Pensei muito antes de tornar pública a minha opinião sobre este novo trabalho do The Killers mas, após ler diversas resenhas por aí e ver que alguns compartilham da mesma sensação que tenho, resolvi tecer algumas linhas sobre Battle Born, o quarto álbum de estúdio da banda formada por Brandon Flowers (vocal e sintetizadores), Dave Keuning (guitarra), Mark Stoermer (baixo) e Ronnie Vannucci (bateria).
Logo na primeira audição já se percebe que aquele clima de evolução e amadurecimento presente nos discos anteriores, até mesmo em seu antecessor, Day & Age, se perdeu. Se nos primeiros trinta segundos de “Flash And Bone”, a faixa de abertura, veio aquela sensação de que viria um álbum bom de se ouvir, ela acabou morrendo por alí mesmo.
Ainda que “Runaways”, o primeiro single extraído do álbum, seja de extrema competência e capaz de evidenciar todo o amor que Flowers possui pelas músicas capazes de colocar um estádio no chão, as maioria das músicas estão sempre um degrau abaixo do esperado. “The Way It Was” e seu refrão representam bem isso. Ela vem numa crescente legal nos primeiros 50 segundos e, quando chega no refrão e você pensa que ela vai explodir, vem aquele “track” típico de bombinhas de colégio e você se decepciona. “A Matter Of Time” é outra que tem um começo interessante mas, conforme passa dos dois minutos e meio, deixa a impressão de uma tentativa forçada de parecer uma mistura do Queen com o U2.
Fazendo uma analogia, Battle Born nasceu sendo aquele menino rico e mimado, capaz de ter tudo sem precisar fazer esforço. E esse talvez seja o grande ponto. O The Killers, na figura de seu vocalista, quer mostrar que é grande, que pode ter tudo e não ficar devendo nada para outras bandas. E isso talvez convença muitos, afinal foram várias as resenhas positivas que encontrei por aí. Enquanto muitos acreditam que Battle Born é o melhor ou um dos melhores discos do The Killers, eu vou na contramão. Como o menino citado na minha analogia, me parece um disco preguiçoso, entediante em alguns momentos, sonolento em outros e com raros momentos interessantes.
Quando olho para a história que o The Killers vem construindo desde 2002, vejo uma banda que vem descendo degrau após degrau. Hot Fuss (2004) surgiu como (mais uma) salvação do rock, Sam’s Town (2006) consolidou a banda e mostrou que o quarteto era capaz de fazer um som diferente sem perdera qualidade. Enquanto isso, Day & Age (2008) pode ser considerado como um bom disco, mas é irregular em alguns momentos. Se eu sou apaixonado por “I Can’t Stay” e “Joy Ride”, não consigo ouvir “A Dustland Fairytale”, por exemplo.
Voltando ao Battle Born, o disco tem sim momentos interessantes. Se “Runaways” é bem competente, “From Here On Out” é uma das boas surpresas escondidas no álbum. É a música que destoa do álbum, com seu clima country e sem o excesso de sintetizadores. E ainda tem um violão bem legal e a guitarra de Dave Keuning se destacando. Pena que ela é a décima música do disco e, até chegar nela, o caminho é longo.
Você pode achar que estou sendo rigoroso demais com o The Killers, mas a própria banda já nos deu amostras de que é capaz de fazer algo melhor. No apagar das luzes, “Battle Born” pode provocar bocejos em algum desavisado, mas apenas ressalta a ideia de que, mesmo o disco não sendo de tudo ruim, ele poderia ser bem melhor do que é. Como bem disse Neto Rodrigues, do Move That Jukebox, “que venha a próxima batalha, porque essa já está perdida”. E que, nela, o The Killers saiba de fato usar tudo o que tem a seu favor.
The Killers – Battle Born
Lançamento: 18 de setembro de 2012
Gravadora: Island / Vertigo / Universal Music
Gênero: Alternative Rock
Produção: The Killers, Stuart Price, Steve Lillywhite, Damian Taylor, Brendan O’Brien e Daniel Lanois.
Faixas:
01. Flesh and Bone
02. Runaways
03. The Way It Was
04. Here with Me
05. A Matter of Time
06. Deadlines and Commitments
07. Miss Atomic Bomb
08. The Rising Tide
09. Heart of a Girl
10. From Here On Out
11. Be Still
12. Battle Born