Aberto o segundo semestre do ano com surpresas e boas novidades. A nossa lista com os álbuns lançados em julho está no ar com aquelas novidades que mais nos chamaram a atenção.
Enquanto ainda lidamos com todas as questões de saúde pública, problemas sociais e políticos, o mundo da música segue nos presenteando com lançamentos interessantes em diversos estilos. Para resumir o sétimo mês do ano, separamos vinte e oito registros que provaram como 2020 ainda tem algumas coisas positivas, por mais difícil que pareça.
Entre os escolhidos, temos Taylor Swift, Mateus Aleluia, Lianne La Havas, bem como outras coisas bem legais. De forma curta, cada um dos escolhidos recebeu uma mini-resenha que explica os motivos que os credenciam para essa lista.
Abaixo você encontra a nossa seleção com os 28 álbuns lançados em julho que você deveria ouvir. É só dar play no Spotify e (tentar) ser (um pouco mais) feliz, certo?
Such Pretty Forks In The Road, da Alanis Morissette
Sem lançar um álbum inédito há incríveis 8 anos, Alanis Morissette finalmente conseguiu finalizar músicas novas durante um período em que ela engravidou, teve depressão pós-parto e ainda teve que conciliar o estúdio com a maternidade. Essas experiências são contadas através deste trabalho, que traz músicas incríveis como “Reasons I Drink”, “Smile”, “Ablaze” e “Missing The Plot”. Vale lembrar que as faixas chegam no mesmo momento em que (mais uma) nova edição do Jagged Little Pill aparece nas plataformas digitais. [YC]
B7, da Brandy
Uma das vozes mais incríveis do R&B, Brandy resolveu colocar ponto final em uma espera de oito anos e lançar o seu sétimo trabalho de estúdio. B7 marca a volta da cantora estadunidense e ela faz isso em grande estilo: em quinze faixas, Brandy consegue mesclar o R&B clássico com o que é feito atualmente e esses dois mundos – que nem são tão distantes assim – fluem de maneira marcante ao longo do trabalho. Músicas como “Saving All My Love”, “Borderline” e a maravilhosa “Say Something” são pontos altos de um álbum interessante de se ouvir. [JP]
Map of the soul: 7 ~ The Journey ~, do BTS
A boyband de maior sucesso da atualidade decidiu entregar um álbum completinho para os fãs, com nada mais nada menos do que 18 faixas. Trazendo sonoridade linear, sem inovar muito no que eles costumam apresentar em seus outros trabalhos, a superprodução traz uma parceria inusitada com SIA na ótima faixa-single “On”, provavelmente a mais viciante do disco. Vale lembrar que os rapazes não só cantam bem, como também apresentam verdadeiros trava-línguas (posso chamar de rap) em diversas faixas. Com certeza você vai gostar de ouvir para animar o seu dia. [YC]
The Kingdom, do Bush
Não dá para negar que o Bush vem lutando para acertar e entregar um bom álbum. Desde a retomada de suas atividades em 2010, a banda capitaneada por Gavin Rossdale – o único integrante de sua formação original – tem lançado álbuns que escorregaram aqui e ali, ficando aquém daquilo que a banda entregou antes de sua pausa. Eis que The Kingdom saiu e a sensação é de que – finalmente – a banda conseguiu corrigir esses deslizes. Ao longo de suas doze faixas, temos um registro honesto e que faz jus aos tempos gloriosos do Bush, principalmente em sua melodia. Se a banda reencontrou a fórmula mágica eu não sei, mas o caminho é por aí. [JP]
Turbulence, da Ella Vos
Ella Vos é uma daquelas artistas que transformam a sua vida em música e isso não seria diferente agora. Turbulence é construído a partir de momentos conturbados de sua vida: o fim de um casamento e a descoberta de um câncer. É com esse pano de fundo que a cantora estadunidense constrói as oito faixas do álbum, passando uma mensagem de superação e sobrevivência enquanto deixa o passado para trás e parte em busca do novo. O resultado é um álbum interessante pelo seu contexto, mas que peca por sua sonoridade. A falta de uma maior exploração de melodias acaba colocando o Turbulence em uma zona de conforto que pode ser boa e ruim ao mesmo tempo. [JP]
Brightest Blue, da Ellie Goulding
Com uma seleção de músicas nada introspectivas e intimistas, Ellie Goulding ressurgiu nessa quarentena com um álbum muito bem composto e pensado. Brightest Blue chegou nas plataformas digitais no dia 17 de julho (com um leve atraso de 12 dias devido a problemas da pandemia) e abriu um novo leque de possibilidades para a cantora que já havia se consagrados com hits como “Burn”, “Love Me Like You Do” e “Lights”. O novo trabalho de Goulding conta com 19 músicas e colaborações de renome, como Diplo, Swae Lee e Juice WRLD (esses dois últimos mais conhecidos dentro do cenário rapper internacional, mas ainda com grande influência na música mundial). Com as composições, a cantora trata de temáticas fortes como autoconfiança, crise de identidade, sua própria história e crescimento pessoal. Mais do que apenas um trabalho, Goulding permitiu se mostrar dentro deste álbum e acabou acertando em cheio em cada canção. [IV]
Será Que Você Vai Acreditar?, da Fernanda Takai
Em seu sexto álbum solo, Fernanda Takai deixa claro que é uma das grandes vozes da música brasileira. Gravado durante a pandemia, a novidade dialoga bem com os dias atuais com a crítica “Terra Plana”, faixa que abre o álbum. Mesclando faixas inéditas e belas versões, o álbum evidencia todas as qualidades de Fernanda em belos momentos como “Não Esqueça” – uma homenagem para a sua filha Nina e uma composição do grande Nico Nicolaiewsky – e nas versões de “One Day In Your Life” (Michael Jackson) e “Love Is A Losing Game” (Amy Winehouse). Em dez faixas e menos de 40 minutos, Takai entrega mais um belo álbum para a sua exuberante carreira solo. [JP]
A Hero’s Death, do Fontaines D.C.
Os irlandeses do Fontaines D.C. voltaram a ação menos de 18 meses depois do lançamento de seu disco de estreia, o excelente Dogrel, quando surgiram como mais um dos ótimos nomes do post-punk atual. Em A Hero’s Death, seu novo álbum, o quinteto resolveu desacelerar um pouco as coisas, apostando em uma sonoridade mais psicodélica, flertando com o dreampop e com uma estética mais sessentista. É nítido como o som está menos cru, e com mais distorções. Por outro lado, algo que não mudou foi o nível das composições, recheadas de versos que retratam a situação de quem vive o caos do mundo moderno. Sendo assim, A Hero’s Death, se não supera o seu antecessor, pode ser olhado como um disco que reafirma o Fontaines D.C. como uma das melhores bandas de rock da atualidade. [RS]
ANTI HERO [EP], do Gang of Four
A seminal banda inglesa Gang of Four, formada nos anos de 1970 e que influenciou meio mundo de artistas fazendo shows incríveis e marcando na história da música o que seria o som pós-punk, contava apenas com um integrante de sua formação original: o guitarrista e principal compositor Andy Gill. Infelizmente, Andy faleceu no dia 1º de fevereiro. Sua morte foi inesperada e causada por insuficiência respiratória. Naquela época ainda se sabia muito pouco sobre a proliferação do novo coronavírus, ainda nem era uma situação de pandemia, mas agora especula-se que Andy possa ter sido vítima da doença, já que estava em plena atividade antes de ser hospitalizado. O Gang of Four continuava fazendo turnês pelo mundo, tinha lançado disco novo em 2019 e já seguia trabalhando em material novo. A partida de Andy foi, portanto, muito sentida – ainda mais porque o músico veterano, além de continuar criando, deixou um legado importantíssimo. No mesmo mês da morte de Andy, o grupo lançou o EP This Heaven Gives Me Migraine, já póstumo. Agora, o novo EP ANTI HERO chega como mais uma homenagem dos demais integrantes da banda ao seu líder e gênio. A capa é uma ilustração de um retrato de Andy feita pelo artista americano Shepard Fairey, que criou o icônico cartaz “Hope” para a campanha presidencial de Barack Obama em 2008. Com apenas 4 faixas, o trabalho traz duas regravações (“Glass” e “Change The Locks”), uma música inédita (“Forever Starts Now”) e um tributo a Andy escrito pelo outro guitarrista da banda, JJ Sterry, logo após a morte do colega. A letra é linda, cheia de agradecimentos a Andy pelos anos em que tocaram juntos e como isso mudou sua vida. Tudo isso me deu muita vontade de chorar, mas aí o EP termina com “Glass”, você se sente grato por tudo que Andy deixou, se anima, fica com vontade de pular pela casa e já sonha com o dia em que vai poder bater cabeça em show de rock de novo. Que nosso gênio descanse em paz. Seu legado será eterno. [BM]
Galinheiro, do Hiran
Hiran resolveu transitar por novas sonoridades em seu segundo álbum. O rapper baiano coloca no mundo o interessante Galinheiro, que mostra esse encontro do rap com outros elementos da música. Logo de cara, Hiran já dá o tom do álbum com a crítica faixa-título, onde aborda o preconceito com o qual lida na cena por ser gay. Ao longo do álbum, tem pop, MPB, funk e samba em faixas interessantes como “Shalalala / Transborda”, que tem participações de Illy e Majur; “Gosto de Quero Mais”, com Tom Veloso; e “Holograma”. Vale o play! [JP]
no song without you, do HONNE
De surpresa, o duo britânico HONNE soltou uma mixtape que casa bem com o período de isolamento social. Servindo como uma boa trilha sonora, o registro conta com catorze faixas e entrega aquele synthpop com pitadas de indie, eletrônico e R&B já característico do projeto. Apesar de alguns deslizes – como “s o c i a l d i s t a n c i n g”, a mixtape cumpre o seu papel e vale a audição… Nem que seja para te deixar com vontade de ouvir “Warm on a Cold Night” mais uma vez. [JP]
Do Jeito Delas, da Kelly Key
Qual seria a melhor ideia para dar um gás na carreira musical, em 2020, após ter conquistado um grande sucesso comercial no início dos anos 2000? Dessa forma, Kelly Key reuniu os seus grandes hits e chamou diversas colegas (Clau, Mc Rebecca, Luísa Sonza, Gabi Martins, Preta Gil, Pocah, Cynthia Luz e Gabily) para dar uma repaginada em cada um deles. O projeto ainda traz as inéditas “A falta que me faz”, “Aumenta o som” – o primeiro single dessa nova era – e “Montanha russa”, que tem um clipe cheio de energia e que promete viralizar com desafios no TikTok. [YC]
Oye Mujer, do LADAMA
Em seu segundo álbum, o quarteto LADAMA faz uma convocação expressa para que a sociedade se faça presente – e ativa – nas lutas sociais. Abordando temas como machismo, xenofobia, racismo e homofobia, a banda formada por quatro mulheres de diferentes cantos das Américas – Mafer Bandola (voz/bandola llanera – Venezuela), Lara Klaus (voz/bateria e percussão – Brasil), Daniela Serna (voz/tambor alegre – Colômbia) e Sara Lucas (voz/guitarra – EUA) – entrega um verdadeiro caldeirão de estilos, sonoridades e línguas. Unindo samba, cumbia, soul, R&B, pop e outros ritmos caribenhos, o álbum conta com produção de Kassin e o resultado é marcante. “Nobreza”, “Misterio” e “Underground” são bons exemplos disso. [JP]
Lianne La Havas, da Lianne La Havas
O terceiro registro de estúdio da cantora britânica Lianne La Havas parece finalmente ter feito florescer todo o seu potencial artístico; a combinação de soul, jazz, e folk cria uma atmosfera única ao ouvinte, ainda mais com a belíssima voz de Lianne, que mais uma vez merece todos os elogios. Inspirado por um término de relacionamento, e influenciado por artistas como Milton Nascimento e Joni Mitchell, o álbum carrega consigo uma pluralidade de sons que não apenas torna o trabalho bastante experimental, mas também maravilhoso em seus detalhes. É impossível não se apaixonar pela energia de Lianne enquanto se escuta “Bittersweet” e o cover de “Weird Fishes”, do Radiohead. [RS]
No Pressure, do Logic
O novo álbum de Logic chegou trazendo uma mistura de sentimentos de uma carreira que teve altos e baixos. Uma reflexão de toda sua trajetória e experiências pessoais são contempladas nesse trabalho, que é possivelmente o último álbum do rapper. Em No Pressure, como o título mesmo já diz, nós vemos um Logic “sem pressão” pra executar aquilo que ele sabe fazer de melhor: contar sua história, abordar assuntos importantes, e até responder aos haters de uma forma bem humorada. Tudo isso em ótimas músicas que, não podemos deixar de mencionar aqui, tiveram a produção executiva do ícone No I.D. Enquanto em “GP4” ele usa samples de Outkast para falar sobre experiências vividas antes da fama, enquanto nas faixas seguintes ele reflete sobre carreira, influências e a indústria da música. O momento mais leve do álbum passa pela faixa “A2Z”, que começa com ele conversando com seu filho e ensinando o alfabeto para ele através da canção. Para encerrar, um discurso marcante feito pelo diretor e radialista Orson Wells sobre Isaac Woodard Jr, veterano negro morto por supremacistas brancos em 1946 e que, sem dúvida vem de encontro a onda de protestos do movimento Black Lives Matter. Se esse realmente for o último trabalho de Logic, sinto que ele encerra a carreira com chave de ouro, nos entregando um álbum incrível e completo em todos os sentidos. [JS]
Olorum, do Mateus Aleluia
Uma bela mistura de MPB, Samba e Afoxé dão o tom em Olorum, terceiro álbum solo de Mateus Aleluia. O cantor, compositor e músico baiano entrega um trabalho regido pela cultura africana, com arranjos refinados e um cuidado impressionante com as vozes. Produzido por Ronaldo Evangelista, o álbum é um registro sensível das memórias e referências de Mateus Aleluia, resultando em um dos grandes lançamentos do ano no Brasil. “Kawô Kabiyesilê”, “Filho de Rei”, “Samba-Oração” e a sua faixa-título provam isso. [JP]
Season 2 [EP], do Nasty Cherry
O segundo esforço de estúdio das Nasty Cherry saiu e, bom, as protegidas de Charli XCX parecem continuar experimentando e tentando encontrar o seu verdadeiro som. Em cinco faixas, o quarteto aposta em diversos estilos e, em certos momentos, parece faltar coesão entre os resultados finais. Diria até que um desavisado acreditaria que são bandas diferentes ao longo dos quinze minutos de duração do EP. Apesar disso, dá para ver que as quatro possuem potencial e isso pode resultar em bons resultados no futuro. “Better Run” é uma boa música, enquanto “Just The Way You Like It” tem aquele poder chiclete que a faz ficar em sua cabeça. [JP]
Desejo de Lacrar, do Negro Leo
Negro Leo promove uma interessante discussão sobre o “lacre” em seu novo álbum. Em seu nono registro de estúdio, o músico e compositor maranhense segue se reinventando e continua a sua já tradicional experimentação. Cheio de camadas, elementos e timbres, Desejo de Lacrar não cabe em um rótulo, mas entrega uma espécie de Tropicália 2.0 ao revisitar o estilo e dar a ele uma roupagem bem própria. Músicas como “Dança erradassa”, “Absolutíssimo lacrador”, “Outra cidade”, “Makes e Fakes” e “Eu lacrei” são bons momentos do registro. [JP]
I Can Feel You Forgetting Me, do Neon Trees
Após seis anos, o Neon Trees está de volta com um novo álbum de estúdio. Para quem ouviu “Animal” sem parar lá por 2009 ou 2010, a memória afetiva pode ficar aguçada e, bem dizendo a verdade, I Can Feel You Forgetting Me está longe de ser um álbum ruim. O trabalho tem os seus bons momentos – casos de “Nights”, “Holy Ghost” ou “Skeleton Boy” por exemplo – e certamente agradará aos que ainda não se esqueceram da banda estadunidense. Apesar disso, talvez a sensação de que “faltou algo” também se faça presente ao longo das dez faixas, como ocorreu por aqui. [JP]
Patchwork, do Passenger
Depois de fazer muito sucesso no Brasil com o mega hit “Let Her Go” e ao abrir os shows da última turnê de Ed Sheeran por aqui, o inglês Michael David Rosenberg se popularizou bastante no país. Ele faz um folk pop simples, só voz e violão, de forma bem crua. As músicas são lindas, suaves, calmas, românticas e muito emotivas, sempre passando uma sensação de serem bastante honestas. O álbum Patchwork, que já é seu 12º disco de estúdio, mantém essa mesma sonoridade – e, o mais legal de tudo: é um projeto beneficente e não terá cópias físicas à venda, apenas distribuição digital, e todo o valor arrecadado com o streaming será doado para a instituição de caridade Trussel Trust, que combate a fome no Reino Unido com bancos de alimentos. O registro tem mesmo um efeito de acalmar o coração, trazendo serenidade e aconchego. Mesmo que você não goste do som, vale a pena deixar rodando no Spotify, ainda que no mudo, para arrecadar doações pra quem precisa. [BM]
Ultimate Success Today, do Protomartyr
Ao que tudo indica, o post-punk vai dominar o mundo novamente e o Protomartyr está na trincheira, pronto para mais uma batalha e que, talvez, possa ser a última. Em seu quinto álbum de estúdio, os estadunidenses entregam um registro ainda mais afiado e rico em sua sonoridade. Mesclando ainda art-punk e noise-rock nesse caldeirão, Ultimate Success Today entrega letras quase poéticas que são entoadas magistralmente por Joe Casey. Em meio a especulações sobre o futuro – o vocalista revelou que o trabalho encerra um ciclo – da banda, os vários encerramentos que permeiam a nossa vida fazem parte do álbum e, quando se fala da banda, “Worm In Heaven” fecha o registro e soa como uma despedida do quarteto de Detroit. “Tranquilizer”, “Processed By The Boys” e “Michigan Hammers” são outros bons destaques de um álbum que vale a audição. [JP]
Unfollow the Rules, do Rufus Wainwright
Ainda que as produções recentes de Rufus Wainwright sejam interessantes, a carreira do cantor e compositor fez uma viagem por diversos lugares nos últimos anos, algo que acabou me afastando das audições. O nosso reencontro e a minha certeza de que Rufus é um dos nomes mais incríveis da música se dá agora em Unfollow the Rules, um álbum que resgata tudo aquilo que o músico nos entregou tempos atrás e com um requinte e refinamento conquistados nesta última década. Arranjos luxuosos e letras talentosas se casam perfeitamente ao longo das doze faixas, resultando em algo que merece ser ouvido com toda a atenção. [JP]
Sebastianismos, do Sebastianismos
Conhecido por seu explosivo talento em Francisco, El Hombre, Sebastian Piracés-Ugarte testa novas terras com seu trabalho inédito, o autointitulado Sebastianismos. Fermentado durante as turnês da banda, apresenta um leque de referências diverso que vai do reggaeton ao punk rock, e ainda conta com nomes da música brasileira como Russo Passapusso e Jaloo. Ao longo das 12 faixas que compõem o álbum, Sebastian canta em português e espanhol, fazendo presente para além das palavras a sonoridade latino-americana. Tratando de sexo e política e revolução, é uma parte do artista que vale a pena ser apreciada profundamente. [BS]
folklore, da Taylor Swift
Saindo da linha pop que fez o seu nome ser uma das maiores vendedoras de discos da atualidade, Taylor Swift aproveitou a quarentena para servir ótimas letras, compor melodias no violão e trazer de volta a perspectiva musical dos seus primeiros álbuns que vieram do universo country. O disco é cheio dos chamados “easter-eggs”, que são mensagens e conceitos escondidos nas músicas. Não é mera coincidência você perceber que a primeira faixa se chama “The 1”, a sétima se chama “seven” e a oitava “august”. Alguns fãs podem jurar que algumas músicas se interligam para contar histórias. Quem gosta de uma pegada um pouco mais alternativa vai curtir “exile”, dueto com Bon Iver, um projeto folk estadunidense liderado e fundado por Justin Vernon. Se você gosta das baladinhas mais “teen”, o seu momento será em “Betty”. Este é um dos trabalhos mais cotados para a lista de indicados do Grammy 2021, já que possui nota 88 no Metacritic. [YC]
Gaslighter, do The Chicks
Catorze anos depois, algumas pessoas se perguntaram se o The Chicks ainda era capaz de nos entregar boas músicas e a resposta não poderia ser outra. Gaslighter é um álbum que faz jus ao legado do trio – que mudou de nome recentemente – e, mais do que isso, é um belo exemplo de retorno marcante e bem atual. Mesclando country, folk e pop, as integrantes abordam tudo o que viveram dentro da indústria pelo simples fato de serem mulheres fazendo música. Questões pessoais também aparecem ao longo das doze faixas do registro, como o divórcio enfrentado por Natalie Maines. “Texas Man”, “Tights on My Boat” e “Everybody Loves You” são verdadeiras pérolas. [JP]
Recover, do The Naked And Famous
Em seu quarto álbum de estúdio, o The Naked And Famous se coloca entre os bons nomes do amado indie pop. O (agora) duo de Alisa Xayalith e Thom Powers resolveu apostar de vez nos sintetizadores e deixar de lado as guitarras presentes nos primeiros álbuns e o resultado é um bom trabalho que transita entre o indie e o electropop, mesmo contendo algumas canções que apostam claramente numa zona de conforto dos estilos, sem grandes invenções. Os destaques acabam sendo músicas como “The Sound of My Voice”, “(An)Aesthetic” ou a sua faixa título, que fogem um pouco desse espaço. [JP]
Hate For Sale, do The Pretenders
Leia a resenha completa do álbum.
Manter uma banda na ativa por mais de quatro décadas é um grande desafio, ainda mais tendo passado por tantas dificuldades, como é o caso dos Pretenders. Mas a Chrissie Hynde conseguiu e, em seu 11º álbum de estúdio, continua fazendo bonito. Aos 68 anos, sua voz impressiona por se manter muito bem preservada e soar tão versátil. Hate For Sale desce redondinho do começo ao fim e mistura muitas influências e ritmos musicais diferentes (tem até um dub jamaicano!), mas também é um retorno à era de ouro dos Pretenders, honrando e resgatando a relevância do grupo e seus grandes hits com baladas românticas e rock calcado no blues e no punk. O disco foi produzido por Stephen Street, que já trabalhou com bandas como Blur, The Cranberries e The Smiths; e ainda conta com a participação do membro original Martin Chambers na bateria. [BM]
First Rose of Spring, do Willie Nelson
O imparável, inoxidável, formidável e genial Willie Nelson segue firme e fazendo boa música. Dono de uma das vozes mais marcantes da música estadunidense, o veterano entrega mais um registro interessante ao mesclar covers – como a bela “We Are The Cowboys” – com faixas inéditas. Ainda que fique abaixo dos trabalhos mais recentes, é um belo esforço, onde “First Rose of Spring” e “Blue Star” são duas belas canções sobre o amor e que são capazes de te arrebatar logo na primeira audição. Decerto, o único fato questionável presente no álbum é mesmo a sua capa. [JP]
Quer mais dicas além dos álbuns lançados em julho?
Aproveite para dar uma olhada em nossas listas com os registros que saíram em janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho, além da nossa lista especial com os cinquenta melhores álbuns do primeiro semestre de 2020.
Fique ligado aqui no Audiograma para acompanhar as seleções dos próximos meses de 2020, cuja programação você encontra em nossa lista com os principais lançamentos previstos no mundo da música.
Por fim, não deixe também de dar uma olhadinha em nossa seleção com os 100 melhores álbuns do ano passado.
Textos: Bárbara Monteiro, Bárbara Silva, Ivan Vilela, John Pereira, Jullie Suarez, Rahif Souza e Yuri Carvalho.