O Festival Nômade me pegou de surpresa. Até pouco mais de uma semana antes do evento, que trouxe Annick Tangora e Mallu Magalhães a capital mineira, eu sequer sabia da segunda edição do festival e muito menos cogitava ver as duas cantoras por perto naquele momento.
Se eu ainda não sabia, o público alvo estava mais do que ciente das apresentações, tanto é que os ingressos se esgotaram e o Teatro Oi Futuro Klauss Vianna recebeu um público muito bom, fazendo daquela terça uma noite agradável e apta para curtir uma boa música.
Começando com a francesa Annick Tangora, o publico mineiro pode ver de perto aquela que é considerada como uma das vozes mais comoventes do jazz francês. Acompanhada de Mario Canonge (piano), Tony Rabeson (bateria) e Eric Vinceno (baixo), a cantora esbanjou simpatia para os presentes no Oi Futuro, seja se esforçando para ser clara no português ou brincando com o público com alguma onomatopeia.
Além do carisma, uma homenagem a Milton Nascimento e Omara Portuondo se misturaram ao jazz francês bem executado por sua banda de apoio. Com um show relativamente curto, a cantora mostrou porque merece atenção no cenário musical, conseguindo transitar entre momentos alegres e tristes com uma facilidade não muito comum.
Após Tangora, foi a vez de Mallu Magalhães (foto) assumir o palco e, naquele momento, ver aquele show era a minha grande curiosidade na noite. Os elogios a Mallu crescem a cada dia, mas precisava ver de perto como tudo estava e situação melhor que em cima do palco talvez não exista.
Pude vê-la ao vivo pela primeira vez em 2008 e, de lá pra cá, muita coisa aconteceu em sua carreira. É clichê demais dizer que a Mallu cresceu ou amadureceu, mas o show que pude ver no Oi Futuro deixou claro que, por mais que eu não seja tão fã como antes, não dá para simplesmente desprezar o que ela faz.
Com o Pitanga como base de seu setlist, Mallu ainda apresentou ao público mineiro novas composições feitas em casa, apenas com um violão em mãos, criando um momento ainda mais intimista no local, se isso era possível. Apesar disso, o ponto alto da apresentação foi poder constatar que ela cresceu, evoluiu como artista, ganhou profundidade com suas composições e não perdeu o jeito “moleca” e atenciosa de quatro anos atrás.
Dizem que devemos “desapegar” do passado, mas era impossível não olhar para o palco e comparar com o que aconteceu em agosto de 2008. Foi bom ver que Mallu ainda fica sem jeito com elogios, que Mallu é capaz de parar uma música por achar que tinha errado e, ao constatar o erro, soltar um “ai que burra que eu sou” arrancando gargalhadas do público ou então que Mallu ainda tem um cuidado com os fãs a ponto de atender todos os que ficaram no Oi Futuro após o show, tirar fotos e dar autógrafos.
Ao fechar o show com uma versão de “Me Gustas Tu”, do Mano Chao, ficou em mim a sensação de que a Mallu caminha pela trilha mais acertada para a sua carreira, deixando claro que ela ainda tem muito a mostrar para quem gosta de boa música. E isso foi o que me deixou mais feliz após o show, por poder ver que ela ainda faz música com aquele mesmo amor e carinho que a fez jogar músicas no MySpace a anos atrás.
.
Veja fotos do show da Mallu Magalhães feitas pela Polly Rodrigues: