90) KIWANUKA, do Michael Kiwanuka
Reflexivo e esperançoso. É assim que defino o terceiro álbum do britânico Michael Kiwanuka. Mesclando soul e psicodelia, KIWANUKA presta um tributo ao passado e, ao mesmo tempo, se transforma em um registro atemporal. Ao longo de suas faixas, o álbum é capaz de nos fazer lembrar de Otis Redding e Bobby Womack sem parar algo datado. Poético, autêntico e atraente, Michael Kiwanuka entrega aquele que é o seu melhor registro até então e, para quem acompanha a sua carreira desde o começo, isso não é surpresa nenhuma. [JP]
89) GINGER, do BROCKHAMPTON
De um modo geral, a impressão que fica com GINGER é que o BROCKHAMPTON ainda tem coisas a melhorar ao mesmo tempo em que eles terão ferramentas que sempre vão despertar a atenção do ouvinte. Há também a certeza de que o coletivo finalmente vai conseguir alcançar um público não tão ligado ao hip-hop; isso de forma alguma é algo negativo, pelo fato da boyband já ter aparentado trilhar um caminho rumo ao pop. De qualquer modo, esse reconhecimento é merecido. Esse não é o melhor álbum do BROCKHAMPTON; entretanto, é um satisfatório cartão de visitas para fãs recém-chegados, capaz de conquistar com seus instantes mais brilhantes. [RS]
88) Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps, do Rincon Sapiência
Inspirado pela cultura africana e embalado em uma sonoridade dançante, toda a abordagem sociopolítica feita por Rincon Sapiência se torna mais acessível em Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps. Carregando o mesmo discurso – talvez até mais forte – que o Galanga Livre (2017), o rapper se cerca de ritmos capazes de criar uma maior identificação com o público e fazer o ouvinte dançar e sorrir, coisas tão difíceis nos dias atuais. Uma mistura de ideias que parece simples no começo, mas ganha extrema profundidade ao longo de sua audição e da percepção de que, as vezes, sorrir e dançar também fazem parte do processo de luta por um mundo melhor. [JP]
87) WHO, do The Who
Quando o The Who anunciou o lançamento de um álbum de inéditas, o receio do que estava por mim acabou senod mais forte do que a ansiedade por ouvi-lo. Ao chegar, WHO me provou que eu estava errado duas vezes: primeiro, porque Roger Daltrey e Pete Townshend soltaram aquele que deve ser o melhor trabalho da banda sem a presença do grande Keith Moon. Segundo, porque o trabalho não fere em nada todo o legado construído pela banda ao longo das décadas. Estão lá os riffs, a voz marcante, todos os elementos que amamos no The Who e sem que isso pareça datado ou “da época do Keith”. É um trabalho bem honesto e que prova o quão interessante a banda ainda pode ser. E quem ganha com isso somos nós! [JP]
86) Assume Form, do James Blake
Se tem um cara que consegue transitar entre gêneros sem perder a sua identidade é o James Blake e isso ficou provado em seu novo trabalho de estúdio, Assume Form. Mesclando R&B, rap, eletrônico e Soul, o cara entrega um disco acessível e até mesmo comercial, mas sem perder o seu crescente criativo enquanto artista. É um disco tão bom de se ouvir que eu duvido que não vá ficar no repeat. Ah, ainda tem participações de Rosalía, André 3000 (OutKast) e Travis Scott. [JP]
85) Blushing, do Copeland
Blushing é o nome do sexto álbum de estúdio dos norte-americanos do Copeland e é um daqueles registros capazes de te prender em meio as suas músicas. Com onze faixas, o álbum parece uma versão 2.0 daquilo que o Copeland está acostumado a fazer. É como se Blushing fosse o resultado da banda sendo levada para um outro nível, é algo bonito de se ouvir e com uma capa bonita de se ver. [JP]
84) Ride Me Back Home, do Willie Nelson
Eu já perdi as contas de quantos álbuns o Willie Nelson lançou em toda a sua carreira e, após uma rápida consulta, relembrei que o Ride Me Back Home é apenas o sexagésimo nono trabalho de estúdio dessa lenda viva do country. Com onze faixas, é mais um daqueles registros da carreira do norte-americano que você tira o chapéu (não foi intencional, eu juro). Com 86 anos, Nelson segue nos brindando com músicas marcantes e desafiando todos aqueles que acreditam que ele e outros artistas com mais idade deveriam simplesmente parar. Para isso, nada melhor do que entregar uma das suas mais belas faixas em anos, “Ride Me Back Home”, ou uma releitura incrível do clássico “Just The Way You Are”. [JP]
83) Remind Me Tomorrow, da Sharon Van Etten
Um dos álbuns aguardados no começo do ano era o Remind Me Tomorrow, novidade da Sharon Van Etten. Com uma mistura interessante de indie e folk rock, o registro fez jus as expectativas criadas e figurou em algumas listas de melhores do ano. Cinco anos após Are We There, o álbum mostra novos caminhos escolhidos por Sharon em parceria com o produtor John Congleton, mostrando que a artista amadureceu ainda mais e tem total controle daquilo que produz. Destaque para as faixas “Jupiter 4” e “Hands”. [JP]
82) Days Of The Bagnold Summer, do Belle and Sebastian
Days Of The Bagnold Summer é o nome da trilha sonora feita pelo Belle and Sebastian para o filme de mesmo nome e, talvez, a sua compreensão completa esteja totalmente atrelada a necessidade de se assistir a obra. No entanto, as suas treze faixas também funcionam de formas soltas, como uma boa coletânea de músicas com narrativas interessantes, momentos melancólicos, mas eficientes. Um novo álbum do Belle and Sebastian é algo bom demais para que se faça qualquer tipo de reclamação, não é mesmo? [JP]
81) what we say in private, da Ada Lea
Um indie rock introspectivo talvez seja a melhor definição para o álbum de estreia da Ada Lea. Em what we say in private, a cantora canadense aproveita o fim de uma relação e o coração partido para colocar para fora toda a sua dor e vontade de transformação. Mesclando boas doses de guitarra com momentos apropriados para se recolher num quarto todo escuro, Ada entrega um álbum bem interessante, com dez faixas cativantes e emocionais. [JP]
80) Metal Galaxy, do BABYMETAL
O BABYMETAL segue no seu processo de dominação mundial. Bem produzido, Metal Galaxy leva o projeto capitaneado por Su-metal (Suzuka Nakamoto) e Moametal (Moa Kikuchi) para um outro nível. A banda segue mesclando o heavy metal com diversos elementos, absorvendo elementos eletrônicos, da música indiana e da música latina. Faixas como “Shanti Shanti Shanti”, “Night Night Burn!”, “Pa Pa Ya!!” e “Distortion” são alguns dos destaques do trabalho mais aventureiro do BABYMETAL até hoje. [JP]
79) WILLOW, da Willow
Faz quase dez anos que a Willow ganhou o mundo com aquela música irritante, a “Whip My Hair”. De lá pra cá, a jovem vem entregando trabalhos consistentes e capazes de nos fazer esquecer daquela música de 2010. Em julho, saiu o seu terceiro álbum que é, provavelmente, a melhor coisa que ela já fez até hoje. Em constante evolução, Willow entrega um trabalho enxuto, bem estruturado, com uma sonoridade bem gostosa de ouvir e vocais bem marcantes. Discão! [JP]
78) We Are Not Your Kind, do Slipknot
Em seu sexto álbum de estúdio, o Slipknot parece cada vez mais consciente de seus pontos fortes e pronto para aliar isso a novos elementos. Com catorze faixas, We Are Not You Kind é intenso e capaz de manter viva aquela ira do começo de carreira dos norte-americanos em sua sonoridade. Certamente, é o álbum mais interessante lançado pela banda desde o Iowa e faixas como “Spiders”, “Unsainted”, “Nero Forte” e “Solway Firth”representam bem isso. [JP]
77) Charli, da Charli XCX
Cinco anos após o lançamento de seu último álbum, Sucker, Charli XCX retorna com o produto de todo experimentalismo pop presente em suas mixtapes. Charli, seu álbum self-titled, é despretensioso e cheio de colaborações, uma pletora de sonoridades extremamente texturizadas em uma carta de amor à todas as possibilidades da música eletrônica. [MG]
76) ANIMA, do Thom Yorke
Em seu terceiro álbum solo, Thom Yorke conseguiu entregar o seu melhor registro longe dos companheiros do Radiohead. Com nove faixas, o álbum é um convite para um mergulho nas angústias e no desespero de meia-idade vivido por Thom. Tudo isso embalado por sonoridades estranhas e que casam com as letras – e o curta disponível na Netflix – de forma bela e direta. [JP]
75) Angel’s Pulse, do Blood Orange
Em sua nova mixtape, Blood Orange parece querer celebrar a sua jornada fazendo um recorte interessante de sua carreira. Com 14 faixas, Angel’s Pulse tem em “Dark & Handsome” – colaboração com Toro Y Moi – e “Benzo”, duas das faixas mais interessantes lançadas por Dev Hynes até hoje. Apesar disso, elas acabam se perdendo em meio ao “catadão” de músicas feitas pelo produtor. Nada que atrapalhe a audição, claro. [JP]
74) Western Stars, do Bruce Springsteen
Chega a ser chato e repetitivo dizer que Bruce Springsteen lançou um álbum incrível, mas o norte-americano não nos deixa fugir disso. Western Stars é outro exemplo de como esse cara é uma das lendas vivas da música e, sim, faz jus a todos os elogios recebidos. O novo trabalho é mais íntimo, quase como uma extensão de sua residência de shows na Broadway. Ainda assim, é tão ou mais intenso que os seus trabalhos mais recentes. Difícil não gostar de um álbum que tem “The Wayfarer” e toda a sua bela construção ao longo de quatro minutos. Definitivamente, Springsteen é uma das lendas vidas da música… e sim, eu repeti isso porque é só o que eu consigo dizer dele. [JP]
73) Free Nationals, do Free Nationals
O Free Nationals resolveu alçar voos por aí e o resultado é bem interessante. Auto-intitulado, o primeiro álbum do quarteto de Los Angeles conta com um time expressivo de convidados e transita entre o funk e o soul de uma maneira cativante. Contando com nomes como Daniel Caesar, T.I., Kali Uchis e, claro, Anderson .Paak, o resultado é capaz de te colocar para dançar como poucos, graças a faixas como “Beauty & Essex”, “Cut Me A Break” e a instrumental “Lester Diamond”. [JP]
72) We Get By, da Mavis Staples
Eu poderia resumir o We Get By em apenas uma palavra, mas seria incapaz de escolher apenas um adjetivo que pudesse descrever o que Mavis Staples faz em seu décimo quarto álbum de estúdio. Em mais um belo capítulo de sua carreira, Staples busca empoderar, inspirar e nos fazer refletir sobre a vida atual nos Estados Unidos e que, de certa forma, vale também para várias partes do mundo. Perto de completar 80 anos e dona de uma das vozes mais marcantes do soul, ver a Mavis entregando um trabalho de alto nível é inspirador e só nos faz agradecer pela oportunidade de contemplar tudo o que ela faz e representa. [JP]
71) U.F.O.F., do Big Thief
Um álbum bonito é um álbum bonito e o terceiro registro de estúdio dos norte-americanos do Big Thief é tudo isso e muito mais. Com um indie folk refinado, U.F.O.F. deixa claro que é impossível não se apaixonar pela voz de Adrianne Lenker, que chega envolvida em um conjunto de melodias extremamente cativantes. Em constante evolução, o Big Thief entrega o seu melhor álbum até hoje e mostra que ainda tem muito para oferecer. [JP]