Hoje o Audiograma traz aos leitores um papo com Sidan Rogoziński, talentoso artista do interior paulista que, equipado com uma guitarra ou um violão, e munido de sua potente voz, está lançando cada vez mais músicas autorais, todas produzidas e editadas inteiramente por ele mesmo, ao “melhor estilo D.I.Y”.
Sidan brinca com a guitarra de uma maneira especial e demonstra uma versatilidade única nas composições que faz com o instrumento. Confira nossa conversa com essa fera que promete se destacar cada vez mais no cenário underground brasileiro.
Sidan, poderia nos contar com que idade você começou a tocar guitarra? Você toca algum outro instrumento além desse?
Eu comecei tocando violão. Meu irmão fazia aulas e me repassava o que aprendia. Aliás, por isso toco com as cordas invertidas, rs. Como sou canhoto e só tínhamos um violão, a prioridade era que o instrumento ficasse configurado para as aulas dele, que é destro. Não toco outros instrumentos além de violão e guitarra, mas com eles tenho base para programar os demais elementos da música no computador. Ter tocado em bandas me deu esta noção.
Qual foi a primeira banda da qual você participou?
Se chamava Divastrabica. Nome bizarro! kkk. Mas foi ótimo! Me deu amigos para uma vida toda. E mais! A Tahiz, que tocava guitarra na banda, me deu o apelido de Sidan que me acompanha até hoje.
Poderia nos contar qual foi o melhor momento que viveu em cima dos palcos?
Creio que posso citar dois. E os dois foram com a Medrar, minha última banda. O show no Rio de Janeiro no aniversário da Bichano Records (vale a pena acompanhar esse selo) foi insano! E o outro foi no Grito Rock em Mairinque, minha cidade. Conseguimos fazer o evento numa estação de trem histórica, que ficou absolutamente lotado num dia de chuva torrencial. Emocionante.
Como você encara a atual indústria musical no Brasil?
Se você for curioso, acha muita coisa boa. Se esperar vir pelos meios de massa não vai rolar. Mas a gente não pode reclamar porque sempre foi assim, o que mudou é que hoje está tudo em nossas mãos. Se você gosta de música boa, busque na internet que você vai encontrar de tudo: Jaloo, My Magical Glowing Lens, Rakta, Liniker e tantos outros… tenho ouvido bastante Wolf Among Us! Recomendo.
Agora, se você quer fazer música boa… comece agora! Nunca foi tão acessível na história da música!
É possível que um artista trabalhe em liberdade caso sua produção esteja atrelada a uma gravadora? Como é possível conciliar essas circunstâncias?
Depende do artista. Ele é quem deve ser o senhor do seu trabalho. Num passado não tão distante uma gravadora detinha todo o processo musical. Sem ela, você não tinha a menor chance de gravar, que dirá prensar vinis, distribuir, divulgar etc. Hoje artistas como Emicida, Criolo, Liniker e tantos outros não tocam em rádios e isso não altera em nada seu poder de chegar até as pessoas. Se você consegue ter independência criativa e o apoio de um selo ou gravadora… isso é demais! Mas se você está sozinho, hoje também tem chance e meios de apresentar seu trabalho.
Como você define a arte e como você define a indústria?
Arte é a expressão mais íntima de uma pessoa, suas visões e perspectivas. Quando uma peça de arte é feita com essa entrega ela se torna eterna, um monumento. A indústria pode ser algo que apresenta isso para mais pessoas, ou pode ser uma criadora de embustes para te fazer acreditar que algo vazio de sentimento tem algum valor. Não julgo, mas sabendo bem que os dois lados existem.
Muitas pessoas concordam que a música brasileira atravessa um momento de decadência estética. A sociedade consome tais produções e se torna reflexo dessa decadência ou esse tipo de música é formada justamente porque a sociedade, em si, é vazia?
Vivemos tempos estranhos. Estamos certamente mais vazios e por vezes até discutindo questões inquestionáveis… tem gente duvidando até do formato da Terra! Creio que muito se deve a facilidade de propagação que temos hoje de todo tipo de coisa. Não que se deva pensar em filtros, longe disso. Mas cabe a nós todos equilibrar esta balança com mais obras de todo tipo. Ocupar os espaços, divulgar seu artista favorito ou seu amigo que está batalhando para conquistar seu público ajuda a termos variedade, e isso é fundamental.
Você poderia comentar sobre as vantagens que podem ser proporcionadas pela ideologia DYI? Além da música, de que outras formas ela pode ser vantajosa?
Liberdade de ousar e fazer o que te representa. É a ideologia que te permite coordenar o volante da sua própria vida. Pra mim funciona como um espelho, me encontro naquilo que faço e repenso quem sou através das obras. Em vários aspectos ela me parece preciosa. Que se veste com sua própria roupa DIY se torna único e absolutamente autentico. O modo de vida Do It Yourself traz verdade para as coisas, penso eu.
Quais são os seus planos para o futuro? Pretende gravar e/ou lançar algum material?
Continuar compondo. No momento tenho duas músicas sendo produzidas com duas cantoras e acho que vai ser surpreendente. E está quase pronta uma faixa em português minha, baseada em minhas experiências com a terapia e momentos de depressão. Agora está tudo bem, a fase passou, mas não pude evitar de compor algo sobre isso.
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