Quais foram os melhores álbuns lançados em junho?
A nossa lista com alguns dos destaques do sexto mês de 2019 demorou uns dia, mas está no ar com trinta trabalhos nacionais e internacionais que resumem como foi bem produtivo o mês das festas juninas no mundo da música. Como de costume, cada registro recebe uma mini-resenha visando explicar os motivos que os credenciam para essa seleção.
Dos novos álbuns de veteranos como Bruce Springsteen e Willie Nelson, passando pelo novo álbum da Tássia Reis e todo o teor político criado pela Madonna, você confere abaixo a nossa lista com os 30 álbuns lançados em junho que você deveria ouvir.
É só dar play e ser feliz!
# A Different Kind of Human (Step 2), da AURORA
Quase um ano após o seu álbum de estreia, AURORA lançou em junho o segundo capítulo de sua interessante trajetória pelo pop refinado e de grande qualidade. Em A Different Kind of Human (Step 2), a cantora norueguesa consegue ser ainda mais interessante, entregando um álbum eclético e que justifica todo o hype em torno dela. Seo objetivo era completar o Infections of a Different Kind, o resultado acabou indo muito além disso. [JP]
# Gold & Grey, do Baroness
Quatro anos após Purple (2015), os norte-americanos do Baroness lançaram em junho o seu quinto registro de estúdio. Gold & Grey contou mais uma vez com a produção de Dave Fridmann e o resultado é, para muitos, nada menos do que o melhor trabalho de estúdio da banda capitaneada pelo vocalista John Dyer Baizley. O trabalho ainda marca a estreia (em estúdio) da guitarrista Gina Gleason, que assumiu o posto em 2017. Acumulando elogios, Gold & Grey mostra uma maturidade e uma evolução musical acima da média e é candidato ao TOP 10 de várias listas de melhores do ano. [JP]
# Doom Days, do Bastille
Provavelmente, Doom Days vai na contramão de tudo o que os fãs – ou a crítica, de certa forma – esperava do Bastille. Em seu terceiro álbum, a banda britânica tenta fugir daquele formato engessado de se produzir hits fáceis para rádios ou streaming e busca uma sonoridade que bebe em fontes nostálgicas, algo que combina bem com o estilo do grupo. Dessa vez, o Bastille cumpriu bem a sua missão de incentivar os fãs a aproveitarem o momento. A diferença é que agora isso foi feito com algumas faixas muito boas… algo que não entregavam desde “Pompeii”. [JP]
# Shepherd in a Sheepskin Vest, do Bill Callahan
Quem se atreve a lançar um álbum de vinte faixas em 2019 é porque tem uma boa história para contar e esse é o caso de Bill Callaham com o seu Shepherd in a Sheepskin Vest. Falando sobre a vida, a paternidade e todas as mudanças a partir do nascimento do pequeno Bass em 2015, Bill te prende num country 2.0 gostoso de ouvir e que te faz esquecer do tempo. No fim da jornada, vinte músicas acabam sendo pouco, se é que você me entende. [JP]
# Schlagenheim, do black midi
Após um relativo sucesso com a faixa “Talking Heads”, que acabou chamando a atenção do próprio David Byrne, o black midi lançou em junho o seu primeiro álbum cheio. Schlagenheim está longe de alguma classificação: é um rock experimental descompromissado e capaz de fugir de qualquer estética que você possa imaginar. É estranho, confuso em alguns momentos e parece ter sido construído em cima de um improviso que pode até incomodar no começo. Se você chegar ao fim, entenderá o que faz do álbum uma das coisas mais legais feitas no rock nos últimos anos. [JP]
# Western Stars, do Bruce Springsteen
Chega a ser chato e repetitivo dizer que Bruce Springsteen lançou um álbum incrível, mas o norte-americano não nos deixa fugir disso. Western Stars é outro exemplo de como esse cara é uma das lendas vivas da música e, sim, faz jus a todos os elogios recebidos. O novo trabalho é mais íntimo, quase como uma extensão de sua residência de shows na Broadway. Ainda assim, é tão ou mais intenso que os seus trabalhos mais recentes. Difícil não gostar de um álbum que tem “The Wayfarer” e toda a sua bela construção ao longo de quatro minutos. Definitivamente, Springsteen é uma das lendas vidas da música… e sim, eu repeti isso porque é só o que eu consigo dizer dele. [JP]
# Years to Burn, de Calexico & Iron and Wine
Um álbum colaborativo entre o Calexico e o Iron and Wine poderia ser uma das maravilhas dos anos 10, principalmente por resgatar uma parceria que rendeu um EP lá em 2005. No fim das contas, Years to Burn acaba cumprindo bem o seu papel ao fazer os fãs ouvirem canções interessantes como “Follow the Water”, “Years to Burn” ou “In Your Own Time”. No entanto, está longe de ser um marco nas carreiras dos envolvidos. [JP]
# Hard Lessons, do Chris Shifflett
Longe de mim querer apontar que o Chris Shifflett consegue ser um guitarrista muito mais fluido em sua carreira solo do que no Foo Fighters, mas é difícil não pensar nisso após ouvir o seu segundo trabalho solo, Hard Lessons. Com uma pegada meio country-rock, o músico quase cinquentão quer saber onde diabos o mundo está com a cabeça em “This Ol’ World”, fala sobre o primeiro drama amoroso do filho em “Welcome To Your First Heartache” e, acima de tudo, mostra um músico confortável em suas composições e ciente de que, por mais que a sua carreira solo não tenha a mesma visibilidade que o trabalho feito ao lado de Dave Grohl, ainda é possível fazer coisas boas por aí. [JP]
# CASE STUDY 01, do Daniel Caesar
Após o lançamento de Freudian (2017), o nome de Daniel Caesar se espalhou pelo mundo. Seja pela qualidade daquele álbum, pelos shows interessantes em grandes festivais ou pela expectativa em torno de seu novo trabalho, muito se falou do jovem canadense de 24 anos. No entanto, CASE STUDY 01 chegou e, talvez, a expectativa criada não tenha sido correspondida. Antes de mais nada, o álbum vale o play por contar com algumas músicas bem interessantes, além de participações de nomes como Pharrell e John Mayer. Ainda que o dueto com a Brandy seja um dos pontos altos, a sensação que fica no fim é de que “faltou” algo nesse estudo de caso. [JP]
# Bandana, de Freddie Gibbs & Madlib
Cinco anos após o elogiado encontro em Piñata (2014), o rapper Freddie Gibbs e o produtor Madlib se encontram novamente em Bandana, segundo trabalho de uma trilogia que se completará num futuro próximo com Montana. O segundo capítulo dessa parceria é, provavelmente, a melhor forma de se combinar dois nomes que estão em ascendência nos seus trabalhos. Ao longo das 15 faixas, o melhor de cada um deles se mistura de forma harmoniosa. Um bom exemplo é “Crime Pays”, uma das melhores músicas que ouvi em 2019. [JP]
# Keepsake, da Hatchie
Conhecida por seu trabalho na banda australiana Babaganoüj, a baixista Harriette Pillbeam resolveu apostar em uma carreira solo e o resultado parece promissor. Carregando agora o nome Hatchie, a jovem lançou um EP elogiado no ano passado e agora chega com o seu primeiro álbum, Keepsake. Com um dream pop gostoso de ouvir, o trabalho conta com dez faixas, incluindo as interessantes “Without a Blush”, “Stay with Me” e “Obsessed”. [JP]
# Rise, do Hollywood Vampires
Eu defendo a ideia de que, mesmo sendo importante ter algo a dizer, é legal ter artistas que estão nesse mundo só pela diversão ou, no caso do Hollywood Vampires, fazer músicas com o intuito de tocar um “bom e velho rock n’ roll” sem qualquer tipo de pretensão. É exatamente isso que a gente encontra em Rise, segundo álbum de estúdio do projeto capitaneado por Alice Cooper, Joe Perry e Johnny Depp. Ainda que a versão de “Heroes” – aquela do David Bowie , sabe? – cantada por Depp possa causar muitas discussões, é um registro honesto e divertido de se ouvir. [JP]
# A Bath Full of Ecstasy, do Hot Chip
O Hot Chip entrega em A Bath Full of Ecstasy aquele que é, provavelmente, o seu melhor álbum desde o Made in the Dark (2008) e eu não estou exagerando. Produzido pela banda ao lado de Philippe Zdar e Rodaidh McDonald vem arrancando elogios por sua sonoridade sempre refinada enquanto fala sobre as mazelas atuais do mundo. Após alguns trabalhos irregulares, o Hot Chip parece ter se encontrado em seu sétimo álbum e está pronto para te fazer viciar em “Spell” ou “Melody of Love”. [JP]
# Happiness Begins, do Jonas Brothers
Após quase dez anos separados, Happiness Begins marca a volta do Jonas Brothers e, ainda que não seja um grande álbum, servirá para colocar um ponto final na velha discussão grupo vs carreiras solo. Aliás, “Sucker” já era uma prova clara de que os irmãos funcionam muito melhor juntos do que em seus projetos paralelos, ainda que o Joe Jonas tenha feito algumas músicas interessantes com o DNCE. Pop como não poderia deixar de ser e com uma sonoridade bem mais atual do que era esperado, Happiness Begins cumpre bem o seu papel e, provavelmente, vai render boas memórias para os fãs. [JP]
# Coisas da Geração, do Lagum
O segundo álbum da jovem banda mineira, Coisas de Geração, mostra o amadurecimento dos meninos nos últimos três anos, sem perder a essência da banda. Em seu primeiro single, “Detesto Despedidas”, o Lagum canta sobre um amor improvável que deu certo, em uma melodia que fica na cabeça. Na faixa que deu todo o conceito do álbum, a “Coisa da Geração”, a banda trata sobre os dilemas que a geração z enfrenta na sua descoberta pessoal diante à sociedade. E, para se encaixar fielmente no conceito, os meninos ainda inserem um meme dos millenials na letra de “Falando a Verdade”, com “falando a verdade, deu vontade de ligar, dizer um ‘oi, sumida, como você tá?’”. As faixas do álbum se completam e se amarram em torno do tema coisas da geração, tratando sobre amores, desamores, amadurecimento e problemas que se enfrenta na vida. [AM]
# MULTIVERSO, da Lia Paris
Lançado no fim de junho, MULTIVERSO é o segundo álbum de estúdio da cantora e compositora paulistana Lia Paris e, além de representar uma nova fase em sua carreira, mostra também a sua capacidade de se reinventar. Com dez faixas, o álbum mostra todo o lado plural de Lia, deixando evidentes as suas diferentes facetas, resultando em um trabalho pop e muito bom de se ouvir. [JP]
# 7 [EP], do Lil Nas X
Aproveitando todo o sucesso conquistado com o hit “Old Town Road”, Lil Nas X lançou oficialmente o seu primeiro trabalho e o EP 7 mostra que o rapper possui uma versatilidade acima da média, principalmente se levarmos em conta a pegada roqueira presente em faixas como “F9mily (You & Me)” e “Bring U Down”. Contudo, nenhuma das faixas chega perto do trabalho feito em “Old Town Road”, nem mesmo a colaboração com Cardi B em “Rodeo” ou a boa “Panini”. Ainda assim, vale o play. [JP]
# Madame X, da Madonna
Madonna mostra mais uma vez porque é um ponto fora da curva na indústria musical, mergulhando em um mundo latino com a mesma sagacidade do início de sua carreira e sem qualquer preocupação com a opinião alheia. No entanto, o ponto alto de Madame X está em sua forte mensagem política e social, algo que vemos com clareza em faixas como “Dark Ballet”, “God Control” e “I Rise”. Em seu décimo-quarto álbum, Madonna segue sendo ousada e fugindo de qualquer expectativa que possa se criar em cima de seu trabalho. Madame X é mais um registro marcante em uma carreira pontuada por êxitos! [JP]
# Sempre, do Marcos Valle
Nove anos após Estática, o sempre criativo Marcos Valle está de volta com um novo álbum pronto para te fazer dançar. Sempre é um disco pop oitentista gostoso de ouvir, construído a partir de um caldeirão de misturas que vai do jazz-funk ao baião, passando pelo samba, disco music e até rock progressivo. Com onze faixas, os destaques ficam por conta da empolgante “Olha Quem Tá Chegando”, a suave “Alma” e para a bela releitura de um dos clássicos do pop nacional, “Aviso Aos Navegantes”. [JP]
# Late Night Feelings, do Mark Ronson
Mark Ronson é um dos melhores produtores da música e Late Night Feelings é mais um álbum capaz de provar isso. Ao lado de um time incrível de cantoras, o produtor inglês soltou em junho o seu quinto trabalho de estúdio e, mais uma vez, evidenciando a sua capacidade de extrair o melhor de cada parceria, vide as faixas que contam com as vozes de King Princess, Lykke Li, YEBBA e Miley Cyrus. [JP]
# Black Star Dancing [EP], do Noel Gallagher’s High Flying Birds
Em nenhum momento da minha vida, eu imaginaria Noel Gallagher produzindo algo como o seu mais recente EP. Black Star Dancing é, literalmente, um mergulho de cabeça em uma sonoridade mais pop/psicodélica/dançante, se é que essa definição exista e a faixa título é, talvez, um das canções mais legais entregues por Noel nos últimos anos. “Rattling Rose” e “Sail On” completam o trabalho e também são interessantes, enquanto os remixes de “Black Star Dancing” são dispensáveis. Com o EP, Noel se mostra cada vez mais distante do que fazia no passado, para a tristeza de quem ainda sonha com uma volta do Oasis. [JP]
# Próspera, da Tássia Reis
Em seu terceiro álbum de estúdio, Tássia Reis se coloca definitivamente como uma das vozes femininas mais interessantes da música nacional. Falando sobre racismo, feminismo e estimulando o ouvinte que ainda é marginalizado pela sociedade, Próspera é direto no que se propõe e cheio de versos marcantes, como nas faixas “Shonda” e “Dollar Euro”. Com um “respiro” representado por momentos de romantismo, o álbum mostra uma Tássia ainda mais afiada, provocativa e em constante evolução. [JP]
# Let’s Rock, do The Black Keys
Em seu nono álbum de estúdio, o The Black Keys resolveu acordar de um período melancólico representado pelo Turn Blue (2014) para fazer um blues rock já característico da banda. Para isso, a produção de Let’s Rock ficou nas mãos do duo formado por Dan Auerbach e Patrick Carney e o resultado é bem interessante, ainda que nada surpreendente. É o The Black Keys olhando para o seu passado que, como poucos, sabia reverenciar o rock clássico. [JP]
# Help Us Stranger, do The Raconteurs
Foram mais de dez anos de espera para que o mundo tivesse a chance de ouvir um novo álbum do The Raconteurs e a espera foi bem recompensada com o Help Us Stranger. A banda continua exatamente de onde parou no Consolers Of The Lonely (2008), entregando doze faixas super interessantes, cheias de riffs e mostrando que nem sempre é preciso buscar inovação para atrair a atenção das pessoas, mas sim fazer um bom trabalho. [JP]
# ANIMA, do Thom Yorke
Em seu terceiro álbum solo, Thom Yorke conseguiu entregar o seu melhor registro longe dos companheiros do Radiohead. Com nove faixas, o álbum é um convite para um mergulho nas angústias e no desespero de meia-idade vivido por Thom. Tudo isso embalado por sonoridades estranhas e que casam com as letras – e o curta disponível na Netflix – de forma bela e direta. [JP]
# False Alarm, do Two Door Cinema Club
A arte da capa representa bem o que é False Alarm: um disco correto dentro de suas limitações e possibilidades, e que com seus arranjos simétricos demonstram a maturidade que o Two Door Cinema Club alcançou com o passar do tempo. O álbum vale a pena pra aqueles ouvintes que ainda não superaram aquela cena do indie citada no começo do texto, e também é um indício de que o TDCC pode alçar voos mais altos daqui pra frente. [RS]
# Truth & Lies, do Tyler Bryant & The Shakedown
Se consolidando cada vez mais, a banda Tyler Bryant & The Shakedown lançou no fim de junho o seu terceiro álbum de estúdio. Com treze faixas, Truth & Lies é mais um passo interessante da banda norte-americana, mostrando que o grupo é capaz de fazer um bom e velho rock n’ roll sem parecer que a gente vai precisar tirar uma poeira do vinil antes de colocar para tocar. Se você gosta do rock direto, sem firulas e, por algum motivo, ainda não conhece o Tyler Bryant & The Shakedown, essa é a sua chance ideal para corrigir isso. [JP]
# Vanguart Sings Bob Dylan, do Vanguart
Um dos pilares que guiaram a carreira de Helio Flanders (violão, guitarra, piano e gaita) até hoje, Bob Dylan ganhou uma releitura bem interessante do Vanguart. Em dezesseis faixas, a banda mato-grossense que conta também com Reginaldo Lincoln (baixo, guitarra e violão), David Dafré (guitarra) e Fernanda Kostchak (violino) interpreta faixas lançadas nos primeiros anos de carreira do norte-americano sem querer dar a sua cara ou causar alguma transformação. O objetivo é reverenciar e o Vanguart Sings Bob Dylan consegue atingir isso com sucesso. [JP]
# The Age Of Immunology, do Vanishing Twin
Uma das boas surpresas do mês, o Vanishing Twin caiu aleatoriamente no meu radar por conta de seu novo álbum, o The Age of Immunology. O projeto capitaneado pela Cathy Lucas mescla um dream pop com um rock tido por alguns como neo-psicodélico e o resultado é uma verdadeira viagem. Para quem gosta dessa pegada, é talvez um dos álbuns mais interessantes que ouvi nos últimos anos e que merece a sua atenção. [JP]
# Ride Me Back Home, do Willie Nelson
Eu já perdi as contas de quantos álbuns o Willie Nelson lançou em toda a sua carreira e, após uma rápida consulta, relembrei que o Ride Me Back Home é apenas o sexagésimo nono trabalho de estúdio dessa lenda viva do country. Com onze faixas, é mais um daqueles registros da carreira do norte-americano que você tira o chapéu (não foi intencional, eu juro). Com 86 anos, Nelson segue nos brindando com músicas marcantes e desafiando todos aqueles que acreditam que ele e outros artistas com mais idade deveriam simplesmente parar. Para isso, nada melhor do que entregar uma das suas mais belas faixas em anos, “Ride Me Back Home”, ou uma releitura incrível do clássico “Just The Way You Are”. [JP]
Não deixe de ver a nossa lista com os nossos álbuns preferidos de janeiro, fevereiro, março, abril e maio, além de dar uma passada em nossa lista com os principais lançamentos previstos para 2019 no mundo da música.
Textos: Amanda Magalhães, John Pereira e Rahif Souza