Apesar da pouca idade, Låpsley tem construído uma carreira notável: assinou com a XL Records, uma gravadora que é casa também de nomes como Adele, Frank Ocean, Jack White e Radiohead, já foi nomeada para o prêmio Best New Artist da NME (que tem entre seus indicados Dua Lipa, Coldplay e Halsey), para o prêmio BBC Sound of…., tocou na edição de 25 anos do Lollapalooza Chicago, e há menos de um mês, lançou seu segundo álbum, o intimista e elogiado Through Water, no qual também atuou como produtora.
Com tudo isso na mesa, o Audiograma teve a oportunidade de falar com a cantora inglesa sobre o seu novo trabalho, a pressão do segundo álbum, relação com os fãs e suas influências musicais, que vão de músicas dos anos 80 à folk.
Água e natureza são alguns dos temas do álbum, mas também podemos ver outros temas realmente pessoais, como amor e desespero, em letras como “First” e “Our Love is a Garden”. Como você teve a ideia de misturar o conceito da natureza com os seus sentimentos e transformar eles no seu disco?
Eu sempre senti uma afinidade com a natureza e com ambientes externos e sinto que essa conexão fez seu caminho naturalmente para o meu trabalho por meio das metáforas nas letras. Eu gosto de pensar que o uso de objetos e conceitos da natureza é uma maneira interessante de explicar sentimentos complicados, pois eles parecem ser mais definitivos. Eu quero explicar a emoção por meio de metáforas físicas.
Existe uma certa pressão ao se fazer um segundo álbum. Você sentiu isso enquanto escrevia o Through Water?
Existe a pressão que você coloca em si mesmo, para querer melhorar e se desafiar, ser verdadeiro com você e sua arte. A pressão nunca acaba. Existem muitos altos e baixos em fazer um álbum mas no geral eu aproveitei a experiência de criar esse disco e não me deixei estressar com a opinião da mídia, se ele seria melhor ou pior para eles, já que música é algo completamente subjetivo.
“Womxn” é uma música incrível. No que você se inspirou para escrevê-la?
Eu estava em um lugar muito escuro e vazio quando escrevi “Womxn”, então escrevi do ponto de vista de uma futura versão minha, que é confidente e sabe o que fazer. Eu estava me inspirando no fato de que maturidade, tempo e experiência podem melhorar sua situação, você só precisa ter paciência e confiar nisso.
Há um motivo para “Womxn” ser soletrada desta maneira?
É uma maneira geralmente usada na comunidade LGBTQI+, da qual eu faço parte, e é inclusiva para pessoas trans.
Você usa muitos sintetizadores, baterias eletrônicas e piano nas suas músicas. Como foi o processo de descobrir como você queria que sua música soasse?
Eu sinto que eu cheguei naturalmente a esse tipo de coisa dos sintetizadores mais minimalistas. Eu amava “Marvins Room”, do Drake, e o primeiro disco do James Blake, que foram minhas referências para os sintetizadores. As baterias são minimalistas também.
Quais são as maiores mudanças que você vê em você e na sua música entre o lançamento de seu primeiro álbum, Long Way Home, e o lançamento de Through Water?
Eu acho que a produção foi por um caminho um pouco diferente por causa do que estou ouvindo ultimamente, e também porquê, com o tempo, você muda e melhora como compositora e produtora. Eu acho que [Through Water] é um pouco mais eletrônico, como as músicas que eu fiz antes do meu primeiro disco.
Quando você descobriu que queria ser uma cantora?
Desde que eu era pequena, eu sempre amei cantar e performar. Comecei a escrever músicas com meu piano e minha guitarra com uns catorze anos e então comecei a gravar e produzir músicas no meu computador quando tinha uns dezesseis.
Quais eram suas principais influências musicais enquanto você crescia?
No ensino médio, eu amava Bon Iver, James Blake, Jaques Greene, Kate Bush e Koreless. Um mix de eletrônica, música minimalista, indie triste e coisas dos anos 80.
Eu vi que você é muito ativa no Instagram e está sempre respondendo os comentários nas suas fotos. Como é sua relação com os fãs? Você gosta da maneira como as redes sociais fazem com que vocês se aproximem?
Eu amo estar em contato com meus fãs, já que a comunicação e a transparência são importantes para mim. Durante as últimas semanas de confinamento, eu tenho recebido algumas mensagens adoráveis de fãs. Elas tem me ajudado a passar pelas horas ruins e me lembram que as pessoas tem se conectado com minhas músicas.
Se você pudesse trabalhar com qualquer artista, vivo ou morto, quem seria?
Young Fathers.
O que você está ouvindo agora? Alguma música ou artista que você quer compartilhar com a gente?
“We Had A Good Time”, do Bullion.
Alguma chance de te vermos no Brasil em breve? Talvez depois da quarentena?
Eu adoraria! Seria um sonho se tornando realidade!