O Live Isolation Festival foi o primeiro evento online organizado pelo site Fanzine Brasil. Sua finalidade foi prestigiar alguns músicos nacionais independentes e fazer com que, através de suas canções, as pessoas pudessem encontrar um estado de ataraxia – isto é, “tranquilidade espiritual”.
O conceito deste evento tem como pilar o pensamento de Arthur Schopenhauer, segundo o qual a arte (e em especial a música, que é a mais majestosa de todas), é capaz de proporcionar alívio a qualquer indivíduo, aniquilando momentaneamente seu estado de sofrimento existencial. Atualmente, a maior parte das pessoas de todos os continentes do planeta encontram-se inseguras, solitárias e angustiadas e é justamente por isso que o LIF buscou atravessar as fronteiras físicas (e também imateriais) e penetrar com força nos mais diversos lares, oferecendo a todos um momento de desligamento e satisfação.
As apresentações foram transmitidas ao vivo no Instagram do Fanzine Brasil, e aconteceram ao longo de durante cinco dias. A recepção por parte do público foi positiva e isso inspira o site para organizar novos eventos como esse. “Há alguns anos atrás, eu achava que iniciativas como essa, de se transmitir shows através de lives, não iria muito para frente. Hoje, vejo isso como uma necessidade de reinvenção na própria arte, colocando artistas e público em contato direto, em uma simbiose criativa sem limites. um mundo novo se inicia, graças ao @fanzinebrasil”, pontuou o leitor e seguidor Alexandre Porto. Por sua vez, Sérgio Binarioman refletiu: “Agradeço ao site Fanzine Brasil por abrir espaço a cena independente e underground do nosso país, não direcionando o festival apenas para um estilo de som especifico. É louvável esse olhar diferente , e acho muito oportuno para todos”.
Rosa Martins também acompanhou o evento de perto. Ela havia assistido o Cübus tocar ao vivo pouco antes de iniciar seu isolamento social e ficou bem satisfeita em assisti-los novamente, ainda que sob outra perspectiva. Rosa também disse que essa “é uma das melhores lives que está acontecendo”.
Abaixo, você confere uma mini-resenha de cada uma das apresentações feitas:
Mateamargo
Dennis Monteiro e Júlia Amorim são músicos conhecidos no cena independente do Brasil. Os dois são talentosos e possuem bastante experiência musical, por isso, quando eu soube que estavam se unindo para formar uma nova banda, tive a certeza de que algo muito bom estava por vir, e quando assisti o Mateamargo fazendo a abertura do Live Isolation Festival, apenas me certifiquei de que minha intuição estava correta.
É importante notar que a banda possui mais integrantes além dos dois citados, mas dadas as circunstâncias (envolvendo o fuck%*# Coronavírus), apenas a dupla se apresentou. Eles fizeram uma performance excelente, que foi acompanhada por uma quantidade significativa de pessoas e que recebeu muitos elogios. A voz da Júlia é simplesmente magnífica: soa de uma maneira doce e poderosa ao mesmo tempo. E o Dennis, como de costume, fez um show impecável. As músicas da banda são compostas por uma mistura ideal de Shoegaze, Indie e Post Punk. Não há dúvidas de que o Mateamargo vai fazer sucesso, e essa certamente é uma das maiores promessas do universo underground brasileiro.
“Mateamargo foi algo incrivel de ser, de se ouvir de viajar na bela voz da Júlia Amorim junto do imenso talento do Dennis, uma sintonia profunda musicalmente falando, foi uma experiência gratificante e privilegiada”. (Jonas Ramos, leitor e seguidor do site).
Sid Rogozinski
Sidan fez uma apresentação mais crua, baseada apenas em com voz e violão, e é preciso dizer que o formato não poderia ter sido melhor, pois o músico domina esse instrumento, e o tocou com uma intensidade incrível que chamou a atenção dos que o assistiam. Sua voz também foi um destaque a parte, pois ela é simplesmente encantadora. O repertório escolhido por Sidan Rogozinski estava mais voltado ao Rock And Roll dos anos noventa, e durante a apresentação, ele tocou covers e também algumas músicas originais, além de ter conversado bastante com o público que o acompanhava. É um artista legítimo e versátil, capaz de fascinar qualquer um com sua ilustre voz.
“Fiquei simplesmente impressionada com o potencial do Sidan. A voz dele é poética e angelical. Eu amei. Na verdade, já conheci ele pelo nome e sabia que era um grande músico, mas escutar ao vivo fez eu entender porque dizem que ele é tão bom”. (Sílvia Vannucchi, leitora do site Fanzine Brasil).
Quântico Romance
O Quântico Romance é um duo de música eletrônica, porém, no evento do Fanzine Brasil, apresentou-se apenas o músico Karlos Júnior. De maneira geral, vimos uma exibição fascinante na qual o artista conseguiu inclusive usar a luz de seu quarto de uma maneira criativa para fazer a abertura e o encerramento do show. No início, os espectadores viam apenas o seus teclados e equipamentos, além de escutar um som ambiente. Então, houve uma mudança súbita na iluminação e Karlos apareceu. Um grande diferencial de sua performance foi que ele tocou uma música inédita que ainda não foi oficialmente lançadas pelo Quântico Romance. O público interagiu bastante nessa apresentação e mostrou-se muito satisfeito. A sonoridade eletrônica criada por Karlos era penetrante, e gerava aquela prazerosa vontade de fechar e os olhos e dançar loucamente durante a noite toda…
“Gostei muito do Quântico Romance, uma atitude intimista que aproxima o público a banda/projeto do RJ. O som é um synthpop dançante e diferente, flertando com outras vertentes da música. É contagiante com algumas músicas, e em outros casos, leva-nos a sentir uma identificação com as letras românticas . Eu gosto de som assim”. (Sérgio Binarioman, fã do Quântico Romance).
Orbital Molecular
O Orbital Molecular, projeto musical de Marcelo Badari, fez uma apresentação na qual explorou texturas sonoras bem variadas, cujo resultado foi uma atmosfera que em alguns momentos soava meio Indie, por hora como os clássicos ardilosos do Krautrock e, por vezes, se assemelhava aos ruídos estranhos do Shoegaze. Suas músicas, no geral, são excêntricas e experimentais, e tem a guitarra como principal fio condutor. Marcelo Badari é um multi-instrumentista bem inventivo e suas engenhosas produções são dignas de elogio.
“O Marcelo Badari fez uma performance maravilhosa. Além de trabalhar com bastante recursos e efeitos, ele claramente tem muita influência do Shoegaze”. (depoimento de Israel Davy, seguidor do Fanzine Brasil).
Cübus
O Cübus é um projeto musical ilustre e que já tem bastante tempo de estrada. Para o festival, devido ao isolamento, apenas Diego se apresentou, e ele fez isso com maestria e com notável profissionalismo, encerrando o LIF com chave de ouro. Foi um show cativante, que prendeu a atenção do público do início ao fim. Um fato interessante e que merece destaque, é que Diego utilizou luzes coloridas ao longo de sua performance, e isso garantiu um clima ainda mais envolvente no seu show. Além disso, outro aspecto que vale a pena ser mencionado, é que na setlist havia uma faixa (“O Construtor”) que foi tocada ao vivo pouquíssimas vezes e, portanto, quem acompanhou o LIF, teve a honra de escutá-la com certa exclusividade. A apresentação feita pelo Cübus também serviu como espaço para protestos de cunho político: em certo momento, Diego proferiu um “Fora, Bolsonaro” e então, em poucos instantes a live foi tomada por comentários semelhantes contra o atual presidente do Brasil.
“Cübus é o projeto eletrônico mais legal que conheço e poder ver e ouvir uma performance é sempre entusiasmante, ainda mais nos tempos de clausura forçada. Músicas antigas com versões mais pulsantes fizeram a alegria de quem se conectou ao Fanzine Brasil”. (Cláudio Borges, DJ e youtuber).