Quase duas décadas após o seu lançamento, o St. Anger segue rendendo comentários e questionamentos ao Metallica por conta de suas escolhas.
Tido por muito como o pior ou mais polêmico registro de estúdio da banda, vários argumentos são levantados para se questionar as escolhas da banda naquele período e, ainda que entenda tudo isso, o Metallica parece bem a vontade com tudo o que foi feito naquele disco.
Em conversa com o programa Trunk Nation, o baterista Lars Ulrich falou sobre um dos principais questionamentos do público: a sua polêmica bateria. O músico deu uma longa declaração sobre o assunto dias após o produtor Bob Rock afirmar que o álbum ajudou a banda a passar por um de seus piores momentos.
Na conversa, Lars afirmou que está “100% de acordo” com a escolha feita e ainda afirmou que “naquele momento, aquela era a verdade” que a banda queria passar. “É só a minha personalidade, eu estou sempre olhando pra frente, sempre pensando na próxima coisa. É assim que eu funciono, simplesmente”, afirmou. “Às vezes, podem argumentar, eu passo tempo demais no futuro, mas eu raramente passo qualquer tempo no passado. E a única hora que essas coisas surgem é em entrevistas”, completou o baterista.
Ulrich falou abertamente sobre a sonoridade da caixa da bateria. “Eu ouço o ‘St. Anger’. É uma porrada e meia, e tem um monte de energia incrível, crua, e é tipo, ‘Uau!’. Ele recebeu uns tapas por aí. Mas a questão da caixa foi algo super impulsivo, do momento… Estávamos trabalhando em um riff. Hetfield estava tocando um riff na sala de controle. E eu corri até lá. Eu fiquei, tipo, ‘Eu preciso colocar uma batida nisso’. Eu corri pra sala de gravação e sentei e toquei algumas batidas em cima desse riff para não perder a energia do momento, e eu esqueci de ligar a caixa. E aí estávamos ouvindo aquilo e eu fiquei, tipo, ‘Uau! Esse som meio que se encaixa no riff, e soa estranhamente bizarro e meio que legal’. E aí eu meio que só deixei a caixa desligada no resto das sessões, mais ou menos. E aí foi, tipo, ‘É, isso é legal. É diferente. Vai foder com as pessoas. Soa como uma parte dessa pancadaria’, ou coisa assim. E aí vira essa coisa enorme, debatida. E às vezes a gente meio que senta e fica tipo, ‘Caralho! Não esperávamos por essa’, em relação ao tamanho do problema que virou”, afirmou.
Questionado sobre as escolhas feitas em torno do St. Anger, Lars se mostrou bem tranquilo com tudo o que ocorreu. “Eu tenho orgulho de todas essas decisões, porque eu sei que naquela época elas eram a verdade e era a coisa instintiva e certa a se fazer. E aí, 20 anos depois, é, tipo, ‘Bom, como aquilo soaria se a caixa estivesse ligada?’. Ou, ‘Como aquilo soaria se nós tivéssemos feito dois ao invés de quatro?’. Sabe, eu não sei, mas eu realmente não fico pensando nisso, para ser sincero contigo, a não ser quando sou confrontado com isso em entrevistas. E eu não mudaria uma coisa sequer no passado. Claro, quão longe você vai levar isso? Claro, sim, acidentes de ônibus e tudo mais, claro. Mas o ponto do que estou dizendo é que eu só não passo muito tempo sentado, pensando, ‘Bom, se não tivéssemos feito isso’, ou, ‘Se tivéssemos feito isso ao invés daquilo…’. Eu estou sempre muito ocupado com a próxima coisa que faremos, e é assim que eu funciono. E eu acho que em geral todos nós do Metallica operamos assim. Então nós só estamos sempre empolgados com a próxima coisa, a próxima coisa, o próximo disco”, argumentou.