A minha relação de admiração com o U2 começou após o lançamento de All That You Can’t Leave Behind. Já conhecia algumas coisas anteriores da banda, mas só com “Beautiful Day” e companhia que eu resolvi dar a atenção merecida à banda do quase cinqüentão Bono Vox. De lá pra cá, a ansiedade por cada álbum sempre aflora e assim foi com o primeiro lançamento pós “Elevation”, How To Dismantle An Atomic Bomb.
Este, que é o décimo primeiro álbum de estúdio do U2, foi lançado oficialmente no dia 22 de novembro de 2004 e, naquele dia, estava eu adquirindo uma versão especial do álbum que vinha com um DVD, documentário e vídeos extras. Parece uma coisa comum, mas foi a primeira vez que comprei um álbum na sua data de lançamento. Isso ainda não tinha acontecido, até então, nem com o Red Hot Chili Peppers, banda do qual sou fã confesso.
Para aqueles que não se lembram, o álbum teve a sua matriz roubada de um estúdio francês, o que fez com que as músicas caíssem na internet quase um mês antes da data de lançamento. Naquela altura, já tinha “Vertigo” e “All Because Of You” na cabeça e como as minhas canções preferidas do disco. Hoje, não me vejo falando deste álbum sem destacar músicas como “Love And Peace Or Else”, “A Man And A Woman” ou “Crumbs From Your Table”.
Muito se falou sobre o álbum naquela época. Muitos classificaram o álbum como o melhor desde The Joshua Tree. Isso não só nas músicas, mas também nos feitos. Levou cinco estatuetas do Grammy em 2006, incluindo o prêmio de “Álbum do Ano”, 9 estrelas (em 10) na New Musical Express, 4 estrelas (em 5) na Rolling Stone e no The Guardian, já estreou no topo das listas em 34 países, incluindo a Billboard.
Grandiosidade nunca faltou ao U2, a começar pela extensa lista de produtores responsáveis pelo álbum. O que parecia uma clara tentativa de trazer um pouco de toda a história da banda para o então novo álbum. Ao lado dos já parceiros e amigos Brian Eno e Daniel Lanois, tivemos a presença de Cris Thomas (The White Album – The Beatles, The Dark Side of the Moon – Pink Floyd) e o retorno de Steve Lillywhite, responsável pela trinca inicial de álbuns da banda: Boy, October e War. Talvez por isso, seja um álbum que não tenha sofrido uma mudança drástica em sua formula. É um álbum de extrema competência, mas um disco que não traz nada de novo para aqueles que adoravam a visão camaleônica da banda. Talvez uma combinação de riffs vigorosos, vocais fortes, bateria e baixo marcantes, mas isso já estava presente em seu antecessor.
O grande diferencial são as letras. Dessa vez, mais centradas em Bono e em sua relação com a família, sobretudo o seu pai, que faleceu em 2001. As letras podem ser encaradas como uma autobiografia do vocalista. Bono, aliás, chegou a declarar diversas vezes que a “bomba atômica” representada no nome do álbum era uma referência a ele e não a uma bomba de fato. Esse possivelmente seja conjunto de músicas mais pessoais lançadas pelo U2 em toda a sua carreira, superando inclusive toda aquela visão cristã que podemos ouvir em October.
Essa carga emocional somada à energia do disco faz com que, de fato, esse seja um dos melhores álbuns lançados na última década. Além, é claro, de mostrar que Bono, The Edge, Larry e Adam podem se reinventar, mas ainda carregam em seu DNA as raízes cultivadas lá nos anos 80.
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Para voltar alguns anos no tempo. Vertigo Tour no Brasil. U2 tocando “All Because Of You” no Morumbi.
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U2 – How To Dismantle An Atomic Bomb
Lançamento: 22 de novembro de 2004
Gravadora: Island
Gênero: Rock
Produção: Steve Lillywhite, Chris Thomas, Jacknife Lee, Nellee Hooper, Flood, Daniel Lanois, Brian Eno e Carl Glanville.
Faixas:
01 – Vertigo
02 – Miracle Drug
03 – Sometimes You Can´t Make It On Your Own
04 – Love And Peace
05 – City Of Blinding Lights
06 – All Because Of You
07 – A Man And A Woman
08 – Crumbs From Your Table
09 – One Step Closer
10 – Original Of The Species
11 – Yahweh