Eu passei dias ouvindo sem parar ao Rey Pila. A sonoridade da banda me levou para lugares em que jamais pensei que pudesse ir.
Antes de mais nada, é preciso dizer: eu tenho uma imaginação de outro mundo e, juntando boa música com a minha cabecinha viajante, foram noites incríveis daquelas em que a gente afasta os moveis da sala para curtir o som em um volume considerado alto – perdão, vizinhos.
Velox Veritas, o sucessor de The Future Sugar (2015), é o trabalho mais recente da banda e traz 11 músicas que dialogam com várias vertentes do pop rock, onde a banda mostra os resultados de uma década após pisarem nos palcos mais representativos em todo o México, Estados Unidos e Europa.
Gravado em boa parte no Sonic Ranch Studios (Texas), o álbum foi produzido e mixado por Dave Sitek, integrante do TV On the Radio, que incorporou doses de trap e dancehall ao som synthpop e dance rock do quarteto, o que deu uma pitada de animo na dose certa e perfeita.
A reminiscência dos anos 80 ainda está presente e há surpresas da psicodelia eletrônica, um pouco de dance industrial, grunge e até o fluxo caribenho ao longo dos quarenta minutos de Velox Veritas. Diego Solórzano e sua voz característica também exploram novos caminhos e distorções, a atenção dos refrães explosivos, que é uma das marcas do quarteto.
Tive a honra de conversar com a banda e entender mais sobre o trabalho musical deles. Confira!
Vocês acabaram de lançar o álbum Velox Veritas e, com ele, abordaram outros aspectos do pop rock. Como foi o processo de composição ou mesmo a escolha do repertório do álbum para vocês?
Sempre procuramos evoluir musicalmente e misturar diferentes estilos / influências em nossa música para mantê-la em movimento, e tentamos não fazer o mesmo álbum duas vezes. Gostamos de uma variedade de músicas, e cada membro da banda traz um ponto de vista diferente. Começamos a gravar músicas para este ciclo de discos em 2017, e quando decidimos lançar a música já tínhamos música suficiente para pelo menos um álbum duplo. De todo esse material, em 2019 lançamos Lucky No. 7 EP, onde escolhemos 5 músicas que sentimos funcionaram como uma “ponte” entre nossos lançamentos anteriores e o novo LP do Velox Veritas. Então abordamos Dave Sitek para a produção final e mixagem do álbum, e juntos escolhemos as músicas para Velox Veritas, que sentimos que refletiam melhor os aspectos mais novos de nosso som no momento.
Vocês tiveram alguma influência musical enquanto trabalhava neste álbum? Quais foram?
Oh sim, sempre. E não apenas musicais, estamos sempre pensando em filmes ou imagens ao fazer as músicas. Musicalmente, escutávamos muito Kate Bush, Queen, Aphex Twin, Chemical Bros / Daft Punk, The Cars, Devo, Prince, Massive Attack, música clássica… Difícil de definir.
Vocês já têm muitas experiências, então conte-nos qual foi o desafio ou o que vocês aprenderam ao criar o Velox Veritas?
Acho que nos tornamos mais próximos como uma banda enquanto criamos este álbum, e sinto que crescemos muito como músicos também … Nosso relacionamento e sessões de gravação são geralmente bem tranquilos, mas houve mais “turbulência” ao fazer este álbum, em comparação com as gravações anteriores , e aquela turbulência no final nos tornou mais fortes e nos ajudou a ver as coisas um pouco mais claras como amigos e como companheiros de banda.
Cada uma das 11 músicas traz algo diferente. Na opinião da banda, qual foi à música mais fácil de trabalhar? E qual foi a mais difícil? Por quê?
“Drooling” é uma das nossas favoritas e fluiu perfeitamente no estúdio, mesmo enquanto explorávamos novos caminhos para aquela música. “Casting a Shadow” levou algum tempo para evoluir para o que é, desde a primeira versão demo até o que acabou se tornando no estúdio. Nós realmente gostamos de onde aquele acabou.
Além do álbum que acaba de ser lançado. Vocês estão planejando lançar mais material novo até o final do ano?
Sim, ainda temos um monte de material inédito das sessões do álbum anterior e estamos planejando o que fazer com isso este ano. Além disso, temos sido muito produtivos gravando novo material durante este bloqueio e estamos preparando algumas coisas interessantes para o próximo ano.
Caso você ainda não conheça, o Rey Pila foi formado na Cidade do México, em 2010, por Diego Solórzano. O quarteto, então, se firmaria com a entrada dos integrantes Andrés Velasco, Rodrigo Blanco e Miguel Hernández.
O grupo tem dois álbuns na bagagem, entre diversos singles e EPs, e vem colecionando elogios diante da critica musical. Continuem acompanhando e vamos ficar de olho nas novidades da banda.
Aproveite e ouça o álbum Velox Veritas nas principais plataformas de streaming.