Três bandas em uma noite. Esse era o desafio que a maratona por terras paulistas me reservava para aquela sexta-feira, 20 de setembro.
Para dar início aos trabalhos, os suecos do Ghost B.C. subiram ao palco e mostraram um pouco mais do que o público brasileiro já tinha visto no Rock In Rio. As palavras de Papa Emeritus II ganharam a amplitude do Anhembi e, talvez, até mais atenção do que na apresentação anterior.
O problema é que, com a maior atenção, acaba vindo a constatação de que a banda é mais um nome dentre muitos os que aí estão mais pelo “marketing” do que pela música.
Toda a curiosidade em torno da banda acaba se resumindo mais pelo visual, pelas letras e pela grande vontade de se descobrir quem diabos está por trás de toda aquela produção. A música em si (pelo menos pra mim) acabou ficando em segundo plano.
Como diria um slogan por aí, “música importa”, e isso fica claro quando o Slayer sobe ao palco.
Em meio a boas músicas como “Mandatory Suicide”, “Hate Worldwide”, “Angel Of Death” (que fechou o show) e uma homenagem ao guitarrista Jeff Hanneman, a banda mostrou que um som de qualidade (ainda que prejudicado pelo Anhembi) aliado a simplicidade na produção de palco acabam funcionando muito mais.
E isso fica ainda mais claro quando falamos de uma banda como o Slayer, que é capaz de manter uma identidade perante o seu público e entregar um show de qualidade para todos, deixando quem estava no Anhembi devidamente preparado para o que estava por vir.
E a noite era deles. Se alguém tinha duvidas, elas certamente se desfizeram logo em “Moonchild”, que abriu o show.
O Iron Maiden sabe fazer bem essa mistura entre palco, música e criar toda uma produção acima da média, ainda mais com o comando de Bruce Dickinson.
Estudante da “Escola Mick Jagger de correria”, o vocalista esbanja uma vitalidade (e um cabelo) que, no auge dos seus 55 anos, faz inveja em muito redator de site laranja que tem 26 e não aguenta nem correr atrás do ônibus. Mas o show vai muito além disso.
Toda a teatralidade de Bruce no palco é um complemento (positivo) para a banda, cujo som fica cada vez melhor, ainda que a qualidade de som no Anhembi tenha deixado (e muito) a desejar nos três shows.
O Maiden se destaca num todo e os brasileiros mereciam ver a Maiden England World Tour, recheada de grandes clássicos, como “The Number Of The Beast” ou “Fear Of The Dark”. Tudo funciona de forma tão harmoniosa que é uma missão quase impossível encontrar defeitos na apresentação.
E eu até poderia falar do jogo mal feito de imagens do telão ou do Nico McBrain usando um chinelão durante o show, mas nem isso consegue diminuir o que foi o Iron Maiden em sua passagem por São Paulo.