O segundo mês do ano se foi e chegou a hora de separar os álbuns lançados em fevereiro que mais nos agradaram.
Para quem ainda não está acostumado, publicamos listas mensais com lançamentos que valem uma audição e, se no ano passado isso foi um ponto importante por aqui, não será diferente ao longo de 2020. Após um mês movimentado, fevereiro nos rendeu uma seleção com trinta e dois trabalhos nacionais e internacionais que resumem bem como foi interessante o mês de carnaval.
Entre os escolhidos, temos os novos registros de Arnaldo Antunes, Grimes, Green Day, Soccer Mommy, Tame Impala, James Taylor, Best Coast e Ozzy Osbourne, além de outras coisas bem legais lançadas ao longo dos seus vinte e nove dias. Como de costume, cada álbum escolhido pelo nosso time recebe uma mini-resenha visando explicar os motivos que os credenciam para essa seleção.
Em seguida, você encontra a nossa lista com os 32 álbuns lançados em janeiro que você deveria ouvir. É só dar play e ser feliz, fechado?
Cape God, da Allie X
Não dá para negar que Cape God é o trabalho mais refinado e bem produzido da Allie X até hoje. Com músicas interessantes e sedutoras, Alex Hughes entrega um álbum realista e que, definitivamente, tem a sua cara. A canadense segue fazendo aquilo que lhe dá vontade e, ainda que tenha umas escorregadas, caso de “Super Duper Party People”; o resultado é bem interessante. “Learning in Public”, “Devil I Know” e “Susie Save Your Love” não me deixam mentir. [JP]
(nó)s [EP], da Ana Gabriela
O timbre de voz marcante é, provavelmente, a marca registrada da cantora e compositora paulista Ana Gabriela. Após ganhar visibilidade com algumas versões na internet, a jovem de 23 anos dá mais um passo na carreira com o EP (nó)s, lançado pela Deck. Com quatro faixas, o trabalho produzido por Túlio Airold é bem refinado e conta com duas canções inéditas: “Amor traduz” e “Lembrança”. Vale a pena ficar de olho! [JP]
O Real Resiste, do Arnaldo Antunes
Se a musicalidade era o ponto-chave em RSTUVXZ (2018), o novo trabalho de Arnaldo Antunes aposta em um clima sereno e intimista. Nada novo na carreira do cantor e compositor paulista, que reedita o clima presente em Qualquer (2006). O Real Resiste presta homenagem ao grande João Gilberto, fala de política, de amor ou da relação com o tempo com uma qualidade autoral ainda impressionante. Ainda que não seja o seu melhor trabalho, é bom ver que Arnaldo ainda resiste como um dos grandes nomes da música brasileira. [JP]
Bury the Moon, do Ásgeir
A Islândia segue nos dando bons motivos para a gente prestar atenção do que é feito por lá. A novidade da vez é o Bury the Moon, quarto álbum de estúdio do Ásgeir. Com um pop-folk interessante aliado a uma voz gostosa, o trabalho conta com onze faixas capazes de transformar a audição em um momento prazeroso. Faixas como “Pictures”, “Youth” e “Rattled Snow” são bons destaques. [JP]
Diamonds in the Rough, do Avenged Sevenfold
Como fã da banda, gostaria de começar dizendo que é uma honra poder falar deste álbum e que minha reação ao ouvir a primeira música foi abrir um sorriso. Um sentimento de nostalgia me transportou diretamente para os primeiros álbuns da banda, na época do incomparável e talentoso Jimmy “The Rev” Sulivan, do qual sou uma grande fã, mas que infelizmente nos deixou em 2009. Diamonds in the Rough, foi originalmente lançado em 2008 e acompanhava o DVD Live In the LBC, premiado com disco de platina nos EUA. O álbum até então com 11 faixas, contava com canções remanescentes de álbuns anteriores e covers de músicas de bandas como Pantera e Iron Maiden. O relançamento deste álbum é um marco muito significativo, uma vez que à época, ele foi lançando entre outros dois álbuns como uma espécie de bônus para quem comprasse o DVD, não tendo seu real valor reconhecido e nunca sido disponibilizado digitalmente. Com músicas remasterizadas e uma nova capa, a banda ainda aproveitou para incluir 5 novas faixas — nem tão novas assim — já que algumas fizeram parte de edições deluxe lançadas em outros países ou até músicas que foram vazadas, como é o caso da faixa “Set Me Free”. Este álbum conta também, com uma versão alternativa de uma das minhas músicas preferidas: “Afterlife” (2007), composta originalmente por Rev, qual podemos matar as saudades ao ouvir seus solos de bateria nas primeiras 11 faixas deste trabalho. Não podemos concluir essa breve análise sem falar da faixa “St. James”, uma emocionante homenagem à The Rev, que aparece pela primeira vez como faixa bônus do álbum Hail to the King, de 2013, e agora é também parte de Diamonds in the Rough, estrategicamente posicionada após Afterlife. Na totalidade, o álbum é um belo presente aos fãs, a quem quer conhecer mais sobre a história da banda e uma bela homenagem ao Rev. [JS]
Look At Us Now Dad, da Banoffee
A australiana Banoffee já era moderadamente conhecida por tocar sintetizador com Charli XCX na turnê Reputation (2018), da Taylor Swift, e agora lança seu primeiro projeto solo, Look At Us Now Dad, pela Dot Dash Records. O álbum traz temas como traumas intergeracionais e o caminho para o autoconhecimento através da nossa história pessoal, temas embalados por um som sintético e vocais roucos e melódicos. O álbum conta com parcerias de Empress Of e Cupcakke, surpreendendo pela qualidade da mixagem, feita por Blue May, e masterização de Heba Kadry. Promete agradar a fãs de lo-fi hip hop e electro pop a la Grimes. [JT]
Always Tomorrow, do Best Coast
Always Tomorrow é o quarto disco da dupla californiana Best Coast depois de 5 anos sem nenhum lançamento de álbum e ele desce redondíssimo. Gostoso de ouvir do início ao fim, o novo trabalho surpreende com um crescimento sonoro significativo, ainda que a dupla mantenha sua forte identidade artística. Resumindo: eles mandaram benzão e espero que venham logo pro Brasil pra gente poder ver essa joia ao vivo (#pleasecometobrazil). Nesse meio tempo sem lançar disco, a vida de Bethany Cosentino deu uma reviravolta. Ela é a vocalista, guitarrista e principal compositora da banda e passou por um processo intenso de autoconhecimento e cura, conseguindo alcançar a sobriedade além de denunciar casos de assédio e abuso sexual dentro da indústria fonográfica. Vocalmente, ela está em seu ápice, cantando melhor do que nunca, mais confiante e potente. Instrumentalmente, o disco é mais pesado e rico do que os trabalhos anteriores do duo, com mais elementos, arranjos mais trabalhados, canções mais enérgicas e versáteis e uma distorção que remete ao rock alternativo e ao indie ao invés do dream pop ensolarado mais puxado pros anos 60 e pro rock psicodélico que eles apresentavam antes. O Best Coast era uma tarde chapada e preguiçosa na praia, viajandão apesar das letras ácidas, e agora virou um som mais pra cima, motivador, que parece dizer “levanta essa bunda do sofá e bora correr, minha filha!”. As letras passaram de sofrência amorosa e louvor à Califórnia para autoconhecimento e PMA (Positive Mental Attitude, um tipo de autoajuda motivacional otimista, bem comum no meio do Hardcore). Em “Everything Has Changed” (não à toa, “Tudo Mudou”), Bethany diz “eu costumava tomar apenas água e whisky. Eu costumava chorar até dormir lendo as coisas que falavam sobre mim”. Ela ainda fecha o disco cantando “Não fale comigo como se você me conhecesse, porque eu não sou mais a mesma garota que eu costumava ser” na canção “Used To Be” em um vocal poderosíssimo, cheio de emoção e força e com uma extensão vocal que nunca tinha apresentado antes. Que bom que as coisas mudaram para melhor, Bethany. E, para quem ficar saudoso, a sofrência praieira continua na faixa “True”, uma balada romântica açucarada e bem anos 60 que é exceção no meio do disco e que soa muito mais parecida com os trabalhos anteriores do Best Coast. [BM]
Boniface, de Boniface
Boniface é o nome do projeto de synthpop do canadense Micah Visser e, após ganhar uma certa visibilidade entre 2018 e 2019, o músico lança agora o seu primeiro álbum, auto-intitulado. Com 18 faixas em sua versão deluxe, o álbum cria um clima interessante logo em sua abertura, “Waking Up In Suburbia”, mas acaba não cumprindo as expectativas criadas. É um bom trabalho, bem produzido, onde suas letras ou melodias funcionam e, se você gosta do estilo, isso já é suficiente para você dar uma chance. O problema é que, logo na primeira audição, foi difícil não pensar que o álbum navega por águas tranquilas e previsíveis, deixando aquela sensação de déjà vu no ar. [JP]
Map of the Soul: 7, do BTS
Nos dias de hoje, o que pensar de um álbum com tracklist de 20 músicas e com mais de 70 minutos de duração? Certamente você vai falar que tem muitas fillers, que não consegue ouvi-lo todo ou até mesmo nem vai cogitar dar o play. Porém, desta vez o BTS surpreendeu. Me arriscando ao dizer que eles são o maior fenômeno pop mundial (e sem medo), eles sabem a importância que um álbum novo tem para manter este status relevante. E foi assim que surgiu este novo trabalho. Separaram o melhor do k-pop, selecionaram bem os seus produtores e entregaram exatamente aquele pop chiclete que os fãs esperam. Seria muita precisão indicar apenas algumas faixas que se destacam, ainda mais agora que o álbum acabou de sair. Mas uma coisa eu tenho certeza: independente de qualquer single que seja lançado, o público vai gostar. Isso porque nem mencionei a arte gráfica da edição física deste trabalho. É impecável e vai fazer muita gente desembolsar uma boa grana no material, pois vale cada centavo pago. [YC]
Suddenly, do Caribou
Quase seis anos após Our Love (2014), Dan Snaith retoma as atividades com um de seus projetos mais elogiados, o Caribou. Em seu sétimo álbum, o canadense entrega um trabalho capaz de agradar os fãs das antigas e, ao mesmo tempo, conquistar novos seguidores. O indie eletrônico de Suddenly tem uma pitada de experimentalismo sem deixar de ser acessível. Dá para ouvir na balada indie e se contagiar pela levada de faixas como “Ravi”, “Home” ou “You and I”, sendo que a última tem umas camadas e variações simplesmente sensacionais. [JP]
La vita nuova [EP], do Christine and the Queens
Se você ainda não parou para ouvir o synthpop de Heloise Letissier e o seu projeto Christine and the Queens, você está perdendo uma das coisas mais interessantes no gênero na atualidade. O EP La vita nuova é uma amostra de como a francesa consegue ser prolífica e cativante. Mesclando inglês e francês ao longo de suas seis faixas, o trabalho é rico e extremamente bem produzido, cativando o ouvinte do início ao fim. “People, I’ve been sad” deve ser presença certa em listas de melhores álbuns do ano e, ao ouvir, você vai entender o motivo. [JP]
Black Habits, do D Smoke
D Smoke é, definitivamente, um cara diferente. Após ganhar a primeira temporada do Rhythm & Flow – reality da Netflix – e lançar o EP Inglewood High, a expectativa em torno do rapper californiano só cresceu. E elas são totalmente correspondidas em Black Habits. Ao longo de suas 16 faixas, o trabalho conta com excelentes letras, batidas marcantes que veem do Jazz e uma facilidade incrível para mesclar inglês e espanhol sem parecer forçado. Ainda que o álbum se perca em alguns momentos, é um registro que mostra Daniel Farris em constante evolução, deixando claro que ele tem muito para nos oferecer. [JP]
UNLOCKED [EP], de Denzel Curry & Kenny Beats
Leia a nossa resenha completa de UNLOCKED.
UNLOCKED pode não ser uma experiência tão imersiva, até por ser um EP. Entretanto, é um ótimo cartão de visitas pra que você conheça dois artistas que cada vez mais demonstram o seu valor, e expandem seu espaço dentro de um gênero onde talentos são vastos. Fica a curiosidade em ver mais parcerias de Denzel Curry e Kenny Beats daqui pra frente, já que UNLOCKED deixa uma ótima impressão. [RS]
F8, do Five Finger Death Punch
É música para balançar a cabeça que você quer? O oitavo álbum do Five Finger Death Punch te entrega isso do início ao fim. Batizado como F8, o trabalho é um dos registros mais interessantes do 5FDP, algo que não seria muito difícil de conseguir após o And Justice for None (2018). Ao longo das 16 faixas, temos os tradicionais riffs de guitarra, uma bateria marcante e a sensação de que a banda se esforçou para entregar algo melhor que o trabalho anterior. “Inside Out” é uma boa música, assim como “F8” e “Scar Tissue”. No entanto, ainda temos deslizes como a desnecessária “A Little Bit Of”. [JP]
Father Of All…, do Green Day
Simples e direto, o Green Day ainda respira em Father Of All…, seu décimo terceiro álbum de estúdio. Com dez músicas e menos de trinta minutos, Billie Joe Armstrong e companhia dão o seu recado e ainda conseguem soar como rebeldes e contestadores no rock mainstream quando muitos ainda preferem o caminho mais fácil. Dito isso, Father Of All… ainda fica aquém dos picos de criatividade que a gente já viu o Green Day alcançar ao longo da carreira. É um bom álbum, mas a gente sempre espera mais de quem pode dar mais. [JP]
Miss Anthropocene, da Grimes
Leia a nossa resenha completa de Miss Anthropocene.
Apesar de Miss Anthropocene não ser do mesmo patamar dos dois últimos discos, Grimes prova que não perdeu a mão. A artista que se provou ser uma das mais inventivas e que ajudou a redefinir a forma como se faz música na última década continua existindo. Musicalmente falando, estamos falando de um álbum que provavelmente será um dos melhores de 2020, graças ao talento e o medo de não errar da artista. Além disso, o registro permite que conhecemos quem é a atual Claire Boucher. Se você irá gostar dela ou não, isso só você vai poder decidir. [RS]
Petals For Armor I [EP], da Hayley Williams
Conhecidíssima pelos seus headbangings poderosos e a sua liderança na banda de pop punk rock gender neutral Paramore, Hayley Williams lançou a primeira parte do seu projeto solo batizado de Petals For Armor, que é fruto de tudo o que passou durante o longo hiatus do Paramore. O álbum completo sai no dia 8 de maio e a primeira parte vem com cinco músicas. Como dito pelo The New York Times, é “um eclético, inesperado e ambicioso projeto solo que permitiu a cantora-compositora exorcizar demônios e ampliar seus poderes criativos”. [HF]
American Standard, do James Taylor
Um dos nomes na história da música, James Taylor resolveu passear pelo catálogo norte-americano de sucessos em seu vigésimo trabalho. American Standard é uma coleção de faixas já conhecidas mundialmente e que você imaginava que precisava ouvi-las na voz de Taylor até fazer a audição. Ao longo das 14 faixas, alguns hinos como “My Blue Heaven”, “The Nearness of You”, “Moon River, “Teach Me Tonight” e “It’s Only a Paper Moon” se transformam em um trabalho marcante produzido por Dave O’Donnell e que conta com a colaboração do grande John Pizzarelli. [JP]
Changes, do Justin Bieber
Depois de cinco anos de hiato em sua própria discografia, Justin Bieber decide assumir totalmente sua faceta R&B e suas influências trap em Changes, seu quinto álbum, inspirado em sua vida conjugal com Hailey Bieber. Contando com parcerias de Quavo, Travis Scott, Post Malone e Kehlani, Changes – apesar das letras limitadas e beats repetitivos – possui os melhores vocais que Bieber já entregou em sua carreira que, somados à produção minimalista de Poo Bear, fazem com que o disco se torne agradável, mesmo sem corresponder à expectativa criada por um sucessor de Purpose (2015). Destaque para “Forever”, pareceria com Post Malone e Clever; “Habitual” e “E.T.A”. [GC]
Texas Sun [EP], de Khruangbin & Leon Bridges
Sabe aquele encontro que você não sabia que precisava ouvir até ele acontecer? É isso o que acontece nas quatro faixas presentes em Texas Sun, EP que reúne a banda Khruangbin – que passou pelo Popload Festival no ano passado – aos vocais do sempre interessante Leon Bridges. É uma boa sequência de músicas para se relaxar e aproveitar bons momentos. Entre elas, “Conversion” e a canção que dá nome ao registro são os grandes destaques. Ouça e fique com um gostinho de quero mais você também! [JP]
Man Alive!, do King Krule
Quase três anos após The Ooz, Archy Marshall está de volta com um novo álbum de seu adorado King Krule. Com catorze faixas, Man Alive! mostra a clara evolução do músico e produtor britânico, que compôs todas as faixas, assumiu a produção e deu uma refinada na sua mistura de art-rock, psicodelia e post-punk. É melancólico, direto e mais coeso, ainda que soe confuso para os desavisados. Ouvir é quase que obrigatório! [JP]
Supervision, da La Roux
Em seu terceiro álbum, Elly Jackson busca manter uma consistência sonora em torno de seu projeto. Com um synthpop bem feito e capaz de grudar na cabeça, Supervision conta com oito faixas e, se você está pensando que é um álbum pequeno, a menor delas tem mais de quatro minutos. O registro é orgânico e bem produzido, mas acaba soando repetitivo em alguns momentos. É preciso reconhecer que Elly é dona de uma mente criativa – e “21st Century” é uma faixa que prova isso. No entanto, quando se analisa o trabalho num todo, ele acaba sendo menos marcante que o La Roux (2009) ou o Trouble in Paradise (2014). [JP]
Never Not Together, do Nada Surf
Atingindo a marca de trinta anos de carreira, o Nada Surf solta o seu nono registro de estúdio. Never Not Together não apresenta nada de novo para quem já acompanha a banda norte-americana, mas tem tudo aquilo que o fã do Nada Surf procura: letras interessantes, o vocal marcante de Matthew Caws e melodias radiofônicas como uma banda de rock dos anos 90 sabe fazer. Sem sair da sua zona de conforto, o Nada Surf segue firme e forte com mais um bom álbum que cresce ao longo de sua audição e tem em “Mathilda” o seu ponto alto. [JP]
And It’s Still Alright, do Nathaniel Rateliff
Nathaniel Rateliff segue a sua vida se dividindo entre o folk e o rock. Se as guitarras e riffs ditam o ritmo quando está acompanhado do The Night Sweats, é nos trabalhos solo que o violão se transforma em seu grande companheiro. Aqui, é ao longo das dez faixas que a gente entende o motivo: repleto de mágoa, dor e perda pessoal, And It’s Still Alright não poderia ter sido gravado de outra forma senão com um bom e velho violão. [JP]
Ordinary Man, do Ozzy Osbourne
Alguém já me disse uma vez que, quando menos esperamos, coisas boas acontecem. Isso se aplica perfeitamente ao Ozzy Osbourne e ao seu novo álbum, Ordinary Man. Após um ano caótico, acidente, descoberta de mal de parkinson, cancelamento de turnês e um período no hospital, a última coisa que a gente esperava era que ele entregasse um dos seus melhores trabalhos nas últimas três décadas. Composições fortes, melodias interessantes, convidados inesperados e que, ao mesmo tempo, enriqueceram ainda mais o registro… tudo colaborou para que Ordinary Man se tornasse um êxito. Músicas como a faixa título, “Take What You Want”, “Under the Graveyard” e “Straight to Hell” comprovam isso. [JP]
Everything is Beautiful / Everything Sucks, da Princess Nokia
Princess Nokia resolveu lançar não um, mas dois álbuns de uma só vez. Como já era de se esperar, Everything is Beautiful e Everything Sucks estão bem ligados. Lançar dois álbuns de uma vez é algo audacioso e, ainda que funcionem perfeitamente separados, os trabalhos acabam se complementando de uma forma interessante. Quando comparados, Everything Is Beautiful consegue se destacar pelos bons instrumentais e por faixas como “Wash & Sets”, “Sunday Best” e “Blessings”. Dito isso, os dois álbuns parecem deixar de lado todo o frescor e originalidade que Princess Nokia entregou há três anos atrás no 1992… e isso é uma pena. [JP]
Sister, do Puss N Boots
Seis anos se passaram desde o lançamento de No Fools, No Fun (2014) e, finalmente, o trio formado por Sasha Dobson, Catherine Popper e Norah Jones resolveu lançar um novo trabalho. Com catorze faixas, Sister segue tendo o country como o seu ponto de partida e, ao longo da audição, vai te apresentando alguns acréscimos, como pitadas pop. Assim como no trabalho anterior, o Puss N Boots cria todo um clima intimista e, mesclando covers interessantes com faixas inéditas, deixa claro que a química entre as suas integrantes segue muito bem, obrigado. [JP]
The Main Thing, do Real Estate
The Main Thing é o Real Estate sendo o Real Estate com o qual os fãs se acostumaram. Ainda que consiga agregar algumas experimentações ao longo de suas catorze faixas, o quinto álbum dos norte-americanos possui a sua marca registrada: ser um trabalho acolhedor, charmoso, com belas composições e arranjos marcantes. Entrando em sua segunda década, o quinteto parece mais maduro e mostra até uma pitada de ambição, mas ainda é o Real Estate de sempre. E isso é muito bom! [JP]
Quadra, do Sepultura
Após alguns trabalhos irregulares, o Sepultura parece ter reencontrado o caminho das criações interessantes. Não dá para negar que, desde a saída do baterista Igor Cavalera (2006), a banda deu uma oscilada em suas criações. Foi só no Machine Messiah (2017) que o quarteto conseguiu entregar um álbum coeso, com bons riffs e, de certa forma, resgatar um pouco daquilo que a gente conhecia. E isso se acentua em Quadra, o décimo quinto trabalho da banda. “Ali” e “Capital Enslavement” são duas das melhores faixas lançadas pelo quarteto nos últimos quinze anos e servem como bons exemplos de como a banda consegue aliar o seu DNA com novos elementos e respirar sem a sombra criada pelos fãs saudosistas. A gente agradece! [JP]
color theory, da Soccer Mommy
Em seu segundo álbum, Sophie Allison entrega mais um belo conjunto de melodias, letras e uma voz marcante que fazem do Soccer Mommy um dos projetos mais legais do indie pop/rock. Com dez faixas, Color Theory mostra a evolução clara do trabalho de Allison, seja pelos riffs legais e bem construídos, pela forma com a qual ela aborda temas que podem parecer complicados de uma forma bem direta e, principalmente, por fazer tudo isso funcionar de forma coesa e cativante. É impossível não gostar de músicas como “circle the drain”, “yellow is the color of her eyes” ou “night swimming”. [JP]
The Slow Rush, do Tame Impala
Leia a nossa resenha completa de The Slow Rush.
De um modo geral, ao falar sobre passado e futuro, Kevin Parker em alguns momentos foca muito mais em velhas manias já encontradas nos seus outros trabalhos, fazendo com que o registro seja até certo ponto esquecível para quem queria novidades daquele que é considerado um dos músicos mais prestigiados da atualidade. Entretanto, se você gosta da veia mais pop e cheia de excessos do Tame Impala, a viagem no tempo de The Slow Rush é um prato cheio. [RS]
Quer saber como foram os outros meses do ano? Além dos álbuns lançados em janeiro, fique ligado aqui no Audiograma para acompanhar a nossa seleção mensal de lançamentos. Não deixe também de dar uma olhadinha em nossa lista especial com os 100 melhores álbuns do ano passado. Por fim, se você quer se programar para o que vem por aí em 2020, veja a nossa lista com os principais lançamentos previstos para o primeiro semestre no mundo da música.
Textos: Bárbara Monteiro, Gabrielle Caroline, Henrique Ferreira, John Pereira, Júlia Tetzlaff, Juliana Suarez, Rahif Souza e Yuri Carvalho.