Depois de um longo momento trabalhando apenas em projetos relacionados a Francisco El Hombre, Sebastianismos decidiu mostrar um pouco das várias faces em seu primeiro álbum solo, autointitulado. Longe dos palcos pelo fator pandemia, nem tudo saiu pelo avesso: o momento de pausa foi propício para colher os frutos de um trabalho que foi exaustivamente pensado durante as longas turnês com o grupo que Sebastian compõe.
Por email, ele conta um pouco sobre o disco e seu processo de criação catártico que culminou no novo CD, planos para o futuro e participações especiais. Misturando reggaeton ao punk, português e espanhol e cantando sobre amor, sexo e revolução, o resultado são vários Sebastians que compõem um só.
Como está sendo o momento de pós lançamento do álbum? Levando em consideração que é o álbum de estreia, qual a maior diferença entre este momento de Sebastianismos e Francisco, El Hombre?
Tirando o caos e pandemia no mundo externo à janela do meu quarto, este momento está sendo de muita leveza e despretensão. Vivi os últimos anos em turnê intensa, viajando e tocando sem parar, e se não fosse a quarentena de shows por conta da pandemia, eu estaria agora com uma agenda dobradamente intensa, tanto pela FEH quanto pelo lançamento do meu disco. Confesso que estava precisando de um respiro — poder lançar meu primeiro disco e desfrutar ele em casa com a pessoa que amo tem sido exatamente o que estava precisando: sensação de trabalho bem feito, de meta alcançada, tranquilo. Sei que é a tranquilidade que vem antes da tempestade. Porque quando voltarem os shows… a estrada que me aguente! Estou louco pra voltar à turnê!
Claro que o trabalho não tem parado — os shows estão em pausa mas a produção continua a mil! A FEH tem produzido muita música neste período e estamos prestes a entrar em uma nova fase de composição do novo disco!
O processo de criação do disco teve parte feita em segredo. Como foi a organização para tocar e dar vida ao projeto?
Aprendi desde cedo que a beleza do artista se revela não apenas o resultado final de seu trabalho artístico, mas no processo de como chegou até esse resultado. Geralmente não temos todas as cartas na manga, portanto precisamos lidar com as que a gente tem. No meu caso estava em turnê permanente — usando os poucos dias livres por mês para visitar minha então crush em Salvador (hoje a gente mora junto). Vivia exausto e sem conseguir pensar em planos já que cada semana era intensa e imprevisível. Precisei aprender a usar o pouco tempo que eu tinha ao meu dispor: aeroporto, avião, camarim, hotel, van, ônibus, e se fazer render criativamente qualquer momento livre que pudesse ter. Foi desafiador, mas eventualmente consegui reunir quase 100 ideias, das quais após passar pela peneira sobraram as que entraram pro disco. É um trabalho da porra. Mas é terapia também. Então o workaholismo do qual padeço também é meu tratamento terapêutico.
O álbum conta com participações de grandes artistas como Jaloo, Luê, Malfeitona e Russo Passapusso. Como foi trabalhar com eles?
Amo, admiro, respeito e aprendo com todos eles. O trabalho foi muito prazeroso e ausente de qualquer forma de atrito ou complicação, foi uma verdadeira aula pra mim poder me relacionar criativamente com cada um.
O trabalho não segue uma estética fixa, sendo algo totalmente ‘Sebastian’. Esse ‘mix’ de estilos foi algo previamente pensado?
Controlador do jeito que sou, sempre penso no conceito antes de começar um projeto. Porém nesse caso foi o completo oposto. A ideia desse disco não é necessariamente algo que queria mostrar para os outros, é algo que eu fiz por mim, como tentativa de entender melhor quem sou, como soou, quem é esse indivíduo que desde sempre se expressa criativamente apenas em coletivo. Portanto escrevi e compus sem nenhuma direção prévia. Minha única regra era compor todos os dias e escrever sempre, porque eventualmente eu sabia que ia descobrir um traços em comum entre os vários Eus que manifesto. Foi necessário botar pra fora todos as “sebastianices” para que eu pudesse entender quem sou.
Há planos para o momento para pós coronavírus? Iremos acompanhar shows e novas músicas solo? Veremos o álbum Sebastianismos ao vivo no pós pandemia?
O álbum está disponível em todas as plataformas de streaming e pode ser escutado abaixo: