Quais foram os melhores álbuns lançados em agosto?
A nossa lista com alguns dos destaques do oitavo mês do ano demorou, mas finalmente chegou com trinta e sete trabalhos nacionais e internacionais que resumem bem como agosto foi interessante musicalmente. Como você já deve estar acostumado, cada álbum escolhido pelo nosso time recebe uma mini-resenha visando explicar os motivos que os credenciam para essa seleção.
Entre os escolhidos, temos os novos álbuns de Taylor Swift, BROCKHAMPTON, Mabel, Slipknot e Luiza Brina, as voltas de TOOL, Friendly Fires e do Barão Vermelho, as despedidas de Sheryl Crow e do 5 a Seco, além de outras coisas bem legais lançadas ao longo do mês.
Você confere abaixo a nossa lista com os 37 álbuns lançados em agosto que você deveria ouvir. É só dar play e ser feliz, fechado?
# Pausa, do 5 a Seco
Em abril deste ano, a 5 a Seco pegou os fãs de surpresa quando anunciou que iria entrar em um hiato após turnê comemorativa pelo Brasil. Com o fim do último show do projeto, eles surpreenderam novamente, e antes de encerrarem as atividades por tempo indeterminado, lançaram o quarto álbum da banda: Pausa. O disco traz todos os elementos que fizeram tantos se apaixonarem pela banda: letras sobre amor criativas e cheias de jogos de palavras, instrumentais bem elaborados e a sintonia única entre os vocais dos integrantes. Pausa transmite a maturidade que o grupo paulistano adquiriu ao longo dos 10 anos de trajetória. É terno e leve, ideal para se ouvir quando a gente precisa se desligar do mundo, parar e respirar, como reverbera a própria música que dá nome ao álbum. Com 11 faixas, destaco “Pausa”, “Duas Jornadas” e “Coisas Dentro das Coisas”. É interessante perceber que as letras do disco, explicam a decisão da banda e não deixam de ser uma homenagem singela aos fãs. A música que encerra este ciclo, “O Fio e a Teia”, funciona como uma mensagem: “Remoer, repensar, reverter, viu só? É assim que prossegue a história, mil fios nessa teia sempre vão se cruzar”. Uma despedida com gostinho de até logo. Ansiosa para acompanhar os projetos solos de cada um dos meninos, e de braços abertos para quando eles estiverem prontos para voltar. [VC]
# Caroço, da Abacaxepa
Depois de muita espera, Abacaxepa finalmente dá à luz o debut Caroço, primeiro trabalho autoral desde 2018. O álbum explora o tropicalismo, flerta com o rock, referencia o brega e traz um quê regionalista do nordeste que casa muito bem com as referências sudestinas. Impulsionados pelo sucesso do EP homônimo, o septeto investe em voos mais altos, demarcando a identidade visual e musical do grupo. “Piracema”, primeiro single do álbum, transita entre a delicadeza de um romance marcado pela luta e a voz marcante de Bruna Alimonda – que doa sua sensibilidade na composição e o baião para a música, numa fórmula semelhante à irmã “Baião Escocês” (2018). O arranjo leve é harmonioso, possibilita a percepção das vozes, acordes e instrumentos separadamente, mas valorizando a guitarra de Ivan Santarém. “Remédio Pra Gente Grande”, segundo single, é um brado contra a conformação. A canção, carregada e enérgica, é cantada por Rodrigo Mancusi e a bateria de Juliano Veríssimo ganha destaque. Caroço passa por diversos momentos, desde a referência à “Mania de Você” – de Rita Lee – na divertida faixa de abertura “Abacaxi Azedo”, o tom solitário na lo-fi “Crudo” e a potencial hit pop “Picadinho”. Ainda que seja o primeiro disco, Abacaxepa apresenta um trabalho maduro e possivelmente aponta para futuras composições. Grande pedida para quem gosta de Samuca e a Selva, Francisco El Hombre e Academia da Berlinda. [BS]
# Crux, do Apeles
Dois anos após o seu álbum de estreia, Rio do Tempo, o Apeles está de volta com o sombrio Crux. O projeto capitaneado por Eduardo Praça, ex-integrante do Quarto Negro, aborda questões bem pessoais em uma mistura de sonoridades e elementos capazes de prender o ouvinte ao longo de suas oito faixas. Lançado pela Balaclava Records, os destaques de Crux ficam por conta de “Desagua”, canção de seis minutos que abre o registro, “A Alegria dos Dias Dorme no Calor dos Teus Braços”, “Reflexo Turvo” e “Torre dos Preteridos”. [JP]
# VIVA, do Barão Vermelho
O renascimento do Barão Vermelho está claro já no nome escolhido para o seu décimo terceiro registro de estúdio. VIVA é o primeiro álbum da banda em quinze anos e marca definitivamente a entrada de Rodrigo Suricato no posto antes ocupado pelo grande Frejat. Em uma nova fase, a banda resolveu celebrar a vida ao longo de suas nove faixas e, ainda que a sonoridade se assemelhe bastante os clássicos mais recentes da banda, a entrada de Suricato acaba funcionando como um bom respiro para o Barão. O resultado é positivo e mostra que a banda ainda pode render frutos bons de se ouvir. [JP]
# Depois do Fim, do Beto Bruno
É hora de dar o próximo passo na carreira para Beto Bruno. O vocalista da finada Cachorro Grande embarca agora em sua carreira solo mesclando diversos elementos que fizeram a banda se tornar conhecida no Brasil – casos de “Por Isso Meu Samba é Diferente” ou “Não é Todo Mundo Que Tá de Boa Contigo” – com novas sonoridades, caso de “Marlon Brando, Beatles e Pelé”. Produzido por Rodrigo Tavares (Esteban), Depois do Fim mostra que Beto Bruno pode ser feliz sem a sua antiga banda ou a parceria de sucesso com o guitarrista Marcelo Gross… e os fãs agradecem. [JP]
# i,i, do Bon Iver
Leia a resenha completa do álbum.
O Bon Iver se estabeleceu como um dos projetos mais interessantes da música alternativa desde a década passada; liderados pelo admirável Justin Vernon, eles construíram uma discografia sólida ao longo dos últimos anos. Com i,i, o Bon Iver mais uma vez se coloca como um dos maiores acontecimentos da música alternativa nesse século. Mais importante, o álbum prova que o projeto não é uma banda de um homem só; o Bon Iver é uma espécie de entidade independente, onde todos são bem-vindos. [RS]
# GINGER, do BROCKHAMPTON
Leia a resenha completa do álbum.
De um modo geral, a impressão que fica com GINGER é que o BROCKHAMPTON ainda tem coisas a melhorar ao mesmo tempo em que eles terão ferramentas que sempre vão despertar a atenção do ouvinte. Há também a certeza de que o coletivo finalmente vai conseguir alcançar um público não tão ligado ao hip-hop; isso de forma alguma é algo negativo, pelo fato da boyband já ter aparentado trilhar um caminho rumo ao pop. De qualquer modo, esse reconhecimento é merecido. Esse não é o melhor álbum do BROCKHAMPTON; entretanto, é um satisfatório cartão de visitas para fãs recém-chegados, capaz de conquistar com seus instantes mais brilhantes. [RS]
# Immunity, da Clairo
Leia a resenha completa do álbum.
É claro que esse é um álbum que vai atingir um grupo de pessoas mais restrito. Clairo já disse em algumas entrevistas que sente a necessidade de se voltar ao público mais jovem, até por identificação, sendo uma espécie de irmã mais velha; por isso, ainda falta um pouco de maturidade sonora e mais “bagagem” da própria Claire para se arriscar mais. Por outro lado, Immunity é uma boa estreia, provando que ela está cada vez mais distante do rótulo de one-hit wonder. Com certeza você ainda vai ouvir falar muito de Clairo. [RS]
# Let Love, do Common
Common resolveu falar de amor em seu mais novo álbum, Let Love. Na verdade, eu diria até mais do que isso: o rapper decidiu se abrir e falar de temas pessoais em meio a momentos nos quais aborda o mundo em que vivemos. Parece clichê quando falamos que o amor é capaz de nos fazer crescer, mas ele pode ser uma boa forma de aprendizado, seja quando dá certo como também nos momentos em que as falhas acontecem. No entanto, o destaque de Let Love fica para a sua sonoridade, que parece resgatar diversos momentos interessantes da história da música negra. [JP]
# Zona Morta, do Do Amor
Os cariocas da Do Amor enfrentou diversos fatores para produzir o seu quarto álbum de estúdio. Nos últimos anos, Bubu (guitarra e voz), Gustavo Benjão (guitarra e voz), Marcelo Callado (bateria e voz) e Ricardo Gomes (baixo e voz) dedicaram boa parte do tempo aos seus projetos paralelos, o que fez a banda entrar em um hiato forçado e não planejado. No entanto, o carinho pelo projeto foi mais forte que isso, fazendo com que o Zona Morta chegasse até nós. Após um período de pré-produção feito de forma remota – já que dois dos integrantes não residem mais no Rio de Janeiro, a banda separou as criações mais interessantes e, no primeiro momento em que foi possível, se trancou em um estúdio por dois dias para gravar as suas dez faixas. O resultado é um álbum bem orgânico, cru e bom de se ouvir, com destaque para as faixas “Roquinho Triste da MPB”, “Não Peida no Amor” e “Guanabara”. [JP]
# Origens, do Edi Rock
Edi Rock resolveu falar de suas raízes em seu novo álbum. Em seu segundo álbum solo, o integrante do Racionais MCs navega por várias sonoridades, mesclando trap, samba e até o sertanejo ao longo das catorze faixas de Origens. Todo o conceito do trabalho gira em torno das experiências de vida de Edi, suas referências na vida e na música, deixando isso claro logo na sua capa que carrega nomes de algumas das suas influências. Sem perder a sua identidade, o rapper dá um passo adiante em sua carreira e acerta em um álbum que reafirma a sua importância para o rap nacional. [JP]
# Jueves, do El Cuarteto de Nos
Capitalismo, desigualdades, inveja, poder e a polarização do mundo são só alguns dos temas abordados pelos uruguaios do El Cuarteto de Nos em seu décimo sexto registro de estúdio. Com nove faixas, Jueves segue firme a cartilha do Cuarteto: misturar rock, pop e elementos latinos para embalar as suas letras irônicas e diretas, formando um bom e divertido rock. Exemplos claros disso já podem ser ouvidos logo de cara com “Mario Neta” e “Punta Cana”, mas Jueves é interessante em todas as suas faixas… nada de novo para o El Cuarteto de Nos. [JP]
# Inflorescent, do Friendly Fires
Após 8 anos, o Friendly Fires finalmente retorna à cena musical com Influorecent, um delicioso álbum de 11 faixas. Com uma pegada no melhor estilo Pop 80’s, a banda arrancou elogios da crítica, inclusive com 4 estrelas no The Guardian. O álbum já encanta por sua estética, mesmo antes de ser ouvido: material com fortes influências psicodélicas em seu design e um ar de “glitch” oitentista. É gostoso de ouvir, equilibrado e com uma coerente conexão entre as músicas. O destaque já fica com a música inicial “Can’t Wait Forever” que é dançante na medida e a típica música para colocar para animar o dia logo pela manhã. Seguindo essa vibe de discoteca matinal, a música escolhida como um dos singles para esse álbum, “Silhouettes”, também é uma ótima pedida pra dar aquela animada no seu dia. “Run The Wild Flowers”, “Kiss And Rewind”, “Love Like Wives” e “Have Let Me In” também merecem destaque nessa lista. O Friendly Fires mesmo após todo esse tempo longe da cena, retornou com o pé direito, apresentando um ótimo material que com certeza merece ser ouvido na íntegra, justamente pela ligação entre as músicas e sua ótima construção musical.
# Now, Not Yet, do half•alive
O debut do trio norte-americano half•alive merece elogios. Em Now, Not Yet, o grupo aposta em seu indie-rock mesclado com electropop para ganhar o público e, a julgar pela forma como as linhas instrumentais grudam na sua cabeça, o resultado pode ser bem positivo. Temas como ansiedade e religião (o grupo tem um viés cristão) são abordados de forma bem interessante ao longo das doze faixas, sem parecer piegas. [JP]
# Anak Ko, da Jay Som
Anak Ko foi o nome escolhido pela norte-americana Melina Duterte para o seu terceiro álbum sob a alcunha de Jay Som. Com nove faixas, o curto registro mostra uma artista em constante evolução, levando o seu indie-rock mesclado com dream-pop para outros níveis cada vez mais apaixonantes. Escrito e produzido pela própria Duterte, o álbum mantém a linha de aclamação da crítica graças a faixas bem interessantes como “Peace Out”, “If You Want It” e “Devotion”. [JP]
# Alienígena, do Jonnata Doll e Os Garotos Solventes
Alienígena é um álbum que já nasce velho, na melhor concepção do termo. Claramente inspirado no pós-punk de nomes como Os Replicantes ou Picassos Falsos, o cearense Jonnata Doll se junta novamente aos Garotos Solventes para o seu terceiro álbum e o resultado é bem interessante. Produzido por Fernando Catatau, Alienígena te coloca em meio a diversos cenários onde Jonnata fala de amor, de política e da vida na cidade grande de forma simples, objetiva e cativante. Os destaques ficam por conta de “Matou a Mãe”, “Edifício Joelma” e “Trabalho Trabalho Trabalho”, faixa que conta com a participação de Ava Rocha. [JP]
# Infest the Rats’ Nest, do King Gizzard & The Lizard Wizard
Esqueça o Garage Rock pelo qual o King Gizzard & The Lizard Wizard ficou conhecido porque, em seu novo álbum, a banda resolveu apostar no Thrash Metal. Infest the Rats’ Nest é rasgado, político, firme e, possivelmente, um dos melhores álbuns do gênero no ano. Por mais que o álbum não seja tão inovador no fim das contas, ele surpreende ao mostrar que a banda não está presa em uma única sonoridade e pode ser capaz de transitar por outros gêneros sem fazer feio. Aliás, fazer feio é algo que parece não combinar mesmo com o King Gizzard & The Lizard Wizard. [JP]
# Norman Fucking Rockwell!, da Lana Del Rey
Valeu a pena esperar quase um ano após o lançamento de “Mariners Apartment Complex”, primeira música a ser disponibilizada de Norman Fucking Rockwell, para ouvir o álbum completo. O trabalho de Lana Del Rey é o mais coeso desde Ultraviolence e não é à toa que atualmente possui avaliação 88 no Metacritic (Metascore). As favoritas dos fãs também são as faixas mais interessantes: “California” e “Love Song”. O incrível cover de “Doin’ Time” também é uma boa candidata a fazer parte da aba downloads do seu app de streams. [YC]
# Tenho Saudade Mas Já Passou, da Luiza Brina
Tenho Saudade Mas Já Passou foi o nome escolhido pela mineira Luiza Brina para o seu terceiro álbum de estúdio. Produzido por Chico Neves e com direção artística de César Lacerda, o novo trabalho solo da vocalista do Graveola conta com nove faixas, sendo oito inéditas e uma regravação de “Queremos Saber”, composição de Gilberto Gil que foi lançada por Erasmo Carlos em 1976. Alguns dos destaques interessantes do registro ficam por conta de “De Cara”, parceria com Lacerda, e “Acorda para Ver o Sol”, que conta com a participação de Fernanda Takai. [JP]
# High Expectations, da Mabel
O álbum de estreia da Mabel já estava na lista de espera de muita gente. A artista é considerada um dos nomes mais promissores do pop britânico. Ela deu às caras pela primeira vez no mundo musical em 2015, e de lá pra cá, já lançou EP, mixtape, fez parcerias com nomes como Jax Jones e até abriu parte da turnê do Harry Styles. Mas foi com o hit “Don’t Call Me Up”, que Mabel ganhou mais projeção, não só na Inglaterra, mas internacionalmente. “High Expectations”, título do disco, é uma boa pedida para quem adora ouvir aquele pop gostosinho descompromissado. Com 14 faixas, incluindo “Don’t Call Me Up” e “Mad Love”, os singles e ótimas músicas para ouvir na pista de dança, ressalto “FML”, que entra rapidamente na sua cabeça depois da primeira ouvida, além de “Trouble” e “I Belong to Me”, as baladas românticas do álbum que deixam em evidência o potencial da voz da artista. Vale a pena dar uma chance! [VC]
# Any Human Friend, da Marika Hackman
Com quatro faixas iniciais bem marcantes, é difícil não gostar do indie-rock gostoso do novo álbum da Marika Hackman. Intitulado Any Human Friend, o terceiro registro da artista britânica já emula um Blondie com maestria em “the one”, uma das melhores faixas de sua carreira. Entre reflexões sobre a vida, aceitação, sexualidade e um coração partido, Marika constrói um álbum interessante do começo ao fim. Para embalar as letras, uma mistura de pop, rock, folk, sintetizadores e guitarras marcantes que colocam o álbum facilmente entre os melhores do ano. [JP]
# Incertezão, do Mário Wamser
Também das terras mineiras chega o Incertezão, segundo álbum de estúdio de Mário Wamser. Lançado pela Sagitta Records e produzido por Federico Puppi, o registro conta com catorze faixas que dialogam com questões íntimas e universais, refletindo sobre o contexto social e político atual e traçando um panorama da nossa sociedade. Para embalar as composições, uma sonoridade que mescla MPB e rock que fazem valer a pena a audição. Destaque para as faixas “Divã”, “Gaslight” e “Embriagar em BH”. [JP]
# ICONOLOGY [EP], da Missy Elliott
Em quatro faixas inéditas, Missy Elliott volta com a missão de mostrar que ainda pode ser relevante para a cena e, ao mesmo tempo, conquistar um público que provavelmente mal ouviu falar dela. Até por isso, ICONOLOGY tem uma sonoridade bem atual, se aproximando do Trap, o que causou estranheza em parte dos fãs. Ao mesmo tempo, o EP é divertido e parece cumprir bem o seu objetivo: recolocar a rapper em visibilidade e nos fazer esperar pelo próximo capítulo… que torcemos para que não demore mais dez anos. [JP]
# Lógos, do Nill
O rapper niLL lançou em agosto o seu segundo álbum, Lógos. Após o seu excelente trabalho de estreia, Regina (2017), o músico paulista preserva a essência do registro anterior enquanto busca por novos elementos e sonoridades. Em doze faixas, niLL fala sobre racismo, a vida adulta e os seus conflitos, os fracassos nas relações humanas sendo simples e direto, mas nada óbvio. Baseado nas ideias e experiências de seu criador, Lógos é mais um belo exemplo de como niLL segue afiado e pronto para dialogar com o seu público. [JP]
# Face Stabber, do Oh Sees
Vinte e dois álbuns em 22 anos de carreira parece uma audácia para qualquer artista, mas o Oh Sees (ou Thee Oh Sees… ou OCS… ou The Ohsees… ou The Oh Sees) está aí para provar o contrário. Em seu sexto registro nos últimos cinco anos, os norte-americanos seguem a linha apresentada no Smote Reverser (2018), caminhando cada vez mais para uma pegada experimental, e isso fica claro já nos quase 8 minutos de sua faixa de abertura, “The Daily Heavy”. Outros destaques da obra ficam para a radiofônica (!!!) “Snickersnee” e para as longas “Scutum & Scorpius” e “Henchlock”, que contam com catorze e vinte e um minutos, respectivamente. [JP]
# Caretakers, do Pete Yorn
Em seu sétimo álbum de estúdio solo, Caretakers, o norte-americano Pete Yorn emula os seus primeiro álbuns sem parecer pura e simplesmente uma volta ao passado. Com doze faixas, o registro é interessante de se ouvir e conta com bons momentos, representados por “Can’t Stop You”, “POV” ou a canção que dá nome ao registro. No fim das contas, Caretakers consegue manter o bom nível dos trabalhos de Pete Yorn mas, se você já for um ouvinte, vai acabar sentindo a vontade de ouvir o musicforthemorningafter (2001) ou o Nightcrawler (2006) ao fim da experiência. [JP]
# Eve, da Rapsody
Conheci a Rapsody por conta de “Cleo”, música que conta com um sampler de “In the Air Tonight”, do Phil Collins. A música ficou na cabeça de uma forma que, dar play no Eve por completo e adorá-lo foi um pulo. Terceiro registro de estúdio da rapper norte-americana, o álbum conta com dezesseis faixas, todas intituladas com nomes de mulheres negras importantes em suas áreas de atuação. Criativo, bem produzido e marcante, Eve é mais um acerto da carreira consistente de Rapsody. [JP]
# Red Hearse, do Red Hearse
O Red Hearse é o nome do projeto capitaneado pelo produtor Jack Antonoff e, só por isso, já merece a sua atenção. Com um indie-pop gostoso e muito bem orquestrado, o álbum de estreia do projeto conta com apenas oito faixas, sendo curtinho mas muito eficiente. Dançante, o Red Hearse é capaz de grudar na sua cabeça graças ao seu instrumental criado por Antonoff ao lado de Sounwave. Isso sem contar os vocais de Sam Dew, outro ponto positivo da obra. Os destaques ficam por conta de “Everybody Wants You”, “Half Love”, “Honey” e “Violence”. [JP]
# This is Not a Safe Place, do Ride
This is Not a Safe Place foi o nome escolhido pelos britânicos do Ride para o seu sexto álbum de estúdio, o segundo desde a retomada de suas atividades em 2014. Com doze faixas, o trabalho mostra a banda cada vez mais firme em seu processo de olhar para a frente nessa segunda parte da carreira, com destaques para o pop-rock interessante de “Future Love” e para a requintada “In This Room”. Ainda que seja um álbum que fique abaixo dos trabalhos anteriores, é um registro que pode fazer com que o Ride ganhe (ou reconquiste) um espaço no seu coração. [JP]
# Threads, da Sheryl Crow
Todos os elementos que marcaram a carreira de Sheryl Crow estão presentes naquele que está sendo considerado pela cantora como o seu último registro de estúdio. Com dezessete faixas, sendo doze inéditas, Threads é uma verdadeira celebração para a qual Sheryl reuniu amigos, alguns de seus ídolos da música e novos nomes da cena para um grande álbum colaborativo. Tem Stevie Nicks, Mavis Staples, Chris Stapleton, Gary Clark Jr., Keith Richards, Willie Nelson, Johnny Cash, St. Vincent e a lista não para por aí. No entanto, o destaque maior fica por conta de “Beware Of Darkness”, bela canção onde Crow se junta só com Eric Clapton, Sting e Brandi Carlile. Se esse for mesmo o capítulo final de sua carreira, Sheryl encerrou o seu ciclo de uma forma inesperada (pelo tanto de convidados), mas fazendo o que sabe de melhor: se divertir ao interpretar boas canções. [JP]
# The Center Won’t Hold, do Sleater-Kinney
The Center Won’t Hold é o nono álbum de estúdio do Sleater-Kinney e chega cinco anos após No Cities To Love. Com onze faixas e produzido por ninguém menos que Annie Clark (também conhecida como St. Vincent), o registro mostra o grupo buscando novas sonoridades. Com uma pegada mais industrial, a novidade conta com as guitarras características e outros elementos que remetem ao passado do grupo, mas levam o Sleater-Kinney por um outro caminho que agradou a muitos e, como não poderia deixar de ser, desagradou outros. Quem mais sentiu a mudança foi a baterista Janet Weiss, que resolveu deixar a banda após finalizado o processo de gravação por “diferenças criativas”. No fim das contas, é um bom álbum. Diferente, bem competente e que vale o play. [JP]
# We Are Not Your Kind, do Slipknot
Em seu sexto álbum de estúdio, o Slipknot parece cada vez mais consciente de seus pontos fortes e pronto para aliar isso a novos elementos. Com catorze faixas, We Are Not You Kind é intenso e capaz de manter viva aquela ira do começo de carreira dos norte-americanos em sua sonoridade. Certamente, é o álbum mais interessante lançado pela banda desde o Iowa e faixas como “Spiders”, “Unsainted”, “Nero Forte” e “Solway Firth” representam bem isso. [JP]
# Lover, da Taylor Swift
Quem se assustou com a letra de “Me!” (Hey, kids! Spelling is fun), que inclusive foi alterada na versão oficial de Lover, provavelmente não esperava um trabalho tão interessante de Taylor Swift. O álbum já começa com a excelente “I Forgot That You Existed”, seguindo para o potencial hit “Cruel Summer” e chegando em “Lover”, a balada mais gostosa que ela incluiu no disco. Com 18 faixas, é difícil escolher quais seriam as favoritas. Alguns artistas já escolheram as suas, casos de Halsey (“Cornelia Street”), Camila Cabello (“Afterglow”) e Demi Lovato (“Cruel Summer”). Por sua vez, os fãs estão aclamando “The Man” e “Miss Americana & The Heartbreak Prince”. [YC]
# When I Have Fears, do The Murder Capital
É post-punk que você quer? O ano de 2019 te oferece mais um excelente álbum do gênero lançado por uma banda de estreia. Os irlandeses do The Murder Capital liberaram em agosto o seu debut e When I Have Fears já chega enfiando o famoso “pé na porta” com uma sonoridade feroz e catártica. É difícil não se lembrar do IDLES ou do FONTAINES D.C. enquanto se ouve as dez músicas do registro, mas isso não é nenhum demérito. Muito pelo contrário. Toda a energia empregada pelo quinteto em faixas como “For Everything”, “Green & Blue”, “Slowdance I” ou “Feeling Fades” fazem do When I Have Fears um álbum marcante por si só. [JP]
# The S.L.P., do The S.L.P.
Serge Pizzorno resolveu alçar um voo solo com o The S.L.P., seu álbum de estreia sem os companheiros do Kasabian. Ainda que a banda seja bastante inventiva, o guitarrista resolveu explorar caminhos ainda mais diferentes daqueles que ele percorre ao lado dos amigos de Leicester. Bem experimental e divertido, o The S.L.P. parece saciar bem a vontade de Serge sem se preocupar muito com a sua recepção perante os fãs. Com muitos prós e alguns contras, acaba valendo a pena ouvir no fim das contas. [JP]
# Fear Inoculum, do TOOL
Após treze anos de espera, o TOOL brindou os seus fãs com uma verdadeira obra-prima. Fear Inoculum é mais do que um álbum, é uma experiência sonora na qual a banda começa exatamente de onde parou lá em 2006. Com dez faixas, é um registro capaz de surpreender até mesmo o fã mais apaixonado da banda, fazendo jus a toda a expectativa criada em torno de seu aguardado lançamento. Um grande candidato a álbum do ano nas listas que serão divulgadas em breve. [JP]
# First Taste, do Ty Segall
Vocais distorcidos, guitarras marcantes e uma mistura de elementos marcam o First Taste, novo álbum de estúdio do Ty Segall. Se você ainda não conhece o trabalho do músico norte-americano, essa é uma boa chance para se ter um primeiro gostinho (sacou?) do que ele é capaz de fazer. Em suas doze faixas, o álbum parece um resumo de tudo o que Ty andou produzindo experimentando nos últimos anos. O seu garage-rock característico ainda está presente, mas abre espaço para momentos introspectivos ou elementos de jazz que enriquecem ainda mais a sua sonoridade. [JP]
Quer saber como foram os outros meses do ano? Não deixe de ver a nossa lista com os nossos álbuns preferidos de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e julho, além de dar uma olhadinha em nossa lista especial com os 60 melhores álbuns do primeiro semestre. Agora, se você quer se programar para os próximos meses, veja a nossa lista com os principais lançamentos previstos para o segundo semestre de 2019 no mundo da música.
Textos: Bárbara Silva, John Pereira, Juliana Suarez, Vanessa Cutrim e Yuri Curvelo.