Após transformar em canção os aprendizados obtido com o fim de um relacionamento abusivo e refletir sobre questões sociais e políticas, a cantora e compositora gaúcha Xana Gallo dá início a nova fase de sua carreira.
A artista reflete sobre a sociedade e o futuro em suas novas canções e a primeira delas, “Meu Mundo”, já está disponível para audição nas plataformas de streaming. A letra foi composta sete anos atrás e surgiu após a artista ser confrontada com dois ciclos importantes chegando ao fim. O primeiro, ligado diretamente à sua cidade natal de Pelotas, foi o fechamento do Chove Não Molha, clube símbolo de afirmação da cultura negra local. O segundo, já explicitando sua conexão com a cidade do Rio de Janeiro, foi o encerramento da circulação do bonde de Santa Teresa por um longo período.
“Ambos fechamentos me tocaram fundo e me trouxeram um sentimento de desamparo que deu lugar à música, mas optei por guardá-la. Por se tratar de um fato tão particular, imaginei que pudesse não chegar nas pessoas. Eis que chegamos em 2020 e este ‘particular’ tornou-se ‘universal’… Dois fechamentos que um dia me incomodaram no verão de 2013 tornaram-se grãozinhos de areia diante de tudo o que estamos vendo ser fechado, sem perspectiva de reabrir”, reflete Gallo.
Durante o atual período de isolamento social devido à pandemia do coronavírus, ela tem se dedicado a estreitar ainda mais os laços com seu público online. Já realizou quase 30 lives ao longo dos últimos meses, onde apresenta canções próprias e de compositores que a inspiraram, compartilhando fatos curiosos e históricos sobre a música brasileira.
“Meu Mundo” é o primeiro de dois lançamentos projetados ainda para 2020. Curiosamente, a letra faz um paralelo não intencional com as incertezas que o mundo enfrenta atualmente. “Esta música hoje pode ser ouvida de diversas maneiras e o que era o nome de um clube, ‘Chove Não Molha’, pode ser visto até como uma metáfora”, afirma. “‘Meu Mundo’ tem tudo a ver com tudo o que eu estou sentindo agora”, completa a artista.
Xana Gallo fez de sua vida um livro aberto em suas mais de trezentas canções. Seu álbum mais recente, Rota de Fuga (2018), teve produção musical de Eduardo Neves. Até o momento, são cinco álbuns em sua discografia, lançados desde 2003, com repertório que mescla MPB, bossa nova, Cartola e autorais.