Que tal uma série de músicas curtas para corações despedaçados? Esse é o lema da She Is Dead, banda de Curitiba que mescla a velocidade do Punk Rock com as cargas sentimentais e melancólicas do Pós-Punk.
Formada em 2015, a banda conta com dois EPs lançados no ano passado, os interessantes Living In My Hate e Forget Our Dreams. Uma das boas novidades da cena underground, o trio composto por Mau Carlakoski (Vocais e Guitarra), Kim Tonieto (Baixo e Vocais) e Ricky Volpato (Bateria) vem conquistando um número cada vez maior de admiradores.
Por isso, batemos um papo com o seu vocalista e guitarrista o projeto e o resultado você confere logo abaixo.
Primeiramente, gostaríamos de saber um pouco mais sobre a história de vocês: quando surgiu a banda? Qual foi a inspiração para o nome She Is Dead?
Foi em 2015. Eu e o Kim estávamos num péssimo ano, no quesito coração, dos sentimentos… era algo de amargar mesmo e a melhor saída foi montar uma banda. Então, o amigo Alesssandro Santiago pegou a bateria e nosso soldado Ryan Dani Sassaky a outra guitarra. A primeira fase da She Is Dead acabou em 2017 e voltou em 2019, com o Ricardo Volpato na bateria, o Kim no baixo e eu na única guitarra e vocal. O nome é uma homenagem a personagem da atriz Marion Cotillard do filme A Origem, do Chistopher Nolan. Ela é exatamente a banda.
Poderia contar um pouco sobre os conceitos que se encontram nos dois EPs lançados até o momento?
Tudo aconteceu rapidamente. Depois que o Ricardo entrou para a banda, a gente encontrou o produtor Luiz Orta e decidimos que a prioridade seria gravar e trabalhar os registros, já que na primeira fase o foco era fazer shows. Tendo em mãos algumas musicas novas, como “Living In My Hate” e “Stay Away”, o clima da banda estava o melhor possível. A gente gravou no estúdio Caverão, do Dani Picolli, outro cara fundamental nos 2 EPs. O lugar virou a nossa casa e as ideias já estavam muito latentes ali, deu para ‘expulsar’ bastante coisa naquele dias (risos).
Quais foram as principais mudanças do Living In My Hate para o Forget Our Dreams, no que diz respeito ao processo de produção e da sonoridade? Há algum que seja de sua preferência?
Amamos os dois igual! Eu acho que o Living In My Hate é mais cru, mais “na cara” mesmo o que a gente estava dizendo, o que já tinha passado. Tem uma música de violão que é pura tristeza… noites mal dormidas, mas também tem “Walking In The Zoo”, que é uma faixa “fast food amigos para sempre” bem legal. Já o Forget Our Dreams é mais denso, desde o titulo, a musica que leva seu nome, a catarse de “Stay Away” e “Story of Lies” ao confessionário de “I Wanna Live So High”… acho um disco que tem uma temática mais sensível (risos).
Percebo que vocês tem tido uma recepção bem positiva por parte da crítica e do público. Qual você considera que seja o principal aspecto em que vocês se destacam, e que gera essa aceitação?
A gente espera que o principal aspecto seja o fato de que nossas músicas sejam legais! Há uns riff grudentos. E outro aspecto é que tem muita gente bacana e bem intencionada divulgando trabalhos por aí. Demos sorte de ter encontrado alguns veículos que foram extremamente gentis e prestativos conosco.
Vocês tem uma sonoridade muito original e difícil de ser rotulada. Como vocês se classificam musicalmente?
A partir do 3 EP vai ser ainda mais difícil de nos classificar. Talvez não seja tão original porque, propositalmente, a gente partilha de várias referências, e curtimos umas partezinhas manjadas, sabe? Somos pessoas que amam os seus pedais de distorção e, por vezes, soamos de uma maneira mais Punk, embora em outros momentos façamos um som mais Sixties, mas sempre bem alto.
Vocês se consideram uma banda underground? Fazem algum tipo de uso da ideologia D.I.Y? Como vem a cena da música independente no Brasil?
Pagamos tudo e fazemos tudo. Por isso é importantíssimo ter um pessoal legal de apoio, um estúdio legal em que você ensaia, alguém que entenda sobre vídeo e que curte a banda, uma pessoa que faça artes legais para a gente, como é a Wild People, que agora faz nossas artes… enfim… pessoas que nos divulgam e se divulgam também. O atual cenário de artistas independente está maravilhoso. Onde quer que você vá, encontra muitos artistas legais! Há muito trabalho legal e diverso no Brasil e não é somente na música, pois tem um pessoal envolvido com teatro e cinema que também é muito atuante.
Suas músicas soam de uma maneira um tanto agressiva, mas ao mesmo tempo, percebo que há uma certa introspecção, algo sentimental por trás desse barulho… Poderia comentar a respeito disso?
Sentimentos sinceros demais (risos).
Que tipo de efeito vocês esperam que suas músicas causem no público?
Para quem já viu a gente ao vivo, o efeito de estar junto com a gente. Cada um vai ter sua história, sua emoção… que curtam o momento em que estejam escutando, seja lá qual for o sentimento na hora. A She is Dead é a banda do povo! Só queremos estar com as pessoas, ter um contato com elas, ouvir suas histórias e contar algumas das nossas.
Qual foi o show mais marcante que já fizeram até o momento?
O primeiro show nosso no Cavern Pub (Curitiba). Tinha gente caindo em cima do palco, soco, pulo e muita gritaria! Este show realmente foi muito louco, e por ser o primeiro da volta da banda, foi bem marcante. Eu gosto muito do show do Talesyn, que aconteceu em Floripa… na verdade a gente curte tocar ao vivo, todas as apresentações tem sido bem legais.
Estão trabalhando em algum material novo? O que podemos esperar?
Sim, a gente deve entrar em estúdio no mês de julho. Já está tudo composto, vai ser mais Sixties, mais leve de tema, mas com muita distorção. No momento, há dois novos vídeos que estão rolando aí, ainda referentes aos 2 primeiros EPs. Dá para conferir todo material no sheisdead.com.br. A gente agradece a vocês aqui do Audiograma pela entrevista, e ao Fanzine Brasil que acompanho e parabenizo pelo trabalho, vocês são demais. Nós três estamos muito felizes por estar fazendo esta entrevista.