Publicação atualizada no dia 09 de setembro
Em 2019 o festival Oxigênio chega à sua 6ª edição com algumas novidades, a começar pela forma de anunciar a programação: o lineup foi divulgado em uma coletiva de imprensa em São Paulo no dia 11 de julho, com a participação de alguns dos artistas que irão se apresentar no evento – e, simultaneamente, a produção liberou um vídeo nas redes sociais do festival listando todas as bandas, além de atualizar seu site com a programação dividida por data (já que serão três dias de festival):
https://www.facebook.com/oxigeniofestoficial/videos/2403307473326659/
13/09 (sexta-feira)
CPM 22
Sugar Kane
Bayside Kings
Teco Martins e Sala Espacial
O Inimigo
Codinome Winchester
CEFA
14/09 (sábado)
Supercombo
Big Up
Pense
Terra Celta
Gloria
O Bardo E O Banjo
Rivets
Zumbis do Espaço
Rumbora
Nervosa
Charlotte Matou Um Cara
The Mönic
15/09 (domingo)
Francisco El Hombre
Far From Alaska
Strike
Esteban
Dibob
Granada
Autoramas
Cólera
Darvin
Violet Soda
Armada
Molho Negro
Wiseman
Participaram da coletiva os produtores Rafel Pelegrino e Marcos Baldin (mais conhecidos como Piu e Alemão/Marcão, representando a GIG Music e o Hangar 110), além de um representante da Vans e dos músicos Dani Buarque (The Mönic), Carol Navarro (Supercombo), Rafael Brasil (Far From Alaska), Badauí (CPM 22) e Marcelo Mancini (Strike).
O festival conta com patrocínio das marcas Vans, Budweiser, Jack Daniels, Goose Island e Monster Energy e vai continuar sendo realizado em São Paulo na Via Matarazzo, próximo ao metrô Barra Funda. A Vans, principal patrocinadora desde 2017, fará várias ações de games e skate durante o evento e prometeu que serão melhores do que as do ano passado. O Oxigênio também terá, pela primeira vez, um karaokê! A “Karaoke Band”, uma banda de apoio formada por músicos ilustres como o baterista André Dea (o Pindé, do Sugar Kane, Supercombo, Violet Soda etc.) irá tocar nos três dias e o público pode subir ao palco para participar nos vocais, desde que faça um cadastro prévio com a GIG (ainda não explicaram, no entanto, como isso vai funcionar). “O Pindé é o cara que mais vai tocar no Oxigênio”, brincou Alemão. “Ele só não quis tocar no Strike quando eu chamei”, zoou Marcelo.
As entradas custam R$190 (passaporte para os três dias) e R$70 (unitária por dia separado), preços de primeiro lote, em um esquema de meia entrada para todos com a doação de 1 kg de alimento não perecível na porta, ou pela apresentação de uma carteira de estudante válida. Achei muito justo e admiro a iniciativa beneficente. Os ingressos já estão à venda pela PixelTicket, que infelizmente cobra uma taxa de (in)conveniência de R$34,20, totalizando em R$ 224,20 o valor total do passaporte (meia entrada). Pelo menos o site parcela em até 6 vezes no cartão de crédito, mas cobra juros (1,99% ao mês). Se você não tiver cartão de crédito, também pode pagar via boleto bancário, à vista.
“No ano passado arrecadamos 3 toneladas de alimentos e, em 2019, esperamos juntar ainda mais. Assim, ajudamos as pessoas a irem ao festival com um valor mais acessível e ainda ajudamos quem precisa com as doações”, disse Piu. “Eu acredito que a música humaniza as pessoas, tanto que gostaria que todas as escolas tivessem aulas de música para formar pessoas mais sensibilizadas e que isso refletisse na nossa sociedade. Botar um quilo de alimento lá é importante, fazer essa ponte é importante, mas não precisamos levantar nenhuma bandeira. Só procuramos caminhos para ajudar as pessoas, mas não de forma explícita, até para não levantar esse ranço, porque hoje está uma guerra. A gente não gosta de falar muito para não criar polêmica, mas tentamos fazer nossa parte”, afirmou Alemão.
Para quem não puder comparecer, o festival será transmitido ao vivo pela internet pelo segundo ano consecutivo. “No ano passado transmitimos os shows nas páginas da Vans, como um teste, mas o resultado superou nossas expectativas. Alcançou muita gente, teve um engajamento enorme e um público que a gente não esperava”, comentou Piu, afirmando ainda que a transmissão on-line também permite incluir fãs de outros estados que não tenham condições de viajar a São Paulo para acompanhar o evento pessoalmente.
Com dois palcos simultâneos, Alemão tranquilizou o público: “dá muito trabalho organizar a programação, mas sempre colocamos os shows intercalados de forma dinâmica, com estilos diferentes em cada palco. Assim, se duas bandas que você gosta tocarem em horários parecidos, você consegue pelo menos ver um pedaço do show de cada uma. O deslocamento entre os palcos também é rápido e fácil”. Ainda sobre a programação, apenas 8 das bandas anunciadas nunca tinham tocado no Oxigênio antes. O festival já é famoso por repetir bandas e deixou de ser um evento exclusivamente focado em hardcore para abranger diferentes tipos de rock alternativo, do metal ao folk e pop. “O mais difícil foi incluir bandas que não conhecíamos tanto, que não costumávamos ouvir com tanta frequência”, contou Piu. “De qualquer forma, já faz tempo que o Oxigênio ampliou seus horizontes. Começou em 2013 como Undergorund Concert, depois foi para Hardcore Fest e, em 2017, mudamos de novo. Não precisamos nos limitar, estamos tentando fazer o máximo para mais pessoas irem ao evento”, concluiu ele. “Na gringa sempre teve essa mistura de estilos nos festivais e ninguém nunca reclamou”, desabafou Badauí. Mas, nas redes sociais, o público saudoso criticou e pediu mais punk e, principalmente, HC. E, como de costume, a produção da GIG responde de forma muito ácida e cínica, chegando a soar arrogante e ofensiva em alguns casos, em um exemplo do que não se deve fazer trabalhando com mídia social. Infelizmente, esse atendimento se repete ano após ano.
Outra polêmica que costuma atingir o Oxigênio é a questão da baixa participação feminina no festival, que costuma ser zero na produção e bem baixa na programação. Mas, em 2019, o evento deu um salto nesse quesito, trazendo mais mulheres para o palco. Vamos aos números: sem contar as bandas de abertura, que não conseguimos levantar, em 2017 apenas duas mulheres pisaram no palco do Oxigênio – as vocalistas Debora Babilônia e Natacha Cersosimo, do Deb And The Mentals e do Toyshop, respectivamente. As duas bandas são mistas e só têm uma mulher na formação, e só foram anunciadas depois de o festival ter recebido uma chuva de críticas nas redes sociais justamente por essa discrepância de gênero, sem fazer parte do lineup original. Em 2018, foram seis: duas do Far From Alaska (a vocalista Emmily Barreto e a multi-instrumentista e também vocalista Cris Botarelli), a Deb de novo, a Bruna Guimarães, do BRVNKS, que até então era a única integrante feminina de sua banda, a baixista Ana Morena Tavares, do Camarones Orquestra Guitarrística, e a vocalista Nata Nachthexen do Manger Cadavre, redimindo as críticas do ano anterior, mas ainda muito longe da equidade e sem nenhuma mulher na produção.
Em 2019, serão nove bandas com mulheres na formação, sendo três delas formadas apenas por mulheres, batendo o recorde de participação feminina no evento com 19 minas. Ponto pro Oxigênio, que mostra uma evolução constante e cuidado com a escalação para que seja mais igualitária, apesar de a produção continuar 100% masculina. “Acompanho o trabalho do Piu há muito tempo e vejo que ele sempre teve esse cuidado, sempre buscou incluir mulheres nos eventos. Ele já tinha inclusive nos convidado para tocar, mas só pudemos esse ano”, disse Dani Buarque, guitarrista e vocalista da The Mönic, quarteto formado apenas por mulheres. “Não é verdade que não tem mulher fazendo música boa ou que não tem mulher no rock. Podemos ainda ser minoria, mas tem muitas mulheres tocando hoje e agora, com uma curadoria de qualidade, elas começaram a aparecer mais, e é importante ter esse espaço sim”, complementou Carol Navarro, baixista e vocalista do Supercombo.
Mas, assim como em 2017, a organização do Oxigênio ainda precisa evoluir na forma como encara essa questão e tomar mais cuidado na hora de se pronunciar sobre o assunto. Alemão, que eu tanto admiro desde adolescente, soltou uma frase bastante infeliz na coletiva, mesmo com as falas elogiosas de Dani e Carol antes dele: “A gente quer incluir banda boa pra tocar no festival. Não é por ser ‘de menina’ ou não, não é porque ‘tem que pôr’. Quem faz música boa vamos chamar. Até porque, se fosse assim, teríamos que chamar banda de índio, banda de tudo”. Deixo aqui um desabafo e apelo de quem sabe o que fala por tocar em bandas independentes há 17 anos: com essa fala, Alemão dá a entender que as mulheres não participam da mesma forma que os homens porque não são boas o suficiente (ou não são tão boas quanto eles), já que, afinal, são nove bandas com mulheres em um total de 36 atrações anunciadas, representando apenas 24% do lineup (isso porque a maioria das bandas com integrantes mulheres é mista e sem nem entrar no mérito da inclusão de outros grupos como negros, que ainda são raras exceções nesse tipo de evento em geral, LGBT, pessoas com deficiência, indígenas como ele mesmo citou etc.). Por mais que não tenha sido a intenção, a fala de Alemão soou muito pejorativa e gerou desconforto entre os presentes na coletiva, que incluiu muitas jornalistas. Fora isso, “banda de mina” não é gênero musical, Carol Navarro está certíssima e temos que parar de tratar a desigualdade como uma simples questão de “cota” ou reparo “pra inglês ver” e, principalmente, parar de usar meritocracia de forma injusta aqui. Afinal, em uma analogia simples, músicos homens começam a corrida numa Ferrari e nós em um golzinho 1.0, por mais que sejamos pilotos igualmente bons e capazes e encaremos a mesma pista. Deu pra entender?
Além das 32 bandas divulgadas na última quinta-feira, o Oxigênio ainda vai confirmar mais uma banda grande brasileira no dia 3 de agosto e selecionar três bandas de abertura, uma para cada dia do evento, em uma iniciativa inspirada no saudoso e muito bacana projeto Skema 110, em que o Hangar dava espaço para bandas independentes que ainda fossem novas e/ou desconhecidas terem a oportunidade de tocar para um público maior. As bandas interessadas podem se cadastrar aqui. O festival também criou uma playlist no Spotify com os artistas da programação para a gente já ir entrando no clima e conhecer bandas novas. Vale ouvir:
ERRATA – 09/09/2019
A organização do Oxigênio Festival entrou em contato com o Audiograma apontando alguns dados que estavam incorretos nessa reportagem. A repórter Bárbara Monteiro já entrou em contato com a produção via telefone pedindo desculpas, e seguem abaixo as correções necessárias:
Na edição de 2017, o lineup oficial, não incluindo as bandas de abertura anunciadas depois, tinha 3 bandas com uma mulher na formação cada: Gritando HC (que era a que faltava citar), Toyshop e Deb and the Mentals. Em 2018, além das bandas já citadas pela reportagem, também havia mais três atrações com mulheres na formação: Blackjaw, Rebotte e Mar Morto. A banda Cosmogonia fazia parte das atrações de abertura e portanto não entra na comparação.
Ao contrário do que diz a reportagem, a produção do festival sempre contou com mulheres e, em 2018, os números foram:
– 1 sócia
– 20 mulheres na equipe técnica (representando a maioria do time, que era composto por 35 pessoas)
– 3 produtoras
– 2 mulheres liderando a agência de marketing terceirizada que foi contratada para o evento
– 1 mulher cuidando das redes sociais do festival
– 5 patrocinadores que possuem mulheres na liderança, em um total de 5 patrocinadores do evento
– Dos 8 patrocinadores, 5 são mulheres à frente
A produção do festival ainda informou que 42% do público atual do evento é mulher.
SERVIÇO: Oxigênio Festival 2019
Data: 13, 14 e 15 de setembro (sexta, sábado e domingo)
Local: Via Matarazzo – Avenida Francisco Matarazzo, nº 764, Água Branca, São Paulo.
Ingressos: a partir de R$70.
Vendas: PixelTicket
Destaques da programação: CPM 22, Sugar Kane, Pense, Teco Martins e Sala Espacial, Supercombo, Francisco El Hombre, Far From Alaska, Strike, Autoramas e Cólera.
Mais informações: www.oxigeniofestival.com.br