Flea resolveu falar abertamente sobre a sua história.
Na última semana, o baixista do Red Hot Chili Peppers lançou oficialmente a sua autobiografia, intitulada Acid For The Children. Em conversa com o The Guardian, Flea falou sobre a obra, que aborda o seu histórico com as drogas, as suas relações familiares e com os parceiros de banda e outras revelações especiais.
Durante a entrevista, Flea afirmou que cogitou escrever sobre a banda e a sua visão sobre tudo o que aconteceu até hoje. No entanto, o músico achou mais interessante reviver a sua vida antes da fama, com o livro se encerrando no momento em que os Chili Peppers fazem sua primeira apresentação ao vivo.
Infância e experiências homossexuais
Flea relembra a sua infância na Austrália, quando ainda era conhecido apenas por seu nome de batismo, Michael Peter Balzary. Criado em uma família que seguia “as regras da década de 50”, Flea se mudou para os EUA aos sete anos, quando os seus pais se separaram.
Sua mãe se casou novamente e o seu padastro – descrito como desleixado, estranho e violento – foi quem despertou em Flea um desejo pela música. Aos 11 anos, Michael ganhou o seu famoso apelido de pulga por conta de seu físico magrelo. Nessa época, Flea começou a fumar maconha todos os dias.
Um ponto que acabou ficando de fora da autobiografia foram as experiências homossexuais de Flea durante a infância e adolescência. Segundo o baixista, um beijo negado por seu pai biológico despertou nele uma vontade de explorar a sexualidade.
Apesar de ter escrito bastante a respeito dessas experiências, o músico optou por deixá-las de fora por acreditar que elas não representam quem ele realmente é e para evitar qualquer ato sensacionalista. “Eu não sou gay. Não é realmente a minha história”, revela. Hoje ele entende que essa vivência “não foi grande coisa” e que é algo natural experimentar essas situações.
Leia mais: Flea fala sobre a sua relação com as drogas em editorial da Time Magazine
Flea, Slovak e Kiedis
Tido como uma das passagens mais emocionantes do livro, Flea fala sobre o amigo Hillel Slovak, antigo guitarrista dos Chili Peppers e que morreu aos 26 anos de idade por conta de seu vício em heroína. Ele afirma que se sente um pouco culpado pela morte e fala sobre a experiência de acompanhar tudo isso de perto.
Anos depois, o baixista passou por parte dessa experiência ao ver Anthony Kiedis lidando com o vício em drogas. Para Flea, essa foi uma fase dolorosa, assustadora e triste. Durante a conversa, ele ainda revela que o vocalista o censurou minimamente durante o processo de escrita do livro, visando mostrar apenas seu lado bom. O parceiro de décadas é descrito como uma pessoa controladora pelo baixista, que deixa claro o seu respeito incondicional pelo amigo.
Flea falou também sobre o período em que Anthony se viciou em drogas e demonstrou sentir uma necessidade de aprovação em relação ao amigo. Isso é abordado no livro e, para Flea, Anthony não entende que eles são pessoas diferentes apesar da longa amizade. “Ele não aceita que coisas que me excitam talvez não o excitem”, afirma.
Apesar das revelações, Flea garante que Anthony não leu a sua autobiografia, seguindo o mesmo que o baixista fez em 2004, quando o amigo lançou o livro Scar Tissue.