Metade do ano já se foi e, seguindo uma tradição que já faz parte do nosso calendário nos últimos anos, resolvemos passar a limpo todos os lançamentos em busca dos melhores álbuns de 2019 até então.
Passeando por vários gêneros, escolhemos 60 álbuns que chegaram às lojas ou serviços de streaming até o último dia 30 de junho, falamos um pouco sobre cada um deles e, como de costume, deixamos aquele player maroto para você ouvir lá no Spotify.
Leia mais: O que vem por aí – lançamentos da música
Tem rock, tem pop, tem rap, tem material nacional, tem trilha sonora… tem um aperitivo do que deve aparecer em nosso #Listão2019, a nossa tradicional série de listas de fim de ano que sairá em dezembro.
Em ordem alfabética, veja quais foram as nossas escolhas no primeiro semestre desse ano!
# Designer, da Aldous Harding
Em seu terceiro álbum de estúdio, a neozelandesa Aldous Harding é de um talento especial. Com nove faixas, Designer chega para comprovar que todo o sucesso obtido pela cantora com o álbum Party (2017) não foi por acaso. Ainda mais interessante, a novidade é bem detalhista em sua sonoridade: um indie folk gostoso de ouvir e que casa perfeitamente com a voz ora tranquila, ora marcante de Aldous. Vale também destacar as linhas de baixo que marcam o álbum do início ao fim. [JP]
# American Football (LP3), do American Football
O terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana American Football mostra uma evolução e um caminhar por novos territórios. O LP3 ainda mantêm a essência emo da banda, uma das boas representantes do gênero na atualidade, mas em nenhum momento soa nostálgico ou preso ao passado. O quarteto capitaneado por Mike Kinsella mostra que ainda tem muito a oferecer. [JP]
# Ventura, do Anderson .Paak
Leia a nossa resenha completa!
Apesar de não ser o trabalho mais brilhante de Anderson .Paak, Ventura não deixa de exibir algumas das características mais interessantes do rapper; sua voz impecável, e a capacidade de transformar o clássico em algo novo e atraente ainda estão aqui em alguns momentos. Sendo assim, apesar de alguns defeitos, vale a pena dar uma chance ao álbum e ser ainda mais convencido do talento de Anderson. [RS]
# Age of Unreason, do Bad Religion
Aquela máxima do “quanto mais velho melhor” cabe bem no Bad Religion. Com trinta anos de serviços prestados à boa música, a banda norte-americana de punk rock lançou em maio o seu décimo sétimo álbum, Age of Unreason. Com catorze faixas e pouco mais de trinta minutos, a banda não foge da polêmica e fala de temas atuais como as questões políticas ou a falência moral da nossa sociedade com letras afiadas e diretas. “My Sanity”, “Do The Paranoid Style” e “End Of History” são bons exemplos de como o Bad Religion ainda é muito relevante, sobretudo nos dias atuais. [JP]
# O Futuro Não Demora, do BaianaSystem
Um álbum para ser apreciado: é assim que eu definiria O Futuro Não Demora, novo registro do BaianaSystem. Com a dura missão de suceder o incrível Duas Cidades, o novo álbum do projeto capitaneado por Roberto Barreto (guitarra baiana), Seko Bass (baixo) e Russo Passapusso (voz) é tão marcante quanto o anterior. Com um time de colaboradores que tem BNegão, Manu Chao e Curumin, entre outros convidados, o álbum é provocante, marcante e forte. Exatamente o que se esperava do BaianaSystem. [JP]
# Disco Adulto, da Barcamundi
Em seu segundo trabalho de estúdio, a Barcamundi se mostra mais madura e bem resolvida criativamente. Mesclando rock alternativo com MPB, o registro faz jus ao nome e entrega faixas com letras intimistas mas que, ao mesmo tempo, permitem com que a gente se identifique. A produção ficou nas mãos da banda em parceria com Hugo Noguchi (Ventre), que produziu recentemente o álbum da Luíza Boê. [JP]
# Gold & Grey, do Baroness
Quatro anos após Purple (2015), os norte-americanos do Baroness lançaram em junho o seu quinto registro de estúdio. Gold & Grey contou mais uma vez com a produção de Dave Fridmann e o resultado é, para muitos, nada menos do que o melhor trabalho de estúdio da banda capitaneada pelo vocalista John Dyer Baizley. O trabalho ainda marca a estreia (em estúdio) da guitarrista Gina Gleason, que assumiu o posto em 2017. Acumulando elogios, Gold & Grey mostra uma maturidade e uma evolução musical acima da média e é candidato ao TOP 10 de várias listas de melhores do ano. [JP]
# U.F.O.F., do Big Thief
Um álbum bonito é um álbum bonito e o terceiro registro de estúdio dos norte-americanos do Big Thief é tudo isso e muito mais. Com um indie folk refinado, U.F.O.F. deixa claro que é impossível não se apaixonar pela voz de Adrianne Lenker, que chega envolvida em um conjunto de melodias extremamente cativantes. Em constante evolução, o Big Thief entrega o seu melhor álbum até hoje e mostra que ainda tem muito para oferecer. [JP]
# Shepherd in a Sheepskin Vest, do Bill Callaham
Quem se atreve a lançar um álbum de vinte faixas em 2019 é porque tem uma boa história para contar e esse é o caso de Bill Callaham com o seu Shepherd in a Sheepskin Vest. Falando sobre a vida, a paternidade e todas as mudanças a partir do nascimento do pequeno Bass em 2015, Bill te prende num country 2.0 gostoso de ouvir e que te faz esquecer do tempo. No fim da jornada, vinte músicas acabam sendo pouco, se é que você me entende. [JP]
# When We All Fall Asleep, Where Do We Go?, da Billie Eilish
A cantora americana Billie Eilish lançou seu primeiro álbum e o antipop melancólico e sombrio foi bem recebido pelo público e pela crítica. O álbum de estreia da cantora norte americana de 17 anos é composto por 14 faixas e três delas já haviam sido divulgadas antes: “you should see me in a crown”, “when the party’s over” e “bury a friend”, sendo que as duas últimas tiveram videoclipes. A sonoridade remete bem a Lorde e Lana Del Reye o resultado é incrível e brilhante. Podem apostar que ela vai longe! [HF]
# Schlagenheim, do black midi
Após um relativo sucesso com a faixa “Talking Heads”, que acabou chamando a atenção do próprio David Byrne, o black midi lançou em junho o seu primeiro álbum cheio. Schlagenheim está longe de alguma classificação: é um rock experimental descompromissado e capaz de fugir de qualquer estética que você possa imaginar. É estranho, confuso em alguns momentos e parece ter sido construído em cima de um improviso que pode até incomodar no começo. Se você chegar ao fim, entenderá o que faz do álbum uma das coisas mais legais feitas no rock nos últimos anos. [JP]
# amo, do Bring Me The Horizon
Um dos álbuns mais aguardados do mês, os britânicos do Bring Me The Horizon lançaram no último dia 25 o seu sexto registro de estúdio. amo é resultado de uma ruptura com o passado, com a banda se aventurando por outros estilos e tirando a guitarra do seu foco principal. Agora, a banda apresenta uma sonoridade mais pop e flertando com o eletrônico em alguns momentos. Para os mais preocupados, a guitarra ainda se faz presente, mas nada perto do que a banda já fez anteriormente. [JP]
# Western Stars, do Bruce Springsteen
Chega a ser chato e repetitivo dizer que Bruce Springsteen lançou um álbum incrível, mas o norte-americano não nos deixa fugir disso. Western Stars é outro exemplo de como esse cara é uma das lendas vivas da música e, sim, faz jus a todos os elogios recebidos. O novo trabalho é mais íntimo, quase como uma extensão de sua residência de shows na Broadway. Ainda assim, é tão ou mais intenso que os seus trabalhos mais recentes. Difícil não gostar de um álbum que tem “The Wayfarer” e toda a sua bela construção ao longo de quatro minutos. Definitivamente, Springsteen é uma das lendas vidas da música… e sim, eu repeti isso porque é só o que eu consigo dizer dele. [JP]
# Reward, da Cate Le Bon
Várias resenhas apontam o quinto registro de estúdio da galesa Cate Le Bon como uma verdadeira obra-prima e um exemplo de como a música pode ser refinada e extremamente acessível. Eu diria que Reward representa o melhor da carreira dessa artista que segue evoluindo e entregando músicas consistentes, belas e muito bem produzidas. É uma recompensa por todo o seu esforço ao longo dos últimos doze anos e, como de costume no caso dela, um agrado aos nossos ouvidos. [JP]
# Blushing, do Copeland
Blushing é o nome do sexto álbum de estúdio dos norte-americanos do Copeland e é um daqueles registros capazes de te prender em meio as suas músicas. Com onze faixas, o álbum parece uma versão 2.0 daquilo que o Copeland está acostumado a fazer. É como se Blushing fosse o resultado da banda sendo levada para um outro nível, é algo bonito de se ouvir e com uma capa bonita de se ver. [JP]
# Why Hasn’t Everything Already Disappeared?, do Deerhunter
Você deve ler bastante durante o ano sobre artistas que buscam se reinventar em seus novos trabalhos e, como não poderia deixar de ser, o Deerhunter pegou carona nesse lema em seu novo trabalho, Why Hasn’t Everything Already Disappeared?. Oitavo registro da banda norte-americana, o trabalho mostra uma busca por novos elementos, um maior número de colaboradores e a tentativa de sair da zona de conforto sem romper de forma abrupta com aquela mistura de folk e indie que já conhecemos. [JP]
# ZUU, do Denzel Curry
Leia a nossa resenha completa de ZUU.
Denzel Curry segue surpreendendo. Após soltar no ano passado o interessante TA1300, o rapper está de volta com o seu quarto trabalho de estúdio. ZUU é um registro bem produzido, com batidas boas de ouvir e doze músicas capazes de te colocar para dançar, principalmente a parte inicial formada por “ZUU”, “RICKY”, “WISH” – que conta com a participação de Kiddo Marv – e “BIRDZ”, que tem parceria com Rick Ross. Não é um álbum que vai te fazer pensar, mas vai te fazer curtir e isso também vale. [JP]
# Ladrão, do Djonga
Leia a nossa resenha completa de Ladrão.
Em seu terceiro álbum, Djonga fala sobre a importância de valorizar suas raízes, e não se esquecer de onde veio. O álbum não foi feito para agradar os críticos, mas para a conscientização de quem essas mensagens estão direcionadas, o que também eleva seu valor. Sendo assim, o rapper consegue mais uma vez entregar um trabalho de altíssimo nível; LADRÃO transforma um estereótipo em discursos positivos, e confirma o porquê Gustavo pode ser considerado um dos maiores nomes da música nacional na atualidade. [RS]
# Rebujo, da Dona Onete
O norte do Brasil é maravilhoso e eu posso provar: Dona Onete lançou em maio o seu terceiro álbum de estúdio. Divertido, festeiro e que coloca em evidência a nossa cultura, Rebujo é a cara do país que a gente ainda ama – por mais que ele viva nos decepcionando. Muito bem produzido por um time formado por Pio Lobato, JP Cavalcante, Geraldinho Magalhães, Vovô Batera e Assis Figueiredo, Rebujo conta ainda com a participação de BNegão na adorável “Musa da Babilônia”. E aí, tá pronto para dançar no balanço do açaí? [JP]
# Atlanta Millionaires Club, da Faye Webster
Conheci o trabalho fotográfico da Faye Webster no ano passado e, no começo desse ano, tomei um susto ao ver o seu nome em uma lista de álbuns que seriam lançados. Neste momento fui apresentado ao seu lado musical e, semanas depois, ao ouvir o Atlanta Millionaires Club pude comprovar uma coisa: essa norte-americana de 21 anos é muito mais talentosa do que eu acreditava que ela fosse. Em pouco mais de meia hora, Faye te impressiona com o seu folk-pop aliado a letras introspectivas, que mesclam melancolia com pequenas doses de humor. Uma trilha sonora perfeita curar finais de relacionamentos ou embalar a degustação de um bom vinho. [JP]
# Dogrel, do FONTAINES D.C.
Ainda que o streaming tenha tomado conta da minha vida, eu ainda mantenho o hábito de procurar artistas que estão sendo comentados por aí para ouvir. Nas buscas desse mês, acabei me deparando com os irlandeses do FONTAINES D.C., uma banda que mescla punk rock, indie rock e post punk. Eles lançaram no mês o seu primeiro álbum, Dogrel, e o trabalho tava recebendo diversas notas positivas por aí. Ao ouvir o trabalho de onze faixas, eu entendi o motivo: falando sobre a sociedade atual, a banda mostra composições de qualidade, além de um conjunto de melodias bem interessantes. Simplesmente incrível! [JP]
# Bandana, de Freddie Gibbs & Madlib
Cinco anos após o elogiado encontro em Piñata (2014), o rapper Freddie Gibbs e o produtor Madlib se encontram novamente em Bandana, segundo trabalho de uma trilogia que se completará num futuro próximo com Montana. O segundo capítulo dessa parceria é, provavelmente, a melhor forma de se combinar dois nomes que estão em ascendência nos seus trabalhos. Ao longo das 15 faixas, o melhor de cada um deles se mistura de forma harmoniosa. Um bom exemplo é “Crime Pays”, uma das melhores músicas que ouvi em 2019. [JP]
# The Wild Willing, do Glen Hansard
Um álbum sobre relações humanas e repleto de camadas interessantes. Essa talvez seja a melhor forma de definir o quarto álbum solo de estúdio de Glen Hansard. Com doze faixas, The Wild Willing evidencia todos os ganhos e as perdas que se tem com qualquer relação pessoal, seja familiar, amizades ou amorosa, sempre com uma melodia envolvente e, muitas vezes, surpreendente. Músicas como “Who’s Gonna Be Your Baby Now”, “Brother’s Keeper” e “I’ll Be You, Be Me” mostram uma evolução de Glen quando muitos já achavam que ele não poderia se superar. Se não for o melhor, é um dos melhores trabalhos do irlandês até hoje. [JP]
# Jade Bird, da Jade Bird
Uma inglesinha franzina e baixinha que só tem 21 anos mas que no palco se torna gigante: essa é Jade Bird. O que ela tem de cabelo, tem de talento. A primeira vez que a ouvi foi num vídeo ao vivo e meu queixo caiu. Fiquei tão embasbacada que dei replay umas 5 vezes e depois disso nunca mais parei de ouvir. Agora, ela finalmente tem um álbum completo e homônimo para chamar de seu, misturando country, folk, indie, blues e pop – continuando com muita coerência o trabalho do seu primeiro EP, Something American, de 2017.
Ela tem uma pegada crua e meio retrô, voz rouca e rasgada e violão de aço. Suas músicas são enérgicas, intensas, têm letras espertas e um estilo de cantar visceral, sofrido, com refrões fortes gritados como um lamento ou desabafo de quem tem alma velha e muita experiência pra contar, apesar da pouca idade. Pode lembrar até a Janis Joplin em alguns momentos, mas o forte sotaque britânico não a deixa negar as origens e sua forte personalidade. Também me alegra muito ver uma mulher instrumentista no holofote porque, além de cantar, Jade toca muito bem e compõe todas as suas músicas. Isso faz com que esse disco de estreia chegue cheio de identidade própria e força. Acho que podemos esperar grandes coisas dela. [BM]
# LEGACY! LEGACY!, da Jamila Woods
Quase três anos após Heavn (2016), a norte-americana Jamila Woods lançou o seu aguardado segundo álbum e LEGACY! LEGACY! é direto naquilo que se propõe: uma mulher que sabe usar as palavras como ninguém falando sobre legados, heranças, política e a vivência em comunidade. Em treze faixas, a norte-americana mostra a sua visão sobre essas questões com palavras fortes e carregadas de uma paixão e introspecção cativantes. Tudo isso embalado em um R&B muito bem produzido e que, ainda que a sonoridade seja importante, acaba deixando todo o protagonismo do álbum para as letras. [JP]
# Besta Fera, de Jards Macalé
Besta Fera é a confirmação de que Jards Macalé segue produtivo e criativo. Com doze faixas e convidados como Tim Bernardes, Juçara Marçal e Romulo Fróes, o álbum pode parecer confuso para algum desavisado, principalmente pela sua faixa de abertura, “Vampiro de Copacabana”, mas tem na sua mistura de samba, rock e experimentalismo algo extremamente cativante e que se desenvolve de forma bem interessante. Destaque para as faixas “Trevas”, “Pacto de Sangue” e “Longo Caminho do Sol”, que mostram o quanto o músico carioca segue forte e merece todos os destaques possíveis. [JP]
# Bright Night Flowers, do Jon Fratelli
Bright Night Flowers é o segundo álbum solo de Jon Fratelli, vocalista do The Fratellis. O trabalho de nove faixas mostra um lado emocional e, em vários momentos, triste do músico escocês, deixando claro o seu crescimento enquanto compositor. É um registro leve, fácil de ouvir, com melodias tranquilas e capazes de embalar um bom dia de trabalho ou aquela viagem pelas estradas da vida. “Evangeline”, “Rolling By” e “Serenade In Vain”são bons destaques para obra capaz de figurar nas listas de fim de ano. [JP]
# Não Há Abismo Em Que O Brasil Caiba, do Jorge Mautner
O primeiro álbum de inéditas de Jorge Mautner em treze anos é emblemático. Como o próprio nome já entrega, Não Há Abismo Em Que O Brasil Caiba é um retrato da situação atual do país. Com elementos que passam por diversos gêneros e elementos, o álbum é belo e te surpreende ao longo de suas catorze faixas. Tem rock, tem afoxé, tem trechos bíblicos, versos declamados, música que leva o nome de Marielle Franco, faixas que nos deixam com esperança de dias melhores e outras que evidenciam o momento perturbador no qual vivemos. Dizem que são nos momentos ruins que a arte é capaz de aflorar e, provavelmente, olharemos para esse álbum de Jorge Mautner no futuro da mesma forma que olhamos para alguns marcos musicais do passado. [JP]
# Blood, da Kelsey Lu
A norte-americana Kelsey Lu preparou bem o terreno para o seu álbum de estreia. Presente no circuito desde 2016, quando lançou o EP Church, a cantora veio lançando singles soltos e colaborações com nomes como Blood Orange ou Solange enquanto preparava o seu registro. Com treze faixas, Blood é daqueles álbuns que provocam uma imersão do ouvinte ao longo de sua audição, ainda que ele apresente algumas faixas que acabam “escorregando” no conjunto da obra. Mesmo assim, qualquer desigualdade que possa ser apontada acaba sendo compensada por músicas incríveis como “Due West”, faixa que seria adorada por 9 em cada 10 fãs de certas cantoras, “Poor Fake” ou “Foreign Car”. Apenas ouça, preste atenção e se entregue! [JP]
# ARIZONA BABY, do Kevin Abstract
Leia a resenha do álbum no Audiograma.
Após cinco trabalhos e uma escalada rumo ao mainstream como a mente criativa do BROCKHAMPTON, era hora de Kevin Abstract buscar novos voos solos. Em seu segundo álbum (ou terceiro, se contarmos o MTV1987), Kevin dá exemplos de seus flows interessantes e mostra uma sinceridade e intimidade que transformam o registro ao longo de suas 11 faixas. ARIZONA BABY é mais um bom exemplo de uma mente criativa e músicas como “Georgia”, “Big Wheels”, “Joyride” e “American Problem” comprovam isso. [JP]
# Fishing For Fishies, do King Gizzard & The Lizard Wizard
Os australianos do King Gizzard & The Lizard Wizard estão de volta com o seu décimo quarto álbum de estúdio. Com nove faixas, Fishing For Fishies é um álbum extremamente criativo e livre de qualquer amarra que pudesse prender a banda. O resultado é um blues rock de incrível qualidade, o que não é nenhuma novidade na longa carreira da banda, não é mesmo? [JP]
# Panorama, do La Dispute
Leia a resenha completa do álbum Panorama.
Por conta da sua densidade e complexidade, o disco acaba despertando uma reflexão muito particular de cada pessoa, sendo um trabalho muito mais sensorial do que propriamente técnico. Mas isso não é uma crítica; a função da arte não é apenas dar significado único e diferente em relação à obra, mas transmitir esse significado de forma que transforme o interlocutor. Sendo assim, por meio de melodias emotivas e natureza literária, o La Dispute consegue exibir em Panorama o belo e o horror de nossa existência da forma mais artística possível. [RS]
# No Words Left, da Lucy Rose
Quarto álbum de estúdio da britânica Lucy Rose, No Words Left é um daqueles trabalhos que se encaixam como trilha sonora para os momentos de isolamento, incertezas e inseguranças da vida. Ainda que seja um registro triste e que mostre alguns momentos de oscilação entre as faixas, No Words Left serve de conforto e é, provavelmente, o trabalho mais íntimo e verdadeiro de Lucy até rose. A sua faixa final, “Song After Song”, é simplesmente maravilhosa. [JP]
# Madame X, da Madonna
Madonna mostra mais uma vez porque é um ponto fora da curva na indústria musical, mergulhando em um mundo latino com a mesma sagacidade do início de sua carreira e sem qualquer preocupação com a opinião alheia. No entanto, o ponto alto de Madame Xestá em sua forte mensagem política e social, algo que vemos com clareza em faixas como “Dark Ballet”, “God Control” e “I Rise”. Em seu décimo-quarto álbum, Madonna segue sendo ousada e fugindo de qualquer expectativa que possa se criar em cima de seu trabalho. Madame X é mais um registro marcante em uma carreira pontuada por êxitos! [JP]
# We Get By, da Mavis Staples
Eu poderia resumir o We Get By em apenas uma palavra, mas seria incapaz de escolher apenas um adjetivo que pudesse descrever o que Mavis Staples faz em seu décimo quarto álbum de estúdio. Em mais um belo capítulo de sua carreira, Staples busca empoderar, inspirar e nos fazer refletir sobre a vida atual nos Estados Unidos e que, de certa forma, vale também para várias partes do mundo. Perto de completar 80 anos e dona de uma das vozes mais marcantes do soul, ver a Mavis entregando um trabalho de alto nível é inspirador e só nos faz agradecer pela oportunidade de contemplar tudo o que ela faz e representa. [JP]
# Run Fast Sleep Naked, do Nick Murphy
Após alguns trabalhos soltos e um EP, Run Fast Sleep Naked chega para completar o processo de transição musical vivido por Nick Murphy. O músico, anteriormente conhecido como Chet Faker, lança o seu primeiro álbum em cinco anos e se mostra completamente diferente daquele álbum de 2014, o Built On Glass. O músico agora trilha por um caminho mais orgânico e bem diferente daquilo que o apresentou para o mundo, fazendo isso de uma forma bem interessante e capaz de te prender já nos primeiros acordes. [JP]
# Hibernar Na Casa das Moças Ouvindo Rádio, do Odair José
Em seu 37º álbum de inéditas, Odair José reflete sobre o mundo atual em suas novas músicas, com um rock bem afiado e letras com altas doses de ironia e bom-humor. Tudo isso já começa com o nome do álbum, Hibernar Na Casa Das Moças Ouvindo Rádio, que representa o lugar para onde ele vai em busca de reflexões sobre a vida. O álbum conta com participações de Assucena Assucena e Raquel Virginia, do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira, na faixa “Chumbo Grosso”, e de Toca Ogan e Jorge Du Peixe, ambos da Nação Zumbi, que participam de “Rapaz Caipira” e “Imigrante Mochileiro”, respectivamente. A novidade ainda conta com inserções de Luiz Thunderbird, que serve como narrativa para o conteúdo do álbum. [JP]
# Boat, da Pip Blom
Uma das boas descobertas do ano vem da Holanda. O indie pop com uma pitada de pós-punk da Pip Blom – um quarteto que leva o nome de sua vocalista de 23 anos – é totalmente capaz de te prender e a prova disso é o seu primeiro álbum. Boat conta com riffs gostosos e que ficam na cabeça – algo que parece ter sido uma palavra de ordem para o quarteto – e isso fica claro ao longo de suas dez faixas. Ainda que não seja inovador, Boat é uma das coisas mais legais que ouvi em 2019. Te desafio a não ficar com a contagiante “Daddy Issues” na cabeça. [JP]
# Saúde, do Raça
A banda paulistana Raça é uma das mais talentosas no cenário independente atual. Com uma proposta mais agressiva e direta do que dos últimos trabalhos, Saúde é um prato cheio pra quem gosta de uma sonoridade mais crua. O grande destaque do lançamento vai pras composições bem pensadas que, numa explosão de arranjos de guitarras e variações de tempo conquistam o ouvinte, como no caso das faixas “Casei” e “Paciência”. [RS]
# RAMMSTEIN, do Rammstein
Após dez anos em silêncio, o Rammstein voltou em alto e bom som para provocar e fazer o que sabe de melhor. Carregando o seu nome, o sétimo trabalho de estúdio da banda alemã é simplesmente grandioso. Com letras instigantes e melodias agressivas, o Rammstein está cada vez melhor e isso fica provado por faixas como “DEUTSCHLAND”, “AUSLÄNDER”e “WEIT WEG”. Se o próximo passo da banda for tão bom quanto esse, tenho certeza que os fãs aceitarão esperar mais dez anos. [JP]
# Amidst The Chaos, da Sara Bareilles
Os anos passam e Sara Bareilles segue entregando bons álbuns em sua discografia. Em seu sexto registro de estúdio, Amidst The Chaos, a norte-americana fala sobre o caos de uma forma positivista, sem deixar que a sua esperança seja ofuscada pelo medo ou insegurança que os tempos atuais podem oferecer. O resultado é um álbum que deixa clara a evolução de Sara ao longo dos anos, muito disso por causa das composições interessantes, das melodias bem trabalhadas e da produção sempre bem feita de T-Bone Burnett. Mesclando momentos melancólicos com bons momentos pop, Bareilles se firma entre os bons nomes que os anos 2000 nos deram, mesmo que muitos ainda não tenham tirado um tempinho para ouvi-la. [JP]
# Remind Me Tomorrow, da Sharon Van Etten
Outro dos álbuns aguardados de janeiro era o Remind Me Tomorrow, novidade da Sharon Van Etten. Com uma mistura interessante de indie e folk rock, o registro tem tudo para figurar em listas de melhores do ano lá em dezembro. Cinco anos após Are We There, o álbum mostra novos caminhos escolhidos por Sharon em parceria com o produtor John Congleton, mostrando que a artista amadureceu ainda mais e tem total controle daquilo que produz. Destaque para as faixas “Jupiter 4” e “Hands”. [JP]
# Sucker Punch, da Sigrid
Música pop de qualidade! É isso que a Sigrid entrega em seu trabalho de estreia. Sucker Punch é pura diversão, até mesmo em seus momentos que flertam com a melancolia. Com uma narrativa leve mas marcante, a norueguesa entrega um conjunto de músicas que justifica todo o hype criado em torno dela ao longo dos últimos dois anos. É um álbum que deixa claro que a jovem de vinte e dois anos sabe bem o que está fazendo e onde quer chegar. [JP]
# Nothing Great About Britain, do slowthai
O álbum de estréia do rapper inglês é necessário no momento atual: o Reino Unido passa por uma onda de conservadorismo, resultando no Brexit e no crescimento da extrema-direita; nesse sentido, slowthai aproveita pra falar em seu disco sobre os lugares esquecidos de onde nasceu e mora, com uma certa ironia carregada de críticas sociais sobre essa Grã-Bretanha com cada vez menos motivos de sentir orgulho de si mesma. Com letras de humor ácido disparadas até mesmo na direção da monarquia britânica, Nothing Great About Britain se destaca pelo lirismo e as batidas contagiantes que flutuam entre o rap e o electro-punk. [RS]
# When I Get Home, do Solange
Com um álbum que vai te ganhando cada vez mais, Solange promove uma celebração das mulheres, da cultura negra e da música ao longo de seu When I Get Home. O quarto trabalho da cantora é um R&B poderoso e mostra todo um processo de auto-descoberta da cantora, que assina a produção do álbum e também o seu trabalho visual. Enquanto o seu trabalho anterior, A Seat at the Table (2016), mostrava Solange agindo mais com o coração, When I Get Home funciona como um convite para você se sentar, ouvir o que ela pensa sobre importantes questões de uma forma quase que confessional. Algo que poucos artistas poderia fazer e, para a nossa contemplação, Solange sempre fez parte desta lista. [JP]
# Beware Of the Dogs, da Stella Donnelly
O LP de esrtéia da cantora australiana já pode ser considerado um dos discos mais interessantes do indie nesse ano. Stella esbanja simpatia falando sobre referências do seu país em “Tricks”, mas também consegue emocionar como na folk “Boys Will Be Boys”, discutindo sobre o machismo impregnado na sociedade. Beware Of the Dogs é um álbum sincero de uma artista em ascensão. [RS]
# Próspera, da Tássia Reis
Em seu terceiro álbum de estúdio, Tássia Reis se coloca definitivamente como uma das vozes femininas mais interessantes da música nacional. Falando sobre racismo, feminismo e estimulando o ouvinte que ainda é marginalizado pela sociedade, Próspera é direto no que se propõe e cheio de versos marcantes, como nas faixas “Shonda” e “Dollar Euro”. Com um “respiro” representado por momentos de romantismo, o álbum mostra uma Tássia ainda mais afiada, provocativa e em constante evolução. [JP]
# Violeta, do Terno Rei
Terceiro álbum de estúdio da banda Terno Rei, Violeta é resultado de todo o amadurecimento vivenciado pela banda paulista nos últimos anos. Em suas onze faixas, a banda consegue transitar por várias referências e agregar novos elementos sem que isso resulte em perda a sua identidade. Com Violeta, a Terno Rei mostra novamente o que faz dela uma das bandas mais legais do rock alternativo nacional. [JP]
# No Geography, do The Chemical Brothers
São trinta anos de carreira e, quando você pensa que o The Chemical Brothers não vai conseguir te surpreender, o duo britânico ri na sua cara e mostra porque é um dos maiores nomes da música eletrônica de todos os tempos. Em No Geography, Tom Rowlands e Ed Simons estão ainda mais afiados e te entregam muito mais do que você espera. É um álbum divertido e, mesmo que não seja o seu melhor trabalho, mostra a relevância e a importância que o The Chemical Brothers tem em uma cena onde cada dia surge um novo nome que julgam ser capaz de reinventar a roda. Pena que poucos são os que conseguem fazer o que Tom e Ed fazem. [JP]
# South Of Reality, do The Claypool Lennon Delirium
Lá em 2016, quando o The Claypool Lennon Delirium lançou o seu álbum de estreia, Monolith of Phobos, a impressão era de que aquele encontro era bom demais para ser verdade. Três anos depois, a dupla Les Claypool e Sean Lennon volta para proporcionar mais uma aventura psicodélica daquelas que você apenas dá play e desfruta. [JP]
# Strength In Numb333rs, do The Fever 333
Uma mistura de rap e hardcore que há tempos não ouvíamos por aí. Isso é o The Fever 333, um trio californiano que liberou neste mês o seu álbum de estreia, Strength In Numb333rs. Produzido por Travis Barker e John Feldmann, o álbum chega pela Roadrunner, conta com músicas interessantes como “Burn It” e “One Of Us” e serve de aquecimento para o próximo Lollapalooza, onde a banda se apresentará. [JP]
# I Am Easy to Find, do The National
Em seu oitavo álbum de estúdio, o The National segue firme com o propósito de se mostrar diferente do que qualquer rótulo no qual tentam enquadrar o quinteto. I Am Easy to Find serve como uma celebração pelos vinte anos de banda, mas também mostra que os norte-americanos estão prontos para novos passos. Ao lado do produtor Mike Mills, o The National foge de qualquer fórmula, explora novos caminhos e se reinventa enquanto banda, se preocupando apenas com a beleza de suas músicas e entregando algo para se saborear com a devida atenção. [JP]
# Help Us Stranger, do The Raconteurs
Foram mais de dez anos de espera para que o mundo tivesse a chance de ouvir um novo álbum do The Raconteurs e a espera foi bem recompensada com o Help Us Stranger. A banda continua exatamente de onde parou no Consolers Of The Lonely (2008), entregando doze faixas super interessantes, cheias de riffs e mostrando que nem sempre é preciso buscar inovação para atrair a atenção das pessoas, mas sim fazer um bom trabalho. [JP]
# Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação), do Thiago Pethit
Entre várias citações à cultura grega, Thiago Pethit segue se desconstruindo em cada trabalho lançado ao longo da carreira e consegue fazer isso de forma bem interessante. Com uma pegada mais melancólica, Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) rompe totalmente com aquele flerte com o glam rock promovido pelo Rock’n’roll Sugar Darling (2014). Em seu quarto álbum, Thiago se junta ao produtor Diogo Strausz e o resultado é um trabalho amplo e com diversas camadas. Ele pode ser simples – como na faixa “Orfeu” – ou denso – como em “Noite Vazia” – sem fazer o ouvinte perder o interesse. Mais uma vez, Pethit soube se despir dos conceitos previamente trabalhados e caminhar por uma zona ainda inexplorada. Se é o melhor trabalho dele eu não sei dizer, mas é mais um registro bom de se ouvir. [JP]
# ANIMA, do Thom Yorke
Leia a resenha completa do álbum ANIMA.
Como um sonho, ANIMA é abstrato, uma obra sensorial, e isso de forma alguma é um demérito: é uma demonstração de quão grande é o dom de Thom Yorke pra falar muito dizendo pouco. Ademais, o álbum exibe outra vez o talento do cantor pra explorar a sonoridade eletrônica, expandindo seus limites enquanto artista, e é muito provável que você não acabe sentindo falta de acordes e distorções de guitarra ou de outros instrumentos. Yorke, como gênio que é, consegue com uma visão bastante própria pintar um retrato fiel da sociedade atual, fazendo de ANIMA um dos registros mais sensíveis e bonitos de 2019. [RS]
# Outer Peace, do Toro Y Moi
Outer Peace foi o nome escolhido por Chaz Bear para o sexto registro de estúdio do sempre elogiado Toro Y Moi. Com dez faixas, o registro é daqueles que te colocam para dançar e, na música seguinte, te fazem sentar no canto e refletir. Com melodias interessantes e marcantes, o álbum é prova de que o produtor está sempre em constante evolução e músicas como “Freelance” e “50-50” são bons exemplos disso. [JP]
# IGOR, do Tyler, The Creator
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Ao abordar os estágios que compõem o inicio e o fim de um relacionamento, Tyler justifica a alcunha de “criador”, mostrando cada vez mais que o seu repertório é extenso. IGOR vai te instigar e fazer você se interessar por novos detalhes dele a cada ouvida, algo que já faz do disco um dos melhores não apenas de 2019, mas dos últimos anos. [RS]
# Father of the Bride, do Vampire Weekend
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Apesar desse ser o trabalho “mais fraco” do Vampire Weekend, Father of the Bridecontém ótimos momentos, e é um álbum honesto de músicos que desde sempre gostam de cantar sobre a vida e as pessoas. Nesse sentido, a capa de FOTB faz jus não só à esse disco, como a todas as obras já lançadas pelo trio nova iorquino; no final das contas, poucos artistas retratam de forma tão brilhante detalhes do nosso mundo quanto eles. [RS]
# Titanic Rising, da Weyes Blood
O quarto álbum de estúdio da cantora Natalie Mering, que assume o nome artístico Weyes Blood, é uma manifestação de pura vulnerabilidade. A artista utiliza as suas influências vindas da música gospel pra falar sobre os desafios do amor em tempos cada vez mais caóticos, como nas faixas “Andromeda” e “Something to Believe”; um registro que é ao mesmo tempo doce, intenso e brilhante. [RS]
# Par de Olhos, da YMA
Um pop gostoso, com pitadas de experimentalismo e muita criatividade. Talvez essa seja a forma mais fácil de definir Par de Olhos, álbum lançado pela Yasmin Mamedio ou, simplesmente, YMA. Faixas como “Evaporar”, “Shake It” e “Colapso Invisível” mostram a diversidade presente no registro, que consegue ser poético, divertido e melancólico, prendendo o ouvinte desde os primeiros acordes. [JP]
Não deixe de ver a nossa lista com os nossos álbuns preferidos de janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho, além de dar uma passada em nossa lista com os principais lançamentos previstos para o segundo semestre de 2019 no mundo da música.
Textos: Bárbara Monteiro, Henrique Ferreira, John Pereira e Rahif Souza