A pandemia mundial causada pelo Covid-19 ainda é encarada de diversas formas pelo mercado musical. Enquanto parte dele tenta encontrar formas paliativas para lidar com a crise, outros tentam ser realistas e pensar num futuro a longo prazo.
Em uma entrevista ao podcast do crítico musical Bob Lefsetz em seu podcast, o cofundador do Lollapalooza revelou uma opinião um tanto quanto desoladora sobre o retorno dos grandes shows e festivais pelo mundo. Questionado sobre o assunto, o produtor e empresário Marc Geiger afirmou que só acredita que o público retornará aos grandes eventos apenas em 2022.
“Vai demorar muito para que o que eu chamo de ‘economia germofóbica’ seja morta lentamente e dê lugar para o que eu chamo de ‘economia claustrofóbica’, que é quando as pessoas vão querer sair, voltar a jantar fora, viver suas vidas e ir a festivais e shows”, afirmou. “Meu instinto é que isso vai demorar um pouco, porque os eventos de grande porte, como esportes, shows, festivais, não vão se sair muito bem enquanto o vírus estiver presente”, comentou o empresário.
Para Geiger, essa economia germofóbica seria operada pelo princípio de que a preocupação principal seria a contaminação. As pessoas não estariam dispostas a encarar situações onde elas possam se colocar em risco. Já a economia claustrofóbica seria algo com a qual já estamos acostumados, quando a vontade de sair e fazer algo fora de casa é maior do que as demais preocupações. “Sei que é frustrante, enlouquecedor e economicamente destrutivo. Mas isso é maior que nós, e se você estudar a história, coisas assim já aconteceram e foram super disruptiva na sociedade. Então, aqui está um problemão para a nossa época”, afirmou.
De acordo com o produtor, existem pelo menos uns “20 obstáculos” que precisam ser superados para que os eventos de grande porte voltem a acontecer. Marc falou sobre alguns deles e revelou que a contratação de seguros podem se tornar um problema. “Com a COVID-19 existe uma responsabilidade infinita na hora de organizar um evento e será um desafio para os promotores encontrar uma seguradora disposta a cobrir seus shows e festivais”, comentou.
E o formato Drive-In?
Enquanto a normalidade não se aproxima, muitos produtores pelo mundo apostam no formato Drive-in para proporcionar entretenimento em meio a pandemia. Perguntado sobre a modalidade, Geiger apontou problemas para o formato ao dar a sua opinião.
“A capacidade é muito pequena no momento em que você realmente coloca os carros no local. O preço, com uma experiência desconectada, é alto. Não acho que o áudio possa ser muito bom nos carros, mas ei, são soluções temporárias”, comentou. “Para mim, não é uma experiência tão legal para ser honesto”, finalizou.
No Brasil, os eventos Drive-in estão ganhando força em meio a um cenário de incerteza. Um dos epicentros da epidemia no momento, o país ainda não lida adequadamente com a pandemia e, de forma desordenada, pensa no futuro sem se preocupar com o presente.