Que o Ego Kill Talent já é um dos maiores nomes do rock brasileiro, não é novidade para ninguém.
Com o álbum de estreia atraindo boas críticas nacionais e internacionais, shows explosivos em grandes festivais como Rock In Rio, Download Paris e Lollapalooza, single em projeção nacional pela TV e muita dedicação, a banda segue o incrível trabalho em nova fase: três novos EPs que vão chegar ainda este ano nas plataformas de stream.
Por e-mail, o Audiograma bateu um papo com o Theo Van Der Loo, baixista e guitarrista da banda, sobre os EPs, processo de criação, trabalhos passados, público e expectativas para o fim do ano.
Sabemos que devido à pandemia, o cronograma de lançamento do novo álbum foi alterado e se destrinchou em três EPs. Como foi chegar a esta decisão, considerando que dois singles já haviam sido lançados?
O plano inicial era lançar um single antes do disco. Depois a gente lançaria mais um single no início da turnê com o Metallica, que era em março, e o disco inteiro em junho, durante a turnê com o System Of A Down na Europa. Assim que começou a pandemia, vimos que não ia fazer tanto sentido esse planejamento, não sabíamos o que ia acontecer, se era.um isolamento de um mês, seis meses, um ano. Colocamos tudo em standby pra ver o que ia acontecer. Quando vimos que não seria algo rápido, achamos melhor pensar em uma estratégia que fizesse sentido pra esse cenário e achamos que a melhor ideia era fatiar o disco em três EPs. Assim, a gente consegue ter conteúdo pra ir lançando durante a pandemia, enquanto não podemos fazer turnê e esticar esse lançamento pra ter um fluxo de músicas saindo e manter o contato com os fãs.
Sobre os singles “NOW!” e “Lifeporn”, por que estas faixas foram escolhidas como singles? Como elas traduzem a ideia de The Dance/Between/Extremes?
Na realidade a gente gosta muito do disco inteiro. É um trabalho que a gente tá muito satisfeito, muito orgulhoso e sentimos que representa muito a banda – todas as músicas desse disco representam muito bem nosso trabalho. Então a escolha de single é sempre a certa incógnita pra gente, porque realmente gostamos de tudo. Sabíamos algumas coisas, queríamos que Now fosse a primeira a sair, ela tem uma coisa de início. E a gente sabia que The Call deveria ser o primeiro single de rádio, ela cabe bem nesse lugar. Mas como eu falei, gostamos de todas e nos representam bem, então Now e Lifeporn traduzem bem sim o momento da banda e o The Dance Between Extremes. Essa coisa de ter momentos de riffs de guitarra pesadão, rock porrada e também tem momentos de melodia mais pop no refrão. A gente gosta muito e sente que tem bastante no disco.
As novas músicas foram gravadas no estúdio de Dave Grohl, o 606. Como foi gravar em um estúdio fora do Brasil influenciou no processo criativo? E como foi ter o álbum produzido por Steve Evetts?
A experiência de gravar no 606 foi incrível. É muito inspirador estar no estúdio do Dave Grohl do Foo Fighters, saber que tantas músicas incríveis foram escritas ali. No estúdio tem um monte de coisas pela parede, da história do Dave Ghrol, Nirvana, Foo Fighters, um ambiente todo muito inspirador. Fora toda a questão de equipamentos, né? Eles foram muito, muito legais com a gente e deixaram a gente usar tudo que eles tinham de amplificador, guitarra, baixo, bateria. Fora a mesa de som Neve, que Metallica já gravou, Paul McCartney já gravou, Nirvana também. Então a experiência do estúdio em si já foi incrível. E estar fora do Brasil, toda a banda ajunta, focada nessa missão, a gente sente que traz uma força, energia e identidade pra tudo que estamos fazendo. Essa junção e concentração dos cinco tá bem impressa nesse disco. Sempre buscamos estar os cinco juntos porém meio isolados pra compor, funciona muito pra gente. E fazer o disco com Steve Evetts foi incrível. O primeiro também foi com ele e ele é um cara fenomenal, um engenheiro de som incrível e acrescenta muito no processo de finalização da música. Parece que ele acha o que precisa, um detalhe aqui e ali que coloca a música no lugar.
Foram quase dois anos de processo criativo do novo trabalho. Como vocês se sentem agora, apresentando as novas faixas ao público?
Esse disco tem ideias de riffs de guitarra até de antes disso. A gente tenta estar sempre compondo, né? Mesmo em turnê. Claro que quando a gente senta pra organizar é o momento de mais foco, mas o nosso processo é meio continuo. Então a gente ficou um tempo preparando essas músicas e muito, muito delas a gente escreveu durante a turnê do disco anterior na Europa e agora a sensação de estar entregando isso pro público tá sendo ótimo. Ver o negócio vendo a luz do dia, ainda mais nessa estratégia que tivemos que fatiar tudo, é uma sensação nova. Já estamos ansiosos pra lançar o próximo EP, é uma realização muito grande ver esse disco saindo.
Ano passado a banda tocou no Palco Sunset (Rock In Rio). Vocês sentiram que atingiram um público maior depois dessa apresentação?
Essa foi a segunda vez que a gente ficou no palco sunset e sem dúvida foi incrível. É uma experiência muito legal, a gente fica muito feliz de tocar lá e sempre saímos com uma energia e um sentimento muito bom. É indescritível chegar lá e ver aquele tanto de gente cantando, vibrando pela banda. Acho que o Rock In Rio tem esse peso simbólico muito grande, porque tem gente do país inteiro. Sem dúvidas banda cresceu todas as vezes que tocou no Rock In Rio.
Em 2017, o single “My Own Deceiver” esteve na trilha sonora de Malhação: Viva a Diferença, que teve uma audiência de todas as idades. Muitos são bem jovens e conheceram um pouco do hard rock brasileiro por meio do Ego Kill Talent. Como vocês se sentem tendo um público de faixa etária menor, que ainda não podem ir aos shows?
Essa experiência foi muito legal, ficamos muito felizes quando o pessoal da Malhação entrou em contato com a gente. Disseram que tinha uma personagem que tinha um perfil que se encaixava com a banda e, nossa, é uma satisfação muito grande ter uma música nossa na trilha sonora de um personagem principal. É sempre muito bom conectar com todas as idades. Tudo que a gente escreve é muito verdadeiro pra gente, tanto musicalmente quanto liricamente falando, as letras. A poesia e a música são muito verdadeiras, então a gente gosta de alcançar o maior número de pessoas possíveis, de toda faixa etária que a gente puder alcançar e é muito legal estar conectando com essa geração.
E para finalizarmos: mesmo em um momento de fragilidade no setor cultural em todo o mundo, o que podemos esperar do Ego Kill Talent para o resto de 2020?
A gente agora tá se preparando pra o que provavelmente vai ser o único show do ano, que vai ser no Allianz Park, na sexta-feira (11), junto com Bob Burnquist e vários outros skatistas campeões mundiais incríveis. A gente tá muito animado pra fazer, nós e o Bob já vínhamos falando de fazer isso um dia e agora vai ser realizado. A gente tem uma conexão muito forte com ele, ele até participou do disco, foi lá no 606 e tocou percussão em uma música. Então esse vai ser o grande evento desse ano pra gente. Fizemos uma live também que foi uma experiência muito legal e estamos preparando um material, Studio Sessions, vamos lançar mais um EP e também já estamos escrevendo mais músicas novas, já em novos processos de composição.
O primeiro EP com as novas músicas do Ego Kill Talent já está nas plataformas de stream.