (há controvérsias no meu caso). Apesar de ser a música que eu menos gostei nos primeiros dias, devo admitir que acabou crescendo em mim com o tempo (mas ainda não aceito totalmente os nomes citados durante o refrão, mas vamos concordar que o gosto musical das meninas deu uma amadurecida durante a transição do EP para o álbum).
Como eu disse, ser fã não significa que o álbum está perfeito. Fifth Harmony pode crescer e MUITO, há muito a amadurecer, ainda temos a questão de personalidade a ser definida, sem contar que nesse álbum não conseguimos sequer uma composição das meninas. As letras caminham de “Cê posta foto sem filtro com #EuAcordeiAssim?” até algo mais elaborado como em “Reflection/Going Nowhere/We Know”, onde as garotas se valorizam, até gostam do rapaz mas não correm atrás ou não deixam ser enganadas por um cara qualquer. Dos girlgroups atuais, 5H talvez perca no quesito “caminho já definido”, o que é totalmente natural e aceitável, já que esse é o primeiro álbum e pode ser usado como experimento. Mas o amadurecimento foi notável, e se isso for uma prévia do que temos reservado para o futuro, o otimismo joga a favor da carreira das garotas.
E para os fãs: é hora de guardar aquele ‘ciuminho’ e começar a se preparar para dividir as meninas com o resto do mundo. Vai ter muito país pelo caminho e sentiremos aquela nostalgia enquanto comentamos com os amigos de quando elas passaram por aqui e se assustaram com o carinho, já que não tinham álbum até então. Mas não é hora de pensar que a vida começa a ser fácil. Um pássaro precisa de vento para levantar voo, mas é necessário uma corrente de ar pra que ele fique lá no alto. Mas devo dizer que a vista daqui de cima é maravilhosa.
Reflection – Fifth Harmony
Lançamento: 03 de Fevereiro de 2015
Gravadora: Epic Records
Gênero: Pop/R&B
Produção: Stargate, Dr. Luke, Rock City, Julian Bunetta, Tommy Brown, Chris ‘Flict’ Appari, Ricky Reed.
Faixas:
01. “Top Down”
02. “Bo$$”
03. “Sledgehammer”
04. “Worth It”
05. “This Is How We Roll”
06. “Everlasting Love”
07. “Like Mariah”
08. “Them Girls Be Like”
09. “Reflection”
10. “Sugar Mama”
11. “We Know”
Edição Deluxe
12. “Going Nowhere”
13. “Body Rock”
14. “Brave, Honest, Beautiful”