No último texto desse ano para a coluna Neo-Música, eu não poderia deixar de falar sobre uma cantora que, além de ter um trabalho incrivelmente magnifico, é algo que me faz conectar comigo mesmo.
A cantora ALVA lançou recentemente o EP De Onde eu Vim o Amor não Acaba. É um trabalho que nos faz olhar para dentro e entender os nossos sentimentos e ações diante o próximo. Digo isso porque ela é uma cantora presente no meu crescimento como mulher e, através das suas músicas, me olho no espelho admirando o que sou.
Mesmo sendo um ano de muito impacto, sinto que tenho as melhores músicas para me ajudar nessa luta. Conforme a Alva foi lançando os singles do EP, eu fui entendo e trazendo cada uma delas para a minha vida, como forma de conselhos. Foi ótimo para a construção do meu próprio eu já que, com o tempo, eu me vejo entendo como sou, a minha forma de amar e as minhas particularidades.
O público da ALVA teve muitas surpresas neste ano. O exercício de olhar para si, de buscar seu lugar no mundo e de se posicionar independente da sociedade foi o caminho trilhado pela cantora. A artista deixou Tais Alvarenga no passado, se reinventou e assumiu seu lugar dando voz a temas como auto aceitação, ditadura social sobre corpo e saúde mental por meio de suas canções. Agora, a cantora encerra o primeiro ano deste novo ciclo com o EP De Onde eu Vim o Amor não Acaba.
Com seis faixas, o projeto apresenta as inéditas “All This Drama”, parceria com Luccas Carlos, e “Muito Esperto”, além das já lançadas “Meu Bem”, “Honestamente”, “Como Vai Ser” e “Amor que Chora”. O EP apresenta uma narrativa de um processo de libertação emocional e física, totalmente inesperado, mas se transforma no melhor presente que os fãs poderiam receber.
“All This Drama” é um exemplo de que as frases ou um primeiro olhar remetem a uma ideia romântica, revelando possibilidades de um processo de libertação que só depende de si mesmo. Me sinto recebendo os melhores conselhos, me auto admirando e, principalmente, sentindo amada e sendo também.
O recado vai além e a cantora desafia os homens em geral: “Sou Brasileira, sou neta de Índia. Aqui tu não mexe, comigo não brinca”. A autora se refere aos “exposeds” e ameaças que mulheres sofrem quando decidem não se calar e a força que precisam ter ao sair de relações abusivas. Mesmo com as dificuldades de ir embora das relações, pessoais e profissionais, as mulheres estão mudando e não vão aceitar mais esse tipo de postura.
“Não é fácil olhar pra si e entender que toda a sua narrativa com o outro existe à partir das suas próprias faltas e prisões de muitas estruturas sociais. Ao mesmo tempo, é lindo ver que esse mesmo olhar tem levado a sociedade, mesmo com todos os medos, a se posicionarem com suas verdades e evoluções”, conta ALVA.
“De onde eu vim o amor não acaba é um grito de um processo de libertação em todos os aspectos, enfrentando as dificuldades e as solidões. Mas é também um aviso de que vamos enfrentar o que for preciso, mesmo com medo, e com um amor que não acaba no peito, o amor incondicional que estamos aprendendo a viver. As nossas estruturas emocionais vão mudar, estamos mais fortes e com um caminho verdadeiramente poderoso à frente”, completa.