2009 foi um ano extremamente potente para a música. Muitas bandas acabaram se firmando na indústria, tantas outras apareceram e algumas se fizeram ser lembradas.
O estilo alternativo estava em alta, principalmente no Reino Unido e EUA. MTV tinha a melhor programação da época e era obrigação anotar o nome dos artistas que eu descobria para procurar discografia no 4shared ou torrent lotado de vírus. Que saudade!
Eu passava muito tempo assistindo à programação, a ponto de decorar as paradas, lançamentos, reprises de shows. Nessa brincadeira descobri muitos artistas de que gosto até hoje, dentre eles o Florence And The Machine. Welch foi me conquistando aos pouquinhos com aquele jeito bruxa wicca-ninfa do bosque e, quando dei por mim, estava apaixonadíssima pela voz daquele serzinho celestial. À época, Florence não era a vencedora das paradas brasileiras, mas foi um dos nomes que ajudou a consolidar o indie internacional como conhecemos hoje.

Como Lungs me tocou
Há 10 anos e alguns dias atrás, Florence debutava com o álbum Lungs, sucesso meteórico nas paradas do Reino Unido. O ano, então dominado pelo hip hop, pop punk e rock alternativo, acabou sendo surpreendido pela “etereidade” da artista. O disco propõe uma viagem a temas abstratos, porém próximos do comum: culpa, sonhos, amor, términos, começos, morte. É o grito da juventude, onde tudo dói ou é tão intenso que se pensa que nunca irá passar.
A melodia é o corpo em carne — a percussão marcando as batidas do coração, o pulmão como a voz, os demais instrumentos como os olhos, tato. Tudo trabalhando em conjunto com o ser, uma ligação entre o sensível e o inteligível, o corpo e os sentimentos.
A delicadeza de Florence ao retratar temas da esfera emocional eleva as canções para o quase divino, onde a raiva e tristeza são dignos de orgulho. É uma viagem de para conhecer e aceitar os sentimentos que nos conectam a nós mesmos e ao mundo exterior.
O álbum conta com os singles “Kiss With a Fist” (que eu via todos os dias no MTV Lab!), “Rabbit Heart (Raise It Up)”, “Drumming Song”, “You’ve Got The Love”, “Cosmic Love” e o carro-chefe “Dog Days Are Over”, que ainda garante muitas batucadas quando começa a tocar, além da certeza do sucesso para Florence Welch.
De fato, um marco para a música contemporânea, revolucionário e essencial para quem gosta do estilo. Histórico na linha do tempo musical. Um álbum que amadureceu bem e prova que o talento da artista, apesar de sempre presente, vem sendo lapidado há mais de uma década.