A noite de sábado foi mais do que especial para os fãs mineiros da dupla Sandy e Junior. Os irmãos passaram por Belo Horizonte com a turnê Nossa História e, certamente, causaram um mix de sensações nas 25 mil pessoas que encararam o frio e compareceram à Esplanada do Mineirão.
Passando pelos principais hits da carreira, os dois celebraram os seus 17 anos de estrada como dupla com uma festa digna de se recordar por muito tempo. Um show bem feito, divertido e que não deve ter dado motivos para qualquer reclamação dos fãs após o seu começo.
Previsto para às 20h30, a apresentação começou com cerca de 45 minutos de atraso, algo que mexeu com a ansiedade do público que aguardava por esse momento por mais de uma década. Como contagem regressiva, Sandy e Junior criaram alguns momentos especiais para o público, com imagens dos arquivos familiares mostrando situações divertidas em casa, ensaios e, claro, o tempo para a apresentação começar. Ao fim dela, “Não dá pra não pensar” era a responsável por dar início a uma viagem nostálgica para todos os presentes.
Ao contrário da esmagadora maioria, Sandy e Junior não fizeram parte da minha infância ou adolescência. Conhecia as principais músicas, mas nunca tive essa paixão pela dupla ao ponto de passar perrengue para comprar ingresso ou me chamar de fã. Fui uma espécie de ouvinte passivo ao longo da história e, provavelmente, a minha maior proximidade com eles foi assistindo o seriado exibido nos domingos da Globo enquanto eu almoçava.
É difícil dizer isso em uma época de finanças complicadas e ingressos caros mas, se você foi ou ainda é fã da dupla até hoje, ver um dos shows dessa turnê é quase que obrigatório. Toda a construção da apresentação é pensada para o fã. Desde a sua espera, a forma como os telões são utilizados, todo o material visual produzido para o show, os dançarinos, a banda que acompanha a dupla, tudo funciona bem dentro do espetáculo. O esforço para entregar algo bonito e que ficasse na memória do público é o ponto alto do show.
Em pouco mais de duas horas, a dupla passou por diversas músicas marcantes para os fãs. O setlist inteiro foi comemorado pelos fãs, mas músicas como “Estranho jeito de amar”, “Olha o que o amor me faz”, “As quatro estações”, “Aprender a Amar” e “Imortal” embalaram o público no começo do show. Inclusive, “Aprender a Amar” é o primeiro momento solo de Junior no palco, que respondeu bem ao carinho dos presentes na Esplanada. Com um repertório feito para o público cantar junto, era fácil olhar para o lado e ver as lágrimas ou a felicidade impressa na cara de quem estava remexendo em seu baú e recordando momentos antigos.
Simulando um bom grupo de WhatsApp, a dupla reuniu os personagens do seriado Sandy e Júnior. Era o tempo para uma troca de figurino e a preparação para o primeiro momento dançante da noite, graças a uma sequência formada por “Eu Acho que Pirei” e um medley com “Beijo é bom”, “Etc… e tal”, “Vai ter que rebolar”, “Dig-Dig-Joy” e “Eu quero mais”. Depois, veio o segundo momento solo de Junior com a sua interpretação de “Enrosca”, hit do Fábio Junior, com direito a coreografia e um solo de bateria no fim.
Com a volta de Sandy, chegava ao fim também a primeira parte do show com “A Gente Dá Certo”, cantada a plenos pulmões pelo público.
A segunda parte do show começa com um set acústico e com a dupla sentada na beira do palco. Antes de começar, o público presente começou a cantar alguns trechos de “Primeiro amor”, música lançada por Sandy e Junior em 1993. Segundo a dupla, o momento acústico serve para mudar um pouco o repertório da apresentação, criando momentos especiais para cada show e, também, uma forma de atender todo o trabalho da dupla. Em BH, a grande surpresa ficou por conta de “Cadê Você Que Não Está”, música que Sandy dedicou a uma fã famosa dos dois, Maria Gadú. Faixas como “Você pra sempre (Inveja)” e “Inesquecível” também foram relembradas no set voz e violão.
Caminhando para o fim, dois hits marcantes da dupla criaram diferentes sensações no público. Enquanto “A Lenda” fez o público realmente sorrir e chorar como bem lembra o seu refrão, “Cai a chuva” criou mais um momento divertido com direito a chuva de papel picado.
Após uma pausa com um vídeo da dupla falando sobre a turnê, as três músicas mais cantadas da noite: “Quando você passa (Turu Turu)”, com o público erguendo vários balões coloridos em forma de coração; “Desperdiçou”, que colocou todo mundo para cantar junto; e “Vamo Pulá”, uma das músicas mais esperadas da noite e que tornou impossível a tarefa de não fazer o que o seu refrão pede como uma forma de celebração ou, porque não, para espantar o frio.
Com fogos e mais papel picado, a dupla deixou o palco pouco mais de duas horas após o show, concluindo a noite. Para o público, restou baixar a adrenalina e reorganizar todas as memórias na cabeça enquanto gritavam “inseparáveis” para a dupla.
É interessante ver que, doze anos depois, o maior receio dos fãs nem sequer foi lembrado durante a apresentação. Sandy e Junior ainda funcionam bem como uma dupla e isso não mascara as suas individualidades. Enquanto Sandy segue sendo uma cantora de grande qualidade, Junior se tornou um excelente instrumentista e, por mais que isso não seja a essência dele na dupla, também se faz presente no show.
No fim das contas, a turnê entrega até mais do que promete. Com um palco incrível, interações visuais interessantes ou aplicativo para você se “conectar” com o show, ousaria dizer que esse foi o show nacional com a produção mais atraente que eu vi até hoje e que não fica devendo em nada para grandes nomes internacionais. Todo o cuidado em torno dos detalhes é algo especial e, pelo menos dentro da Esplanada do Mineirão, não ficam queixas a se fazer.
Em certa parte do show, a dupla lembrou que a turnê “Nossa História” era deles mas também de todos os presentes e, pelo que eu vi na noite do último sábado, os fãs de Sandy e Junior terão mais um baú cheio de recordações para guardar na memória.